sexta-feira, 28 de junho de 2013

«Ser professor é um inferno»

Alunos sem esperança, professores ansiosos, ensino bafiento e uma escola que não serve os interesses das crianças e jovens nem os do país. Sérgio Niza dedicou a vida à educação e não se conforma com o estado a que a escola portuguesa chegou. Mas há soluções, diz ele.

Professores insatisfeitos, pais preocupados e alunos que acham as aulas uma maçada. O que é que se passa com a nossa escola?

_Esse é o retrato da escola portuguesa e da generalidade das escolas dos países ocidentais devido à forma de organização do trabalho. A estrutura de ensino simultâneo - todos a aprender a mesma coisa ao mesmo tempo - vem do século xvii e ainda perdura apesar de se saber desde os anos vinte do século xx que é um modelo esgotado. O professor dá uma lição, depois faz uma pergunta, escolhe um aluno para responder e avalia o trabalho substancial que é feito em casa. O principal problema da escola está neste modelo de não-comunicação em que o professor usa mais de três quartos do tempo da aula para falar sem que os alunos participem ou estejam envolvidos. Assim não há diálogo possível. Poderá algum jovem ou criança suportar isto?

Não é a melhor metodologia para aprender, certo?

_Hoje, graças à investigação, sabemos que se aprende dialogando, falando e escrevendo o conhecimento científico e cultural que se estuda na escola. Devemos contar com a inteligência, os saberes e a colaboração dos alunos e os currículos não devem ser um segredo, devem ser eles a geri-los em conjunto com os professores. Persistir neste modelo de não-comunicação equivale a continuar a encarcerar alunos e a impedir a sociedade e as pessoas de se aproximarem da escola.

A escola não está adaptada à sociedade do século xxi?

_Nenhuma outra organização humana resistiu a tanta história e a tanta mudança como a escola, que funciona do mesmo modo há séculos. Hoje temos mais consciência de que a escola, como instrumento ao serviço do desenvolvimento humano, da sociedade, da economia e da cultura, já não serve.

Portugal está ao mesmo nível dos países europeus ou pior?

_A nossa desgraça é que estamos sempre muito atrasados. Quando implementamos políticas que foram experimentadas noutros países, fazemo-lo fora do tempo. A escola portuguesa está esclerosada, está desfasada do tempo histórico. Não corresponde às vivências, necessidades e esperanças dos alunos e das pessoas em geral.

Em suma, qual é a sua maior preocupação com a escola portuguesa?

_Não temos uma escola democrática, os alunos não participam na organização das aprendizagens e no ensino. Quase quatro décadas depois do 25 de Abril, lamento que os governantes não tenham aprendido que a melhor maneira de competir é pela cooperação - os desportistas de equipa, por exemplo os futebolistas, sabem-no bem. Ao invés, nós pusemos os alunos a competir com os colegas e os professores uns com os outros, o que empobrece o trabalho realizado. Esta ideia de transformar a escola, que deve ser um centro vivo de cultura, numa empresa é uma ilusão perigosa. E o sistema de vigilância e punição que está a montar-se para alunos e professores vai tornar a escola ainda mais desumana do que já é.

A escola está a formatar crianças e jovens?

_Completamente. A escola não perde tempo a fazer aprender. Cada vez mais, o que se sugere aos professores é que debitem a matéria, que vigiem e que penalizem os alunos que não aprendem por si ou com as famílias procedendo à sua retenção ou sujeitando-os a fileiras secundárias de ensino precário, como acontece com a introdução recente do ensino vocacional, que poderá por lei vir a atingir alunos do primeiro e segundo ciclos, o que é desde já sentido por todos como uma nova via de castigo ou de discriminação.

Mas do professor o que se espera é que transforme alunos com dificuldades em alunos tão bem sucedidos como os outros...

_As famílias e a sociedade deviam pressionar os professores para que assim fosse. Mas as políticas atuais parecem preconizar que o modo tradicional de trabalhar é que é bom. E assim as crianças e jovens que têm dificuldades vão continuar a ser excluídos. Da escola e da sociedade. E, no entanto, a Direção-Geral da Educação acabou de fazer um estudo sobre os percursos curriculares alternativos e concluiu que a inserção dos alunos nessas turmas especiais não se traduz numa recuperação das aprendizagens e que são residuais os casos de reingresso no ensino regular. Ora, eu pergunto: se é assim, porque se continua a apostar no mesmo? Sabem o que vai acontecer a estes jovens? Vão perder-se em outros percursos igualmente alternativos e vão continuar a ser tratados como portugueses de segunda.

Porque é que os professores não mudam as práticas dentro da sala de aula?

_Os professores foram ensinados de determinada maneira e tendem a replicar o modelo que conhecem. Por outro lado, esta forma de estar na escola tornou-se tão natural que alguns professores até pensam que é a única. Mas não. Temos de ter consciência do que se passa na generalidade das escolas para perceber porque fracassámos e querer mudar. Porque há soluções.

Quais são?

_Temos de substituir as soluções únicas da velha escola tradicional, reforçada agora por soluções de empobrecimento cultural inspiradas na América dos anos de 1980, por uma gestão comparticipada dos programas, pela entreajuda entre alunos, pela individualização de contratos de aprendizagem e uma forte colaboração que forme para a cidadania democrática. Alguns professores já o fazem hoje e devem continuar até que respeitem os seus direitos profissionais.

Os bons professores estão acomodados?

_Chegámos a um ponto em que até os bons professores que se mantêm no ensino temem ficar desempregados e o país corre o risco de que se tornem uns cordeirinhos, que obedecem cegamente às manipulações da administração. Os professores estão muito ansiosos, já não querem gastar tempo a falar de estratégias de ensino que melhorem as aprendizagens porque também eles estão obcecados com a avaliação. A que têm de fazer constantemente aos alunos e a avaliação final de ciclo, externa às escolas. Além disso, eles também vão ser examinados através dos resultados dos alunos, por via da avaliação do desempenho. É um inferno ser professor neste contexto.

Discorda da avaliação do trabalho dos professores?

