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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

A Organização das Nações Unidas proclamou o dia 3 de dezembro como o dia internacional da pessoa com deficiência.

Para mim este é um dia de reflexão … por isso deixo uma citação para que todos nós possamos reflectir um pouco mais…

“Sabes, Professor, 
É que eu sou gente 
Que sente 
E não queria ser diferente.

Pensa nisto por favor,
Às vezes fico revoltado 
E até amargurado.
Eu não sei bem explicar….
(…)
Tu estudaste 
E continuas a estudar.
(…)
E vem depressa ajudar-me,
Para eu ter alegria.
Deves falar com a minha mãe, 
Para ela aos pouquinhos
Me entender melhor também.”

Maria do Céu (1995 cit. por Sanches, 2001, pp. 12-13)


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Cumpra-se o calendário das consciências

A agenda das consciências determina que hoje se cumpra o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Como é costume, surgirão variadíssimas peças na comunicação social, ouvir-se-á alguma da retórica política aplicável à matéria em apreço, teremos alguns testemunhos, positivos e negativos, de pessoas com deficiência, assistiremos a algumas iniciativas das instituições que operam nesta área, referir-se-ão alguns avanços de natureza tecnológica, como se sabe as tecnologias mudam mais depressa que as pessoas, e amanhã o mundo volta-se para outra questão.

No que respeita à questão da deficiência algumas notas soltas.

Em primeiro lugar deve dizer-se que, como acontece em outras áreas, a legislação portuguesa é positiva e promotora dos direitos das pessoas, mas a sua falta de eficácia e operacionalização é bem evidenciada na tremenda dificuldade que milhares de pessoas experimentam no dia-a-dia que decorre, por exemplo, da falta de fiscalização relativa às questões das acessibilidades e barreiras nos edifícios.

Existem ainda muitos serviços públicos e outro tipo de equipamentos de prestação de serviços com barreiras arquitectónicas intransponíveis, a que os cidadãos com deficiência só podem aceder com ajuda de terceiros e, mesmo assim, com dificuldade.

Os transportes públicos de diferente natureza também colocam enormes problemas na acessibilidade por parte de pessoas com mobilidade reduzida.

As normas de construção não são respeitadas, mantendo-se em edifícios novos a ausência de rampas ou a sua existência com desníveis superiores ao estabelecido, constituindo, assim, um risco sério de queda.

Para além deste quadro, suficientemente complicado, ainda há que contar com a prestimosa colaboração de muitos de nós que estacionamos o belo carrinho em cima dos passeios, complicando ou proibindo, naturalmente, a circulação de cadeiras de rodas. Os passeios, nem sempre com as medidas determinadas por lei, são, por vezes e quase na totalidade, ocupados com esplanadas que, claro, são só mais uma dificuldade para muita gente.

A vida de muitas pessoas com deficiência é uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de forma inaceitável a limitação na mobilidade que a sua condição, só por si, pode implicar.

Também para as crianças com deficiência e respectivas famílias a vida é muito complicada face à qualidade e acessibilidade aos apoios necessários apesar do empenho e profissionalismo da maioria dos profissionais que trabalham nestas áreas. Os tempos que correm são particularmente gravosos nesta matéria como muitas vezes tenho referido.

Como é evidente, existem muitas outras áreas de dificuldades colocadas às pessoas com deficiência, designadamente apoios sociais, qualificação profissional e emprego, em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão são elevados traduzido em taxas de desemprego entre pessoas com deficiência muitíssimo superiores à verificada com a população sem deficiência.

Termino com uma afirmação que recorrentemente subscrevo, os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela forma como lidam com as minorias e as suas problemáticas.

No entanto, também nesta matéria sopram ventos adversos.

Texto de Zé Morgado

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Comemorações Nacionais do Dia internacional das Pessoas com Deficiência - 3 de dezembro de 2012

O Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., enquanto organismo que planeia, coordena e executa as políticas desta área irá proceder às Comemorações Nacionais do Dia internacional das Pessoas com Deficiência - 3 de dezembro de 2012, sob o lema - " Eliminar barreiras para criar uma sociedade acessível e inclusiva para todos".

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, instituído, em 1992, pela Assembleia Geral da ONU, ambiciona sensibilizar, mobilizar e comprometer toda a humanidade para a concretização dos Direitos Humanos destes Cidadãos, reafirmados na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência , numa Sociedade para Todos.

A opção pelo dia 3 de dezembro, prende-se com a data de aprovação do emblemático Plano Mundial de Ação da ONU, em 1982, resultante das dinâmicas e das expectativas criadas no Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, em 1981.

O INR, I.P., promoverá a Sessão Oficial, na tarde do dia 3 de Dezembro, na FIL, em Lisboa, em cujo programa, em anexo, além de momentos culturais, sérá dado especial destaque a um painel sobre Inclusão das Pessoas com Deficiência, à entrega dos Prémios INR, I.P., e à assinatura de um protocolo SIM-PD.

