quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Entrada no primeiro ciclo


Tenho dois filhos a frequentar o 1.º ciclo do Ensino Básico e gostaria de ver abordado o papel da família no apoio às actividades escolares versus promoção da autonomia da criança. Por vezes sinto alguma dificuldade na gestão destes dois aspectos...' 

Catarina Ralha

A entrada dos filhos no 1.º ciclo de escolaridade corresponde a uma mudança significativa na dinâmica interna da família, ainda que a criança tenha frequentado o jardim infantil e que o sistema pré-escolar tenha começado a preparar quer a criança quer os pais para as novas exigências que a frequência escolar necessariamente impõe. 

Algumas das mudanças inevitáveis poderão passar pela alteração de todo um conjunto de horários que norteava a vida familiar (horas de levantar e de deitar, tempos de refeição, de estudo e de lazer) e também pela reorganização do próprio espaço, de forma a encontrar um local de estudo mais adequado. Em certas situações pode mesmo ser necessário fazer uma 'grande ginástica' orçamental e até laboral. Ao nível parental terão de ser tomadas decisões importantes, no que se refere ao apoio a dar à criança e à articulação com a escola.

Para a criança, a entrada no 1.º ciclo é conotada com a possibilidade de vir a usufruir de mais autonomia e de ter um estatuto mais próximo dos adultos. Para a família, este momento constitui um verdadeiro teste de avaliação, na medida em que, quando a criança entra na escola, a capacidade da própria família, no sentido de ter ajudado a criança a desenvolver competências de relacionamento com os outros e de aprendizagem, vai ser necessariamente avaliada.

Para que o encontro entre o sistema familiar e o sistema escolar potencie o desenvolvimento integral da criança, é fundamental o reconhecimento por parte de ambos de que apesar de terem um estatuto, objectivos específicos e papéis diferentes, partilham alguns objectivos e funções idênticas e têm a obrigação de ajudar a criança a desenvolver a sua tripla dimensão biopsicossocial. O apoio na realização dos trabalhos de casa poderá servir para exemplificar melhor aquilo que aqui está a ser referido. Os pais podem apoiar os filhos na realização dos trabalhos de casa, aproveitando estes momentos para lhes mostrarem como valorizam as tarefas de aprendizagem escolar. Esta ajuda deverá ter como princípio orientador, o feedback do próprio professor, que poderá ser dado aos pais, se estes o solicitarem. Esta boa comunicação entre pais e professores poderá contribuir decisivamente para o sucesso educativo, na medida em que os pais poderão ajudar os filhos a terem uma maior motivação e favorecerem o desenvolvimento de uma concepção mais positiva das aprendizagens escolares.

Paralelamente a este apoio, na realização das actividades escolares, os pais terão de continuar a ser 'portos seguros', onde os filhos poderão encontrar sempre refúgio e apoio, embora inevitavelmente lhes tenham de dar cada vez mais autonomia, através da gestão flexível de um cada vez mais complexo conjunto de regras e normas de actuação. 

A melhor forma para atingir algum equilíbrio na gestão de todas estas dimensões é quase impossível de determinar, pois depende de uma grande variedade de factores, tais como personalidade dos pais e dos filhos, tipo de relação estabelecida entre ambos, relação estabelecida com outros contextos, etc. Embora, mais uma vez, não existam receitas, é importante sublinhar que esta pode ser encarada como mais uma transição que o sistema familiar tem de enfrentar, com toda a angústia e ansiedade que qualquer mudança necessariamente implica.

Bibliografia: 
Madalena Alarcão. (Des) Equilíbrios familiares. Editora Quarteto.

Por: Adriana Campos

Maioria das crianças com défice de atenção necessita de medicação



Desatenção permanente, incapacidade constante de estar quieto e como resultado, muitas vezes, o insucesso escolar. A Hiperactividade com Défice de Atenção atinge sobretudo os rapazes e na maioria dos casos é necessária medicação. Aos pais pede-se que estejam atentos porque nem todas as crianças hiperactivas são casos de défice de atenção.


Novo sistema áudio permite a invisuais saberem quais as paragens e destinos dos autocarros da Grande Lisboa

Novo sistema áudio permite a invisuais saberem quais as paragens e destinos dos autocarros


Os mais de 900 autocarros da Rodoviária de Lisboa e da Transportes Sul do Tejo começam hoje a receber um sistema auditivo para invisuais, que permitirá aos passageiros saber qual a próxima paragem e o destino final do transporte.
Destak/Lusa | destak@destak.pt

Segundo explicou à agência Lusa o presidente da Barraqueiro, empresa que gere as duas companhias, "todos os mais de 900 autocarros terão um sistema auditivo para invisuais que dará informação sonora para os passageiros dentro do autocarro e para os que esperam na paragem".

Os autocarros, que transportam passageiros entre Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora, Almada e Sesimbra, vão ser dotados de um sistema de informação sonora externa que "assim que parar na paragem avisará os passageiros que aguardam de qual é o destino final do transporte", disse António Côrrea de Sampaio.

Vão ser também instalados painéis informativos que "além de transmitirem qual é a próxima paragem e o destino em imagem transmitem também o som", avançou o líder da Barraqueiro, acrescentando que "estes ecrãs televisivos vão ainda apresentar conteúdos de lazer".

Por sua vez, 60 paragens de autocarro vão ser também modernizadas com sistemas de informação sonora que vão indicar quais os autocarros que ali param, bem como o seu destino final, adiantou António Côrrea de Sampaio.

As paragens vão ter também dispositivos para leitura dos cartões Lisboa Viva, permitindo aos utentes saber qual o saldo do seu cartão ou os títulos de transporte de que dispõe, mas apenas com a disponibilização visual dos dados.

Este sistema vai funcionar a energia solar.

Apesar de estes sistemas de informação serem lançados hoje e a primeira fase restringir-se à zona de Chelas (Lisboa), a Barraqueiro estima que no final de Novembro todos os autocarros já disponham deste serviço, avaliou o presidente da empresa.

A instalação destes serviços significa um investimento da Barraqueiro de cerca de 3,3 milhões de euros.



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Aluno denuncia bullying

O pai de um aluno da Escola 2,3 D. Dinis, de Quarteira, no Algarve, queixa-se do filho ter sido alvo de bullying por colegas mais velhos.

"Quatro alunos do curso de Educação Formativa, com cerca de 17 anos, queriam obrigar o meu filho, de dez anos, a chamar nomes à professora. Como o Samuel recusou e os denunciou à docente, vingaram-se", contou ao CM Rui Costa, pai do jovem aluno.

"Na sexta-feira, obrigaram-no, à estalada, a comer pequenas pedras. No domingo, o meu filho estava a brincar na rua, perto da escola, com outros jovens. Vieram os agressores e meteram-no, à força, dentro de um caixote do lixo público", refere Rui Costa, revoltado com o facto de ainda lhe terem arremessado uma beata a arder para dentro do recipiente. "Para o miúdo não sair, colocaram uma pedra na tampa. Só meia hora depois, os outros amigos do Samuel alertaram um adulto que passava no local e que libertou o meu filho", salienta Rui Costa, insatisfeito com a direcção da escola. "Receberam-me no hall de entrada e mandaram-me falar com a GNR".

Fonte do conselho directivo disse ao CM que o "aluno é problemático e de difícil integração", adiantando que "criou muitos problemas no ano passado e tem sido acompanhado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens".

Os efeitos da Música na infância

Aprender Música na infância, sim ou não? "Na verdade, a maioria dos pedagogos musicais defende que a música vale por si mesma e que é um erro tentar utilizá-la como meio para atingir outros fins", lembra Maria Helena Vieira, do Instituto de Estudos da Criança (IEC) da Universidade do Minho. O assunto tem merecido atenção de diversos quadrantes. "As vantagens de aprender Música (as verdadeiras vantagens, e não as acessórias) estão todas relacionadas com a experiência que a Música proporciona a cada um. Tocar, cantar, conhecer repertório, participar em grupos musicais, corais ou instrumentais, aceder a um repositório cultural vastíssimo e poder mesmo criar, musicalmente: eis as inúmeras vantagens da aprendizagem musical", afirma. "Desenvolver a memória, a persistência, o raciocínio lógico e outros aspectos cognitivos são apenas ?side-effects' da verdadeira experiência musical, e não suficientemente importantes para justificarem a presença da disciplina no currículo escolar", acrescenta.