_Não, o trabalho dos professores é pago por todos nós e deve ser avaliado. Mas uma coisa é avaliar o conjunto do trabalho do professor, incluindo a sua atitude no seio de uma equipa pedagógica, outra coisa é avaliar o professor como se faz com qualquer outro funcionário público. É que a natureza do trabalho dos professores é muito particular por ser crucial para o desenvolvimento humano, a preservação e a renovação da herança cultural.

Ainda há pouco tempo foram publicadas as metas curriculares para o ensino básico. É caso para dizer que finalmente haverá objetivos de aprendizagem claros e autonomia para os professores?

_Nem pensar. As metas servem a atual espinha dorsal da escola, que passou a ser o seu controlo. Não têm nada de novo, apenas servem para examinar e vigiar. As metas desviam-se dos programas em vigor mas isso é indiferente para o ministério pois os professores sabem que para alcançar resultados têm de olhar para as metas tendo-as em conta como o novo currículo.

As novas metas não servem os interesses dos alunos nem dos professores?

_O discurso oficial é que sim, que servem. Mas não é verdade, não servem porque empobrecem o curriculum, o trabalho intelectual dos professores e dos alunos. Estas metas não trazem uma vantagem cultural e de socialização acrescida às aprendizagens, à escola e à sociedade.

Que apreciação faz do trabalho do ministro Nuno Crato?

_Este ministro aparenta estar absolutamente convencido de que está a fazer o melhor, mas ele não é um homem da educação. Até presumo que tenha sido escolhido por ser um bom comunicador político - ele tinha uma receita conservadora de reforço do ensino tradicional, e conseguiu passá-la nos media - e é economista com especialização em estatística - o que é importante para fazer contas e tornar a educação mais barata. Infelizmente, o senhor ministro não tem uma cultura acrescentada sobre a escola nem um conhecimento, para além do senso comum, sobre educação.

Por Célia Rosa Fotografia de Paulo Spranger/Global Imagens

"Os pais são insubstituíveis na educação dos filhos"

Não são receitas mas "orientações simples" para os pais investirem mais na comunicação com os filhos. António Estanqueiro é professor do ensino secundário e escreveu Comunicar com os Filhos, publicado pela Editorial Presença.

Na escola, o filho porta-se mal. Não sabe estar em sala, queixam-se os professores. A culpa é dos pais? António Estanqueiro, que tem a experiência das aulas de Filosofia do ensino secundário, lançou um livro dirigido aos encarregados de educação. Pede-lhes que invistam mais na comunicação em casa, que escutem e recomenda-lhes que amem incondicionalmente, mesmo quando os filhos não querem falar.

Enquanto professor, sente que os alunos chegam pior à escola, daí a necessidade de escrever este livro?

Nas escolas, verifica-se que muitos alunos, crianças e adolescentes, não têm o devido acompanhamento em casa, passam demasiado tempo ligados ao computador, à televisão ou à Internet, sem qualquer supervisão dos adultos. Isso é preocupante. Na maioria dos casos, não há desinteresse dos pais, mas apenas falta de disponibilidade para dar atenção aos filhos. Escrevi este livro para ajudar os pais interessados, que querem investir mais na comunicação com os filhos, acompanhar a sua vida escolar e transmitir regras e valores. Apresento orientações simples, sem a pretensão de dar receitas. Os pais são insubstituíveis na educação dos filhos.

Acredita que o problema maior entre pais e filhos é a falta de comunicação? Porquê?

Acredito que a chave da relação educativa está na qualidade da comunicação. Os pais terão dificuldade em cumprir a sua missão de primeiros educadores se comunicarem pouco ou mal. Quem quer educar os filhos, deve escutar com atenção, falar sem tabus, dialogar com abertura de espírito, elogiar com sinceridade, repreender de forma construtiva e amar incondicionalmente. Qualquer educador tem de ser um bom comunicador, usar o melhor possível a linguagem verbal e não verbal.

Este é um problema só das famílias ou também da escola? Até que ponto a comunicação não funciona entre os alunos e os professores? Até que ponto essa falta de comunicação não é a principal responsável pelo mau comportamento dos alunos?

O mau comportamento ou a indisciplina dos alunos é um fenómeno complexo. Há diversos factores condicionantes da indisciplina, uns mais ligados à origem familiar e social dos alunos, outros mais relacionados com a escola e os professores. Em primeiro lugar, a indisciplina depende da experiência relacional que o aluno vive na família, desde a infância. Pais demasiado autoritários, excessivamente permissivos ou ausentes não promovem o desenvolvimento equilibrado dos filhos. Tudo piora quando os pais desvalorizam a escola e criticam os professores, na presença dos filhos. Evidentemente, a indisciplina pode depender também das práticas pedagógicas dos professores. Os bons professores revelam competência científica, pedagógica e relacional. São modelos de comunicação. Sabem falar e escutar. Mostram compreensão e respeito pelos alunos. Tentam prevenir ou resolver conflitos, através do diálogo e da negociação.

No seu livro sublinha a importância da comunicação entre pais e filhos porque tem a percepção de que estes não comunicam?

Em geral, os pais procuram comunicar bem com os filhos. Acredito que muitos podem e devem comunicar melhor. O primeiro segredo da comunicação está na arte de escutar os filhos com disponibilidade e atenção. Escutar os filhos até ao fim, sem interromper o seu discurso, não implica concordar com tudo o que eles dizem. Implica tentar compreender, antes de falar. Quem escuta, tem mais hipótese de ser escutado.

E o que se faz quando os filhos não querem comunicar? Quando os pais estão disponíveis mas eles não o querem fazer?

Os filhos, sobretudo os adolescentes, só dizem o que querem, quando querem. Os pais ficam preocupados quando sentem que, apesar de todos os seus esforços, os filhos evitam conversas, não partilham a sua vida, não contam os seus problemas, não pedem conselhos. Por mais que custe, os pais devem ter paciência, respeitar o silêncio dos filhos, mantendo disponibilidade para o diálogo. O mais importante é que os pais estejam atentos, para prevenir comportamentos de risco ou para ajudar os filhos quando eles mais precisam, por exemplo quando são vítimas de bullying.

