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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

PORTUGAL EM PROJETO EUROPEU PARA ESTUDAR O AUTISMO

O Instituto Ricardo Jorge e o Hospital Pediátrico de Coimbra vão estar envolvidos num projeto europeu durante os próximos três anos para apurar o número de doentes autistas na Europa e melhorar os tratamentos.

Doze países europeus juntaram-se para apurar quantas pessoas sofrem de autismo, qual a melhor forma de detetar a doença e os custos económicos e sociais envolvidos nesta patologia do foro psiquiátrico.

O Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com o Hospital Pediátrico de Coimbra, vai estar envolvido neste projeto que durará três anos e custará 2,1 milhões de euros.

Sabe-se que 50% dos casos de autismo nas crianças provêm de marcadores genéticos mas pensa-se também que fatores ambientais possam influenciar e agravar a doença.

Os investigadores pretendem que o estudo sirva para traçar políticas comuns de diagnóstico e aumente os apoios para os países europeus envolvidos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Excesso de conexões cerebrais pode explicar autismo

O cérebro das crianças e adolescentes com autismo tem um excesso de sinapses - zonas ativas de contacto entre neurónios - justificado por um processo mais lento que o normal de eliminação durante o desenvolvimento, o que afeta profundamente o funcionamento cerebral. A conclusão poderá vir a revolucionar as estratégias terapêuticas usadas para tratar este distúrbio.

A descoberta em causa é da responsabilidade de um grupo de neurocientistas do Columbia University Medical Center (CUMC), nos EUA, cujo estudo foi publicado a semana passada na revista científica Neuron. 

Segundo os investigadores, a rapamicina, fármaco habitualmente utilizado como imunossupressor, foi capaz de restaurar o processo natural de eliminação de sinapses em ratinhos com comportamentos autistas, mesmo sendo administrada depois do aparecimento destes comportamentos.

Embora o medicamento tenha efeitos secundários que podem vir a impossibilitar a sua administração em pacientes com autismo, "o facto de se observarem alterações no comportamento sugere que o distúrbio pode ser tratável mesmo depois do diagnóstico se for possível encontrar um fármaco mais adequado", afirma David Sulzer, um dos autores do estudo, em comunicado. 

Durante o desenvolvimento normal do cérebro, que começa na infância, dá-se uma explosão de sinapses, em particular no córtex e, posteriormente, na adolescência, um processo de eliminação faz desaparecer cerca de metade destas sinapses. Ao longo de vários anos, os cientistas têm, porém, desconfiado de que este processo pode não ser tão eficaz em pacientes com autismo, uma hipótese que o CUMC confirmou com sucesso.

Para a sua confirmação, Guomei Tang, coautor da investigação, examinou cérebros de crianças e adolescentes com autismo que morreram de outras causas - 13 dos quais de pacientes com idades entre os 2 e os 9 anos e outros 13 com idades entre os 13 e os 20 anos, analisando também 22 cérebros de jovens sem o problema com fins comparativos.

"Esta é a primeira vez que alguém procurou e encontrou uma falha na eliminação de sinapses durante o desenvolvimento de crianças com autismo", destaca Sulzer, acrescentando que os cérebros de autistas avaliados apresentavam também sinais de envelhecimento e danos e grandes deficiências ao nível da autofagia, processo pelos qual as células eliminam os seus próprios componentes. 

Em resultado do estudo, e depois de ter conseguido reverter comportamentos autistas em ratinhos com recurso à rapamicina, a equipa acredita agora que uma abordagem semelhante poderá obter bons resultados em pacientes humanos mesmo depois do diagnóstico. 

Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês). 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Estudo - Mulheres autistas são mal diagnosticadas

As mulheres com autismo são com fequência mal diagnosticadas e diagnosticadas tardiamente, o que faz com que não sejam apoiadas a tempo, revela uma investigação internacional que defende que o diagnóstico pode evitar sofrimentos futuros.

O projeto internacional dá pelo nome de 'Autism in Pink', foi financiado pela União Europeia e decorreu durante quatro anos, coordenado pela Sociedade Nacional de Autismo do Reino Unido e com a participação das organizações Edukacinai Projektai, da Lituânia, a Autismos Burgos, da Espanha, e a Federação Portuguesa de Autismo.