A investigadora apresenta vários pensamentos e as teorias de Edwin Gordon, um dos mais conceituados investigadores da actualidade na área da Psicologia e Pedagogia da Música. Gordon defende que "o principal problema com o ensino e a aprendizagem da música no contexto do sistema educativo prende-se com uma espécie de círculo vicioso: as crianças precisam de ser expostas à ?gramática musical' de forma adequada antes de chegarem à escola, como acontece com a linguagem materna (e não apenas expostas à música que ouvem ocasionalmente, e sem critério), e os pais não dominam essa ?gramática', nem os métodos adequados para a transmitir". O carácter utilitário que constantemente é atribuído à Música fica com um ponto de interrogação.

"Para Gordon, todos os cuidados que os pais têm no ensino da linguagem materna deveriam existir também com a linguagem musical. O problema é que, para isto, os pais precisariam, eles próprios, de ter recebido formação escolar adequada. E isso não acontece." "Quando a Música é vista num sentido utilitário, como meio para atingir outros fins, isso é feito de uma forma subtil e manifestando, até, grandes preocupações educativas". Maria Helena Vieira concretiza: "A música é apresentada (na própria legislação) como factor de 'desenvolvimento estético', de 'equilíbrio psicológico' e até moral, etc. Difundiu-se a ideia de que a Música 'tem muito a ver com a Matemática' (o que a torna aparentemente 'útil' para essa disciplina, na qual o insucesso escolar é tão grande), que 'desenvolve a memória' e a 'persistência', etc. Ora, como há um conjunto variado de disciplinas que poderão contribuir para esses fins, a Música passa a surgir como uma opção dispensável ou alternável com outras (a educação visual, a educação dramática, etc.)".

Há pedagogos que defendem que, para ser completa, a aprendizagem musical tem de envolver a audição, a interpretação e a criatividade. "A maioria dos portugueses não se torna escritor; no entanto, todos recebem formação adequada e suficiente para se poderem exprimir em português, de diversas maneiras e em diversos graus. É dessa criatividade que falam os pedagogos musicais, e é essa que pretendem que se desenvolva nas escolas: a capacidade de ouvir uma obra musical e reconhecer as suas características, as suas partes, a sua forma, o seu estilo, as suas influências; a capacidade de interpretar, vocal ou instrumentalmente, géneros musicais da sua preferência, de tocar ou cantar em grupo; a capacidade de inventar melodias ou canções, de improvisar em grupo." "No contexto da aprendizagem musical, a memória desenvolve-se através das actividades fundamentais indicadas pelos pedagogos: há uma memória auditiva (que funciona na base da identificação de repetições, contrastes, fenómenos tecnicamente designados por 'aumentação', 'diminuição', 'retrogressão', etc.), uma memória afectiva (muito relacionada com os aspectos expressivos e dinâmicos da Música), uma memória táctil (sobretudo nos instrumentistas), uma memória visual (associada à leitura da notação)."

Mais-valia absoluta 
Absolutamente recomendável. Paula Pires de Matos, pediatra do Desenvolvimento e com formação académica na área musical, defende que a aprendizagem "da arte musical e da arte visual é absolutamente crucial para a formação de uma pessoa como um todo". E lamenta que em Portugal, ao contrário de outros países, não exista essa cultura. "Ao nível da primária, a Música é uma actividade de enriquecimento (termo muito bem designado) curricular mas fica de fora do programa. No 5.º e 6.º anos, faz parte do currículo, mas o que se ensina é muito básico. E a Música é uma linguagem mais fácil de aprender do que ler uma língua alfabética."

"A aprendizagem da Música na infância é uma mais-valia de um valor indubitável", afirma. "É mais uma forma de expressão que o ser humano tem para ser mais completo". Paula Pires de Matos viveu fora de Portugal e recorda um cenário que lhe chamava a atenção. Na canção dos parabéns a você não havia desafinações. Sinal de uma cultura que dá atenção à Música, que investe nessa aprendizagem. E há os estudos. A pediatra recorda que as investigações, na área do desenvolvimento, referem que a Música ajuda a aumentar a capacidade de concentração e do raciocínio matemático. Teorias que, recorda, começam a ser colocadas em causa. No entanto, Paula Pires de Matos não tem dúvidas em recomendar que os mais pequenos contactem com as notas e os ritmos musicais o mais cedo possível.

Há vários anos que a Orquestra Filarmonia das Beiras anda por escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico a divulgar, sensibilizar e formar público infantil para as melodias. O projecto "Música na escola" dá a conhecer a música erudita, os instrumentos da orquestra. O director artístico da Filarmonia das Beiras, o maestro António Vassalo Lourenço, defende que se a Música não for explicada em criança, mais difícil se torna aprender a gostar dos sons na idade adulta. E o projecto da Filarmonia pretende, entre muitos outros aspectos, mostrar às crianças "o que a música diz além do que ouvem".

Reflexos do ensino da Música na infância? "Com certeza que sim." António Lourenço baseia-se no que observa, apoiado em casos que conhece. "O estímulo da Música, ouvir, cantar, fazer, experimentar, no pré-escolar e no 1.º ciclo, tem reflexos na aprendizagem de outras coisas", afirma. "Os nossos responsáveis pela Educação estão muito preocupados com a Matemática. Se pusessem mais horas de Música e mais cedo, provavelmente resolveriam o problema da Matemática." O maestro chama a atenção para quem tem as melhores notas. "O Conservatório de Música de Braga e a Academia de Música Santa Cecília, em Lisboa, estão sempre nos primeiros lugares no ranking das escolas". "São duas escolas que têm o ensino da Música verdadeiramente integrado", sublinha. 

Poder de observação
António Ribeiro, professor de Educação Musical e um dos fundadores da única banda filarmónica juvenil da escola pública portuguesa, que surgiu na EB 2,3 de São João da Madeira, fala da sua experiência de 30 anos de ensino e do que lê nos livros. "Os alunos de Música adquirem valências extraordinárias que os ajudam amplamente para o resto das suas vidas. Nas aulas de Música, há um permanente apelo à sensibilidade, bem como ao correcto desenvolvimento de todas as potencialidades individuais, através da aprendizagem de um instrumento musical, da interpretação de diversas obras e da própria audição", sublinha. Vantagens, portanto, que se reflectem no pensamento e na imaginação.

"Na Iniciação Musical, as crianças fazem jogos tímbricos que passam pela imitação dos sons da natureza que os rodeia. Estes exercícios dão aos alunos um maior poder de observação sobre o mundo em que vivem, ficando com um espírito crítico mais apurado", exemplifica. No entanto, António Ribeiro chama a atenção para duas realidades distintas. "Por um lado, temos os jardins-de-infância, onde as educadoras apresentam claramente lacunas importantes ao nível científico, no que à Música diz respeito. Contudo, a avaliar pelas escolas que conheço, tem havido uma grande preocupação por parte desses educadores em usar material didáctico adequado, não se limitando unicamente ao ensino de canções populares. Por outro, temos as escolas oficiais de Música com professores licenciados em Educação Musical e com formação específica para ensinar Música na infância, apresentando já, de um modo sistemático, um trabalho científico de qualidade."

O docente alerta ainda para o facto de as aulas de Música na infância, ao longo do 1.º ciclo, estarem muitas vezes nas mãos de jovens estudantes de Música, mas sem qualquer formação específica. "Quando assim é, o que deveria ser uma mais-valia para as crianças pode tornar-se num contra-senso", afirma. E acrescenta: "A Música na infância foi, num passado recente, olhada como uma disciplina decorativa, tendo sido tratada, muitas vezes, de forma pouco científica e dissociada da própria educação infantil básica."