A presença nesta sessão pressupõe a inscrição através do email - susana.m.guia@inr.msss.pt. Participação sujeita à lotação da sala.

In: INR

sábado, 3 de dezembro de 2011

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência assinala-se hoje


O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência assinala-se hoje, quando a maioria destes cidadãos continua excluída do exercício de direitos e é discriminada no acesso em condições de igualdade ao ensino, emprego, habitação e transportes, alerta a Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD).

A Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD), em comunicado, refere que as promessas de combate à exclusão social e de promoção de uma sociedade inclusiva não têm tido tradução prática em Portugal, na adopção de políticas públicas que garantam "a satisfação efectiva das necessidades específicas" das pessoas com deficiência. 

Segundo a CNOD, os portugueses portadores de deficiência vivem o dia-a-dia com falta de acessibilidades, maiores gastos com a saúde, maior dificuldade na obtenção de posto de trabalho e no acesso ao ensino. 

Portugal foi dos primeiros países a assinar em 2007 a convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos das pessoas com deficiência, mas falta ainda a sua ratificação em sede parlamentar. 

Fonte do gabinete do ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva, disse que a convenção seguiu para a Assembleia da República logo após a assinatura em Nova Iorque, em Março de 2007, mas aguarda ainda agendamento para ratificação. 

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência realiza-se desde 1998, por iniciativa da ONU, e tem como principal objectivo a motivação para uma maior compreensão dos assuntos relativos à deficiência e a mobilização para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar destas pessoas.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

3 de Dezembro de 2011 - Sessão oficial do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

No Colégio Militar, no Largo da Luz, em Lisboa, na manhã de 3 de Dezembro de 2011, o Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. promove a Sessão Oficial das Comemorações Nacionais do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, sob o lema "Juntos por um mundo melhor para Todos", em consonância com a proposta temática da ONU. 

O Programa desta Sessão Oficial incide especialmente na apresentação pública de novos títulos da Colecção Informar do INR, I.P. e do Relatório (e-book) do Grupo de Trabalho Media e Deficiência. 

Destaca-se, igualmente, a entrega dos Prémios do Concurso Cartaz DIPD 2011 e do Prémio de Inovação Tecnológica Eng. Jaime Filipe, bem como a Assinatura do Protocolo SIM-PD com a Câmara Municipal de Loures. 

No início e no encerramento desta sessão, terá lugar a expressão artística com a actuação do Coro do ACIDI e da Associação Vo'Arte. 

Através da visibilidade de importantes estudos, de projectos de investigação e de projectos culturais inclusivos, o INR, I.P. dá mais uma oportunidade à informação e à sensibilização sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, à luz dos Princípios da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

In: INR

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ACAPO e IKEA inauguram Centro de Actividades da Vida Diária

A ACAPO e a IKEA Portugal inauguraram no dia 3 de Dezembro, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o Centro de Actividades da Vida Diária – Delegação de Coimbra, que alberga o projecto “Crescer Sentindo”, vencedor da primeira edição do Fundo IKEA Colabora em Portugal.

O evento que decorreu com a presença da country manager IKEA Portugal, Kristina Johansson, e do presidente da ACAPO, Carlos Lopes, apresentou pela primeira vez o espaço que materializa o projecto vencedor do Fundo IKEA Colabora, iniciativa inserida na política de responsabilidade social da IKEA em Portugal.

“Crescer Sentindo”

O projecto “Crescer Sentindo”, da ACAPO, materializado do Centro de Actividades da Vida Diária permitirá, às pessoas com deficiência visual, a oportunidade de treinar as múltiplas actividades do quotidiano, de forma a maximizar a sua autonomia nas rotinas que fazem parte do dia-a-dia de todos nós.

Este Centro marca um passo na conquista de uma maior e melhor qualidade de vida e autonomia dos seus utilizadores, desde crianças a adultos. Só em Portugal, são cerca de 6.400 as crianças, entre os 0 e os 14 anos, com deficiência visual (de acordo com os Censos de 2001). No entanto, as estruturas especializadas no país, nomeadamente no que diz respeito a processos e terapias de estimulação sensoriais, são reduzidas. Em 2006, a ACAPO implementou sete salas de estimulação e desenvolvimento sensorial destinadas a indivíduos cegos ou com baixa visão, em outros tantos distritos do país. O Centro de Actividades da Vida Diária em Coimbra vem assim possibilitar às pessoas com limitação visual, da região centro de Portugal, o treino e desenvolvimento de actividades tão elementares como higiene pessoal e a alimentação, além de todas as tarefas diárias realizadas em casa.

Fundo IKEA Colabora

O Fundo IKEA Colabora, uma iniciativa através da qual a IKEA doa 50.000 euros para um projecto social nacional dedicado à saúde e educação de crianças em situação económica de risco ou de exclusão social, tem como objectivo reforçar a acção social da IKEA em Portugal, ao participar activamente no desenvolvimento e criação de oportunidades para as crianças no nosso país.