O principal objetivo deste projeto foi estudar as mulheres com autismo, as suas necessidades e competências, ajudando-as a ultrapassar as suas dificuldades.

No decorrer do projeto foi reconhecido "ser norma" que os diagnósticos são feitos de forma tardia nas mulheres, algo provavelmente explicado pelo facto de esta ser uma doença que afeta maioritariamente homens.

Segundo a investigadora Judy Gould, da Sociedade Nacional de Autismo do Reino Unido, o diagnóstico tardio é consequência da "natureza escondida" do autismo entre as mulheres, defendendo, por outro lado, que o diagnóstico é o ponto de partida para dar o apoio adequado e necessário a estas mulheres.

A mesma investigadora aponta que a prevalência do autismo é de 1 para cada 100 pessoas e que as investigações mais recentes dão um rácio masculino/feminino de 1,4 para 1 e 15,7 para 1, mas defendeu que "há um forte desvio de género em relação ao diagnóstico de rapazes".

Por outro lado, Judy Gould sustenta que um diagnóstico atempado "pode evitar as dificuldades que as mulheres e raparigas sofrem durante a sua vida", ao mesmo tempo que ajuda na avaliação das necessidades ao nível da educação, lazer, residência, relações sociais ou emprego.

A investigação mostrou que "o estereótipo masculino ensombrou o problema do diagnóstico" feminino e revelou também que enquanto os rapazes autistas são mais hiperativos e agressivos, as raparigas são mais passivas e recolhem informação mais das pessoas do que das coisas.

"Os sistemas correntes não dão exemplos dos tipos de dificuldades mostrados pelas raparigas e mulheres e não são bons para reconhecer os sintomas do autismo nas raparigas e mulheres", uma vez que "os métodos usados para diagnosticar estão desviados para a apresentação masculina da condição", revela a investigação.

O estudo internacional defende que as dificuldades centrais são semelhantes tanto em homens como em mulheres com autismo, apesar de a forma como o autismo afeta cada individuo ser altamente variável.

Especificamente em relação às características das mulheres com autismo, o 'Autism in Pink' mostra que são mais competentes para "cumprir ações sociais por imitação atrasada", são mais conscientes e sentem necessidade de interagir socialmente.

Por outro lado, são socialmente mais imaturas e passivas do que os colegas sem autismo, na escola primária são mais "protegidas" pelas colegas, mas são normalmente vítimas de 'bullying' na escola secundária.

Segundo esta investigação, as raparigas "têm capacidades linguísticas superiores à dos rapazes", mas têm pouco conhecimento da hierarquia social e de como comunicar com pessoas de diferente estatuto.

Mostra também que elas "têm melhor imaginação" e "mais capacidade de jogo simbólico", mas às vezes têm dificuldade em separar a realidade da ficção.

Estes e outros resultados serão apresentados sexta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no decorrer da apresentação do projeto 'Autism in Pink'.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Croácia: robôs ajudam investigadores em diagnósticos a crianças com autismo

Na Croácia, investigadores da Universidade de Zagreb estão a recorrer a robôs para diagnósticos e tratamentos em crianças com autismo. Os resultados têm-se revelado relativamente positivos

Luka é um menino croata com quatro anos de idade e que sofre de Desordem do Espectro Autista (DEA, ou ASD em inglês), uma deficiência no desenvolvimento que inibe competências de comunicação, sociais e comportamentais. A DEA é também difícil de detectar em crianças tão novas, o que significa que o seu diagnóstico, além de um tratamento adequado, só ocorre tardiamente, geralmente a partir dos cinco ou seis anos de idade.

O seu melhor amigo é um robô chamado Rene, produzido em França e que está a ser utilizado num projecto conjunto entre duas instituições da Universidade de Zagreb - a Faculdade de Educação Especial e Reabilitação e a Faculdade de Engenharia Electrónica e Computação - numa iniciativa que recorre a robôs de forma a poder realizar diagnósticos e um acompanhamento mais eficaz em casos de crianças que sofram desta desordem.