In: http://www.educare.pt/educare/Educare.html

Associação Salvador promoveu “Dia do Desporto Adaptado”


A Associação Salvador, em parceria com a Fundação Inatel, promoveu no dia 25 de Setembro, no Parque de Jogos 1º de Maio, em Lisboa, o “Dia do Desporto Adaptado”. O evento começou pelas 10h com os testemunhos dos atletas Nuno Delgado (Judo), Vasco Uva (Rugby), Nuno Vitorino (Surf – Estado Líquido), Hugo Maia (Basquetebol) e ainda com a presença de Salvador Mendes de Almeida, da Associação Salvador, e Pedro Marques, da Fundação INATEL. Seguiram-se as demonstrações das modalidades basquetebol em cadeira de rodas, rugby em cadeira de rodas, Boccia e Judo adaptado.

A demonstração de basquetebol em cadeira de rodas foi feita pelas equipas Grupo Desportivo de Alcoitão e APD Lisboa; para a demonstração de rugby adaptado tivemos a colaboração dos atletas que estão a criar a primeira equipa de rugby em cadeira de rodas a nível nacional; para a demonstração de Boccia contamos com a presença de atletas da equipa de Boccia da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e para a demonstração de Judo Adaptado contamos com Nuno Delgado e alguns dos seus alunos da Escola de Judo Nuno Delgado. Agradecemos a colaboração dos convidados e restantes entidades que tornaram este evento possível!

O objectivo desta iniciativa foi dar a conhecer a importância do desporto para o bem-estar físico e psíquico das pessoas e divulgar algumas modalidades de desporto adaptado. Foi ainda um dia de convívio e partilha de experiências entre atletas, pessoas portadoras de deficiência motora e os seus acompanhantes. Ao evento compareceram cerca de 40 pessoas com deficiência e respectivos acompanhantes.

Este projecto conta com o apoio dos mecenas Banco Espírito Santo, Semapa e Siemens.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A escola do conhecimento

A introdução das tecnologias da informação e da comunicação na escola e, sobretudo, em ambiente de sala de aula tem vindo a aumentar, o que anuncia uma progressiva perda da resistência à mudança de muitos educadores que, inicialmente, para elas olharam com desconfiança e suspeita. Sabemos que as tecnologias da informação e da comunicação acrescentam muita complexidade ao processo de mediatização do ensino e da aprendizagem, já que, por um lado, são reconhecidas as dificuldades da formação permanente de professores nesta área e, por outro, continua a faltar, inexplicavelmente, um paradigma para a utilização pedagógica destas novas ferramentas do saber.

Grande parte das potencialidades das tecnologias da informação e da comunicação (simulação, virtualidade, acessibilidade e extrema diversidade de informações) são ainda ignoradas por muitas escolas, ou pouco utilizadas pelos professores, sobretudo porque a sua transferência para o acto educativo exige uma enorme abertura a concepções metodológicas muito diferentes das metodologias tradicionais de ensino, já que a sua utilização exige mudanças radicais nos modos de compreender os complexos actos de ensino e de aprendizagem.

A literatura indica que aprendemos em diferentes contextos e de diferentes maneiras e que cada um de nós detém um estilo de aprendizagem muito próprio. Logo, educar para a sociedade do conhecimento requer que cada um de nós compreenda a vantagem do desenvolvimento nos alunos de competências que visem a utilização das tecnologias de informação e de comunicação, num quadro que respeite os estilos individuais de aprendizagem e os novos espaços de construção do conhecimento e do saber.

A busca desse novo quadro de actuação educativa faz com que tenhamos que utilizar metodologias pedagógicas mais plásticas, que redimensionem o papel do professor (um professor mais mediatizado) e que incluam as tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas mediadoras da aprendizagem, já que a sua utilização na sala de aula promove o desenvolvimento de competências, expectativas e interesses fundamentais à integração e sobrevivência do aluno na sociedade digital.

Neste sentido, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação, centradas na aprendizagem, exige ao docente novas e diferenciadas funções, sobretudo quando a figura do professor individual tende a ser substituída pela do professor tutor, enquadrado num colectivo de pares que partilham os saberes e se ligam em rede com o universo inesgotável das bases de informação e pesquisa disponibilizados, por exemplo, pela Internet.

Orientadas para esses fins, as tecnologias da informação e da comunicação na educação correspondem à descoberta de uma nova dimensão pedagógica. Uma dimensão pedagógica activa, que pressinta as necessidades e exigências desta nova sociedade do século XXI, sociedade que pretende conferir às novas tecnologias um papel de relevo, enquanto mediadoras do acto educativo.

Estas novas exigências configuram, quase sempre, a necessidade de implementar no terreno novas campanhas de alfabetização audiovisual, digital e interactiva, as quais, de certa forma, desestabilizam os processos de organização tradicionais de ensino e as representações que os educadores mantêm do que deve ser a educação formal, já que importa que este novo processo educativo signifique, não apenas a introdução das novas tecnologias na sala de aula, mas, sobretudo, uma reorganização de todo o processo de ensino e do modo de promover o desenvolvimento de capacidades de auto-aprendizagem.

Trata-se de uma revolução silenciosa que penetra as paredes das escolas e que as prepara para enfrentar os desafios do futuro. Esses novos espaços educativos recriam um universo em constante interacção com as grandes mudanças sociais e tecnológicas, numa atitude interactiva e dialéctica com as redes telemáticas, para incrementar a promoção e o desenvolvimento de capacidades crítico-reflexivas nos alunos, e para os ensinar a navegar nesta nova era de descobrimentos deste novo mundo virtual.

Tratamento de esquizofrénicos em risco

Cerca de 80 mil esquizofrénicos vão pagar 15 euros pelos remédios. Psiquiatras temem abandono da terapia.

Os doentes que sofrem de esquizofrenia e de outras doenças psicóticas vão passar a pagar 5% dos medicamentos, que até aqui eram totalmente gratuitos. Uma mudança que, alertam os psiquiatras, vai levar alguns dos 80 mil doentes a abandonar os tratamentos. Os remédios para um doente com esquizofrenia custam em média 300 euros por mês e agora os doentes vão passar a pagar 15 euros.

"Cinco por cento parece pouco, mas tenho doentes que me ligam a desmarcar a consulta porque não têm dinheiro para o transporte, logo parece-me difícil que tenham dinheiro para os medicamentos", aponta Pedro Afonso, psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa.

Também o presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental receia que as pessoas com doenças psicóticas venham a desistir dos tratamentos por causa do fim das comparticipações a 100%, anunciadas para todos os medicamentos a partir de sexta-feira. António Palha lembra que "estes doentes tomam uma medicação para a vida. Deixar de fazer o tratamento implica uma recaída e consequentemente o internamento para esse doente. O que acaba por sair mais caro do que comparticipar os medicamentos".

Desde 2004 que os medicamentos antipsicóticos eram totalmente financiados pelo Estado. E logo aí os médicos notaram um aumento de doentes que passaram a seguir os tratamentos.

"Houve um salto qualitativo quando os medicamentos passaram a ser comparticipados", admite António Palha. Agora o receio é que os doentes voltem a deixar de seguir o tratamento.

A comparticipação total dos remédios trouxe outras melhorias à vida dos doentes, garantem os psiquiatras. Passaram a ser prescritos os medicamentos mais recentes, que apesar de serem mais caros "têm menos efeitos secundários e melhores resultados", explica António Palha. Os novos remédios permitiram ainda aos doentes com esquizofrenia "acabar um curso superior ou trabalhar", defende Pedro Afonso.