Com mais de 130 candidaturas de Norte a Sul do país, na primeira edição, o Fundo teve como principais critérios de avaliação das propostas candidatas o impacto social do projecto, a sua sustentabilidade, originalidade e criatividade.

O projecto vencedor – “Crescer Sentindo” da ACAPO – foi escolhido entre uma lista de três finalistas avaliada por uma Comissão de Avaliação constituída pela IKEA e pelo GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial. Os colaboradores IKEA Portugal foram, no entanto, os grandes responsáveis pela determinação do vencedor através de um processo de votação que envolveu, à data, os colaboradores das lojas IKEA em Portugal.

In: Ajudas

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vencedor do cartaz relativo ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 2010

 
A vencedora do Concurso Nacional do Cartaz alusivo ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência - 3 de Dezembro de 2010 - é Joana Margarida Ribeiro.

A autora frequentou o Curso Científico-humanístico de Ciências e Tecnologias, é membro do Clube de Astronomia da Escola Secundária das Caldas das Taipas e participou em 2009/2010 no projecto COMENIUS, que tem por objectivos gerais melhorar a qualidade e reforçar a dimensão europeia no ensino escolar, contribuir para a promoção da aprendizagem de línguas e promover a consciência intercultural.

Segundo a autora, a sua intenção foi causar uma impressão de choque,  para o que ilustrou uma  imagem de uma pessoa discriminada levada à solidão, ao desespero e ao sofrimento. Cores berrantes foram utilizadas, de modo a chamar a atenção, assim como texturas. não só no rosto como também no próprio "ambiente" sobre o qual o cartaz fala. 
 
A este respeito, interroga-se a autora:

"(...) deverá ser o facto de sermos diferentes servir como uma razão para nós próprios nos fecharmos num mundo à parte de tudo o resto? Não, pois mesmo que os outros vejam em nós algo que não somos, mesmo que tudo pareça com que nós sejamos a única coisa que não se "encaixa" no Mundo, porquê desistir? Porquê criarmos correntes e algemas que nunca estiveram lá na realidade? Porquê ceder aos estereótipos, perfis e imagens criadas por gente que não entende? Diferentes? Sim. E depois?" 

Foi atribuída uma menção honrosa a Maria Alice Carvalho. 
 
In: INR

sábado, 4 de dezembro de 2010

Empresas premiadas por integrar deficientes

O Governo Civil do Porto vai premiar, a partir do próximo ano, empresas que contratem cidadãos com deficiência. A distinção de natureza simbólica foi anunciada, ontem, sexta-feira, pelo governadora civil, Isabel Santos, no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.

O prémio de mérito distrital irá dividir-se em três modalidades: grandes empresas e entidades do sector público empresarial, entidades públicas, como instituições de solidariedade social, e pequenas e médias empresas.

A condição essencial para a candidatura é que as empresas tenham integrado, de Janeiro a Outubro de 2011, pessoas com deficiência com contrato a termo.

Ontem, sexta-feira, ainda sem a atribuição de galardões, Isabel Santos visitou um grupo de empresas que já se destacam na integração de pessoas com deficiência, como a Filinto Mota (Matosinhos), firma do ramo automóvel que há quatro anos empregou Bruno Luz, 27 anos, com deficiência mental.

Em 2006, Bruno conquistou a primeira experiência profissional como "estagiário de lavador". Quatro anos volvidos, passou a trabalhador efectivo, com iguais direitos dos outros funcionários. O administrador da empresa, Mota Santos, fala de uma experiência que o "enche de orgulho". "É o reconhecimento do nosso esforço", frisou.

Para a governadora civil "é importante que estas empresas sirvam de exemplo a outras firmas". Ontem, Isabel Santos também visitou a Nucleocar (Matosinhos), e a Fundação Obra do Padre Luís (Gaia), que também integram pessoas com deficiências nos seus quadros.
 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nova Estratégia Nacional traz 133 medidas de apoio às pessoas com deficiência

A nova Estratégia Nacional para a Deficiência, que é apresentada hoje, traz medidas como a criação de uma linha de financiamento para obras em casa ou um novo sistema de atribuição de medidas de apoio, entre um total de 133 medidas. Assinala-se hoje o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência.

Em declarações à agência Lusa, a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação explicou que a Estratégia Nacional para a Deficiência (ENDEF) vai estar em vigor entre 2011 e 2013 e tem um total de 133 medidas que dão continuidade ao Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade (PAIPDI, 2006/2009).

De acordo com Idália Moniz, este é um programa "integrado e multissetorial", que abrange medidas que foram "apresentadas e trabalhadas por 15 ministérios".

Entre as medidas previstas, a secretária de Estado destacou a revisão do regime jurídico da propriedade horizontal, "tendo em vista a implementação de condições de acessibilidade nas partes comuns dos edifícios".

"Tínhamos imensos problemas, porque quando há uma pessoa com mobilidade condicionada um dos condóminos pode opor-se a que seja instalado um produto de apoio e as pessoas ficam isoladas nos seus apartamentos", justificou.