Este caso também não é único - Rene tem sido utilizado com o mesmo propósito por instituições de todo o mundo.

Robôs ao auxílio da humanidade?

O objectivo real de Rene não passa por substituir um terapeuta real, mas antes por funcionar como uma ferramenta que permite recolher dados mais facilmente e realizar testes a padrões comportamentais muito específicos.

Este pequeno robô vem equipado com colunas, microfones e é capaz de registar o que ocorre à sua volta (dados como vocalizações da criança, grau de proximidade com os seus pais, número de vezes em que inicia a comunicação ou o número de vezes em que estabelece contacto visual).

"Para crianças com autismo, o robô é um estímulo que é muito simples e sempre semelhante", afirma a investigadora Jasmina Stosic, citada no Rferl.org. "As pessoas são muito complicadas para crianças assim porque, quando nós falamos, fazemos vários gestos. Num dia estamos a usar uma t-shirt vermelha, noutro uma azul. O robô é um estímulo constante, as crianças não precisam de pensar tanto em informações diferentes e podem assim concentrar-se no essencial".

Segundo os investigadores, o pequeno robô tem originado reacções positivas nos testes realizados até à data. "Crianças com défice de atenção, que têm dificuldades em estabelecer contacto visual, reagem relativamente bem ao robô", afirma a investigadora Maja Cepanec. "Elas observam-no e ficam entusiasmadas com ele. Até agora, as nossas experiências têm sido relativamente positivas".


In: I online

terça-feira, 18 de junho de 2013

Grávidas expostas à poluição com maior risco de gerar filhos autistas

Mulheres expostas durante a gravidez a níveis de poluição do ar elevados nos EUA poderão ter o dobro do risco de dar à luz bebés autistas do que as grávidas que vivem em ambientes melhor protegidos, indica hoje um estudo.

"Trata-se do primeiro estudo nacional que examina a relação entre o autismo e a poluição atmosférica no território norte-americano, sublinharam os investigadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard (HSPH, na sigla inglesa), em Boston, no estado de Massachusetts.

Andrea Roberts, investigador na HSPH, indicou que o estudo "é preocupante porque demonstra que, dependendo do tipo de poluente, entre 20 e 60 % das mulheres no estudo viviam em áreas onde o risco de autismo é maior".

Partículas de diesel, chumbo, mercúrio, cloreto de metileno e outros poluentes são conhecidos por afetarem a função cerebral e o desenvolvimento da criança.

Dois estudos anteriores já haviam demonstrado uma relação entre a exposição à poluição do ar em mulheres grávidas e crianças com autismo, mas esses estudos analisaram dados de apenas três áreas nos Estados Unidos.

In: JN online

terça-feira, 11 de junho de 2013

Portugueses criam jogo para crianças autistas

O jogo LifeIsGame, criado por jovens investigadores portugueses da Universidade do Porto, pretende desenvolver as capacidades de crianças diagnosticadas com autismo.

LifeIsGame’ é o nome do jogo 3D criado por uma equipa de investigadores da Universidade do Porto (UP) e será apresentado na próxima terça-feira, após três anos de desenvolvimento.

Este jogo de vídeo ambiciona ser mais do que simples entretenimento. O 'LifeIsGame' destina-se a ensinar crianças autistas a “reconhecer as emoções transmitidas pelas expressões faciais”.

“O que nós estamos a propor é um método muito experimental onde, em vez de reconhecer emoções através de imagens estáticas, as crianças aprendem através de desenhar ou da mímica, como se fosse um espelho”, explicou à rádio TSF Verónica Orvalho, líder da equipa de investigadores de Ciências de Computadores e Ciências da Saúde da UP.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Investigação associa alterações na placenta ao risco de autismo

Estudo de investigadores da Universidade de Yale está publicado na «Biological Psychiatry»

Os tratamentos contra o autismo são mais eficazes nos primeiros dois anos de vida. O problema é que, normalmente, a patologia só é diagnosticada aos três ou quatro anos de idade. Um grupo de investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale apresenta agora os resultados de uma investigação em que se mostram procedimentos para a detecção precoce da doença através da análise da placenta no momento do nascimento do bebé.