O que fazer quando os pais fazem as perguntas e os filhos não respondem? Castiga-se? Como?

Fazer perguntas pode promover a qualidade da comunicação. Por isso, os pais sensatos cuidam o que perguntam e o modo de perguntar. É natural que os pais queiram saber se os seus filhos adolescentes andam em más companhias, se fumam, se bebem demais nas festas, se experimentam drogas ou se têm relações sexuais desprotegidas. Mas eles não gostam de responder a perguntas indiscretas sobre assuntos mais íntimos. Preferem falar com os colegas e os amigos ou guardar silêncio. Se os pais exigem respostas, sob a ameaça de castigos, é provável que os filhos se defendam com mentiras. O autoritarismo corta a comunicação. Parece-me mais prudente ser compreensivo. Só a atitude de compreensão garante que os filhos poderão confiar nos pais e fazer-lhes confidências no futuro.

Educa-se pelo exemplo. E quando o exemplo é bom e eles não o seguem? Porque se educa pelo exemplo não só em casa como na escola.

Os filhos aprendem por observação e imitação dos comportamentos de pais, professores, colegas, amigos e figuras públicas. Como se vê, os pais são os primeiros educadores, mas não são os únicos. Não podem proteger sempre os filhos das más companhias, nem das influências negativas dos meios de comunicação (sobretudo televisão e Internet). A melhor atitude dos pais é ajudar os filhos a reflectir criticamente sobre os modelos de comportamento que a sociedade de consumo oferece e dar bom exemplo na sua vida pessoal e social. Também os professores devem assumir-se como bons modelos para os seus alunos. O segredo da educação está na coerência entre o que se diz e o que se faz. Os actos educam mais que as palavras.

O que fazer quando os pais falam com o DT e este tem como única resposta a defesa dos colegas e da escola? Até que ponto a escola não está aberta aos pais?

Considero que a relação entre a escola e a família tem vindo a melhorar, embora persistam ainda obstáculos à comunicação. Actualmente, muitos pais responsáveis acompanham os filhos em casa e comunicam regularmente com os directores de turma. Por sua vez, os bons directores de turma valorizam a participação dos pais na escola, não os chamam apenas para dar “más notícias” sobre o comportamento ou o aproveitamento dos filhos. A prática habitual dos directores de turma é prevenir ou resolver os problemas dos alunos, através do diálogo com os pais. Quando os pais fazem críticas precipitadas e injustas aos professores, é natural que os directores de turma tenham uma atitude mais defensiva. A cooperação entre pais e professores, num clima de diálogo e respeito mútuo, contribui para a formação integral dos alunos.

ENTREVISTA A ANTÓNIO ESTANQUEIRO

Por: Bárbara Wong

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Adaptações Curriculares e Currículo Adaptado


" Enfim, não tem sentido renovações de conteúdos sem mudanças de procedimentos"



Via: Facebook


Primeira associação de surf adaptado é portuguesa

É a primeira associação de surf adaptado de Portugal e de toda a Europa. Nasceu do desejo de uma só pessoa e da sua paixão pelo mar. O Boas Notícias falou com Nuno Vitorino, o rosto por detrás da SURFaddict, que quer transformar a modalidade numa prática acessível a todos. 

O projeto saiu pela primeira vez à rua em 2009, com o nome "Estado Líquido". Depois do acidente que o deixou paraplégico aos 18 anos, Nuno (na foto abaixo) viu-se afastado do mar. Por muito que tentasse o contrário, a cadeira de rodas punha sempre um travão quando Nuno se aproximava do oceano. Até que um dia pediu ajuda aos amigos. 

"Não correu muito bem", contou ao Boas Notícias. "As pernas eram um peso morto na prancha e percebemos logo que ia ser muito complicado." Mas nem assim desistiu. Falou com amigos, conhecidos, família e, com a ajuda de especialistas na área, criou uma prancha adaptada para o seu perfil motor. 

Pouco tempo depois estava de volta ao mar. Em cima de uma prancha e a sentir a força do oceano nas ondas que apanhava, voltou a sentir o que era estar em "estado líquido". 

"Estado líquido porque somos só nós e a água quando estamos lá dentro. Não é preciso cadeira de rodas, não é preciso pernas, não é preciso nada. Somos nós e o mar... A ligação é tão forte que nós próprios nos sentimos líquidos", explica Nuno Vitorino, que foi também nadador paralímpico. 

Foi então que surgiu o "Estado Líquido". "Os meus amigos disseram que eu estava a ser egoísta por guardar esta experiência só para mim e incentivaram-me a criar um projeto que permitisse aos outros ter a mesma oportunidade que eu", conta.

Todos têm direito a desfrutar do mar

A adesão foi imediata e rapidamente ganhou novas proporções, levando à criação da primeira associação de surf adaptado da Europa. A SURFaddict apresentou-se ao país e ao mundo em 2012, como uma organização sem fins lucrativos, empenhada em levar a prática de surf a todos os que tenham dificuldades motoras e mobilidade reduzida - pessoas com deficiência ou até mesmo pessoas mais idosas, sendo que o aluno mais velho tem 82 anos. O lema é o de que todos têm direito a desfrutar do mar. 

"Hoje, ultrapassadas todas as barreiras políticas e feita toda uma campanha de sensibilização junto das principais entidades marítimas (capitanias, Instituto Hidrográfico, Instituto de Socorros a Náufragos e Marinha Portuguesa), estamos bem encaminhados, com inúmeras iniciativas pelo país e, inclusive, inscritos na Federação Portuguesa de Surf", conta o responsável.

Depois dos Açores, Peniche, Algarve, Alentejo e Figueira da Foz, o próximo evento é já no dia 6 de Julho, na praia da Ribeira d'Ilhas, na Ericeira. Aberto ao público e destinado a todos os que quiserem apanhar algumas ondas, este será apenas mais um exemplo das muitas iniciativas promovidas pela SURFaddict.

"A ideia é mostrar que o surf adaptado pode ir a qualquer lado, a qualquer praia, seja ela grande ou pequena". Em todas as iniciativas (assinaladas no local como "Fábrica dos Sorrisos") há um grupo de voluntários que se junta para ajudar todos os que aparecem para participar. 

