sábado, 30 de outubro de 2010

Grande Reportagem SIC | «Vidas Raras» Parte 3

Última parte da reportagem "Vidas Raras"...


E um grande abraço para todos os Pais e Famílias de crianças com uma Doença Rara...Vocês são verdadeiros guerreiros e exemplos de vida a seguir...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Grande Reportagem SIC | «Vidas Raras» Parte 2

Segunda parte desta magnífica reportagem...

Bullying pode dar prisão se o agressor tiver mais de 16 anos

Para mim existiam outras medidas e iniciativas primordiais antes desta...Mas isso será tema para outro post de reflexão pessoal...Por enquanto aqui fica a notícia...

Criminalização aprovada ontem na reunião do Conselho de Ministros foi aplaudida por representantes dos professores.

Um aluno com mais de 16 anos que cometa um acto tipificado como bullying poderá ser condenado a uma pena de prisão até cinco anos. Se dos actos praticados resultar a morte da vítima, a pena "poderá ser agravada entre três e dez anos", segundo a proposta de criminalização da violência escolar, aprovada ontem na generalidade em Conselho de Ministros (CM). 


O documento, que vai agora ser discutido entre os parceiros sociais, antes de ser submetido à Assembleia da República, abrange "os maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a qualquer membro da comunidade escolar a que também pertença o agressor". 


Segundo o Ministério da Educação (ME), as "situações menos graves" serão resolvidas pelos responsáveis escolares - com recurso a instrumentos como o estatuto do aluno que já prevê a possibilidade de suspensão do agressor. Quanto às situações mais graves, as punições poderão compreender penas de prisão "de um a cinco anos", desde que o agressor seja criminalmente imputável, ou seja, tenha mais de 16 anos. Sempre que se verifique "ofensa grave à integridade física", a pena de prisão poderá ser agravada "entre dois e oito anos". 


Se o crime for praticado por jovens dos 12 aos 16 anos, apesar de estes serem inimputáveis para efeitos de lei penal, "a criação do crime de violência escolar permitirá a aplicação de medidas tutelares educativas", ainda segundo o ME. 


Para além da punição, "pretende-se que a criação do novo crime de violência escolar produza um efeito dissuasor, contribuindo para a manutenção da necessária estabilidade e segurança do ambiente escolar", lê-se no comunicado do CM. Apesar de concordar que a criminalização poderá ter um efeito dissuasor, o psiquiatra Daniel Sampaio avisa que a criminalização "pura e simples" poderá levar pais e professores a demitirem-se do problema. "É preciso é organizar a escola no combate à violência através de um trabalho partilhado entre alunos, professores e pais", advertiu ao PÚBLICO, sem, contudo, conhecer os pormenores da proposta governamental. 


A tipificação da violência escolar como crime público (deixando de exigir queixa para ser investigado) foi suscitada pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, em Março. No ano passado, a PGR abriu 146 inquéritos por violência escolar, o que traduziu um aumento de 20 por cento relativamente aos 122 inquéritos abertos em 2008. O último relatório Escola Segura, por sua vez, deu conta de uma diminuição das agressões entre alunos (1029 em 2008/2009 contra as 1317 no ano lectivo anterior), mas apontou para um aumento das agressões contra professores: 206 casos em 2007/2008 contra os 284 do ano lectivo seguinte. 


Na reacção, o presidente da Associação Nacional de Professores, João Grancho, aplaudiu a iniciativa. "Passaremos a ter outros instrumentos de resposta que funcionam nos dois sentidos: quer na perspectiva sancionatória, quer na dimensão preventiva, porque se acaba com o sentimento de impunidade", enfatizou Grancho. Do lado da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva considera que a criminalização da violência escolar se justifica, "até pelas ferramentas poderosíssimas que hoje existem associadas ao Bullying". Mas "a prevenção não pode ser descurada, nomeadamente por via da formação dos agentes educativos e das associações de pais". 


A par da iniciativa legislativa, o ME vai promover cursos de formação sobre violência e gestão de conflitos na escola. Neste ano lectivo, a formação, a cargo da Faculdade de Psicologia de Coimbra, deverá chegar a 225 docentes.


In: http://www.publico.pt/

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Echolilia: A Father's Photographic Conversation with His Autistic Son

Hoje um grande amigo partilhou comigo esta reportagem fotográfica...

Simplesmente Genial!!!Brilhante!!!


A Reportagem é de Timothy Archibald...O fotógrafo usa a sua máquina para encontrar um elo emocional com o filho...

Fotografias e texto do livro, Echolilia: Sometimes I Wonder

Deixo-vos apenas com um excerto para despertar a curiosidade: 

"For me these photographs are not of him, they are about a relationship. I always think of that relationship as having three components: him, myself and then the shared stuff that we can't really define. The feeling we get when we look at all the photographs together is the channel that defines the project. That is the echolilia thing."

Podem ver a Reportagem em:




Ballet - Deficiência Visual

Excelente momento!!!

Sesinho - É tempo de aprender


Histórias adaptadas com símbolos do SPC

Como combinado no post: http://gritodemudanca.blogspot.com/2010/10/contos-e-historiasum-mundo-de-magia.html, aqui vai mais uma história em SPC...