Por isso, o médico do hospital psiquiátrico Júlio de Matos considera que esta medida vai levantar "questões éticas muito difíceis". Pedro Afonso refere que para evitar que os doentes gastem mais dinheiro com os medicamentos mais recentes, os médicos podem ter de receitar os mais antigos, mais baratos mas também menos eficazes.

Os médicos lembram que as dificuldades dos doentes em comprar estes medicamentos deve-se ao facto de a maioria não trabalhar e viver apenas com pensões baixas ou com a ajuda de familiares.

Campanha de solidariedade “Com olhos nas mãos” apoia associação de invisuais

Recentemente foi assinado um protocolo entre a Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga (AADVDB) e a empresa Ouronor que visa a comercialização de um coração em filigrana, no âmbito da campanha de solidariedade “Com os olhos nas mãos”.

A campanha de solidariedade é um projecto de responsabilidade social, levado a cabo pela Ouronor, empresa dedicada à ourivesaria e joalharia. E a peça que inspirou a criação do coração de filigrana multicolorido foi produzida por dois utentes da Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga, tendo sido premiada no âmbito do concurso “Heart Parade”, lançado pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso.

O objectivo da desta campanha de solidariedade é o de apoiar a actividade desenvolvida pela AADVDB. Assim sendo, 12% do valor de venda de cada peça é revertido a favor da Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga, localizada na Póvoa de Lanhoso.

ORTOPEDISTA DO HOSPITAL PEDIÁTRICO ESCLARECE

Excesso de peso das mochilas escolares não provoca deformidades da coluna.

Com o regresso às aulas, os encarregados de educação preocupam-se em adquirir as longas listas de material escolar, aumentando o peso de pastas e mochilas. Ao contrário do que se pensa, contudo, o peso excessivo das mochilas pode originar desconforto, mas não provoca deformidades da coluna. As escolioses, por exemplo, são deformidades que não são originadas ou agravadas por sobrecarga mecânica.

"É verdade que frequentemente os alunos carregam para a escola um peso exagerado. Isso acontece em Portugal e em muitos países economicamente desenvolvidos. As crianças usam muitas vezes mochilas sobrecarregadas e isso deve ser evitado por causar cansaço muscular e desconforto. É também uma simples questão de bom senso. Contudo, a esse exagero de peso, têm sido erradamente atribuídas consequências que nada têm a ver com o problema. Embora o excesso de esforço possa ser doloroso, cerca de 20% dos adolescentes tem dores nas costas devido a patologias específicas ou a causas não relacionadas com o peso do material escolar", explica Jorge Seabra, director do Serviço de Ortopedia do Hospital Pediátrico de Coimbra, que se tem dedicado ao tratamento da patologia da coluna vertebral em crescimento. O especialista continua, explicando que "o erro ainda é maior quando se julga que o peso dos livros escolares pode causar uma escoliose. A sobrecarga pode gerar cansaço mas não origina nenhuma deformidade permanente da coluna", diz Jorge Seabra, apoiando-se na enorme investigação existente sobre as deformidades da coluna vertebral, nomeadamente na divulgada pela Scoliosis Research Society (http://www.srs.org/), a maior sociedade científica dedicada a esse campo.

A escoliose nos jovens pode ter diversas causas (malformações congénitas, paralisias e outras doenças, e síndromes) mas, na maioria dos casos, surge em crianças e (principalmente) em adolescentes “normais”. É uma deformidade tridimensional e não apenas um desvio ou uma simples curvatura da coluna para um dos lados como aparece em exames radiológicos que a retratam num só plano. Existe uma componente torsional importante que faz com que a coluna se enrole como uma escada em caracol. A escoliose está ligada, na juventude, ao processo de crescimento da coluna vertebral e não tem qualquer ligação com más posturas, sobrecarga mecânica ou diferença do comprimento dos membros. As últimas investigações apontam para que esta possa ser causada por factores genéticos complexos não sendo tratada eficazmente com ginástica, natação ou fisioterapia. A única forma de corrigir uma escoliose acentuada é através de uma intervenção cirúrgica.
"Há algum alarmismo nos media em relação a sequelas futuras causadas pelo peso das mochilas. Pode ser mais perigoso, para os jovens, praticarem um desporto com demasiada exigência correspondendo às ambições de pais que, por vezes, vêm nos filhos uns verdadeiros 'Ronaldinhos'. Ninguém defende que se sobrecarreguem as crianças com pesos desproporcionados, mas não é correcto dizer que elas podem ficar deformadas por isso ou com lesões irreversíveis caso ultrapassem o valor de 10% do peso do corpo aconselhado pela OMS. Apesar disso, os pais e educadores devem ter senso quanto ao peso da mochila. Com o excesso, a criança pode sentir fadiga muscular e dores. São também mais fáceis as quedas, essas sim de consequências imprevisíveis. Mas, por si só, nos jovens, a sobrecarga, não causa sequelas definitivas nem deformidades da coluna. Isso pode acontecer nos adultos, e mais nos idosos, por um mecanismo diferente, devido ao colapso ou desgaste da idade", afirma Jorge Seabra.

Fonte:Ideias Concertadas

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Em Espanha, a degeneração macular é a primeira causa de cegueira

Três de cada dez espanhóis maiores de 55 anos, cerca de três milhões, estão em risco de padecer de degeneração macular associada à idade, uma doença conhecida como DMAE. 

A DMAE é a primeira causa de cegueira e de deficiência visual severa em Espanha, onde já afecta 300.000 de pessoas. No entanto, a metade das pessoas afectadas desconhece que tem a doença, por conseguinte, não recebe nenhum tratamento, adverte a Sociedade Espanhola de Oftalmologia (SEO).

A degeneração macular associada à idade é uma doença degenerativa da zona central da retina, a mácula, responsável da agudeza visual, que faz com que o paciente veja imagens distorcidas ou com uma mancha central em objectos com linhas rectas, ainda que nem sempre apareça com sintomas. Assim, como explica o Dr. José Luis Encinas, secretário da SEO, um dos desafios da investigação para problemas da retina como a DMAE é conseguir fármacos de efeito mais duradouro para os pacientes.

Até agora, os pacientes têm que levar uma injecção nos olhos uma vez por mês para manter a agudeza visual, detalha José García, chefe do Serviço de Oftalmologia do Hospital Valle Hebrón, de Barcelona. Por isso, aponta Brian Berguer, do Retina Research Center, de Austin (Texas, Estados Unidos), "está-se a trabalhar em implantes intravitrais com uma libertação lenta, que permitam manter o tratamento por pelo menos seis meses, e com sistemas de sobre-exposição das células retinianas aos medicamentos, para que o resultado seja melhor". 

A diabetes é também uma das causas da doença da retina. Estima-se que a possibilidade de que uma pessoa diabética chegue a perder a visão, é de 20 a 40 vezes superior ao resto da população com cataratas, glaucoma, retinopatia e neuroftalmopatia irreversível e bilateral. Por isso, os oftalmologistas recomendam que os diabéticos realizem revisões periódicas para controlar o estado do seu olho e assim poderem beneficiar de um diagnóstico precoce.


Traduzido por: Carina Oliveira (colaboradora permanente do ajudas.com)

António Damásio: A história da consciência como nunca a tínhamos ouvido contar


Há dez anos, em O Sentimento de Si, o neurologista português António Damásio explicava pela primeira vez a sua visão de como o cérebro humano constrói a consciência. Agora, em O Livro da Consciência, volta ao mesmo tema, mas com uma "receita" muito mais apurada e onde mistura ingredientes que até aqui tinham ficado esquecidos nas gavetas das neurociências. Com a vibrante prosa que o caracteriza e o profundo enraizamento das suas ideias na arquitectura e nas aflições cerebrais, conta-nos a emergência da consciência no cérebro humano como nunca a tínhamos ouvido contar.


"Fa franziu o sobrolho e olhou para a sua barriga, levou a mão direita à cabeça e disse: 'tenho uma imagem'. Abandonou a escarpa e apontou para o bosque e o mar: 'estou ao pé do mar e tenho uma imagem. É uma imagem de uma imagem. Estou - disse, levantando a cara e franzindo o sobrolho - a pensar."