"Estas coisas envolvem sempre muita gente. Já chegamos a meter, num só evento, 300 pessoas na água", conta Nuno Vitorino ao Boas Notícias. "Além disso, como isto é algo a nível nacional, há pessoas a vir de longe, a fazer centenas de quilómetros para se juntarem a nós". 

Para além deste tipo de iniciativas, a SURFaddict promove ainda diversas campanhas de sensibilização junto das escolas desta modalidade. "Queremos ajudar o maior número de escolas possível a pôr pessoas com deficiência na água. Por isso, é importante para nós promover este tipo de cursos. Desta forma estamos a levar cada vez mais gente para o mar! Gente que pensava que nunca conseguiria!"

O primeiro fato de surf adaptado do mundo

Foi também graças à associação que nasceu a primeira linha de pranchas adaptadas. "Temos um grupo técnico a trabalhar connosco, com especialistas em várias áreas com deficiência. Começaram por criar pranchas adaptadas a diferentes perfis motores e agora idealizaram o primeiro fato adaptado para surf do mundo".

Este fato "é mais elástico, mais maleável, tem um fecho que vai da meia perna para baixo (para vestir tipo calção), velcros entre as pernas para as segurar, e um fecho, atrás, com uma abertura muito maior. É muito mais fácil de vestir, permite uma grande autonomia e facilita imenso a prática da modalidade", explica Nuno.

Hoje, Nuno não acredita em barreiras físicas que impeçam alguém de apanhar uma onda. Quer fazer da SURFaddict um movimento cada vez maior e levar o mar a todos aqueles que pensam estar bem longe dele. 

Para isso, pede todo o tipo de apoios financeiros, que o ajudem a tornar o surf uma prática acessível a todos, sem restrições. "Isto não é fácil e obviamente que implica custos. Fazemos inúmeras deslocações e há sítios em que é preciso marcar alojamento. Além disso, oferecemos almoço em cada um dos nossos eventos.. E, lá está, nada disto é possível sem o apoio e contributo da sociedade civil."

Ainda assim, a adesão tem sido "brutal" e o número de participantes regulares é cada vez maior. Por isso mesmo, e para levar as ondas a todo o lado, Nuno promete uma coisa: "Comunidade surfista, preparem-se! O calendário para os próximos tempos está completamente cheio!" 

Clique AQUI para aceder ao site da SURFaddict e AQUI para conhecer a página de Facebook.

por Margarida Cruz

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ensinar passos a quem vai correr diferente de nós

Quando eu fui professor do ensino básico, costumava propor aos meus alunos um jogo que intitulei “Não é normal”. A ideia era simples: sentávamo-nos num círculo no chão e todos repetiam “Não é normal…” e, de seguida, cada um, à vez, completava a frase dizendo o que, na sua opinião, não era normal.

O interessante do jogo – além do seu carater divertido – era a oportunidade de discutir o que é a “normalidade”. Por exemplo alguém dizia: (Não é normal) “um homem usar vestido”. E daí – depois de se identificarem culturas em que os homens vestem algo semelhante a um vestido – discutíamos a diversidade biológica e cultural da humanidade e muitos outros assuntos que lhe estavam associados.

Jogar o “Não é normal” é um desafio interessante para repensar – voltar a pensar – o papel da escola na nossa sociedade. Talvez exista um grande descompasso entre as competências que os jovens devem ter adquirido à saída da escola e aquilo que se pensa que a escola deve fazer para lhes permitir adquirir estas competências. Por exemplo: dizemos que os jovens devem ser empreendedores, dinâmicos, criativos, autónomos, com capacidade para resolver problemas... Mas, de forma contraditória, defende-se que, para que o jovem adquira estas competências, deve frequentar uma escola que seja transmissiva, diretiva, estrita e uniformizadora… É aqui que o jogo “Não é normal” nos pode ajudar a perceber que certas estratégias, objetivos e funcionamento da escola não são adequados para que os jovens sejam formados para aquilo que a sociedade tanto preza e valoriza. E vamos dar quatro exemplos:

1. A escola deve preocupar-se com o desenvolvimento integral da criança. Na verdade, se não for a escola a assegurar este desenvolvimento, quem o fará? Sabemos que as famílias não se encontram disponíveis nem capacitadas para desempenhar todo este papel. Muito do desenvolvimento global da criança se passa sob a responsabilidade da escola. As famílias confiam nas escolas para que elas desempenhem e bem esta função que está longe de ser exclusivamente académica. Hoje a escola é um ambiente de desenvolvimento de numerosas capacidades, atitudes e conhecimentos que são essenciais para a vida adulta. Se assim é, “Não é normal” que a escola afunile as competências para a Língua Materna e para a Matemática. Precisamos sim de um currículo que cubra as áreas do desenvolvimento integral do aluno: o estudo e a intervenção no meio, a música, as artes, a motricidade, a socialização, a solidariedade, a análise crítica, a cidadania, a ecologia, etc.

2. A criatividade é um pilar do desenvolvimento e – cada vez mais – do sucesso da pessoa. Sabemos hoje que a criatividade pode ser mais ou menos exuberante em cada ser humano mas sabemos igualmente, que se podem criar ambientes que incentivam, acarinham e apoiam a criatividade e permitem às pessoas a ir mais além nesta sua capacidade. Precisamos por isso de criar nas escolas ambientes que acolham e ajudem a florescer a criatividade. Se assim é, “Não é normal” que entupamos a vida escolar das crianças com aulas, mais aulas e mais aulas, na esperança insensata que a criatividade se desenvolva tal como uma erva teimosa que desabrocha na frincha de dois monólitos de granito.

