Uma investigação desenvolvida no Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra permitiu descobrir o mecanismo de acção do óxido nítrico na proliferação de células estaminais neuronais, um avanço importante para a reparação de danos cerebrais.
O estudo, publicado recentemente na Stem Cells, analisou a “proliferação de células estaminais neuronais sob a acção do óxido nítrico, clarificando o mecanismo de acção deste potencial alvo terapêutico para medicina regenerativa”.
O óxido nítrico é produzido no cérebro em condições inflamatórias, na sequência de lesão cerebral.
Segundo uma nota do CNC, “o transplante de células estaminais e a promoção da sua proliferação endógena (no próprio cérebro) têm sido propostas como potenciais estratégias para a reparação de danos cerebrais”.
“Muitas vezes considerado como um obstáculo à proliferação das células estaminais neuronais, o óxido nítrico revelou-se fomentador desta proliferação nas condições testadas por esta equipa de investigadores, por diminuição da concentração utilizada e tempo de aplicação, nomeadamente num modelo animal de dano cerebral”, adianta.
Inês Araújo, investigadora do CNC que liderou a equipa responsável pelo estudo, disse à Lusa que “o processo de formação de novas células a partir de células estaminais neuronais na sequência de uma lesão cerebral não é particularmente robusto” e que se procuraram “formas de o tornar mais eficiente”.
Estas células têm “potencial para recuperar as zonas que foram lesionadas, deslocando-se para as zonas onde houve degeneração”, adiantou a bióloga, que desenvolve investigação fundamental na área das ciências da saúde.
Novas células no cérebro
Os investigadores de Coimbra descrevem, pela primeira vez o efeito do óxido nítrico na estimulação da proliferação das células estaminais neuronais, que constitui “o primeiro passo para a formação de novas células no cérebro”.
“Descobrimos que o óxido nítrico estimula a proliferação das células estaminais neuronais”, adiantou Inês Araújo, ao referir que esta substância“é muito importante para a estimulação inicial destas células”.
Segundo a investigadora, o conhecimento deste mecanismo é importante para doenças “em que haja necessidade de regenerar zonas do cérebro que foram lesionadas”, em pacientes que sofreram isquémia cerebral ou trauma cerebral.
No comunicado, é referido que “a aplicação clínica destas estratégias levanta algumas preocupações devido a uma possível proliferação excessiva das células estaminais com consequente formação de tumores”.
No entanto, Bruno Carreira, primeiro autor do trabalho e aluno de doutoramento do CNC, e Inês Araújo sublinham que “ao propor um mecanismo para a regulação da acção potenciadora do óxido nítrico na proliferação de células estaminais neuronais, este estudo sugere igualmente que este é um modo mais eficiente e seguro, por ter uma acção moderada, transitória e controlável”.
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