William Golding (mais conhecido como o autor d'O Senhor das Moscas) escreveu estas linhas em Os Herdeiros (The Inheritors, 1955), um romance onde imagina o encontro, há dezenas de milhares de anos, de duas espécies de seres humanos. Uma mais evoluída (nós?), os "cara de osso", imberbes, erguidos, magros, com rituais e ferramentas mais complexos; a outra mais primitiva (os Neandertais?), peluda, robusta e ágil a trepar às árvores.

Uma das características mais salientes da estranha e maravilhosa narrativa de Golding é o número de vezes que recorre à palavra "imagem". Os Neandertais estão constantemente a "ter" imagens e a declarar que têm imagens (que portanto lhes pertencem) e a reflectir sobre essas imagens. Enquanto isso, as imagens, combinadas com o que vai acontecendo no mundo exterior e com a memória do passado, vão gerando emoções e sentimentos que geram outras imagens e orientam os seus actos, tanto exteriores como interiores. Estas personagens primitivas são seres perfeitamente conscientes do mundo e de si próprios, dotados de uma história pessoal e individual.

Os hipotéticos neandertais têm contudo alguma dificuldade em manipular ideias complexas - talvez um sinal de que as suas capacidades de memória ainda não desabrocharam totalmente. A tribo mais evoluída, essa, tem muito mais jeito para todos esses exercícios mentais (algo que o autor talvez quisesse sugerir quando abandona o uso da palavra "imagem", mesmo no fim, mal o relato passa a ser do ponto de vista dos "cara de osso"). 

Os humanos modernos tornaram-se mestres na produção de imagens mentais, na sua análise consciente e na análise, também consciente, dos sentimentos que elas provocam em nós. O nosso cérebro produ-las em contínuo e nem sequer quando dormimos conseguimos interromper o seu fluxo. Somos todos cineastas mentais natos. 

As imagens são "a principal moeda da nossa mente", explica António Damásio no seu novo livro, intitulado O Livro da Consciência. E a palavra não se esgota apenas nas imagens visuais, mas aplica-se aos padrões, aos "mapas" neuronais auditivos, viscerais, tácteis e por aí fora, que o cérebro constrói em permanência. Nem os sentimentos fogem à regra: são igualmente imagens. Mais ainda, o nosso cérebro que é "viciado" na criação de mapas, também mapeia o seu próprio funcionamento, gerando imagens totalmente abstractas. "Estou convencido", escreve Damásio, "que os matemáticos e os compositores sobressaem neste tipo de criação de imagens."

Esse filme super-multimédia que vemos na nossa cabeça começa na nossa infância - e de facto, através das relações sociais, da cultura e da aprendizagem, remonta até muito mais longe no passado, quando ainda não tínhamos nascido. Mais ainda, conseguimos antecipar o futuro e agir sobre ele em nosso benefício, individual e colectivo. E mais mais ainda, sentimos que o filme é nosso e só nosso (e de facto, somos o público exclusivo do espectáculo da nossa mente). 

Mas como é que lá chegámos? O que aconteceu no nosso cérebro que tornou a consciência possível? 

Cérebro, mente, consciência

Como já aconteceu nos seus livros anteriores, as respostas que Damásio se propõe dar a estas perguntas só podem ser válidas se forem firmemente ancoradas na biologia. Afinal de contas, os neurónios que suportam a mente e a consciência são células vivas como as outras; afinal de contas o cérebro, com as suas várias subdivisões e as ligações nervosas entre elas que suportam a mente e a consciência, é a mente e a consciência. Afinal de contas, tudo o que se passa na nossa mente passa-se na nossa cabeça e no nosso corpo (where else?). "De entre as ideias apresentadas neste livro, nenhuma é mais importante do que a noção de que o corpo é o alicerce da mente consciente" escreve Damásio.O Livro da Consciência é a mais recente incursão neste território do célebre neurologista português (radicado nos EUA desde 1975 e figura de primeiro plano não só da comunidade internacional das neurociências, mas também, desde o seu O Erro de Descartes, de 1995, junto do grande público). O título original em inglês do novo livro, Self Comes to Mind, talvez seja mais sugestivo do que o da versão portuguesa, editada pela Temas e Debates/ Círculo de Leitores, que vamos poder ler a partir de hoje (o original só será publicado nos EUA e na Europa em Novembro). 

Mas o que importa sublinhar é que o livro define um programa para a futura investigação nesta área. Damásio é o primeiro a admitir que ainda está longe de ter resolvido o mistério do que é a consciência humana (se é que alguma vez o poderá fazer), que está meramente a arranhar a superfície, que nem sequer tem uma teoria, mas apenas um "enquadramento" teórico da questão.

Mas acha que, apesar de haver quem considere a tarefa impossível, ainda é muito cedo para os cientistas desistirem de explicar o que é a consciência em termos rigorosos e testáveis através da experimentação. Tanto mais quanto, nos últimos dez anos, os avanços das técnicas de imagens médicas têm permitido visualizar de forma cada vez mais sofisticada, ao vivo e em directo, o cérebro de pessoas (com e sem lesões neurológicas) a realizar diversas tarefas - para ver qual a região do cérebro que entra em acção a cada instante. Essas manchas de cor nas imagens poderão ser apenas um eco longínquo do filme na nossa cabeça, mas têm muito para nos contar.

A quarta dimensão

Toda essa massa de trabalho científico teve como consequência, para o pensador atento, metódico, profundo que é Damásio, uma mudança radical das premissas do empreendimento. O estudo do aparecimento da consciência humana, explica no livro, já não pode ser encarado da mesma maneira que há dez anos. Tornou-se preciso contar a história da consciência humana de outra maneira - e, por vezes, virada do avesso. 

Em primeiro lugar, acrescenta-lhe uma "quarta dimensão": a perspectiva da evolução das espécies. Para conseguir perceber como surge e como funciona a mente humana - e em particular a mente consciente - é preciso abandonar a ideia de que ela é única em todos os seus aspectos. É única nalguns, que não deixam de ser espectaculares (a cultura e as artes estão lá para o provar). Mas a mente nasceu nos organismos vivos muito antes de a espécie humana aparecer na Terra. A consciência não é o apanágio do cérebro humano.

"A evolução brindou-nos com diferentes tipos de cérebro", lemos, "no que diz respeito à mente e à consciência. Temos o tipo de cérebro que produz comportamento mas que parece não ter mente nem consciência, como, por exemplo, o sistema nervoso do Aplysia californica, [um] caracol marinho (...). Existe o tipo de cérebro que produz toda uma vasta gama de fenómenos - comportamento, mente e consciência -, de que o cérebro humano é, claro está, o principal exemplo. Há ainda um terceiro tipo de cérebro que produz claramente comportamento, é provável que dê origem a uma mente, mas em que o grau de consciência é problemático. É o caso dos insectos."

Há mesmo, segundo Damásio, uma série de animais que poderão, ao que tudo indica, possuir uma consciência rudimentar: "os lobos, os nossos primos os símios, os mamíferos marinhos, os elefantes, os felídeos e, claro está, aquela espécie especial chamada cão doméstico".O que lhe permitiu chegar a uma tal conclusão? "A organização dos seus cérebros e a sofisticação dos seus comportamentos sociais", responde-nos, numa troca de e-mail com o Ípsilon. E significa isso que esses animais são conscientes, tal como nós? Que sabem que existem? "Claro que a sua consciência não é tão abrangente como a nossa, mas penso que eles sentem as suas mentes e os seus comportamentos." 

Mas então, como imagina o autor a mente de um cão "desde o interior"?, perguntámos ainda. Como "um fluxo muito rico de imagens situadas no presente, com uma leve penumbra de passado e nem a mais mínima ideia de futuro". Mesmo assim, todos sabemos isso, uma mente capaz de amar, de sentir tristeza, medo ou ciúmes... mas não de reflectir sobre a sua condição, não de saber que sabe o que sente.