3. Sabemos que o sucesso na escola é preditivo do sucesso na vida. Disse “preditivo” e não determinante. A escola deve ter um papel decisivo na organização da vida prática e dos valores dos alunos. O insucesso na escola é também o insucesso na organização da vida e uma formação de valores reativa face à escola e ao conhecimento. Por isso é fundamental que a escola cuide do sucesso de todos os alunos (não é gralha, é mesmo “todos”). Sucessos diferentes, sem dúvida, porque as escolas não podem colocar entre as suas opções educativas a possibilidade de insucesso. Se assim é, “Não é normal” que as escolas não tratem cuidadosamente do apoio aos seus alunos que evidenciam dificuldades: o apoio aos professores que os ensinam, o apoio às famílias que por vezes não entendem o que se passa, o apoio aos alunos que não vêm saída para ultrapassar o seu afastamento da escola, enfim o apoio à turma para trabalhar em entreajuda.

4. Os desafios para educar uma criança no século XXI são muito diferentes do que seriam há 20 ou 30 anos. Sabemos que a escola tem de procurar novas formas de ensinar, tem de procurar novos significados para a sua missão, diferentes estratégias, mesmo diferentes conteúdos. A escola não é uma instituição intemporal e necessita de se modificar tal como a sociedade e os alunos que lhe chegam se modificam. Se assim é, “Não é normal” que se defenda a que a escola deve regressar aos modelos transmissivos, à organização estrita e rígida do passado. As soluções do passado nem resolveram os problemas do passado, nem – muito menos – resolvem os problemas do presente.

Não é fácil encontrar uma solução para o sucesso da Educação. Diria mesmo que é impossível encontrar “uma” solução. Existem muitas possibilidades, todas no caminho mais ou menos longo do sucesso. Precisamos de desenvolver nas pessoas e nas instituições uma atitude de “heurística”, de caminho, de procura permanente das soluções possíveis, mais justas e mais adequadas.

Precisamos, pois, de apoiar as escolas e os professores para se adaptarem a uma tarefa de uma grande complexidade e incerteza: a de ensinar os primeiros passos a pessoas que – de certeza – irão correr de forma diferente da deles. Muitos professores sabem fazer isto e muitos outros estão disponíveis e ativos para aprender como se dinamizam processos de aprendizagem cuja finalidade é holística, criativa, apoiada e diversa. E isso é que “normal”(?).

Por: David Rodrigues

Professor universitário e presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico

Calendário escolar para o ano letivo 2013/2014

O Despacho n.º 8248/2013 determina as datas indicativas de duração dos períodos letivos e interrupção das atividades educativas e letivas, momentos de avaliação e classificação, exames e outras provas de avaliação externa, para cada ano escolar.

Para os alunos dos 4.º e 6.º anos de escolaridade que venham a ter acompanhamento extraordinário, as atividades letivas podem prolongar-se até ao último dia útil da primeira semana de julho, devendo ser adotadas as medidas organizativas adequadas para o efeito.


In: Incluso

terça-feira, 25 de junho de 2013

Alexandrino Silva dá murro na mesa

O atleta paralímpico Alexandrino Silva disputou, dia 22, a Grandma’s Marathon, em Duluth, nos Estados Unidos, completando a distância em 1h37m37s, um registo que lhe permite a reentrada no projeto Paralímpico. À chegada a Portugal, o atleta desvalorizou o valor da marca alcançada e lançou duras críticas à Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD): “Sei que consigo fazer muito melhor. Infelizmente desde há algum tempo, que não corro apenas contra o relógio. Querem matar a modalidade e estão prestes a conseguir.”

O atleta natural de Vilar do Monte, em Barcelos, foi proposto pela Associação Nacional de Desporto Deficientes Motores (ANDDEMOT), para integrar a comitiva nacional, ao Campeonato do Mundo de Atletismo Paralímpico, que se realiza em Lyon, de 18 a 29 de julho. “Um dia antes de ter viajado para os Estados Unidos, recebo uma chamada da FPDD a questionar-me se queria integrar a comitiva. Se sim, se estava disposto a pagar do próprio bolso a minha presença no Campeonato do Mundo. Como é óbvio disse que não, já suportei do meu bolso este ano, duas provas internacionais, para tentar fazer mínimos. O pior de tudo é que, quando chego aos Estados Unidos, vi na minha caixa de correio eletrónica a convocatória. O meu nome não estava lá”, adianta, frisando ainda que “este é já o segundo ano em que o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) deixa atletas da área motora fora das competições. Esta situação é uma vergonha, porque o lema do CPP é Igualdade, Inclusão e Excelência Desportiva”.

Alexandrino Silva, que é membro da Associação Nacional de Atletismo em Cadeira de Rodas (ANACR), presidida por Mário Trindade, refere ainda já ter falado com a ANDDEMOT, que pediu explicações para o sucedido. “Mesmo que venham a dar-lhes razão, fico mais uma vez em terra depois de milhares de euros gastos, para apenas me deixarem competir com as cores nacionais”, conclui o atleta barcelense

Confrontado com as notícias, João Correia – Coordenador Técnico de Atletismo para a área motora – confirma que foram cometidas várias irregularidades pela FPDD ao longo dos últimos meses. “É com manifesto desagrado que tenho acompanhado de perto o processo do atleta em questão, que não é uma situação nova, de desrespeito hierárquico para com esta instituição. Existiram falhas graves, prontamente reportadas às entidades responsáveis.”, adianta João Correia, dado que cabe à ANDDEMOT coordenar todo o desporto paralímpico na área motora, estando esta entidade disposta a convocar Alexandrino Silva.

Questionado sobre os próximos passos a tomar pela ANDDEMOT, João Correia, responde que “as situações foram reportadas e teremos que aguardar por uma resposta. O que se passou com o Alexandrino Silva, jamais deveria ter acontecido, principalmente em vésperas de disputar uma importante competição.” lamenta.

In: Record

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Menino ouve o pai pela primeira vez graças a implante

Um implante auditivo inovador permitiu a um menino norte-americano de três anos que nasceu surdo ouvir, pela primeira vez, a voz do pai. O pequeno Grayson Clamp participou num ensaio clínico desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC School of Medicine), nos EUA, e, depois de uma ainda curta vida de silêncio, pôde, finalmente, conhecer a experiência do som.