Por outro lado, apontou a criação de uma linha de financiamento para a realização de obras em habitação própria permanente ou a promoção da acessibilidade nas unidades do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo Idália Moniz, com a nova estratégia as pessoas com deficiências ou incapacidades deixam de ir presencialmente aos serviços das Finanças provar a sua deficiência ou incapacidade, passando isso a poder ser feito eletronicamente.

Outra medida importante, segundo a secretária de Estado, é a implementação de um novo sistema de atribuição de produtos de apoio, ou seja, ajudas técnicas.

12,6 milhões de euros em ajudas técnicas

Idália Moniz lembrou que em 2009 o Estado atribuiu 12,6 milhões de euros em próteses e ortóteses, como cadeiras de rodas elétricas e manuais, camas articuladas, andarilhos e guardas para camas, entre outros.

Acrescentou que "havia uma necessidade profunda" de reutilizar e certificar estas ajudas técnicas, com o objetivo de que "cheguem cada vez mais cedo e a cada vez mais pessoas".

Idália Moniz esclareceu que os valores previstos para as ajudas técnicas "serão sensivelmente os mesmos".

"Queremos é que chegue a mais pessoas e tem que haver um controlo maior na prescrição, na atribuição e na reutilização também e na certificação para a reutilização", explicou.

"Esta estratégia tem o nome de estratégia porque tem aqui um compromisso com a sociedade civil, que até ao final do primeiro trimestre de 2011 nos levará em conjunto a definir uma intervenção que poderá chegar aos cidadãos por forma a vencer o preconceito", adiantou a secretária de Estado, justificando que os cidadãos "não têm noção da forma grosseira como discriminam os cidadãos com deficiência".

As medidas da ENDEF distribuem-se por cinco eixos: "Deficiência e Multidiscriminação", "Justiça e Exercício de Direitos", "Autonomia e Qualidade de Vida", "Acessibilidade e Design para todos" e "Modernização Administrativa e Sistemas de Informação".

Por: Lusa
 

Discriminação é "mais positiva do que negativa"

A noção que Bento Amaral tinha do tempo mudou. Arranjar-se antes de sair de casa, fazer uma simples assinatura ou pegar num copo passou a ser mais demorado, conta este enólogo de 41 anos que, há 16, ficou tetraplégico após ter batido com a cabeça num banco de areia enquanto apanhava boleia de uma onda.

Apesar de estar numa cadeira de rodas e limitado no movimento dos braços, este enólogo é campeão mundial de vela adaptada.

Hoje, é o responsável pela Câmara de Provadores no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP). Ou seja, a fiscalização de todos os vinhos passa por ele. Além disso, é professor na Escola Superior de Biotecnologia do Porto da Universidade Católica, precisamente em provas de vinho.

O acidente não impediu o engenheiro alimentar Bento Amaral de terminar o curso, apenas atrasou os estudos um ano. E esteve em Bordéus, em Erasmus. Ao JN, lembra a "dificuldade em arranjar emprego". Fazia trabalhos para a Universidade. E, três anos depois, apresentou, com sucesso, uma candidatura junto de uma empresa de telemanutenção que trabalhava com pessoas deficientes.

Entretanto, há 11 anos, outras oportunidades surgiram, ocupou a vaga aberta no IVDP e começou a dar aulas ao fim-de-semana.
"Sinto mais discriminação positiva do que negativa", garantiu. E é alvo de "mais simpatia" do que se não estivesse numa cadeira de rodas, diz Bento Amaral.

"Hoje em dia, sinto-me totalmente integrado", garantiu o chefe de serviço de prova. "Deixamos de reparar que as pessoas olham para nós", disse ainda. No geral, "estão hoje mais sensibilizadas".

O acidente também não o impediu de encontrar o amor da sua vida. É casado há três anos. E pediu a mulher em casamento a bordo de um helicóptero.

Pelo contrário, a vela "está parada", conta Bento Amaral, com tristeza no olhar e explicando ser impossível conciliar esta e as outras vertentes da sua vida.

Até ao fim de semana anterior ao acidente, praticou vela. Retomou em 2001, graças a um casal de australianos que tinha um barco adaptado. Em 2004, ficou em segundo num campeonato mundial, na Austrália. Em 2005, ganhou o mesmo campeonato em Itália. A partir daí, entrou nos Paraolímpicos e, com Luísa Silvano, qualificou Portugal pela primeira vez na modalidade. Além disso, bateu um recorde mundial de velocidade de esqui adaptado.

Olhando para trás, garante que apenas conseguiu resistir graças ao apoio da família e dos amigos.
 
In: JN online

Olhares eram de pena, agora são de admiração

Nasceu sem mãos e sem pernas, mas não deixou de fazer o que lhe apeteceu. Isso inclui andar de moto-quatro, fazer bodyboard ou saltar de pára-quedas. Aos 29 anos, o actor Paulo Azevedo assume viver "sempre no limite". Usa próteses nas pernas desde os quatro anos (tem pavor de cadeiras de rodas), mas recusou pôr nos braços, "porque não sentia as coisas". Considera-se "uma pessoa normal".