Esta chama-se "Quando a Mãe grita" 


Estas histórias são bastante úteis para a nossa prática pedagógica...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

As Jornadas Técnicas de Madrid reflectiram sobre as etapas vitais na paralisia cerebral

As Jornadas Técnicas 2010 centraram a sua análise "na transição das diferentes idades e etapas evolutivas na Paralisia Cerebral".

A Confederação ASPACE celebrou nos passados dias 21 e 22 de Outubro as Jornadas Técnicas 2010 na sede da Fundação ONCE, em Madrid.

Este ano, as Jornadas pretenderam ser um espaço de reflexão em torno “da transição das diferentes idades e etapas evolutivas na Paralisia Cerebral”.

A sessão formativa foi inaugurada pelo director geral de Fundação ONCE, Luis Crespo e pelo presidente da Confederação ASPACE, Jaume Marí.

O evento perfilou-se como um lugar onde os profissionais partilharam novas técnicas e perspectivas para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com paralisia cerebral. Nesse sentido, focaram-se na importância de abordar a intervenção segundo o estádio evolutivo da pessoa com paralisia cerebral. 

Foram estruturados 3 blocos: o primeiro, que abordou as Generalidades sobre as diferentes etapas evolutivas; o segundo, que tratou dos Novos enfoques de actuação nos serviços ASPACE para cada etapa evolutiva; e por último, a Transição à etapa da velhice na paralisia cerebral.

Grupo SIFU - Integração Profissional de Pessoas com Deficiência

O Grupo SIFU tem como missão a integração profissional e social de pessoas com deficiência. É um Grupo ibérico com mais de 15 anos de experiência que presta serviços a empresas nas áreas de: Limpeza e Manutenção, Logística e Armazém, Jardinagem, Produção e Serviços administrativos (Secretariado, recepção, portaria etc.).

Ao nível do recrutamento, têm prioridade os candidatos que tenham incapacidade comprovada (física, mental ou psiquiátrica). Neste momento estamos a receber candidaturas a emprego para todas as áreas profissionais em que desenvolvemos actividade.

Uma vez que a vossa Instituição está próxima desta população, contamos com a vossa ajuda no sentido de divulgar esta informação a quem possa ter interesse na mesma.

As candidaturas para as várias funções poderão ser feitas por telefone, e-mail ou fax.


Contactos:

Grupo SIFU

E-mail: lisboa@gruposifu.com


Tel: 217 279 674

Violência na escola: conta-me como foi...

Convenhamos: sempre houve bullying na escola. Todos guardamos memória disso. Na escola e no emprego, na família e no desporto, nos quartéis e nas igrejas, nos partidos e, até, nos mais insuspeitos grupos de amigos... Sempre o houve, onde e quando se agregaram pessoas e se formaram grupos onde coexistem fortes e fracos, chefes e chefiados, agressores e vitimados, ou seja, sempre e quando de desenvolveram relações de desigualdade na partilha do poder. 

Em variadíssimas gerações, e por diversos motivos, os "caixa-de-óculos", os "pencudos", os "pés-de-chumbo", as "mamalhudas", os "gungunhanas", os "espinafres", os "fanhosos", os "minorcas", os "graxistas", os "dentolas", os "cabelos-de-rato", as "asas-de-corvo", os "nerd"..., sempre foram motivo de jocosidade e, logo, também vítimas de processos de exclusão e de achincalhamento, verbal e quantas vezes físico, pelos seus pares. Outras vezes, dizia a voz dos sociólogos, tudo isso até favorecia a socialização do indivíduo pelo grupo. 

Noutros tempos, pouco ou nada se sabia fora das paredes das instituições educativas; ou então, tudo se perdia entre regras de falsa etiqueta proporcionadas pela paridade e homogeneidade dos grupos sociais que tinham acesso à escola, sobretudo aos níveis de escolaridade mais avançados. Hoje, felizmente, sabe-se mais e, sobretudo, sabe-se melhor. Por exemplo, dizem-nos que 40% das crianças portuguesas são vítimas debullying. E, nesse escandaloso número, ainda nem se contabiliza a violência psicológica exercida por alguns jogos de consola, por alguns sites que as crianças e jovens visitam e até por alguns programas de televisão a que assistem, sem qualquer controlo parental. 

O que mudou entretanto? Tanta coisa! Desde logo, a democratização do acesso ao ensino (uma escola para todos) trouxe para a escola muitos jovens de diferentes culturas sociais, de diferentes "tribos urbanas", com as suas linguagens, gestos, símbolos, valores e vestuários diferenciadores em relação "ao outro" e identificadores "entre si". É que, também se sabe que o bullying se desenvolve mais quando os indivíduos são forçadas a coabitar, algumas vezes contra-vontade e noutras contranatura, no mesmo espaço e ao mesmo tempo. 