Grayson nasceu sem nervos auditivos em ambos os ouvidos e, com o objetivo de ajudar o filho e dar-lhe uma maior qualidade de vida, os pais, Len e Nicole Clamp, sempre procuraram todas as alternativas disponíveis. Depois de descobrirem que o implante coclear tradicional não era solução, voltaram-se para uma técnica pioneira da Universidade da Carolina do Norte.

A criança tornou-se, assim, a primeira nos EUA a receber um implante auditivo de tronco cerebral, uma prótese capaz de restaurar a função auditiva de pessoas surdas mas que, pelo facto de a região da cóclea, no interior do ouvido, não se encontrar intacta, não podem receber o equipamento convencional.

A operação é feita através de uma incisão atrás da orelha, envolvendo a colocação de um elétrodo e de um cabo diretamente na região onde os nervos saudáveis deveriam estar. Em vez de 'viajar' pelo ouvido, a informação sonora 'viaja' por meio do cabo, estimulando o cérebro e dando ao paciente a possibilidade de ouvir.

Sucesso do procedimento é esperança para outras crianças

Graças à ajuda da equipa da Universidade da Carolina do Norte, o menino ouviu o pai falar com ele pela primeira vez. "O pai adora-te", foram as primeiras palavras que Len disse ao pequeno Grayson, um momento que ficou registado em vídeo e, em menos de dois dias, já foi visto quase 700.000 vezes no Youtube.


"Nunca vi uma expressão no rosto dele como a que vi hoje. Quero dizer, ele olhou-me bem nos olhos. Ouviu a minha voz pela primeira vez. Foi fenomenal", confessou Len Clamp, pouco depois do grande acontecimento. "Depois de tudo o que passei, ele é muito mais homem do que eu alguma vez serei", acrescentou.

Para os médicos, o sucesso do caso de Grayson surge como uma esperança para muitas outras crianças. "Vê-lo responder ao som desencadeou muitos sentimentos dentro de mim. Senti que há potencial, que podemos estar, de facto, a mudar o mundo em certos aspetos", afirmou Craig Buchman, um dos cirurgiões envolvidos no procedimento, que trabalhou com Matthew Ewend, do departamento de neurocirurgia da Universidade.

Segundo os médicos, o dispositivo recebido por Grayson foi, inicialmente, concebido para ser utilizado em pacientes que perderam a audição devido a tumores nos nervos. Atualmente, a equipa está a analisar a possibilidade de a solução poder começar a ser utilizada para restaurar a audição em crianças.

sábado, 22 de junho de 2013

4.º Encontro Práticas para a Inclusão

4.º Encontro Práticas para a Inclusão

13 de julho 

Escola Secundária Padre Alberto Neto - Queluz


Para mais informações aceda ao 


Poderá realizar a sua inscrição para este encontro acedendo à ficha de inscrição no link abaixo.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Boccia: Portugal conquista ouro nos Europeus

A selecção nacional de Boccia conquistou esta quinta-feira a medalha de ouro no Campeonato da Europa, que se disputa por estes dias no Multiusos de Guimarães, no âmbito de Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013.

A vitória foi obtida pelos atletas José Carlos Macedo, Armando Costa e Luís Silva na categoria de pares BC3 depois de derrotarem na final a congénere grega.

A caminhada triunfal até ao lugar mais alto do pódio começou com a conquista do primeiro lugar na fase de grupos, depois da equipa portuguesa se superiorizar à Suécia e à Bélgica. Nos quartos-de-final Portugal elminou ainda a França e nas meias-finais a Dinamarca.

Na categoria BC1/BC2 equipas, a seleção das quinas – representada por João Fernandes, António Marques, Fernando Ferreira, Abílio Valente e Cristina Gonçalves – arrecadou, também uma medalha, desta feita de prata, depois de disputar a final da prova contra a Grã-Bretanha.

In: Record

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Colónias de Férias para crianças com necessidades especiais

As colónias de Férias para crianças com necessidades especiais estao de volta em 2013, já realizadas anteriormente desde 2005 até 2010 no Lar Militar da Cruz Vermelha Portuguesa, tendo sido em 2011, e 2012 ja realizadas no Externato Joao XXIII, onde realizaremos novamente este ano.

A colónia de férias para os pequeninos tem a duração de duas semanas, nas quais as vossas crianças são estimuladas a todos os níveis: psicomotor, social, relacional, atividades da vida diária, motor, linguagem, entre outros. Cada colónia apenas suporta um número máximo de 12/14 crianças dos 2 aos 8 anos. O apoio é de um para um, ou seja, cada criança tem um monitor só para si durante todo o dia. Diariamente será entregue aos pais um mini-relatório relativo as actividades que as crianças realizaram e ao seu comportamento.

Podem ainda consultar o site (www.aama.pt), onde podem observar fotos das colónias, bem como testemunhos de vários pais.

Via: Incluso

terça-feira, 18 de junho de 2013

Grávidas expostas à poluição com maior risco de gerar filhos autistas

Mulheres expostas durante a gravidez a níveis de poluição do ar elevados nos EUA poderão ter o dobro do risco de dar à luz bebés autistas do que as grávidas que vivem em ambientes melhor protegidos, indica hoje um estudo.

"Trata-se do primeiro estudo nacional que examina a relação entre o autismo e a poluição atmosférica no território norte-americano, sublinharam os investigadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard (HSPH, na sigla inglesa), em Boston, no estado de Massachusetts.

Andrea Roberts, investigador na HSPH, indicou que o estudo "é preocupante porque demonstra que, dependendo do tipo de poluente, entre 20 e 60 % das mulheres no estudo viviam em áreas onde o risco de autismo é maior".

Partículas de diesel, chumbo, mercúrio, cloreto de metileno e outros poluentes são conhecidos por afetarem a função cerebral e o desenvolvimento da criança.

Dois estudos anteriores já haviam demonstrado uma relação entre a exposição à poluição do ar em mulheres grávidas e crianças com autismo, mas esses estudos analisaram dados de apenas três áreas nos Estados Unidos.

In: JN online

Portugal é campeão mundial de Atletismo Adaptado

Portugal acaba de revalidar o título de campeão do mundo, masculino e feminino, de Atletismo Adaptado, que já tinha conseguido em Itália há dois anos. As equipas portuguesas terminaram o 9º Campeonato do Mundo de Atletismo INAS, que decorreu em Praga, na República Checa, no lugar mais alto do pódio por nações, conquistando um total de 26 medalhas.

