quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Há respostas que estão no comportamento dos pais

Mikaela Övén dedica-se à parentalidade e educação de crianças. Tem três filhos, um blogue, participa em seminários e está disponível para ir a escolas. E aconselha a olhar para dentro. 

Comportamentos inadequados, atitudes fora do normal, birras, trabalhos de casa, hiperatividade, dúvidas na maneira de lidar com os filhos, perguntas que procuram respostas. São estas as principais questões que "batem à porta" de Mikaela Övén, de origem sueca a viver em Portugal há 11 anos. É mãe de três filhos e depois dos nascimentos decidiu centrar-se na área da parentalidade e educação de crianças. Tem um blogue, participa em seminários, em cursos, dá orientação e aconselhamento familiar. Licenciada em Recursos Humanos, é coach e practitioner em Programação Neurolinguística e facilitadora certificada pela Family Lab. Mikaela está disponível para ouvir os pais e ir às escolas fazer workshops ou prestar consultoria. 

Será que há algo de errado com o meu filho? O que vou fazer com ele? Estas perguntas repetem-se. Mikaela Övén aconselha a olhar para dentro, antes de olhar para fora. "Procuro que os pais pensem mais no que podem fazer em relação a eles próprios, antes de se focarem tanto em mudar o comportamento da criança. Como acredito que todas as crianças colaboram de alguma forma com os pais/adultos, a resposta está no nosso comportamento", refere ao EDUCARE.PT. Ser mãe ou pai é, na sua opinião, "um belo curso de desenvolvimento pessoal". 

O tempo não estica, a maior parte dos pais passa muito tempo no trabalho, as horas para estar com os filhos acabam por encurtar. E quando os problemas surgem, muitas vezes, procura-se uma receita para lidar com os comportamentos dos mais pequenos. A autora do blogue Mama Mia quer, antes de tudo, perceber as situações com que tem que lidar e evita dar dicas generalizadas. "Acredito profundamente que o presente mais bonito que um pai ou uma mãe pode dar ao seu filho é cuidarem bem deles próprios. E a resposta da harmonia da família e do bem-estar dos filhos está aí", afirma. 

Os pais sabem ser pais nos dias de hoje? Mikaela acredita que sim e que a maioria tem uma enorme vontade de ser bons pais e assume esse desejo como um objetivo sempre presente na cabeça. "Os pais pensam e refletem muito sobre a parentalidade. Mas como duvidam das suas capacidades, como não confiam na sua intuição e como têm falta de auto-estima, há momentos em que desistem por causa da pressão do dia a dia, por exaustão, por falta de paciência, por causa de familiares, das escolas", refere. 

Muitos pais continuam à procura de uma receita, de uma fórmula para educar os filhos, um "quick fix" para resolver o problema xis. Mikaela sublinha que é importante os pais pararem para ouvir os seus corações com tempo. Pode ser que assim encontrem soluções. Pode ser que assim "entendam que há relações que temos de cuidar todos os dias".

Centrar atenções nas relações que se criam com os filhos é um passo importante. Tentar controlar ou domar comportamentos é um caminho que não deve ser seguido. Não há pais perfeitos. Ponto final. "Pergunto-me o que é o crescimento harmonioso. Acho que isso se baseia nas relações que existem na família. Acho que procuramos, mais uma vez, muitas coisas fora de nós como resposta a essa necessidade de criar mais harmonia", refere. Na sua opinião, é preciso autenticidade e intenção naquilo que se faz, nas atividades em que se colocam os filhos. "Acredito que as crianças vão crescer harmoniosamente quando têm relações em casa que refletem isso mesmo". "Claro que há formas que ajudam, mas se os próprios pais não fizerem o trabalho principal... então não vai acontecer", acrescenta. 