Seja como for, uma consequência não trivial desta perspectiva evolutiva é que, desde os primórdios da vida na Terra, os cérebros, seja qual for sua sofisticação, sempre estiveram e permanecem dedicados em primeiro lugar à manutenção da integridade dos organismos que os contêm, humanos e não humanos. "A forma mais directa de explicar o motivo pelo qual a consciência prevaleceu na evolução é dizer que contribuiu de modo significativo para a sobrevivência das espécies com ela equipadas. A consciência chegou, viu e venceu", escreve Damásio no seu livro.

Os andares da consciência

Para o demonstrar, o cientista vai, por um lado, desmontar os diferentes sistemas e processos, de complexidade crescente, que culminam na consciência; e, por outro, especular de forma cientificamente informada sobre os locais no cérebro candidatos a ser o "lugar" onde cada um tem a sua sede principal (sem esquecer que o cérebro faz tudo de forma relativamente deslocalizada, o que também não significa que a totalidade do cérebro participe em todas as funções cerebrais; algumas estruturas são mais adequadas do que outras para o desempenho de uma dada função). A cada passo da construção (ou desconstrução), Damásio fornece uma profusão de provas baseadas na observação de doentes com problemas cerebrais muitas vezes trágicos - adultos com Alzheimer, epilepsia, coma, estado vegetativo, síndrome locked-in, crianças que nasceram sem córtex cerebral, a camada exterior do cérebro responsável por todas as funções cognitivas de alto nível a começar pela linguagem, lesões cerebrais maciças ou localizadas - e na de pessoas que não são doentes neurológicos. O seu conhecimento da anatomia do cérebro e a sua capacidade de interpretar sinteticamente os resultados da investigação (a própria e a dos outros), sempre em relação com essa anatomia, constitui um acto de autêntico virtuosismo. O que não significa que o seu livro seja de fácil leitura; antes pelo contrário. Seguir os meandros das explicações encadeadas de Damásio exige a concentração de um jogador de xadrez.

A construção da consciência começa pela formação de um "proto-eu", seguido de um "eu nuclear" e coroado por um "eu autobiográfico". Estes três módulos foram sendo acrescentados um por cima do outro ao longo da evolução e nós humanos possuímos os três, simplesmente porque não podemos prescindir de nenhum deles. 

O proto-eu é uma semente, um germe primitivo do eu. A partir das imagens mentais que vêm do corpo, escreve Damásio, o proto-eu produz "sentimentos primordiais" (por exemplo, diversos níveis de dor e de prazer, o "sentir" de base), que são espontâneos e contínuos quando estamos acordados e que "garantem a experiência directa do nosso corpo vivo, sem palavras, sem adornos e sem qualquer outra ligação que não seja a própria existência". Ou seja, um primeiro sinal de que as nossas imagens mentais são nossas, ponto de partida indispensável da consciência.Cérebro arcaico

A principal consequência disto, segundo Damásio, é que a existência da consciência humana é assegurada em parte por sistemas muito "arcaicos" do cérebro, tais como certas estruturas da parte superior do tronco cerebral (o tronco cerebral liga a espinal medula ao cérebro). Isto não fazia até agora parte dos "ingredientes" habituais da consciência. "São muito poucos os cientistas com trabalhos publicados a defender esta ideia", diz-nos Damásio. No livro, escreve: "O cérebro não começa a edificar a mente consciente ao nível do córtex cerebral, mas sim ao nível do tronco cerebral. Os sentimentos primordiais não só são as primeiras imagens geradas pelo cérebro, como também manifestações instantâneas de consciência. São o alicerce que o proto-eu prepara para a construção de níveis mais complexos do eu." E acrescenta: "estas ideias estão em conflito directo com os pontos de vista tradicionais sobre a consciência".

Não é possível esgotar em poucas palavras a complexidade do pensamento de Damásio, mas podemos tentar alinhar os personagens e o enredo da peça da consciência. Além do proto-eu, existem mais dois participantes que completam o elenco da consciência: o eu nuclear (que se desenvolve "numa sequência de imagens que descrevem um objecto a interagir com o proto-eu e a modificá-lo") e o eu autobiográfico (que surge quando todas essas sequências de imagens de múltiplas origens, "cuja totalidade define uma biografia", geram por sua vez "impulsos de eu nuclear" e ligam o eu "ao passado bem como ao futuro antecipado"). O proto-eu, com os seus sentimentos primordiais, e o eu nuclear constituem um "eu material". O eu autobiográfico, que abrange todos os aspectos da pessoa social, constitui um "eu social" e um "eu espiritual".

Mas para realizar o estado de consciência plena - aquele a que só os humanos temos acesso - ainda falta no palco da mente "um dono, um protagonista da existência, um eu que analisa o mundo interior e exterior, um agente que parece a postos para a acção. Falta o narrador que não apenas sabe, mas que sabe que sabe, o "conhecedor" que permite atingir o mais alto patamar da consciência tal como a conhecemos hoje. São o eu nuclear e o eu autobiográfico que vão "dotar-nos a mente [desta] outra variedade de subjectividade", escreve Damásio. "A consciência humana normal corresponde a um processo mental onde operam todos estes níveis do eu".

Dez anos depois

Onde é que as etapas finais da construção da consciência se operam no cérebro? Onde é que se concretiza a subtil e complexa coordenação dos processos que permitem a sua emergência? Devido à sua posição no cérebro e as ligações nervosas que estabelecem com outras regiões, o tálamo, situado entre o tronco e o córtex cerebrais, e uma área do córtex chamada PMC (córtex postero-medial) recolhem o voto favorável de Damásio. Mas isso não significa que exista uma separação de funções: o cérebro não funciona assim. Cada uma dessas três principais "grandes divisões anatómicas" contribui para algum aspecto da "tríade directora" da consciência, formada pelo estado de vigília, a mente e o eu.

Perguntámos a Damásio o que, ao longo desta década, tinha tornado necessária esta sua nova viagem à consciência humana. "Muitas, muitas coisas", diz-nos por e-mail. E especifica que "embora tenha sempre reconhecido o valor das estruturas subcorticais, a perspectiva d'O sentimento de Si era predominantemente centrada no córtex. A d'O Livro da Consciência não é; o subcórtex e o córtex partilham os papéis - e o papel principal vai mesmo para o tronco cerebral." "Embora [no primeiro livro] também tivesse chamado a atenção para o córtex postero-medial, considerei-o como principalmente relacionado com o eu nuclear. Dez anos volvidos, com base em todos os resultados de neuroanatomia e neurofisiologia (...), vejo o seu papel como principalmente ligado ao eu autobiográfico. (...) Fiz ainda alterações teóricas a partir da reavaliação do comportamento das criaturas 'pequenas', das bactérias e por aí fora - e mais geralmente, daquilo que no seu conjunto descrevo como a quarta perspectiva.

E qual a maior novidade no novo livro? "É o que digo sobre o tronco cerebral e sobre a fusão, literalmente, do corpo e do cérebro, que são duas caras da mesma moeda. Este é sem dúvida um dos pontos centrais do livro - e talvez o mais original e o mais sujeito a controvérsia."

Alunos aprendem ao ritmo da esperança

Integração social através da música foi a aposta que a Amadora e a Escola do Conservatório Nacional fizeram há três anos. O projecto está em 17 escolas espalhadas por todo o país.

Abrir a porta da Escola Básica de 2.º e 3.º ciclo Miguel Torga, na Amadora, é como levantar a tampa de uma caixinha de música. Ao longe, ouvem-se o som grave de um contrabaixo, o gemer agudo de um violino, o riso alto de uma criança, o ressoar dos passitos de outra. À medida que se avança pelos corredores, encontram-se pequenos momentos inesperados. A um canto, uma rapariga magra, tão alta como o contrabaixo que carrega, ensaia uma música familiar. Talvez de Beethoven. No corredor, um rapazito, pequeno, carrega um violino e agita no ar o arco. Enquanto uns conversam, falam do dia de aulas que passou, brincam, correm e riem pelos corredores, outros vão tocando. O ensaio da orquestra está quase a começar. 