"Gosto muito de mim. Quando sonho comigo, sou sempre assim", diz. Por vezes, quando querem pedir-lhe autógrafos, perguntam a quem o acompanha: "Ele consegue escrever?". Consegue.
Espantava quem o via tirar notas, na Universidade de Coimbra, onde frequentou o curso de Jornalismo, que não chegou a concluir. "Não acabei Jornalismo, fui embora. Andei um ano sem arriscar, com medo de ouvir os "nãos"", lembra.

Paulo Azevedo, que começara a fazer teatro amador logo em menino, acabou por ir para Lisboa, estudar para ser actor, sonho antigo, que realizou. Fez parte do elenco da novela da SIC "Podia Acabar o Mundo", mas a grande mudança deu-se antes, com a transmissão, no mesmo canal, em 2008, da reportagem "Uma Vida Normal", de Sofia Arêde, com imagem de Jorge Pelicano, retratando o seu quotidiano.

É ele quem garante: "Antes da reportagem, quando eu ia para a praia, as pessoas olhavam para mim com pena e, de um dia para o outro, começaram a olhar para mim com admiração". O livro com o mesmo nome da reportagem vai na quarta edição.

Hoje, Paulo Azevedo sente-se acarinhado na rua. Ao ponto de um homem ter desistido de o assaltar, à porta de casa, em Lisboa, quando o reconheceu: "Deixou cair a faca e foi-se embora, constrangido". Só que nem sempre foi assim. Não esquece os comentários feitos "em voz alta, como se não ouvisse". Assegura: "Se algum dia tivesse que agradecer por algum prémio que ganhasse, agradecia, especialmente, às pessoas que me diziam, na praia: "Coitadinho, mais valia não ter vindo ao mundo". Fiz das fraquezas forças".

Tem uma meta: ser visto como "um actor perfeitamente normal". E "continuar a mostrar que as pessoas ditas diferentes são tão capazes como as ditas normais". Paulo Azevedo, a trabalhar, actualmente, numa longa-metragem, diz que, embora esteja a melhorar, "Portugal ainda é muito preconceituoso". Ouviu muitos "nãos", até chegar aqui. Mas valeu a pena: "Sabes o que é acordares de manhã e ires fazer uma coisa de que gostas?".
 
In: JN online

Sílvio vive numa cadeira de rodas mas dança

Sílvio ficou paraplégico aos 19 anos e hoje é um faz-tudo na empresa. Vítor foi dado como morto e agora testa a resistência da cortiça. Cláudio é tetraplégico, criou o próprio negócio e manipula imagens. João sofreu um traumatismo craniano, encontrou trabalho e corrige desenhos técnicos no computador. Hoje é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Tinham planos e, de repente, o tapete do destino sacudiu-lhes o corpo e a cabeça. Quiseram desistir, esconder as incapacidades, ignorar a realidade. Reaprenderam a viver, reajustaram os projectos de vida. Sílvio, Vítor, Cláudio e João procuraram formação e arranjaram trabalho. De consumidores de pensões sociais passaram a contribuintes que também fazem girar a economia.

No primeiro dia de trabalho na Metro do Porto, Sílvio Nogueira não se apercebeu de que havia gente à sua espera, à entrada do edifício de 16 andares. Fez o habitual cavalinho com a cadeira de rodas para transpor um degrau do prédio, meteu-se no elevador e apresentou-se ao serviço. Quando soube, agradeceu a preocupação e garantiu que não precisava de ajuda. No início, corriam à sua frente para lhe abrirem as portas. Não demorou muito tempo a demonstrar que as suas mãos tinham a mesma eficácia. Mas a melhor resposta veio do chefe de gabinete. O departamento técnico de desenho estava em mudanças, havia caixotes para transportar e Sílvio perguntou se precisavam de ajuda, convicto de que ouviria um habitual "não, deixe estar". Escutou, porém, um "sim, quantos mais melhor, assim acabamos isto mais depressa". Sentiu que estava no sítio certo.

Estudou desenho, medição e orçamentação e está na Metro do Porto desde 2007. Seis meses de estágio, prolongados por mais meio ano, seguindo-se um ano de contrato e entrada nos quadros. "Sou um faz-tudo, um multifunções: apoio os colegas arquitectos e engenheiros, trato das impressões, faço trabalhos em 3D, acabo por ser uma muleta." Para não depender da disponibilidade alheia, comprou uma cadeira de rodas que lhe permite ficar quase em pé. Passa de uma cadeira para a outra e abre os armários para colocar, retirar ou arrumar os dossiers das prateleiras mais altas. A mesma posição permite-lhe cortar folhas na guilhotina sem ajuda.