Depois, as lideranças começaram a centrar-se nos mais "desiguais" perante a maioria: a desigualdade dos que se automarginalizam face às regras, a dos manipuladores do poder, da força e da coacção psicológica, a dos detentores de uma enorme capacidade de mentir e de resistir. O impacto foi de tal ordem de grandeza que gerou, em inúmeros casos, que os professores tivessem perdido a governação objectiva das instituições em que trabalham. Isto, quando não são eles mesmos a motivação e o principal alvo da violência que aí se desenrola. Todos os dias... Finalmente, tenhamos em conta que a exponencial evolução dos meios e dos processos de comunicação de massas (Internet, telemóveis, PCs portáteis, fotografia e filme digitais...) permitiu que o bullyingultrapassasse rapidamente as portas da escola, do bairro, da cidade, do país, revelando-se um verdadeiro campeão de audiências nas redes sociais da Internet - referimo-nos, claro está, ao cyberbullying, associado ao cybercrime. Nesta sociedade que tarda a reencontrar-se e onde até a imbecilidade humana tem direito à globalização; onde infelizmente não sobram exemplos de coerência e de ética; onde as famílias se constituem mais com base no "ter" do que no "ser"; onde se permite que todos os dias se destrua um pouco mais deste planeta que é a única casa de todos, não é de estranhar que desde muito cedo (98% das mães americanas inquiridas admitiram que os seus filhos, com menos de dois anos de idade, já tinham acesso e brincavam na Internet...) se incrementem as tentações totalitárias, desumanas e irracionais e que estas se sobreponham ao prazer de brincar, de conviver e de aprender com o "outro".

Por isso, hoje, a diferença situa-se na ténue fronteira da amplitude a que pode chegar a pressão dos pares sobre o indivíduo (o mal são os outros?) e da justificação que se quiser dar ao livre-arbítrio que conduz à selecção da vítima e da motivação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Autismo Infantil - 10 coisas que toda criança gostaria que você soubesse


Autismo Infantil : Caracteristiscas do Autismo


Projecto Vodafone Say para pessoas com deficiência

Através de uma parceria entre a APEC (Associação Promotora do Ensino dos Cegos) e a Fundação Vodafone, as pessoas com deficiência, utilizadoras de telemóvel ou computador, vão poder beneficiar do Projecto Vodafone Say.

O Vodafone Say é um serviço gratuito, criado com base num Software Text to Speech, o qual permite transformar em voz todo o texto que aparece no ecrã do telemóvel do cliente.

O software de conversão, que irá ser instalado nos equipamentos, é uma aplicação Symbian, compatível com o sistema operativo Symbian Série 60.

O Projecto irá possibilitar, por exemplo, que as pessoas cegas e/ou amblíopes possam beneficiar da total adaptação do seu telemóvel, sem quaisquer encargos. Incluindo, também, um vasto leque de benefícios para pessoas com deficiência enquanto utilizadoras das novas tecnologias, como sejam valores reduzidos nas chamadas, utilização da Internet e televisão. 

Os portadores de deficiência poderão usufruir destes benefícios, em temos de tarifário, mediante a apresentação do cartão de deficiente das Forças Armadas ou do atestado médico de Incapacidade Multiuso, devendo a incapacidade permanente ser igual ou superior a 60%, no caso das pessoas com deficiência visual ou auditiva, e 80% nas restantes deficiências.

Veja o produto com mais detalhes através deste endereço:

domingo, 24 de outubro de 2010

"Peniche para Todos"- Acessibilidades e Mobilidade para Todos

No passado dia 20-10-2010, pelas 15:00 teve lugar a Conferência Internacional de Acessibilidades e Mobilidade para Todos, com entrada livre, onde para além do staff e técnicos da Câmara Municipal de Peniche, bem como o seu Presidente – Dr. António José Correia, do Gabinete de Mobilidade desta autarquia, na pessoa da Eng.ª Florinda Monteiro, a Coordenadora dos Planos de Promoção da Acessibilidade de Peniche – Eng.ª Paula Teles e a sua Equipa Técnica, a Chefe da Divisão do Gabinete de Investigação e Desenvolvimento do INR – Dra. Rita Vilhena, a Assessora do Presidente da Câmara Municipal de Pontevedra – Galiza – Maria Carme da Silva Méndez, operadores imobiliários, operadores turísticos e munícipes em geral.

Neste evento a CMP recebeu, da parte da Engª Paula Teles e da sua Equipa Técnica, o estudo das acessibilidades a implementar no conselho de Peniche, bem como todos os pontos críticos do mesmo, de forma a tornar a frase “Peniche para todos” uma realidade consolidada, onde num universo populacional de 27.000 munícipes, 16.200 têm mobilidade reduzida.

Mais uma vez, Peniche deu neste evento um grande exemplo de Boas Práticas, de Cidadania à semelhança de outras autarquias pelo país fora, de forma a tornar esta cidade acessível para todos, no ano Europeu de combate à Exclusão Social, numa sociedade que se quer consolidada na Inclusão, Integração e Respeito por cada um, nas suas várias e diversas diferenças e limitações.

Parabéns à Eng.ª Paula Teles e a toda a sua Equipa pelo seu contributo, percorrendo 76 kms dentro do Concelho de Peniche identificando cada uma das barreiras e propondo as soluções mais adequadas para toda e cada uma das situações com que se defrontaram.