O projecto chama-se Orquestra Geração. Foi Wagner Diniz, professor da Escola de Música do Conservatório Nacional, que conseguiu dar-lhe pernas para andar. "Achámos que o nome representava a ideia de dar uma nova oportunidade àqueles a quem o programa se dirigia, uma nova geração", explica Wagner, que no ano passado recebeu o prémio de mérito e inovação, no âmbito do Prémio Nacional de Professores, do Ministério da Educação. 

Tudo começou em 2007, na escola Miguel Torga, onde existia um programa de integração social. A Câmara da Amadora e a Fundação Calouste Gulbenkian queriam dar-lhe um novo alento. Foi numa conversa entre Wagner Diniz e Jorge Miranda, director do Departamento de Educação e Cultura da autarquia, que a ideia surgiu. "Na minha estadia como bolseiro em Basileia, na Suíça, assisti a um concerto da orquestra Simón Bolívar e, através de colegas venezuelanos, tinha sido informado sobre El Sistema", recorda Wagner. "Sugeri que o aplicássemos em Portugal", conta. E assim foi. Hoje, cerca de mil alunos fazem parte da Orquestra Geração, que está a funcionar em 14 escolas na região de Lisboa, uma em Coimbra e duas em Trás-os-Montes. E são cada vez mais os estabelecimentos interessados em implementar o projecto. 

Etnias diferentes

A Orquestra Geração "proporcionaou ensino artístico a quem geralmente não tinha acesso", contribuindo para a "integração de muitos jovens de etnias diferentes", explica Wagner Diniz, que considera importante as crianças habituarem-se a conviver com "a cultura do outro". 

Raquel tem 15 anos, está na orquestra desde a sua criação e lembra-se perfeitamente de quando o projecto nasceu e do pouco interesse que lhe despertou na altura. "Achava que a música clássica não combinava comigo." Mas um dia decidiu inscrever-se. "Já toco violoncelo há um ano e meio e estou a gostar", afirma, com convicção. "No início, toda a gente tem dificuldades, mas se estivermos atentos, se nos dedicarmos, deixa de ser difícil", confia. 

Na orquestra, graças à qual diz ter feito novos amigos, Raquel progrediu a vários níveis. "Sempre me disseram que a orquestra era muito boa para o trabalho em grupo", conta. "E, de facto, tenho notado que tenho melhorado no trabalho com outras pessoas." Para Raquel, a orquestra é, sem dúvida, importante. "Os outros miúdos [de fora da orquestra] vão para casa ver televisão, estão sempre no computador. E acho que isto é uma boa oportunidade para fazermos coisas diferentes", explica. 

Um futuro melhor

Os pais também têm aderido ao projecto e chegam a incentivar os filhos a entrar ou permanecer na orquestra. Iara tem 11 anos e toca violino. Diz que foi a mãe que a incitou a inscrever-se e que o facto de os irmãos fazerem parte da orquestra lhe despertou o interesse em aderir. Para Iara, estar no projecto é importante. "Porque assim temos um futuro melhor, conseguimos o que queremos e vamos ser alguém na vida." E é assim que a maioria dos pequenos músicos justifica a importância da Orquestra Geração. Muitos esperam conseguir, graças a ela, o que antes lhes parecia difícil de alcançar: um futuro melhor.

Apesar de não ser esse o objectivo do projecto, alguns talentos têm sido descobertos. "Já temos dez crianças a frequentar escolas vocacionais de música no regime profissional e integrado, nomeadamente, no Conservatório Nacional e na Metropolitana", orgulha-se Wagner Diniz. A expansão do projecto a nível nacional é agora o principal objectivo. O professor considera fundamental que "seja constituída uma instituição sob a tutela do Ministério da Educação que possa passar a dirigir o projecto". À entrada de uma sala de aulas, as crianças aglomeram-se. Cada uma tem o seu instrumento, que pode levar para casa para ensaiar. Já na sala, instaladas em semicírculo e de frente para o professor, tocam em conjunto a escala de Sol. Estão atentas e preocupadas em não errar. Afinal, o ensaio é importante. Em breve haverá um concerto.Concerto solidário poderá ajudar a criar o programa Geraçãozinha

As orquestras Geração preparam-se para dar um concerto solidário. É já na sexta-feira, dia um de Outubro, no Teatro Camões, em Lisboa. Além das crianças, estarão em palco António Rosado, Mário Laginha, Elsa Saque, António Wagner Diniz e José Manuel Brandão. 

Esta é uma gala de angariação de fundos, por isso, se o público quiser, pode dar mais do que o custo dos bilhetes (dez euros), propõe o responsável do projecto, Wagner Diniz. Com esse montante, a equipa pretende não só continuar a financiar o actual projecto - "têm havido muitos cortes", lamenta -, mas também arrancar com novos como o Geraçãozinha, uma orquestra para crianças entre os três e os seis anos, que poderá começar no próximo ano lectivo. Antes disso, é preciso formar professores à luz do projecto venezuelano e comprar novos instrumentos, pequenos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Ciclo de Sábados - "Falando com quem faz": "A utilização das TIC nas NEE"



Durante a manhã deste sábado, dia 25/09/10, decorreu no Instituto Piaget de Almada o Ciclo de Sábados: "Falando com quem faz...": sobre o tema: "A utilização das TIC nas NEE, organização da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. 

A Sessão foi dinamizada pelo Dr. Henrique Santos, Educador de Infância na EB1/JI de S. Miguel - Enxara de Bispo. A sua apresentação denominava-se de "Escola: Espaço Facilitador para o Desenvolvimento de Competências Tecnológicas. 

O orador começou a sessão fazendo uma breve reflexão sobre a Escola. 

"Educar para uma acumulação de conhecimento deixou de ser a grande finalidade da educação, apontando-se antes para a necessidade de proporcionar a cada individuo as condições que lhe permitam aproveitar e utilizar, do berço até ao fim da vida, todas as oportunidades que se lhe oferecem." 

Mais importante do que utilizar as novas tecnologias é saber porque as utilizamos e com que objectivo as pretendemos utilizar. Em que é que elas vão valorizar o processo ensino/aprendizagem...

A escola tem a missão fundamental de ensinar, mas também tem que se aferir as aprendizagens. Mas para isto é necessário ''Aprender a conhecer... Aprender a Aprender... ao longo da vida"... Temos que nos certificar que as aprendizagens que os nossos alunos vão fazendo servirão para o dia-a-dia. 

A Escola de Hoje deve também transmitir a Importância de "Aprender a viver em comum" e este deve ser um lema a utilizar para se viver uma real inclusão... de Todos... para Todos sem excepção!

Falar em inclusão é aprender no dia-a-dia a incluir, por isso... é tao importante a escola poder "Aprender a viver"...para que as nossas crianças/jovens saibam viver em comunidade, saibam cooperar... 

Na nossa profissão esta questão ainda mais Importante se torna. 

A Escola tem mesmo de permitir/potenciar o ''Aprender a ser..." e é fundamental que não se olhe só para os alunos, e importante que se olhe para a "sala de professores"... 

Tudo isto para salientar é que é necessário mudar práticas...atitudes...mentalidades...


É importante saber porque queremos utilizar as tecnologias e para que objectivo as pretendo... 

"Na verdade, as tecnologias são uma peça-chave na criação de ambientes de aprendizagem motivadores e construtores do ser humano. Todas as crianças aprendem melhor se tiverem tarefas, desafios, ou problemas nos quais as respostas não sejam óbvias ou demasiado simples". 