"Não é por estar como estou que vou deixar de trabalhar. A integração foi fácil, somos todos adultos e acredito que a minha presença na empresa ajudou muito os meus colegas a encararem as pessoas com deficiência", diz. A Metro do Porto teve de fazer adaptações, alargou a porta de acesso a uma casa de banho e esta também foi ajustada conforme as regras. Cedeu um local na garagem do prédio porque os lugares exteriores destinados a deficientes estavam sempre ocupados (bem ou mal). Sílvio aborrece-se com carros estacionados nas rampas, acessos com inclinações absurdas, falta de espaço nos passeios. E tanto falou, falou, que o senhor da farmácia colocou uma rampa de acesso.

Sílvio tem 26 anos, é natural dos Açores. Nasceu na Terceira, aos 10 anos foi viver para o Faial. Agora vive sozinho em Gaia e tem uma vida ocupada: quartas e sextas à noite treino de basquetebol em Braga, sábados de manhã ensaios de danças de salão do grupo Two Generations nos Bombeiros de Gondomar. "Era um pé-de-chumbo, só dançava música de discoteca", conta. Agora andam a assediá-lo para aprender karaté. Sempre que pode, viaja para países onde tem amigos - "é uma forma de poupar". Já passou pela Grécia, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha.

Ficou paraplégico aos 19 anos, num acidente de viação. Trabalhava na construção civil e jogava futebol num clube da terra. A 4 de Maio de 2003, saiu de casa para receber uma faixa das vitórias conquistadas. "Era o Dia da Mãe. Não tinha comprado nenhum presente e disse à minha mãe que a faixa seria a melhor oferta." Pouco depois, o pneu do monovolume que transportava oito pessoas rebentou e a viatura capotou. Sílvio foi o ferido mais grave. "Íamos a 45 quilómetros/hora." Não perdeu a consciência, zangou-se com os bombeiros quando lhe cortaram a camisa que tinha comprado duas semanas antes. Foi transportado para o Hospital da Horta, no dia seguinte para o São José, em Lisboa, onde esteve cinco meses. E daí partiu para Vicenza, em Itália, para reabilitação durante seis meses. Foi onde conheceu uma rapariga que só mexia a cabeça e que quando sorria iluminava todas as vidas ao redor. Sílvio percebeu que a felicidade estava ao seu alcance. "Tenho fé, sou católico. Se, dos oito que iam na carrinha, Deus me escolheu, foi por algum motivo. Tenho orgulho da pessoa que sou." Um sensor nos óculos

Cláudio Poiares não esconde a satisfação pela "boa ideia" que teve ao criar o seu próprio negócio. Aos 15 anos, tinha acabado o 9.º ano, era atleta federado de canoagem, queria ser professor de Educação Física, pensava casar-se e ter filhos. "Tinha ideias fixas, gostava de planear o meu futuro, tinha tudo delineado", confessa. Um mergulho no rio Douro, num intervalo dos treinos de canoagem, alterou-lhe alguns planos. O pescoço bateu no fundo do rio, percebeu imediatamente o que tinha acontecido. "Uma semana antes tinha visto uma reportagem sobre uma situação semelhante. Percebi que estava lixado." Ficou tetraplégico, dependente para quase tudo, praticamente só mexe a cabeça. Hoje, com 28 anos, é casado e tem um filho de oito anos. Entretanto decidiu estabelecer-se por conta própria, Cláudio Poiares Multimédia é o nome da empresa que criou em 2006. Restaura fotografias antigas, manipula imagens, passa cassetes VHS para DVD, decora vídeos festivos com composições gráficas e músicas. É através de um sensor que tem nos óculos que mexe o rato do computador. Fá-lo com desenvoltura para dar resposta às encomendas de familiares, amigos, amigos de amigos. A melhor publicidade é o passa-palavra. Mesmo assim, não está fácil. "Não dá para ganhar muito dinheiro", adianta.

De 1997 a 2006, desenvolveu o gosto pela fotografia, tirou uma formação em Informática e outra em Multimédia. O centro de emprego forneceu-lhe todo o material para o negócio. "Não acreditava que seria possível, achava que seria muito difícil criar o meu negócio porque em Portugal ninguém ajuda ninguém." Enganou-se. Trabalha em casa, a sua dependência é quase total, a mulher tem o seu emprego, o filho está na escola. Com um apoio financeiro, conseguiu contratar uma empregada que o ajuda durante a semana. Só com essa ajuda pôde morar com a mulher e o filho, deixando a casa dos pais.

É disciplinado, definiu o seu horário. "Trabalho sempre que posso, por vezes também ao fim-de-semana." Gosta de passear à beira-mar, ver filmes, estar com o filho, ver as canoas no rio. O clube de Zebreiros, Gondomar, baptizou um torneio com o seu nome. Cláudio tem mais um projecto nas mãos: está preparado para contar a sua história numa autobiografia. "Na minha situação, tetraplégico, com o meu grau de deficiência, não conheço ninguém que tenha conseguido arranjar emprego." As lembranças não se apagam. "Os primeiros meses foram muito duros e foi muito importante poder realizar-me como homem e como pai."