O estudo, que pode determinar qual o risco da criança vir a desenvolver a doença, está publicado publicado na «Biological Psychiatry».

A presença de dobras irregulares no cordão umbilical e, especialmente, a proliferação irregular de um tipo de células chamadas trofoblastos (as primeiras que se diferenciam uma vez fecundado o óvulo e que formam a camada externa do blastómero) que aparecem onde não deveriam estar são dois dos factores a ter em conta.

Até ao momento, o melhor indicador que existe para determinar se uma criança corre o risco de desenvolver este transtorno é a história familiar. Se o casal tiver já um filho com este transtorno a probabilidade de terem outro com o mesmo problema é nove vezes maior.

Para chegar aos dois marcadores descritos no artigo, os investigadores, liderados por Harvey Kliman, e cientistas do Instituto de Neurociências Mind, da Universidade da Califórnia em Davis, submeterem a estudo 117 placentas de bebés com irmãos autistas.

Compararam os resultados das observações com os dados de outras 100 placentas (grupo de controlo). Nas placentas dos bebés considerados de risco encontraram-se até 15 inclusões de trofoblastos.

Se estes indícios se confirmarem com um diagnóstico sólido, os especialistas recomendam uma intervenção precoce que consiste, basicamente, em sessões de tratamento comportamental. “É na idade mais precoce que a plasticidade cerebral é maior; assim, os resultados são também melhores. A terapia dirige-se, essencialmente, a potenciar as relações sociais, as capacidades comunicativas e a linguagem”, explicam os investigadores.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Estudo sugere que autismo pode desaparecer

Algumas crianças com diagnóstico de autismo deixaram de ter os sintomas que caracterizam a doença. As conclusões de um estudo americano põem em causa a ideia de que se trata de uma condição incurável e para toda a vida, mas os especialistas reagem com cautela.

O estudo do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, publicado no "Journal of Child Psychology and Psychiatry", sugere que o autismo pode desaparecer nalgumas crianças, mas não é conclusivo. São necessárias mais pesquisas para explicar estes resultados.

Deborah Fein, investigadora da Universidade de Connecticut, citada pela BBC, explica que estudou 34 crianças a quem foi diagnosticada a perturbação de autismo nos primeiros anos de vida, bem como outras 34 sem qualquer problema da mesma turma.

Os resultados da avaliação cognitiva e comportamental foram idênticos em todos os alunos. Ou seja, não foram detetados quaisquer problemas de linguagem, reconhecimento facial, comunicação ou interação - sintomas característicos do autismo.

Foram também avaliadas outras 44 crianças da mesma idade, sexo e com quoficiente de inteligência não verbal idênticos e que tinham sido sinalizadas com autismo de elevado funcionamento (também designado de síndrome de Asperger), uma perturbação que se integra no espectro do autismo, mas sem afetação de inteligência e com sintomatologia menos grave. Da comparação das crianças que revelaram já não ter sintomatologia autística com os de elevado funcionamento ficou claro que os défices sociais dos primeiros eram mais ligeiros, ainda que acompanhados de problemas graves de comunicação e comportamentos repetitivos.

Os investigadores analisaram os processos clínicos para determinar se os diagnósticos teriam sido bem estabelecidos e não foram encontrados motivos para colocar em causa a sua exatidão.

O diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, Thomas Insel, considera que, embora o diagnóstico de autismo geralmente não mude com a idade, este estudo sugere que há um leque variado de possíveis resultados e que é preciso aprofundar o impacto da terapia e de outros fatores no desenvolvimento a longo prazo da doença.

O reduzido número de crianças estudadas é uma das críticas apontadas à controversa investigação. "É preciso não tirar conclusões apressadas acerca da natureza e complexidade do autismo", adverte a diretora da Sociedade Nacional do Autismo do Reino Unido. E acrescenta que "com terapia e apoio intensivos, é possível que um pequeno grupo de indivíduos com autismo altamente funcional aprendam estratégias que podem mascarar a condição e alterar os resultados dos testes". Realça, porém, que até os autores da investigação reconhecem que o autismo é condição que não se perde ao longo da vida e que é fundamental não deixar de apoiar os portadores e suas famílias.