Parabéns à CMP por mais uma vez abrir as suas portas ao bem estar dos seus munícipes e à população em geral, dando um exemplo de cidadania, solidariedade e respeito por todos, porque o todo representa a diversidade da sociedade que necessita urgentemente de ser valorizada, reconhecida e respeitada pelo que é e pelo enriquecimento que dá a ela própria, proporcionando uma simbiose de aprendizagem, boas praticas, e bem viver e conviver na sua diversidade.

Que “Peniche para todos” seja de facto uma realidade consolidada, num médio-longo prazo, uma herança que se começa agora a investir, ensinando na idade precoce, para se proporcionar conforto, adaptabilidade e solidariedade na idade sénior e a todos os que vem a sua vida limitada ou condicionada de alguma forma. Que este possa ser um valiosíssimo legado para as gerações futuras, nomeadamente para as crianças de hoje, que serão amanhã os adultos que em Peniche continuarão o trabalho que nesta data começou, pois Peniche é de facto para todos! O planeta é mesmo de todos!

III Seminário Educação Inclusiva

Durante o dia de ontem (23-10-10) decorreu o 2.º dia do III Seminário de Educação Inclusiva.

Foi um dia foi repleto de boas comunicações, com várias reflexões sobre a Educação Inclusiva e com algumas estratégias de intervenção.

Comunicações que procuraram que todos os presentes reflectissem sobre as suas práticas...

Para mim mais do que lamentar, importa lutar...Importa lutar dia após dia para que em cada momento a Inclusão aconteça...E penso que essa deve ser a ideia que cada um de nós deve retirar deste tipo de eventos... Cada um de nós é responsável por educar, ensinar...mas acima de tudo, cada um de nós é uma peça-chave para defender uma plena inclusão...E para isso é necessário que cada um de nós assuma o compromisso de educar, ensinar e diferenciar...para TODOS!!! 


Existiram ainda dois momentos culturais, uma a cargo da CERCILISBOA e o outro da responsabilidade dos "Cantores da CERCITEJO"....Estes momentos levaram todos os presentes a viver minutos de muita emoção. Estes jovens e os seus professores estão de parabéns!!! 



Para finalizar, gostaria de vos deixar a frase com que o Professor Doutor António Teodoro encerrou este Seminário..."As crianças têm direito a serem iguais, quando as diferenças as descaracterizam...mas têm direito a serem diferentes quando as igualdades as discriminam."

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O meu filho é diferente... será autista?




Desde os primeiros tempos de vida, a maioria das crianças são sociáveis e procuram activamente o contacto com os outros: jogam ao "faz-de-conta", brincam com os seus pares, gostam de dar e receber mimos.

No entanto, em certos casos, os pais notam que o seu filho não interage com os outros desta forma. É o que acontece com a criança autista, na qual existe problemas em três domínios: socialização, comunicação e comportamento.

Leo Kanner descreveu esta patologia em 1943 e cerca de um ano mais tarde, um grupo de crianças com características semelhantes foi descrito por Asperger. 

Em que idade aparece?
As manifestações da doença são notadas quase sempre antes dos 3 anos, geralmente entre os 6 e os 20 meses de idade.

Tipicamente não existe um período de desenvolvimento normal, embora em cerca de 20% dos casos os pais tenham descrito um desenvolvimento relativamente normal durante um ou dois anos.

É uma doença frequente?
Não. Segundo os estudos mais recentes, para uma população de 10 000 indivíduos há 10 pessoas com autismo. Transpondo para o nosso país, haverá cerca de 10 000 pessoas com esta doença.

O autismo pode ocorrer em qualquer família, independentemente do seu grupo racial, étnico, socio-económico ou cultural.

Sabe-se que é mais frequente no sexo masculino, numa proporção de 4 a 5 rapazes para 1 rapariga.

Quais as causas desta doença?
Foram propostas diversas teorias para tentar explicar o autismo.

Trata-se de uma perturbação biológica, com forte componente genético; contudo, a sua etiologia é desconhecida, parecendo ser multifactorial.

Nas décadas de 40 e 50 acreditava-se que a causa do autismo residia nos problemas de interacção da criança com os pais/família. Hoje sabe-se que esta ligação não tem qualquer fundamento.

A partir dos anos 60, com investigações baseadas em estudos de casos de gémeos e doenças genéticas associadas ao autismo (X frágil, esclerose tuberosa, fenilcetonúria, entre outras), descobriu-se a existência de um factor genético multifactorial e de diversas causas orgânicas relacionadas com a sua origem. Factores pré-natais (como a rubéola materna) e durante o parto (prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais) também parecem ter influência no aparecimento das perturbações do espectro do autismo.

Quais as manifestações a que os pais devem estar atentos?
O bebé com autismo apresenta determinadas características diferentes dos outros bebés da sua idade.

Pode mostrar indiferença pelas pessoas e pelo ambiente ou ter medo de objectos. Por vezes tem problemas de alimentação e de sono.