De acordo com a Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual (ANDDI), os atletas portugueses arrecadaram, no último dia de competição, mais cinco medalhas - três de prata e duas de bronze.

A primeira destas medalhas chegou por intermédio de Inês Fernandes, que conseguiu uma marca de 34.99m no lançamento de disco. Tiago Duarte e Erica Gomes foram também medalhados mas no salto em altura com, respetivamente, 1.72m e 1.48m. Lenine Cunha subiu, igualmente, ao pódio nesta especialidade, graças a um salto de 1.72m.

Samuel Freitas garantiu a última medalha portuguesa ao bater o novo recorde de Portugal nos 800m e terminar a prova na 3ª posição num tempo de 1.57.31. De destacar que, na mesma categoria, o jovem português Cristiano Pereira assegurou um "excelente quinto posto", afirma a ANDDI, com 2.00.88. 

Ainda no último dia de competição, destaque para os quartos lugares de Cláudia Santos nos 800m com 2.35.43 e para a estafeta feminina de 4x400 (Raquel Cerqueira, Cláudia Santos, Maria Graça Fernandes e Cátia Almeida) com 4.30.96. 

De referir também os quintos lugares de Ricardo Marques no disco com 32.41m, Bruno Gaspar nos 5000m com 16.47.89 e da equipa masculina de 4x400 com um tempo de 3.40.55.

Às cinco medalhas com que Portugal encerrou a prova juntam-se outras 21 conquistadas ao longo do campeonato, entre as quais sobressaem dois ouros de Lenine Cunha no triplo salto com 13.29m e no heptatlo com 4095 pontos, que o atleta (que se sagrou Melhor Atleta do campeonato) arrecadou ao quarto dia do mundial. 

Clique AQUI para conhecer em detalhe o desempenho de todos os atletas medalhados e saber mais pormenores sobre a participação portuguesa no campeonato do mundo.

Notícia sugerida por David Ferreira

Pais de alunos autistas queixam-se de falta de apoio após as aulas em Esposende

Os pais dos alunos que frequentam a unidade de autismo de Forjães, do Agrupamento de Escolas das Marinhas, Esposende, contestaram hoje, à porta da escola, as alterações ao funcionamento deste apoio após o final do ano letivo.

Em causa, explicou o porta-voz dos pais, está a situação dos seis alunos que frequentam aquela unidade, na Escola Básica Integrada (EBI) de Forjães, oriundos de Viana do Castelo e de Esposende. Até há dois anos, o prolongamento destas atividades, que ocupavam as crianças entre 09:00 e as 17:00, após o final do ano letivo, era garantido durante todo o mês de julho, com os mesmos professores.

Segundo Marco Reis, este funcionamento tem vindo a ser alterado e agora, num "recado" deixado esta quarta-feira "na mochila" das crianças, a direção daquele agrupamento comunicou que, este ano, esse prolongamento só será assegurado, a partir da próxima semana, até 05 de julho, e das 09:00 às 12:30, e "sem direito a transporte ou refeições", como acontecia até agora.

"Ou seja, de julho a setembro, os pais que ainda têm a sorte de trabalhar vão ter de se despedir para ficarem com as crianças. O problema é que não é qualquer pessoa ou instituição que pode ou quer ficar a tomar conta destas crianças autistas. Mas a situação, pelo que sabemos, é igual noutras unidades multideficiência", explicou Marco Reis.

Os pais destas crianças, que têm entre 8 e 10 anos, queixam-se ainda de terem sido avisados destas alterações dois dias antes do final do ano letivo, tendo o protesto de hoje acontecido precisamente durante a festa de fim de aulas, realizada na escola de Forjães.

A agência Lusa tentou obter esclarecimentos sobre a situação junto do Agrupamento de Escolas das Marinhas, mas a diretora escusou-se a prestar declarações sobre o assunto.

Na informação enviada aos pais e encarregados de educação, e divulgada hoje publicamente, o agrupamento esclarece que nesta situação - que entra em vigor já partir do dia 17 de junho -, estão mais cinco Unidades de Apoio Especializado à Multideficiência (UAEM), que passam a funcionar apenas no período da manhã. Outras duas só vão funcionar entre as 13:30 e as 17:00.

"O Estado até deixa de assegurar o transporte para a unidade, que é a única que temos aqui perto. E ressalvo que alguns alunos estão deslocados de casa mais de 30 quilómetros. Isto é uma situação gravíssima", afirmou, por seu turno, o porta-voz dos pais, Marco Reis.

Estes já pediram uma reunião "urgente" à Direção Regional de Educação do Norte, tendo em conta a indefinição sobre o apoio que era dado a estas crianças após o final do período letivo regular, que acontece já esta semana.

In: RTP online

Via: Incluso

sábado, 15 de junho de 2013

Dia de Luta!

Em luta por uma Escola com Qualidade!!!


EM LUTA PELA ESCOLA PÚBLICA!!!

EM LUTA PELA ESCOLA PÚBLICA!!!

SEI QUE NÃO VOU SER O ÚNICO A LUTAR!!! O Grito por uma Mudança vai estar na rua!!!

Visita pedagógica-formativa à Escola da Ponte


No passado dia 31 fomos visitar a Escola da Ponte. Uma escola  que nos deixou fascinadas! 

A Escola Básica da Ponte mudou de instalações em Setembro de 2012, para um grupo de edifícios onde convive lado a lado com uma escola tradicional.

Apesar da mudança de local (de Vila das Aves para S. Tomé de Negrelos) a escola está a receber muitas matrículas, inclusivamente do Pré-Escolar. Esta escola tem cerca de 160 alunos e uma equipa de 28 docentes, entre os quais educadores de infância, professores de 1º 2º e 3º ciclo. 

Todos os alunos e professores cumprem o mesmo horário. A filosofia desta escola tem subjacentes princípios de Inclusão, de solidariedade e cooperação, “que se podem traduzir de forma simplificada no seguinte: todos precisamos de aprender e todos podemos aprender uns com os outros e quem aprende, aprende a seu modo no exercício da Cidadania”. 