A Associação Americana de Psiquiatria está atualmente a rever o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, a "bíblia" que médicos e psicólogos usam para classificar as doenças de foro psicológico. A nova versão deverá optar pela designação de "perturbação do espectro do autismo" para as diversas formas de autismo.

O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que se manifesta por dificuldades sociais e de comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.

In: JN online

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cérebros de crianças autistas têm mais neurónios

"As crianças autistas têm mais neurônios e apresentam um cérebro mais pesado que as demais, revela um estudo publicado ontem no Journal of the American Medical Association (JAMA). O estudo, baseado em análises de cérebros de crianças autistas falecidas, sugere que a anomalía na zona pré-frontal do cérebro pode ter origem no útero, destacam seus autores.

Os cientistas examinaram os cérebros de sete crianças autistas, com idade entre 2 e 16 anos, a maioria morta por afogamento. Ao comparar os cérebros dos autistas com os de outras crianças, a maioria morta em acidentes de trânsito, os pesquisadores encontraram 67% mais neurônios no córtex pré-frontal e 17,7% mais peso, em média, no primeiro grupo.

“Já que os neurônios corticais não são gerados após o nascimento, este aumento patológico no número de neurônios em crianças autistas indica causas pré-natais”, destaca o estudo. O córtex pré-frontal é responsável pela linguagem, comunicação e comportamentos como o ânimo, a atenção e as habilidades sociais. Habitualmente, as crianças autistas têm problemas nestas áreas.

“Os fatores que normalmente organizam o cérebro parecem estar desconectados”, destacam Janet Lainhart, da Universidade de Utah, e Nicholas Lange, da faculdade de Medicina e Saúde Pública de Harvard

“Devido ao fato de que os neurônios em todas as zonas do cérebro, exceto no bulbo olfativo e no hipocampo, são gerados antes do nascimento, estas descobertas se somam à crescente evidência biológica de que a neuropatologia do desenvolvimento do autismo começa antes do nascimento, possivelmente em todos os casos”.

Estudos prévios sugeriam que os sinais clínicos do autismo tendem a convergir com um período de crescimento anormal da cabeça e do cérebro que começa a ser evidente entre os nove e os 18 meses.

O autismo inclui um amplo espectro de diferentes desenvolvimentos, desde a dificuldade para as relações sociais até a incapacidade de comunicação, passando pela execução de movimentos repetitivos, extrema sensibilidade a certas luzes e sons e problemas de comportamento." 

In: HNews

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Realidade virtual pode ajudar crianças com autismo

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) criou um jogo de computador para estimular o desenvolvimento social de crianças com autismo e ajudar os médicos na avaliação clínica e monitorização da reabilitação.

A plataforma tecnológica engloba um capacete de realidade virtual ou óculos 3D e sensores de EEG (medidor de actividade cerebral), regista o comportamento de crianças durante o jogo e envia informação para um módulo on-line.

Segundo Marco Simões o jogo ensina a “cumprimentar, sorrir, identificar expressões faciais” e “para evoluir nos níveis do jogo, a criança tem de efectuar vários mecanismos de interacção social, acabando por interiorizá-los e transpô-los para o dia-a-dia”.

O objectivo “é que a criança possa, no conforto do lar e num ambiente que não lhe é hostil, realizar os exercícios e remotamente fornecer informação para o clínico que o acompanha”, explica o investigador do Departamento de Engenharia Informática.

Até agora, o sistema foi “desenvolvido e testado em sujeitos normais” mas “nos próximos meses começará a ser testado em crianças com autismo”, adianta o responsável ao Ciência Hoje.

“Apenas depois de ser validado na população autista poderá ser comercializado. Desta forma, apenas daqui a 1-2 anos será viável a sua implementação final”, acrescenta.

O estudo, orientado pelos docentes Paulo Carvalho, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, e Miguel Castelo Branco, do IBILI - Faculdade de Medicina, conta na sua validação com o apoio técnico da Unidade de Neurodesenvolvimento e Autismo do Hospital Pediátrico de Coimbra (coordenada pela Professora Guiomar Oliveira) e da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo.