Pode chorar muito sem razão aparente ou, pelo contrário, pode nunca chorar.

Quando começa a gatinhar pode fazer movimentos repetitivos (bater palmas, rodar objectos, mover a cabeça de um lado para o outro).

Ao brincar não utiliza o jogo social nem o jogo de faz-de-conta.

Tem grande dificuldade de interagir com as outras crianças. 

Não utiliza os brinquedos na sua função própria: um carro pode servir como objecto de arremesso e uma boneca para desmanchar.

Que outras características têm estas crianças?
Partindo do que se denomina a tríade de perturbações do autismo, com manifestações nos já citados três domínios, podemos agrupar as características:

Domínio social
  • Parecem viver no seu próprio mundo, desligadas, alheadas, desinteressadas e insensíveis aos outros.
  • Grande dificuldade em interagir com outras crianças: partilhar, cooperar ou jogar à vez são para eles tarefas muito difíceis.
  • Seres humanos, animais e objectos poderão ser tratados da mesma forma.
  • Relativa incapacidade de partilha de alegrias ou procura de ajuda/conforto em situações de stress.
Domínio da comunicação

  • Evitam o contacto ocular e podem resistir ou mostrar desagrado ao serem pegados ou tocados.
  • Têm perturbações da linguagem (tanto da compreensão como da expressão), por vezes mesmo uma ausência de linguagem que faz pensar em surdez. Se existe linguagem, o vocabulário é pobre. É frequente não usarem o eu e repetirem de modo estranho, como que em eco, o que acabaram de ouvir (ecolalia).
  • Problemas na comunicação não-verbal: mantêm-se muito próximas ou muito afastadas dos interlocutores e olham para os lábios em vez de para os olhos durante a comunicação. Fazem um uso muito pobre da mímica facial ou dos gestos.
Domínio do comportamento 
  • Tendem a entregar-se a jogos e rotinas repetitivas, de forma isolada, como por exemplo fazer girar objectos. Têm com frequência, em particular em situações de angústia e excitação, movimentos repetitivos das mãos, dedos, etc. (por exemplo abanar as mãos como a imitar um passarinho).
  • Grande rigidez do pensamento e comportamento, por vezes com crises de auto e heteroagressividade face às mudanças das rotinas ou do meio que as rodeia ou quando são contrariadas. 
  • Ligações bizarras a certos objectos ou partes destes.
  • Por vezes são extremamente sensíveis a cheiros, sabores e sensações tácteis.
  • A hiperactividade é um problema comum. 
  • Em certos casos existem talentos especiais, por exemplo para o cálculo, a música ou o desenho.
Todas as crianças com autismo têm atraso mental?
O défice cognitivo (atraso mental) ocorre em 65-88% dos casos. Algumas destas crianças têm inteligência normal ou até superior, como pode acontecer na síndrome de Asperger.

Há tratamento para esta doença?
É muito importante que a criança seja orientada o mais precocemente possível para uma consulta de Pediatria de Desenvolvimento, onde, no caso de se concluir por este diagnóstico, se irá traçar um programa de intervenção específico. Este envolve vários tipos de terapia (psicológica, de linguagem, ocupacional) e estratégias educativas. O tratamento pode também envolver psicofármacos em situações de agressividade, autodestruição ou convulsões. É fundamental a participação activa da família.

Qual a evolução destas situações?
O prognóstico do autismo tem vindo a melhorar. De acordo com estudos recentes, 5% a 10% destas crianças tornam-se adultos autónomos.

É importante relembrar que nesta doença há uma ampla variedade, quer na qualidade quer na gravidade das manifestações da doença e que cada caso é único e tem que ser abordado de modo individualizado.

Por: Gabriela Marques Pereira, Serviço de Pediatria do Hospital de Braga



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Histórias adaptadas com símbolos do SPC

Como combinado no post: http://gritodemudanca.blogspot.com/2010/10/contos-e-historiasum-mundo-de-magia.html, aqui vai mais uma história em SPC...

Esta chama-se "Pássaro da alma" e aborda sentimentos e emoções.


Estas histórias são bastante úteis para a nossa prática pedagógica...

Ciclo de Sábados: "Falando com quem faz" (Norte): Ajudas técnicas e Sistemas de Apoio à Comunicação




É já este Sábado, 23/10/2010 o regresso do Ciclo de Sábados: "Falando com quem faz..."no Norte.

Desta vez o tema será “Ajudas Técnicas e Sistemas de Apoio à Comunicação ”, a cargo de Helena Fernandes e Helena Nunes.

A sessão promovida pela Pró-Inclusão-Associação Nacional de Docentes de Educação Especial realiza-se das 10h00 às 13h00 na Universidade de Aveiro: Ciências da Educação - Campus Universitário de Santiago.

Aqui fica o endereço através do qual poderão fazer a vossa inscrição:




E o endereço para consultarem o programa:

Mobilidade já não é limitação para viajar

Viajar, visitar um museu e dar um mergulho, parecem ser actividades acessíveis a toda a gente. Mas, em Portugal, só há cinco anos surgiu a primeira agência de viagens que leva a pessoas com mobilidade reduzida estes serviços. Sem barreiras nem limites.