Tudo nesta escola é diferente! 

Começámos por uma visita guiada pelos próprios alunos que nos explicaram toda a organização e dinâmica, e ainda, responderam às nossas questões com muito desembaraço e precisão. 

Fascinante a prestação destes alunos!

O tempo e o modo de aprender exigem uma grande participação dos alunos. Os nossos guias disseram-nos "nesta escola temos direitos e deveres…para cada direito temos três deveres correspondentes… esta escola dá liberdade mas exige autonomia e responsabilidade….esta escola respeita o ritmo de cada um".

Aqui observamos práticas educativas que se afastam do modelo tradicional. Esta escola está organizada segundo uma lógica de projeto e de equipa. Não existem salas de aula. 

Existem espaços de trabalho que disponibilizam diferentes recursos (livros, dicionários, gramáticas, internet, etc.) para que os alunos possam aceder ao conhecimento.

Depois da visita guiada pelos alunos tivemos oportunidade de assistir a uma Assembleia geral de alunos. Este foi um momento fascinante. 

A Assembleia (15h-anfiteatro) foi orientada exclusivamente pelos alunos. Iniciaram com a -Leitura e aprovação da ata da assembleia anterior (por votação de braço no ar). 

Assuntos abordados pelos intervenientes: importância de zelar pelo espaço da escola e pelo material/ bens comuns; falta de higiene nas casas de banho; comportamento de alguns alunos na assembleia…

Surgiram propostas/sugestões para se evitarem esses problemas. Deu-se conhecimento de atividades realizadas na escola. Partilharam-se adivinhas e textos criativos – leitura efetuada por alunos de diversas idades.

As intervenções foram pertinentes, a mesa foi bem moderada pela aluna responsável, houve respeito pelas intervenções de todos os alunos, independentemente da idade.

Pudemos observar um modo de relação e comunicação muito especial entre todos, sentimos um ambiente familiar e de proximidade entre todos: alunos, professores-tutores, assistentes operacionais e famílias. 

Os pais/encarregados de educação estão muito implicados no processo de aprendizagem e na direção da escola.

Após o conhecimento da escola seguiu-se a conferência, Organização Escolar como promotora da equidade. A experiência da Escola da Ponte” dinamizada pelas professoras Ana Moreirinha, Jeni com debate onde foram colocadas algumas questões: 

Gestão do Currículo 

Como escola pública, segue um currículo nacional, com uma gestão flexível.

Planificação 

Os mais pequenos têm uma orientação mais direcionada. Na 1ª fase há planos quinzenais coletivos e depois passam a individuais. Os alunos escolhem o que querem aprender, não têm de seguir sequencialmente o que está previsto para cada disciplina, mas todo o programa está visível para que os alunos possam fazer a sua gestão. Têm sempre a presença de um orientador educativo. Ele vai ver se o que o aluno escolhe, necessita de conhecimentos anteriores e se é uma escolha possível para 15 dias.

O plano de quinzena é tutelado por um professor tutor e pelo professor daquela valência. A passagem de um aluno de um núcleo para outro (Iniciação para Consolidação ou deste para o Aprofundamento) tem perfil de saída traçado. 

Pode não ser no final do ano lectivo pois, não se espera por um momento definido antecipadamente para avaliar o aluno. Este pode pedir diariamente para ser avaliado, colocando a sua mensagem na caixa do “Eu já sei”. A forma de avaliação é negociada e avalia-se também o percurso e não só os conhecimentos adquiridos.

A escola está organizada em dimensões: 
  • Matemática 
  • Linguística – Francês / Português/ Alemão
  • Naturalística
  • Artística
Procura-se uma articulação transversal 

Na Ponte há duas dimensões de currículo

  • Currículo objectivo (CO) -previsto a nível nacional;
  • Currículo subjectivo (CS) -outras aprendizagens do aluno – está ligado à vida e história de cada um e da escola.

A forma e metodologia utilizada para chegar ao CO é que é a diferença da Escola na Ponte. Vive -se o dia a dia, apela-se à responsabilidade e solidariedade. 

Os interesses que os alunos trazem para a escola são sempre valorizados, isso “é conhecimento e é currículo”. 

Exames Nacionais

Cumprem-se os exames nacionais e provas finais de ciclo. Faz-se simulação da prova de exame para que o aluno se adapte à estrutura da prova. A classificação do aluno, relativa ao ano letivo, é dada no último período, negociada com os alunos, pais e professores. 

Trabalhar em Rede

Há reuniões de professores para definir estratégias a adotar para a resolução de problemas. 

Encontram-se respostas em conjunto. 
- Precisa de algo? 
– Vamos alterar estratégias? 

O trabalho de equipa “- …é difícil! É difícil expormo-nos… Mas é muito enriquecedor"

“ Não fica na solidão de ninguém  a incapacidade de dar resposta … essa angústia…” 

Quando o aluno tem dificuldades 

As dificuldades estão no professor e não nos alunos, são dificuldades de ensinagem… Os alunos desenvolvem trabalho acompanhados por tutores e orientadores educativos. 

Na escola não há um livro único adotado por disciplina. Estão disponíveis manuais de várias editoras para os alunos consultarem, levarem para casa, fazerem os exercícios … O material da escola é “comum” – pertence a todos.

A primeira ajuda ao aluno parte do grupo de pares , sempre na perspectiva de evolução dos alunos. 

Todos os alunos têm timings diferentes de aprendizagem. Cada aluno tem mais facilidade numa coisa ou noutra, são todos diferentes !!

- O que faz os pais escolherem a Escola da Ponte?

O projeto que já conhecem… professores , pais e alunos estão no mesmo patamar – é tudo uma família! É diferente da Escola tradicional, há um nível de respeito diferente!

Obrigada a todos os que nos acolheram de forma excepcional na Escola Básica da Ponte!

Por: Isabel Lopes e Fátima Craveirinha

In: Newsletter n.º 61 da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial de JUNHO 2013 (1ª QUINZENA)