A ideia para a nova plataforma tecnológica surgiu no âmbito da tese de mestrado de Marco Simões, que após alguma investigação bibliográfica da área se apercebeu de dois factores importantes: “a reabilitação social é eficiente em melhorar o dia-a-dia das pessoas com autismo” e “ambientes computadorizados têm uma melhor aceitação por esta população do que intervenções humanas”, explica o investigador.

Ao juntar estes “dois mundos”, o estudo “pode ser benéfico neste tipo de reabilitação”, sublinha.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Universidade do Porto desenvolve novo método para crianças com autismo

Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto está a desenvolver um novo método para ajudar as crianças autistas a desenvolver e manifestar emoções. Trata-se de um jogo de computador que pode facilitar a relação destas crianças com quem as rodeia. O autismo é uma disfunção que afecta precisamente a capacidade de relacionamento e deixa os doentes praticamente isolados do mundo.



domingo, 26 de junho de 2011

Autismo, uma doença de muitas mutações : Estudo publicado na revista Neuron

O autismo não é uma doença única – são muitas doenças. E pode surgir devido a uma panóplia de mutações raras, que não são herdadas do pai ou da mãe, surgem espontaneamente, num mínimo de 250 a 300 pontos do genoma, e afectam o desenvolvimento do sistema nervoso da criança, adiantam três artigos científicos publicados hoje na revista Neuron. Estes tentam avançar também com uma explicação para a desigualdade da doença relativamente aos sexos, ao afectar quatro vezes mais rapazes do que raparigas.

Foram estudadas mil famílias que têm um filho saudável e outro com uma das desordens do espectro do autismo – designação onde cabem muitas doenças diferentes. Esta base de dados foi uma das novidades metodológicas, sublinha um comunicado da Fundação Simons, a instituição americana que a coligiu: a maioria dos estudos feitos até agora concentrou-se em famílias onde mais do que um filho é autista, o que implica uma forte componente hereditária. Se só um dos filhos é autista, a explicação genética é, provavelmente, diferente.

Os cientistas concentraram-se assim na busca das mutações genéticas que surgem espontaneamente nas crianças afectadas. Michael Wigler, do Laboratório de Cold Spring Harbor, em Nova Iorque, um dos líderes da equipa de investigadores, tinha desenvolvido a hipótese de que estas mutações podiam estar na origem de pelo menos metade dos casos de desordens do espectro autista. Algo de semelhante acontece com outra doença mental, a esquizofrenia.

Estas mutações de novo, ou espontâneas duplicam, ou então apagam, segmentos de ADN do genoma (pense num romance em que são apagadas aleatoriamente algumas linhas de texto, ou então repetidas outras linhas, um certo número de vezes). Toda a gente tem alguns fragmentos de ADN apagados ou repetidos; mas na maioria dos casos não afecta genes essenciais, nem causa doenças.

Elas e as sinapses

Nestes estudos publicados na Neuron, os cientistas descobriram muitas destas mutações em oito por cento dos irmãos com autismo. Isto quer dizer que as mutações são quatro vezes mais frequentes nos irmãos afectados do que nos saudáveis. Pelo menos 75 das mutações descobertas pareciam prometedoras para a investigação e em seis delas é provável que se façam descobertas interessantes.

Um dos estudos concentrou-se em tentar perceber se estas zonas do genoma sugeriam alguma espécie de coerência, uma rede funcional ou molecular. E, curiosamente, os resultados foram positivos, diz o trabalho coordenado por Dennis Vitkup, da Universidade Columbia, em Nova Iorque. “Esta análise dá uma boa base de sustentação à hipótese de que na origem do autismo esteja a perturbação da formação de sinapses”, escreve a equipa na Neuron.

As sinapses são os pontos de junção que permitem aos neurónios comunicar entre si, trocando sinais químicos ou eléctricos, transmitidos através das suas extensões, axónios e dendrites.