Carlos Nogueira precisava de ir a Bruxelas, mas enfrentava as dificuldades de uma pessoa que se desloca em cadeira de rodas. Viajar implicava um longo trabalho de pesquisa e algum risco.

Foi em 2009 que encontrou solução para o problema, quando descobriu a Accessible Portugal (AP), empresa que reservou os transportes desde o aeroporto e adaptou a o hotel às suas necessidades.

Aos 14 meses de idade, Carlos teve poliomielite. Apesar de ter ficado paralisado, sempre foi muito activo e aventureiro, conta.

Aos 43 anos, não hesita em aderir às propostas mais radicais da agência. A estreia foi com o mergulho, primeiro o baptismo em piscina e depois a descida ao largo de Sesimbra, que já repetiu três vezes. "Sempre gostei de água", diz, mas nunca tinha pensado em fazer mergulho. Apesar de expectante, nos momentos anteriores à entrada na água estava nervoso. Entre polvos, cavalos-marinhos e douradas, Carlos sente que "não há barreira nenhuma, nem qualquer dificuldade física".

Cliente regular da AP, Carlos aventurou-se ainda no parapente, "uma experiência delirante", relembra. Em Setembro visitou com os filhos, de 6 e 11 anos, a Lousã, onde actividades como o mergulho e a brama dos veados fizeram da viagem de família "uma experiência fantástica", pela possibilidade de estarem juntos em situações normais, afirma Carlos.

Com um vasto património natural e cultural, a Lousã é um dos destinos preferidos pelos clientes da AP e está adaptada às suas necessidades. Rita Duarte, de 33 anos, nasceu com espinha bífida e usa muletas ou cadeira de rodas para se deslocar.

Passou as férias de Verão nesta zona turística, com um grupo de seis pessoas, três das quais com limitações. As praias fluviais foram uma das atracções mais populares e convenceram Rita a substituir as casas alugadas, que não tinham as condições necessárias, por mais duas semanas na Lousã, já reservadas para 2011.

A agência " promove a inclusão porque a equipa dá as mesmas oportunidades e trata as pessoas com deficiência como as ditas normais. Sem distinção".

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Homenagem a um grande Amigo


Durante as últimas horas fui invadido por um sentimento de tristeza, de revolta, de desalento...sinto-me desorientado...

Um Grande Amigo, um Grande Pai, um Grande Marido partiu...Um grande herói!!!

Companheiro, não há muito a dizer...as palavras faltam-me...apenas quero prestar aqui a minha simples homenagem pelo grande Amigo que sempre foste...

A todos os teus familiares e amigos deixo um grande abraço...

Ficaremos para sempre contigo e com o teu sorriso ...

Até sempre AMIGO!!!

Invisuais com centro para treinar tarefas diárias

Limpar o pó com produtos adequados, fazer a barba ou cozinhar são algumas das atividades quotidianas que os cegos do distrito de Viseu poderão treinar num centro inovador que inaugurou na sede da delegação da ACAPO, avança a agência Lusa. Até ao fim do ano, a associação espera inaugurar centros semelhantes em Lisboa e em Coimbra.


O presidente da delegação de Viseu da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), Humberto Abrunhosa, explicou que o Centro de Treino em Atividades da Vida Diária, que inaugurou sexta-feira, não é mais do que um apartamento adaptado para pessoas portadoras de deficiência visual.

Projetado a pensar na habilitação de todas as pessoas com deficiência visual, e em particular nas que perderam a visão recentemente, no novo Centro serão exploradas situações referentes à alimentação, higiene pessoal, segurança, atividades domésticas e vestuário.

"Criámos uma habitação num espaço da sede da delegação de Viseu da ACAPO, composto por sala, cozinha, quarto e casa de banho, para que os utentes possam adquirir competências nas atividades da vida diária", informou.

Segundo Humberto Abrunhosa, o centro terá técnicos especializados para ajudar os utentes a desenvolverem "as atividades básicas do dia a dia das pessoas ditas normais".

Divididos em grupos de quatro a seis elementos, "vão aprender e treinar como se faz uma cama, a barba, a pôr a mesa, cozinhar ou limpar o pó com produtos adequados".

Se o invisual sentir necessidade, o técnico especializado poderá mesmo deslocar-se até à sua residência, para que seja ensinado e treinado a fazer as tarefas diárias no seu domicílio. 

Na opinião do presidente da delegação de Viseu da ACAPO, trata-se "um projeto inovador, único do país, que vem tentar minimizar lacunas existentes na área". 

O Centro de Treino em Atividades da Vida Diária entrará em funcionamento dentro de uma a duas semanas e vai servir cerca de 400 invisuais do distrito de Viseu.

O investimento rondou os 35 mil euros, financiados em 70 por cento pelo Instituto Nacional para a Reabilitação e os restantes 30 por cento pela ACAPO de Viseu.

Até ao final do ano, a ACAPO espera inaugurar outros dois centros de AVD´s nas cidades de Coimbra e Lisboa, segundo revela o Presidente da Direção Nacional, Carlos Lopes.