A mão para os amigos

Vítor Costa, 34 anos, sofreu um acidente de trabalho grave, mas também conseguiu redefinir os seus projectos. É técnico de laboratório no departamento de Desenvolvimento da Amorim Revestimentos, empresa do grupo Amorim, situada em São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira. Quando os colegas lhe pedem uma mãozinha, responde que sim, ri-se e acrescenta que só tem mesmo uma para dar. O braço direito perdeu mobilidade, tem uma incapacidade de 67,5 por cento. Vítor desperta-o de vez em quando, para voltar a arrancar alguns acordes da guitarra, mas continua a cumprimentar os amigos com a mão esquerda. "Essa é a mão para os amigos.""É tudo uma questão de prática. Não tenho vergonha da minha incapacidade", afirma. Regressou à Amorim há dois anos, recebeu formação interna para as novas funções. Hoje testa a cortiça em vários ensaios, a reacção dos materiais a diferentes temperaturas, analisa o desgaste abrasivo dos produtos, verifica a resistência à pressão do peso. "A empresa sempre me apoiou. Quando regressei, analisámos a função mais adequada à minha incapacidade", recorda.

O regresso não foi fácil. "Foi um misto de emoções." Nova secção, novas tarefas, um outro método para assimilar. "Mas acabei por adaptar-me bastante bem." O tempo em que pensava que não voltaria a trabalhar rapidamente se tornou passado. "Os meus colegas receberam-me muito bem, nunca me rejeitaram, ajudaram-me bastante nas dúvidas e ainda hoje estão sempre disponíveis." Mesmo assim, tenta evitar ajudas. "Estou muito satisfeito por saber que consigo fazer o trabalho, o que é muito importante. Sinto-me realizado."

A 3 de Novembro de 2004, a lixadeira de bases de cortiça apanhou-lhe o braço e arrastou-o. Vítor, que na altura trabalhava na produção, foi dado como morto, teve três paragens cardiorrespiratórias, lesões no pulmão, no fígado, em várias partes do corpo. Esteve dois meses em coma, quatro meses entubado, sujeitou-se a nove cirurgias em dois anos e meio, apanhou uma pneumonia no pulmão que se tinha aguentado ao acidente, chegou a pesar 29 quilos. Seguiu-se um processo de recuperação de quatro anos, teve de reaprender a andar. Deixou de jogar futebol, mas regressou ao clube de Paramos, Espinho, onde mora, para fazer parte da direcção.

João Correia, 25 anos, já não pode correr pelos campos de São Pedro do Sul, mas encontrou outras ocupações. Pratica hipismo, tem um blogue, faz parte de um grupo de jovens que organiza festas, o Carnaval, corridas de carrinhos de rolamentos. E, de vez em quando, desenha no computador objectos a que depois dá forma na carpintaria do irmão. Um tabuleiro de damas faz parte dessa colecção.

Uma bola anti-stress

Há um ano que João trabalha na Martifer, empresa de construção e de energias renováveis, em Oliveira de Frades, depois de ter frequentado uma formação em desenho assistido por computador. Capacidades analisadas, foi hora de apalpar o pulso ao mercado de trabalho. Já faz parte dos quadros. "Os meus colegas encaram-me como uma pessoa normal." A concentração é fundamental. Tem de estar muito atento, seguir as indicações dos engenheiros, passar os desenhos de construção para o computador e verificar se há algum erro antes de dar ordem de impressão. Garante que está a dar conta do recado. O chefe ofereceu-lhe uma bola anti-stress vermelha, em forma de coração, para treinar a mobilidade das mãos. "Está a ser muito bom, estou a conhecer o mundo profissional. Dão-me apoio, mas dão-me trabalho. Tenho a minha vida encarreirada."

João tem o lado direito do corpo e a voz afectados. Tinha 16 anos, estava a 200 metros de casa, e numa curva seguida de uma contracurva o condutor de uma moto ainda mais potente do que a sua decidiu encurtar caminho e sair da sua faixa. Choque frontal. João sofreu um traumatismo cranioencefálico, ficou dois meses em coma. Não desistiu. "Era uma pessoa do campo, que gostava de correr e de saltar pelos matos e, de um momento para o outro, o acidente mudou-me a vida." Os primeiros meses foram complicados, mas acabou por se decidir a sair de casa. Voltou à escola, fez o 12.º ano, e ainda andou de olho no ensino superior. Queria tirar um curso ligado a uma engenharia. "Queria ser alguém na vida, andei a sondar universidades, mas percebi que não tinha capacidades." Fez reabilitação neuropsicológica e desceu à terra. "Comecei a ver o mundo como realmente era, ainda andava um pouco na lua." Hoje, com os pés assentes no chão, sabe o que pode fazer e todos os dias tenta dar o seu melhor num gabinete envidraçado da Martifer. O Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG) é uma das instituições que se dedicam à integração das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Sílvio, Cláudio, Vítor e João passaram por lá. O Centro de Reabilitação Profissional de Alcoitão, o Centro de Educação e Formação Integrada, o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro (Rovisco Pais) com apoio do CRPG, entre outros, também trabalham esta ligação. A falta de qualificações e os preconceitos instalados são os maiores obstáculos à integração e, por isso, é importante investir na formação e sensibilizar os empresários para um sistema que, muitas vezes, desconhecem. "O nosso papel é apoiar o encontro das duas realidades", refere Jerónimo Sousa, director do CRPG. Cada caso é um caso e o acompanhamento personalizado faz a diferença. "É importante um apoio individualizado, analisar situação a situação, numa lógica de apoio prolongado. Sentindo que têm essa retaguarda técnica à mão, sentem-se mais confiantes."A interrupção abrupta de um projecto de vida é um assunto complexo. "É um problema surdo, que não se ouve, que está metido nos cantos das casas, nos cantos dos cafés", sustenta Jerónimo Sousa. Em 2007, um estudo do CRPG, realizado em parceria com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, revelava que 28,7 por cento dos homens com deficiências e incapacidades tinham trabalho. Percentagem que descia para 24,1 por cento no caso das mulheres. Na distribuição por sexos, as mulheres predominavam nas funções não qualificadas e os homens nos cargos de operários e artífices. A taxa de actividade tendia a diminuir com a idade e verificava-se um índice de desemprego duas vezes e meia superior à média nacional. O cenário actual não é animador, devido à retracção da economia.
 