Os paradoxos também acontecem. Uma geração informada, mas, na sua opinião, desorientada. "Acho que a geração de pais de hoje nunca foi tão informada. Nunca soube tanto sobre educação e desenvolvimento de crianças. No entanto, acho que não houve nenhuma geração tão perdida...", comenta. Recua ao passado, ao tempo em que as pessoas se regiam pelas normas da sociedade, pela igreja, pelos valores cultivados em família. Depois, o mundo ficou mais complicado. "E como as pessoas procuram mais fora do que dentro, as coisas tornam-se mais complexas. Porque as respostas não estão nos livros", alerta. Mikaela Öven insiste que as famílias têm de olhar para dentro. Até porque, na sua perspetiva, há técnicas e métodos que enchem páginas de livros e que podem não servir de nada na prática. 

Neste momento, Mikaela Övén colabora com uma escola. Trabalha no desenvolvimento dos valores-base desse estabelecimento de ensino. Um projeto onde também colabora com a associação de pais e em que meteu nos planos workshops e tertúlias para os pais das crianças. 

Informações: 


Por: Sara Oliveira

In: Educare

domingo, 5 de agosto de 2012

SÃO DESCARTÁVEIS MAS NÃO RECICLÁVEIS

Os últimos tempos foram particularmente elucidativos da deriva que se apoderou da equipa do MEC. O indecoroso espectáculo que tem sido o processo de definição do corpo docente das escolas e agrupamentos, é um exemplo absolutamente deplorável.

Em síntese, o Ministro Nuno Crato afirmou há semanas na AR que não estava em condições de quantificar mas que haveria professores sem lugar no sistema. Depois, pediu aos directores de escola e agrupamentos, num tempo em que era manifestamente possível satisfazer tal pedido, a indicação de necessidades, traduzidas na dispensa de docentes contratados e na passagem de milhares de professores para horários zero. Acresce que este pedido era acompanhado de uma ameaça de responsabilização dos directores pelo que estes, numa estratégia defensiva, "aumentam" o número de "descartáveis". No entanto, os descartáveis não estavam ainda descartados, poderiam ser repescados para as necessidades transitórias das escolas. Este processo produziu nas escolas um clima de dramatismo, indignação e revolta como de há muito não se percebia. Gente com muitos anos de serviço, efectivos ou contratados, viam de um momento para o outro o mundo fugir debaixo dos seus pés.

Em nova chamada à AR, o Ministro e o Secretário de Estado, provavelmente assustados com a reacção indignada de muita gente ou, simplesmente porque resolveram pensar, afirmam que afinal nenhum professor com horário zero vai ser dispensado e que, vejam lá, haverá professores contratados que continuarão, "todos fazem falta", disseram numa pérola de demagogia e hipocrisia. Toda esta gente vai ter um lugar no sistema.

Inicia-se em seguida um processo caótico, turbulento e incompetente de “manifestação de preferências”, outra pérola de fino recorte literário e cientifico em que, creio, a preferência mais óbvia era apenas … trabalho.

Nos últimos dias, com a poeira a assentar, percebe-se, como seria de esperar, que nas actuais circunstâncias, dificilmente todos os “zeros”, expressão que deveria envergonhar um Ministro, terão lugar, apesar das promessas ministeriais e muitos dos contratados serão colocados no desemprego.

Pode ainda acontecer que, tal como nos tempos antigos do Meu Alentejo, no largo da vila, os moirais, os feitores, possam ainda escolher alguns "activos" que façam falta em alguma herdade para mais umas jornadas sazonais, os outros ficarão, no largo, à espera, sem trabalho e com a vida adiada.

No mundo da educação pública e no que respeita aos recursos humanos não estamos a falar de uma empresa de serviços ou da indústria que por má gestão ou mudanças no mercado deixa de ser viável e cujo desempenho deixa de ser necessário pelo que os seus activos são descartáveis.

Todas as grandes decisões políticas do MEC em termos de organização do sistema, têm como visão reduzir o número de docentes, veja-se, por exemplo, o que foi feito em matéria de revisão curricular, no aumento de alunos por turma e nos agrupamentos e mega-agrupamentos. Este conjunto de medidas, além de outras, sairão, gostava de me enganar, muito mais caras do que aquilo que o MEC poupará em vencimentos dos professores que enviará para o desemprego, não porque sejam incompetentes, a maioria não o é, não porque não sejam necessários, a maioria é, mas porque é preciso cortar, custe o que custar.