Primeira aluna surda e cega a entrar no superior

Síndrome de Usher retirou a visão a Carolina Canais, que gostava de ser escritora mas que, para já, quer apenas ter uma licenciatura.

Carolina Ferreira Canais é a primeira aluna surda e cega a ingressar na universidade. Tem 44 anos e muita vontade de continuar activa, agora que está reformada devido à perda de visão que tem sofrido nos últimos cinco anos. É surda de nascença e escolheu o curso de Língua Gestual Portuguesa da Universidade Católica de Lisboa, o único perfeitamente adaptado e pensado para quem tem deficiência auditiva, pois todas as aulas são dadas em língua gestual.

Porém, receber a Carolina exigiu um esforço redobrado por parte da universidade, tanto em recursos humanos e como em financeiros, já que foi preciso contratar dois guias-intérpretes para a acompanhar e traduzir as aulas em língua gestual táctil e converter os manuais em braille.

Foi preciso criar aulas presenciais com um tutor, porque o curso funciona maioritariamente através de vídeoconferência. De tal forma que a turma só se encontra ao sábado, de quinze em quinze dias, para oito horas de aulas que cobrem três áreas: ciências da linguagem, ciências da educação e neurociências. O objectivo é formar professores, criando uma oportunidade para os 35 000 surdos portugueses. "Porque eles não têm problemas cognitivos", explica a coordenadora do curso, Ana Mineiro. Só precisam que a comunicação lhes seja adaptada.

Durante pouco mais de três anos, será este o desafio de Carolina. Veio em busca de "um novo caminho" porque não gosta de estar "de braços cruzados". Sonha ser escritora, mas nunca tinha pensado voltar à escola, até se ver "encostada".

Trabalhava como funcionária administrativa na Indústria Aeronáutica de Portugal, mas há quatro anos a perda de visão levou-a à reforma. "Percebi que o meu pesadelo se ia concretizar." Descobriu que tinha a síndrome de Usher, de tipo I, e que iria ficar cega.

Mas não baixou os braços. Queria aprender braille, a usar a bengala, a orientar-se. Tudo o que precisasse para continuar a fazer a sua vida sozinha. E então foi para o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, que a princípio não a queria receber por ser surda e não estar completamente cega. "Mas aquela era a melhor escola para cegos de Portugal, e eu batalhei porque não queria entrar noutra."

Hoje, a sua cegueira ainda não é total, apesar de estar progressivamente a piorar, e diz-se "solteira e independente". Vai, sem ajuda, ao centro de artes, ao café, às compras ou à natação. Aprendeu a cozinhar pelo olfacto e a tratar da roupa sem a ver. Vive num lar em Lisboa, dactilografa com a ajuda de um teclado de comunicação aumentativa e usa uma lupa para escrever mensagens no telemóvel.

"Distingo tudo pelo toque", conta. Os ouvintes comunicam com ela desenhando as letras na palma da sua mão, os surdos por língua gestual apoiada, também nas mãos. Mas para comunicar, utiliza a língua gestual, que é a sua língua natural desde criança.

A fala só aprendeu aos 24 anos, com a ajuda de uma terapeuta. Mas o seu rosto transparece muito mais. A expressão acrescenta significado ao gesto. Como em qualquer língua, na linguagem gestual há regionalismos e calão. Mais ainda, uma "cultura surda" assente nela.


domingo, 17 de outubro de 2010

Revista Diversidades

Já está disponível o número n.º 28 e 29 da Revista Diversidades.

O número 28 chama-se "Terapias - Corpo e Mente".

Este número tem como tema central as Terapias e pretende" descortinar interessantes e apelativos espaços terapêuticos".

"É nosso desejo que com esta edição, publicada em pleno Verão, tempo exímio de encontro e reencontro com a docilidade, lazer, descanso e bem--estar que os dias quentes e longos nos propiciam, incentivemos os nossos leitores à adopção de estilos de vida mais conscientes, saudáveis e livres, alicerçada em relações de entreajuda e convicção das potencialidades daqueles a quem apelidamos de diferentes.

Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
- Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in “O Nome das Coisas”

Excerto do Editorial da Revista escrito por Maria José Camacho (Directora Regional de Educação Especial e Reabilitação)

O número 29 é intitulado de "Coração das Famílias".

Este número tem como tema central a Intervenção Precoce, mais especificamente na apresentação de um "Projecto-piloto de Investigação-acção em Intervenção Precoce".