Será que as raparigas são mais resistentes às desordens do espectro do autismo porque “atingem um certo número de marcos de desenvolvimento cognitivo” mais cedo do que os rapazes?, lança a equipa de Wigler na Neuron como hipótese. “Por exemplo, em geral, as meninas dizem as suas primeiras palavras numa idade mais precoce. Um ritmo de desenvolvimento mais rápido poderia reflectir uma robustez que protegesse o sexo feminino”, escrevem.

O autismo é diagnosticado a partir dos três anos de idade e o estudo revelou que, para que as meninas sejam afectadas pelas mutações genéticas espontâneas, estas têm que ser muito maiores e têm que atingir muito mais genes do que no caso dos rapazes (15 genes por mutação em média para elas, dois para eles).

Além disso, quando as mulheres são autistas, é mais provável que tenham uma forma severa da doença. Entre os homens, há mais casos de pessoas que conseguem funcionar relativamente bem em sociedade, apesar de sofrerem de uma desordem que afecta, precisamente, as suas capacidades de relacionamento social.

Williams, no ponto oposto

Uma outra descoberta tem implicações curiosas para o estudo da base genética do nosso cérebro social: algures no braço mais curto do nosso cromossoma 7 fica uma região denominada “7q11.23″ que está associada a uma doença chamada síndrome de Williams, que é o oposto do autismo: faz com que as pessoas se tornem altamente empáticas e sociáveis, extremamente sensíveis ao estado emocional dos outros. Isto, porque naquela região surgiram mutações que fizeram surgir cópias extra do genoma.No caso das mutações detectadas agora, associadas ao síndrome do espectro autista – em que há dificuldade em comunicar com os outros e manter relações sociais, em termos gerais -, faltam segmentos de ADN.

“Esta região do genoma pode tornar-se a Pedra de Roseta para estudar o desenvolvimento do cérebro social”, tal como a célebre pedra serviu para decifrar os hieróglifos egípcios, comentou Matthew State, da Universidade de Yale, outro membro da equipa, citado num comunicado da Fundação Simons.

Mas não é de esperar que deste estudo saia uma “bala mágica”, um medicamento contra o autismo – porque não existe uma doença única, ou um gene único que cause a cause. “A diversidade é tal que um único tratamento visando uma forma específica do autismo pode não ter efeito sobre a maioria dos casos”, explica Michael Wigler, citado pela agência AFP.

“Mas quando os genes com mutações relacionadas com o autismo forem identificados”, disse ainda, pensando numa próxima geração de tecnologia, “poderemos começar a pensar nos problemas específicos de cada criança, e não em tratar vários problemas em conjunto.”

O autismo, que parece estar em crescimento – ou é cada vez mais detectado, provavelmente -, afectando pelo menos um por cento da população, está a assemelhar-se a outra doença da modernidade. “Uma complexidade genética semelhante é aparente em muitos cancros”, sublinha a equipa de Vitkup, que verificou se as mutações ligadas ao autismo teriam alguma coerência funcional.

Por: Clara Barata

segunda-feira, 13 de junho de 2011

No caminho para tratar o autismo

Centenas de pequenas variações genéticas estão associadas a perturbações do espectro do autismo, incluindo uma área de ADN que pode ser a chave para entender por que razão os seres humanos são animais sociais, afirmam investigadores da Universidade de Yale.

O estudo destes cientistas, publicado na revista Neuron, reforça a teoria de que o autismo, um distúrbio que se desenvolve na primeira infância, envolvendo deficiências na interacção social, deficits de linguagem e comportamentos distintos, não é causado por um ou dois grandes defeitos genéticos, mas por muitas pequenas variações, cada uma associada a uma pequena percentagem dos casos.

Matthew State, investigador que conduziu o estudo, analisou mais de mil famílias onde havia uma única criança com um transtorno do espectro do autismo, um irmão não afectado e pais não afectados. A equipa, incluindo o autor principal Stephan Sanders, da Universidade de Yale, comparou os indivíduos com autismo aos seus irmãos para determinar que tipos de mudanças genéticas distinguiam a criança afectada da criança não afectada.

Síndrome de Williams

Um dos aspectos mais intrigantes dos resultados aponta para a mesma pequena secção do genoma que causa a síndrome de Williams, um distúrbio do desenvolvimento marcado por alta sociabilidade e uma aptidão invulgar para a música.