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

O Relatório Warnock Report (inquérito oficial à educação especial no Reino Unido) em 1978 introduziu pela primeira vez o conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE), em substituição do termo deficiente. Para além de uma mudança de conceito, apelava-se a uma filosofia educativa face ao indivíduo portador de deficiência.  

A Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) refere que a escola regular é responsável pela educação das crianças com deficiência. O conceito base é o da Integração, defendendo-se que todos têm direito à educação nas estruturas regulares.
 
O Decreto-Lei 35/90 no artigo 2º, menciona que os alunos com NEE, resultantes de doenças físicas ou mentais estão sujeitos ao cumprimento da escolaridade obrigatória, mas é o Decreto-Lei 319/91, de 23 de Agosto que vem regulamentar a adaptação de condições para crianças com NEE, revogado pelo 3/2008, de 7 de Janeiro.

A Declaração de Salamanca em 1994 introduz o termo inclusão, referindo que todos pertencem à escola e que todos devem aprender juntos, sendo a escola capaz de satisfazer as diferentes necessidades das crianças. Apela-se assim à escola inclusiva. A escola define-se como escola para todos.
 
Em 1997 as Orientações Curriculares para a educação pré-escolar referem a escola inclusiva, o que implica planificação de estratégias diversificadas no âmbito da pedagogia diferenciada para o grupo, pois cada ser é único, sendo a diferença um valor e não factor de discriminação, se pensarmos que a diferença é sinónimo da identidade de cada um de nós, numa sociedade que apela a um conceito normativo de Igualdade precisamente porque somos diferentes. O Despacho Conjunto nº 105/97, de 1 de Julho vem regulamentar a prestação de serviços de apoio educativo a crianças com NEE.
 
Nos finais de Março de 2002, realizou-se em Madrid o Congresso Europeu sobre deficiência, onde os diversos congressistas presentes proclamaram 2003 como o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, tendo como objectivo, a sensibilização para se proporcionar uma vida válida a todos os indivíduos portadores de deficiência, no sentido de se criar igualdade de oportunidades e protegendo direitos.
 
Alguma coisa tem vindo a ser feita no âmbito de intervir e respeitar a diferença, muito está ainda por fazer.
É importante que, como data comemorativa, o dia de hoje, não seja simbolicamente uma comemoração, mas sim uma possibilidade de reflexão do que se tem vindo a ignorar, de modo a compreender e intervir na diferença, reflectindo nomeadamente sobre o que é em si a diferença, pois a concepção normativa homogénea do ser humano só existe enquanto espécie.
 
Pensar-se na deficiência é aceitar o outro incondicionalmente com atitudes menos discriminatórias e de maior tolerância e compreensão. Tal como refere Bronfenbrenner (1977), o mais decisivo para o desenvolvimento são os processos e as interacções recíprocas e cada vez mais complexas ao longo de um período de tempo, que se estabelecem entre os indivíduos e não, as características estruturais do meio.

Existir legislação é fundamental, mas por si só não chega, a responsabilidade inclusiva começa em cada um de nós, desde cedo que as capacidades de cooperação entre as crianças devem ser vivenciadas, de forma em que as diferenças constituam um valor e não um problema.
 
Façamos uma reflexão de atitudes para além deste dia comemorativo.
 
A riqueza encontra-se na diversidade do ser humano e na capacidade de nos deslumbrarmos na relação com os outros. Para isso é fundamental aproximarmo-nos uns dos outros e nos tornamos mais únicos e autênticos, precisamos porém, de ser criativos para enfrentar alguns desafios.
 
Aproveitemos para começar já hoje!
 
 
Por: Elvira Cristina Silva
In: Pontos de Vista