"A mentalidade aberta define-se como a ausência de preconceitos, de parcialidades (…) que limite a mente e a impeça de considerar novos problemas e de assumir novas ideias (…) integra um desejo activo de escutar mais do que um lado, de acolher os factos independentemente da sua fonte, de prestar atenção (…) a todas as alternativas, de reconhecer a possibilidade do erro mesmo relativamente àquilo em que mais acreditamos (1989, cit. por García, 1992, p. 62). 
Deste modo, a escolha do objecto e campo do nosso estudo nasceu da premência de olhar e compreender os novos rumos da Intervenção Precoce e da determinação em erigir um contributo para a melhoria das condições que lhe estão subjacentes. 
Com um percurso histórico em que teoria e prática se foram, paulatinamente, complementando a Intervenção Precoce aparece associada a diversos marcos e opções legislativas, revistas e reformuladas, em resultado de diferentes experiências e significados. Nesta perspectiva, destacamos a mais recente legislação nesta área, o Decreto-Lei n.º 281/2009, de 6 de Outubro, que criou o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância.
Orientada para a intervenção nos primeiros anos de vida das crianças, naquela que é, por excelência, a etapa caracterizada por um cenário potenciador de possibilidades, vivido no Coração da Família, a Intervenção Precoce enfatiza a importância do desenvolvimento harmonioso e integral, através da conceptualização de um modelo sistémico, ecológico e centrado na família, que deverá eleger a transdisciplinaridade como garantia de sucesso."

Excerto do Editorial da Revista escrito por Maria José Camacho (Directora Regional de Educação Especial e Reabilitação)

Poderão visualizar e descarregar a revista em formato pdf através do site:


Histórias adaptadas com símbolos do SPC

Como combinado no post: http://gritodemudanca.blogspot.com/2010/10/contos-e-historiasum-mundo-de-magia.html, aqui vai mais uma história em SPC...

Esta chama-se "O Tomás está crescido" e é "destinado às crianças que estão a desenvolver o controlo de esfíncteres"...


Estas histórias são bastante úteis para a nossa prática pedagógica...

Parent Involvement


sábado, 16 de outubro de 2010

Empregar quem tem perturbações mentais


Mais de dois milhões sofrem destes problemas. Encontrar trabalho é mais difícil nas situações crónicas.

No espaço apertado do escritório da ARIA Jardins, Sofia Teixeira, de 30 anos, prepara cartas para levar aos correios. Trabalha aqui há cinco anos e é um dos poucos casos de "integração", já que entrou na empresa para um "emprego apoiado" de dois anos e meio como doente com depressão e acabou por ficar como funcionária.

Hoje sente-se melhor e gosta do que faz. Tinha 18 anos quando perdeu o pai. Entrou em depressão, deixou a escola, perdeu muito peso e acabou por procurar um psicólogo que a aconselhou a frequentar um dos cursos de formação da ARIA (Associação de Reabilitação e Integração Ajuda).

Fez Informática e Técnicas Administrativas e mais tarde conseguiu emprego na ARIA Jardins, em Lisboa, que entre as 430 empresas sociais do País é uma das poucas a apoiar a inserção de doentes com problemas mentais. Presta serviços de jardinagem a particulares e entidades como a Câmara de Lisboa ou a Casa Pia.

Mas a concorrência é muita e os recursos são insuficientes. De tal forma que as empresas de inserção ponderam unir-se numa fundação que as represente, "para não estarmos sozinhos como em ilhas".

A ARIA Jardins começou em 2005 com sete pessoas e hoje apoia 27, agrupadas em três equipas de trabalho. Além dos donativos e do dinheiro que produz como empresa, recebe o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que lhe atribui uma verba por cada pessoa com doença mental que emprega. Um apoio que dura há dois anos e meio: seis meses de formação e dois de contrato.

"Não temos capacidade para ficar com todos. Já conseguimos integrar quatro pessoas, mas as outras têm de encontrar emprego noutros sítios", diz o gestor, Paulo Mendes.

E é esse o objectivo das empresas de inserção - a integração no mercado de trabalho. Reabilitá-las psicossocialmente é o das Instituições de Solidariedade Social que, como a ARIA, se dedicam à saúde mental (ver caixa). No País, mais de dois milhões de pessoas (22,9%) sofrem destas perturbações. Entre as mais frequentes contam-se a ansiedade e a depressão. Sofia é um dos casos que engrossa o número. E, apesar de "controlada", continua a enfrentar os seus medos e sentir-se ansiosa perante novas experiências. "Quando tenho de ir a algum lado", resume Sofia, que espera um filho.

Há 100 mil portugueses com esquizofrenia

A esquizofrenia atinge 1% da população portuguesa (100 mil pessoas), mas é das mais incapacitantes. Acompanhamento psiquiátrico não é suficiente para os doentes.

"Os distúrbios psicóticos como a esquizofrenia e o bipolarismo (que afecta aproximadamente 6% da população) surgem no final da adolescência, início da idade adulta. E, como na maior parte das vezes as pessoas ainda não iniciaram a sua vida profissional, é-lhes muito difícil habituarem-se a uma rotina, ao horário e às regras", explica Manuel Viegas Abreu, presidente da ReCriar Caminhos, associa- ção que fundou em 2008, por causa da esquizofrenia da filha. A associação ajuda pessoas com esta doença, através de "actividades psicoeducativas". Um apoio emocional feito através de entrevistas, a que as pessoas recorrem apenas quando precisam, porque o objectivo é evitar a dependência. "Queremos dar-lhes a capacidade de gerir as suas dificuldades." A associação tem psicólogos e técnicos ocupacionais, num complemento ao tratamento. "A medicação não é suficiente, é preciso ensiná--los a lidar com a doença", diz.