Todo este universo constitui, do meu ponto de vista uma séria ameaça à escola pública em Portugal, talvez a mais séria das últimas décadas, curiosa e perigosamente disfarçada de rigor, exigência e qualidade, estas referências vendem sempre bem, mas na verdade, olhando para as decisões, são produtos contrafeitos, falsos.

Texto de Zé Morgado

sábado, 4 de agosto de 2012

Gratuitidade do transporte escolar para os alunos com necessidades educativas especiais

O Decreto-Lei n.º 176/2012, recentemente publicado, que regula o regime de matrícula e de frequência no âmbito da escolaridade obrigatória das crianças e dos jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos e estabelece medidas que devem ser adotadas no âmbito dos percursos escolares dos alunos para prevenir o insucesso e o abandono escolares, introduz alterações ao normativo relativo à transferência para os municípios das novas competências em matéria de organização, financiamento e controle de funcionamento dos transportes escolares (Decreto-Lei n.º 299/94, alterado pela Lei n.º 13/2006 e pelos Decretos-Leis n.º 7/2003, 186/2008 e 29-A/2011).

Assim, segundo a alteração, o transporte escolar é gratuito até ao final do 3.º ciclo do ensino básico, para os estudantes menores (...), bem como para os estudantes com necessidades educativas especiais que frequentam o ensino básico e secundário (cf. art.º 15º do Decreto-lei n.º 176/2012).

In: Incluso

Há novas metas curriculares para Português, Matemática, TIC, EV e ET

Português, Matemática, Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), Educação Vissual (EV) e Educação Tecnológica (ET) já têm metas curriculares para o ensino básico. 

Depois de os documentos iniciais terem sido apresentados, a 28 de Junho, e de ter havido um período de discussão pública, até 23 de Julho passado, o Ministério da Educação e Ciência divulgou os documentos que pretende que sejam "um meio privilegiado e fundamental de apoio à planificação e organização do ensino, constituindo uma ajuda para o professor na escolha das estratégias a seguir", defende em comunicado à imprensa.

Durante o período de discussão pública foram recebidos 178 contributos: 90 de sociedades científicas, associações de professores e outras entidades e 88 de professores e outros interessados. "Os comentários, críticas e sugestões recebidos foram depois analisados pelas equipas de cada disciplina e integrados os elementos susceptíveis de enriquecer e melhorar os documentos iniciais. Este processo participado constituiu um importante contributo para a versão final das metas curriculares", diz o comunicado.

O objectivo é que os professores assumam estas metas, a par dos programas, como "referência da aprendizagem essencial a realizar pelos alunos em cada disciplina, por ano de escolaridade". Progressivamente, as metas serão de utilização obrigatória. Para já, no próximo ano lectivo, a tutela diz que são "fortemente recomendadas".

"Além de constituírem uma referência e um auxiliar das escolas e dos professores na organização das aulas e avaliações, constituem modelo com especial relevância para o Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) na elaboração das diferentes provas nacionais", aponta o ministério. 

No mês em que a maior parte dos professores está de férias e as actividades lectivas interrompidas, a tutela congratula-se com o facto de ter alcançado o objectivo de concluir as metas antes do arranque do ano lectivo que começa em Setembro. O ministério revela ainda que, no próximo ano vai continuar o trabalho de elaboração das metas para outras disciplinas do básico e do secundário. 

"Esta medida é de extrema importância e, conjugada com a Revisão da Estrutura Curricular, decisiva para o futuro da Educação", considera a tutela. De recordar que quando as metas foram postas à discussão, os autores dos actuais programas de Matemática, das metas que deixam agora de estar em vigor, a Associação de Professores de Matemática e a Sociedade Portuguesa de Investigação em Educação Matemática se mostraram contra a proposta para esta disciplina porque não estavam de acordo com o programa. Também a Associação de Professores de Português levantou a mesma questão.

Veja as metas curriculares aqui: 






In: Público