Mas para que isso aconteça é fundamental avaliar/aferir em que contexto as vamos utilizar, as interacções entre alunos e professores existentes, o tipo de situações a que os alunos são expostos para determinar que meios utilizar... 

Foi referido por alguns colegas a utilização indevida, por parte de alguns alunos, de telemóveis...A esta questão o orador referiu, e na minha opinião bem, que essa utilização indevida acontece porque, muitas vezes, os professores (alguns) perderam a capacidade de se sentar com os seus alunos e educar para os valores... 

E não adianta dizerem que não há tempo para se falar com os nossos alunos...Porque depois dos acontecimentos acontecerem também não legitimidade para julgar ou criticar... 

Se a sociedade está a mudar, a Escola também está a mudar...Logo temos de pensar se faz sentido continuarmos a utilizar as "antigas" práticas... 

Cabe-nos a nós enquanto educadores/professores estimular para o uso das Tecnologias envolvendo-nos cada vez mais com Toda a comunidade educativa de modo a partilhar, valorizar, estimular, produzir, utilizar e sensibilizar para a utilização responsável das Tecnologias. 

Importa adoptar práticas que levem ao envolvimento dos alunos, promovendo momentos de reflexão e prolongando os momentos de aprendizagem no tempo e no espaço. 

      "aqueles que não forem capazes de utilizar e compreender minimamente os processos Informáticos correrão os riscos de estar tão desinserido na sociedade do futuro como os anafalbeto o estão na sociedade de hoje.'' 

Ponte, 1999 

O orador terminou mostrando algumas práticas do seu dia-a-dia...Através desta apresentação demonstrou como é possível utilizar as tecnologias em prol do desenvolvimento sustentável das nossas crianças/jovens. 

Foi uma sessão que ultrapassou as minhas expectativas, tanto pela partilha como pelo diálogo existente ao longo de toda a sessão, bem como pela qualidade de toda a sessão... 

Respondendo ao orador...a sua dinamização foi tudo menos chata. A apresentação foi um excelente momento de aprendizagem e crescimento pessoal…Será um momento que recordarei não só nesta segunda, mas ao longo da vida.

Equipa móvel de apoio a crianças deficientes comemora um ano e apresenta mascote

A equipa Móvel de Desenvolvimento Infantil e IntervençãoPrecoce (EMDIIP) que apoia atualmente 80 crianças comnecessidades especiais celebrou um ano com a apresentação do Edi, uma mascote que pretende dar mais visibilidade ao trabalho desenvolvido pela associação.

Esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) foi criada em 2009, para “dar resposta terapêutica a crianças dos zero ao 12 anos com desvio de desenvolvimento”, explicou o presidente da EMDIIP, André Rica.

A equipa móvel é atualmente formada por um fisioterapeuta, um psicólogo clínico, dois terapeutas da fala e cinco técnicos dereabilitação psicomotora que se deslocam até à escola, ou a casa das crianças, para prestar acompanhamento.

“Isto é uma grande diferença relativamente ao que tem sido feito até hoje, porque as famílias não têm de quebrar a sua rotina diária para sair do trabalho e ir até um centro de desenvolvimento. Somos nós que nos deslocamos até à escola para fazer a terapia”, adiantou o mesmo responsável.

Este ano, a EMDIIP acolheu perto de 80 crianças e tem já 120 inscrições para o próximo ano, um número que “pode aumentar sempre que for preciso”.

O contacto com a EMDIIP é feito normalmente através das escolas e, por isso, a associação resolveu criar o Edi, um boneco de braços abertos que representa o acolhimento que se quer dar às crianças.

“O Edi é um símbolo de todas as crianças que atendemos, crianças que podem ser especiais, mas não estão sozinhas, mas serve também para as pessoas saberem, quando virem uma bandeira do Edi, que aquela escola tem condições para receber estas crianças com necessidades especiais”, declarou André Rica.

Tal como em outras IPSS, o pagamento dos serviços é feito em função dos IRS das famílias.


Um professor com Síndrome de Down




Pablo Pineda é o primeiro europeu com síndrome de Down, que é professor...






Escola sem condições para acolher aluno com deficiência

Há uma semana que as aulas começaram, mas Pedro, 10 anos, ainda não tem as condições necessárias para se poder movimentar dentro da escola. O Ministério da Educação e a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) tinham-se comprometido a que tudo estaria pronto no início do ano lectivo. 

Pedro Prazeres está numa cadeira de rodas por causa de uma paralisia cerebral e desde o infantário que é referenciado como aluno com necessidades especiais. Este ano passou para o 5.o ano e matriculou-se na escola EB 2,3 Francisco Torrinha, no Porto, que fica a 300 metros de casa. Em Outubro passado, os pais de Pedro alertaram a direcção da escola para as necessidades especiais do filho, esperando que fossem tomadas providências para assegurar o acesso de Pedro à escola: uma plataforma exterior, uma plataforma interior para acesso aos diferentes pisos, uma casa de banho especial e uma cadeira de rodas eléctrica que o Centro de Paralisia Cerebral pediu em Dezembro de 2009.

No dia 2 deste mês, o pai de Pedro foi à escola falar com a coordenadora do ensino especial e verificar se estava tudo pronto para receber o filho, que começaria as aulas no dia 13. "Foi-lhe dito que as obras ainda não estavam concluídas e que a cadeira de rodas eléctrica não se encontrava ainda na escola", afirma ao i Alexandra Moreira, mãe de Pedro. "Queríamos testar o equipamento para o Pedro se adaptar e não houve um telefonema a dizer que estava atrasado", diz. 

A directora-adjunta da DREN, Ema Gonçalo, tinha garantido a Alexandra Moreira, em Abril, que "o Pedro Prazeres poderia iniciar, nesta escola, com toda a tranquilidade e, à semelhança dos seus pares, o ano lectivo de 2010/2011". Também o Ministério da Educação, em Maio, afirmava por carta que asseguraria as "condições ao aluno de iniciar o ano lectivo com toda a tranquilidade".

Uma semana volvida do início do ano lectivo e Pedro está a ter aulas num auditório, no piso térreo, por falta de acessos aos restantes pisos. "A primeira plataforma já existe. A segunda ainda não está colocada e dizem que estará durante esta semana. Por isso é que a turma do Pedro tem aulas no auditório, mas isso não é solução. As cadeiras que têm mesa incorporada não servem para ele nem para os colegas", diz Alexandra. "Além disso a cadeira eléctrica ainda não chegou. No outro dia era um aluno que vinha a empurrar a cadeira de rodas com todo o perigo que isso acarreta."

Segundo a DREN, a cadeira eléctrica estará disponível no final da semana. "A cadeira de rodas eléctrica, a que os encarregados de educação recorreram em Dezembro de 2009, não se encontra ainda disponível para utilização por a empresa adjudicatária só prever a sua entrega no dia 26 do mês corrente, uma vez que a mesma é importada da Suécia, de onde sairá no dia 21", lê-se na acta da reunião que a DREN teve a pedido dos pais de Pedro no dia 10 deste mês. "Não se percebe este atraso, tendo em conta que a cadeira está pedida desde o ano passado", contrapõe Alexandra. A DREN refere que a proposta de aquisição da cadeira foi feita "logo que houve disponibilidade de verbas no âmbito do PIDDAC, o que sucedeu em Julho", tendo o concurso público para aquisição de equipamentos decorrido em Agosto. 

O Bloco de Esquerda questionou o ministério, em Março, sobre este caso e voltou a questioná-lo agora. Na resposta à primeira questão, o ministério referia que Pedro iria começar o ano com "toda a tranquilidade", mas observava: "Muito embora exista uma escola com todas as condições para o pleno sucesso nas aprendizagens, que não dista a mais de 2 quilómetros da residência do aluno, não foi essa a opção da encarregada de educação". Alexandra Moreira garante que "o problema nunca foi a distância": "Quero que o meu filho continue com o grupo de crianças que o tem acompanhado." Agora só faltam os restantes acessos.