“No autismo, há um aumento no material cromossómico, uma cópia extra desta região, e na síndrome de Williams, há uma perda desse mesmo material”, explica Matthew State. “O que torna esta observação interessante é que a síndrome de Williams é conhecida por um tipo de personalidade que é altamente empática, social e sensível ao estado emocional dos outros. Os indivíduos com autismo têm frequentemente dificuldades neste aspecto. Isto sugere que há um ponto importante nessa região para compreender a natureza do cérebro social”.

Matthew State e equipa também encontraram outras 30 regiões no genoma que são muito prováveis de contribuir para o autismo. “Agora estamos a avançar para uma segunda fase do estudo, em que analisámos mais mil e seiscentas famílias para podermos ser capazes de identificar várias regiões novas que estão fortemente implicadas no autismo”, refere o cientista.

Stephan Sanders e Matthew State estão optimistas com as novas descobertas, sugerindo que a genética é o primeiro passo para entender o que realmente acontece no cérebro a nível molecular e celular. “Podemos usar estes resultados genéticos para começar a desvendar a biologia subjacente do autismo”, revela Stephan Sanders. “Isso vai ajudar muito nos esforços para identificar novas e melhores abordagens para o tratamento”.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Universidade do Porto desenvolve novo método para ajudar crianças autista

Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto está a desenvolver um novo método para ajudar as crianças autistas a desenvolver e manifestar emoções. Trata-se de um jogo de computador que pode facilitar a relação destas crianças com quem as rodeia. O autismo é uma disfunção que afecta precisamente a capacidade de relacionamento e deixa os doentes praticamente isolados do mundo.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Questionário simples pode acelerar diagnóstico do autismo

Teste foi realizado com crianças de um ano e permitiu a antecipação do tratamento

Fazer um pré-diagnóstico do autismo até aos 12 meses de idade pode estar ao alcance de um questionário simples de 24 perguntas sobre gestos, compreensão e comunicação. Demora apenas cinco minutos a ser respondido e revelou-se um bom instrumento para identificar os primeiros sinais do distúrbio em crianças, de acordo com um estudo publicado no“Journal of Pediatrics".

Este trabalho americano foi o primeiro a demonstrar que uma simples ferramenta de triagem pode ser usada para detectar o autismo, sendo que a sua principal vantagem consiste em poder-se iniciar o tratamento muito mais cedo do que o habitual, sublinhou Karen Pierce, investigadora do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia, nos EUA, e primeira autora do estudo.


Normalmente, o autismo é diagnosticado mais tarde, quando os primeiros sintomas são notados pelos pais, pelo que o seu tratamento começa, em média, aos seis anos. Contudo, quanto mais cedo for detectado e o tratamento iniciado, melhor pode ser o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

Neste estudo, a equipa de Karen Pierce reuniu um grupo de 137 pediatras em San Diego, que, ao longo de um ano, fizeram o questionário aos pais de todos os bebés que os consultavam. Foram colocadas perguntas como “Quando o seu filho brinca, procura saber se está a olhar para ele?” ou “ O seu filho sorri a olhar para si?”.

Dos mais de dez mil bebés envolvidos no estudo, 184 “reprovaram” nos testes e, quando as respostas sugeriam sintomas de autismo, as crianças eram sujeitas a exames mais complexos, realizados semestralmente até aos três anos.

Foi assim verificado que do grupo que demonstrou alguns sintomas, 75 por cento dos elementos tinham, efectivamente, algum problema. O diagnóstico de autismo foi feito em 32 crianças; 56 apresentaram atrasos na fala; nove tinham atrasos comportamentais e 36 foram classificados com outros problemas.

Depois desta triagem, os bebés diagnosticados com autismo ou algum atraso no desenvolvimento e 89 por cento das que tinham atrasos na linguagem foram encaminhados para terapias adequadas, em média, aos 17 meses, começando a ser tratadas aos 19 meses, muito antes da idade em que tal começa a acontecer.

A eficácia deste teste no diagnóstico do distúrbio levou a que 96 por cento dos pediatras envolvidos no estudo continuassem a usá-lo como ferramenta de triagem.