sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ministro simplifica lei de instalação de rampas para pessoas com deficiência

O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, anunciou, esta terça-feira, alterações na lei para pôr fim à necessidade de aprovação por dois terços dos condóminos para a instalação de rampas de acesso ou plataformas elevatórias nos edifícios.

"Hoje uma pessoa com deficiência ou alguém que tenha dificuldade de locomoção, para instalar uma rampa de acesso ou plataforma elevatória, essencial para entrar ou sair de casa, precisa de dois terços da aprovação no seu condomínio, o que muitas vezes barra na incompreensão", disse o ministro, na cerimónia de inauguração de um lar residencial para deficientes, na Moita.

Pedro Mota Soares disse que as alterações vão ser efectuadas em breve e que vai dispensar esta necessidade.

"Vamos conseguir garantir que esta maioria possa ser dispensada e que as pessoas a possam colocar, a expensas próprias ou usado ajudas públicas para o efeito. Muitas vezes, porque não conseguem esta maioria, são obrigadas a mudar de casa. O que queremos fazer é que as pessoas não sejam expulsas das suas casas", salientou.

O ministro defendeu que esta medida é rápida e tem um impacto "muito grande" na vida das pessoas.
"Queremos chegar mesmo a garantir que seja um direito das pessoas, que não seja oponível a outros. Desde que se cumpram todas as regras de segurança, queremos que seja garantido o direito de mobilidade", concluiu.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobredotação e Talento: Atenção da Escola à Diversidade

Realiza-se a 18 e 19 de Novembro o Congresso Internacional 2011 da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (ANEIS), sob o tema "Sobredotação e Talento: Atenção da Escola à Diversidade". A iniciativa junta investigadores e professores de Espanha, Brasil e Portugal, experientes na identificação e na intervenção junto de crianças e jovens com características de sobredotação. O evento decorre no Instituto de Educação da Universidade do Minho, Campus de Gualtar, em Braga.

Várias conferências e comunicações do congresso podem contribuir para demonstrar a importância da identificação e do atendimento a estes alunos, já que Portugal começa a dar os primeiros passos, em termos públicos, neste domínio, sendo os Programas de Desenvolvimento um instrumento importante, aos quais se acrescentam algumas medidas legislativas.

A organização pretende dar a conhecer projectos de intervenção e enriquecimento em prática no Brasil, em Espanha e em Portugal, apresentar resultados de investigação na área, confrontar a legislação de enquadramento do enriquecimento escolar, partilhar vivências e mobilizar técnicos e pais para o tema.

Para mais informações, consultar as páginas da Universidade do Minho e da ANEIS.

Dia do Professor

Dia 5 de Outubro 2011 comemora-se o Dia Mundial do Professor


Deixo aqui um texto da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial.

1. A Educação é uma área de grande centralidade no mundo moderno: encontra-se intimamente ligada aos projectos do mundo em que vivemos: do desenvolvimento sustentável à erradicação da pobreza, da ecologia à melhoria ética e humanística das sociedades.

2. A Educação pode ser também o factor decisivo de promoção da equidade e da diminuição das desigualdades. Um bom sistema educativo permite que as diferenças que existem entre as pessoas não se tornem factores de desigualdade mas sim factores de enriquecimento e de promoção de todos.

3. Os professores são elementos decisivos para o sucesso educativo. Não os únicos mas sim imprescindíveis. Isto não significa que os professores sejam profissionais perfeitos: a profissão de professor é um permanente desafio, uma constante adaptação a realidades, também elas, a mudarem mais rápido do que alguma vez mudaram.
4. A profissão de professor implica uma permanente actualização, uma constante disponibilidade para ensinar uma e outra vez, de uma maneira e de outra, para que se possa suscitar a aprendizagem dos alunos. Uma aprendizagem não só ao longo da vida mas também a toda a largura da vida do aluno, isto é, um processo que abarque todos os domínios da sua personalidade.

5. Trata-se, assim, de uma profissão que implica um elevado desgaste mas que tem igualmente um grande potencial de proporcionar uma vida profissional plena e cheia de pequenos (e por vezes indeléveis) sucessos.

6. Os professores vivem neste Outubro de 2011 em Portugal, condições difíceis: as condições económicas do país conduziram a restrições na Educação que implicaram despedimentos e redução do número de professores, condições que limitam os recursos para a Educação e que, enfim tornam ainda mais difícil a sua já difícil missão.

7. Neste dia 5 de Outubro, Dia Internacional do Professor proclamado pela UNESCO, queremos saudar todos os professores portugueses e agradecer-lhes todo o seu profissionalismo. Foram eles certamente os profissionais que mais contribuíram para que hoje Portugal possa ter ao nível da Educação níveis quantitativos e qualitativos similares aos dos restantes países parceiros da União Europeia.

8. Queremos enquanto Associação Nacional de Docentes de Educação Especial saudar hoje e em particular todos os docentes de Educação Especial. Nestes profissionais colocam milhares de famílias a sua fundada confiança para a educação dos seus filhos. Queremos renovar com todos professores, e em particular com os docentes de Educação Especial, o nosso compromisso de contribuir para dignificar a profissão. Sabemos que o aprofundamento das competências profissionais e a dignificação da profissão dos professores de Educação Especial são as vias seguras para continuar a construir uma escola e uma sociedade inclusiva, para melhorar a qualidade da Educação e dar um futuro de cidadania aos alunos que, para mostrarem o que valem, necessitam de dispor de respostas educativas específicas.

Por: A Direcção da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estratégia Europeia para a Deficiência 2010-2020

Na sua reunião plenária de 21 de Setembro de 2011, que decorreu em Bruxelas, o Comité Económico e Social Europeu, consultado pela Comissão Europeia, emitiu um parecer sobre a Estratégia Europeia para a Deficiência 2010-2020. 

Em concreto, o CESE insta a União Europeia a implementar, mediante instrumentos efectivos - que incluam a criação de um Comité para a Deficiência na UE - , a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a adoptar uma forte legislação europeia sobre acessibilidade. 



In: Ajudas

Ensinar a ler: há vários métodos para juntar as letras

Sintéticos, analítico-sintéticos, globais. Os professores têm várias ferramentas para que as crianças aprendam a ler e os pais não devem ficar de fora deste processo. Da palavra à letra, da letra à palavra, passando pelas sílabas, os pré-requisitos são fundamentais.


Aprender a ler é um passo importante. Há vários métodos para ensinar a juntar as letras e reproduzir os sons e os professores têm a tarefa de escolher um ou mais para que a aprendizagem aconteça. Os pais têm também um papel importante e brincar ajuda a valorizar o processo. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, referentes aos Censos de 2001, enquanto os números recolhidos este ano ainda não são conhecidos, cerca de 9% da população portuguesa é analfabeta. 


A UNESCO, organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, revela que cerca de 16% da população adulta mundial não sabe ler nem escrever, dois terços são mulheres. O Dia Internacional da Alfabetização foi assinalado a 8 de setembro. No nosso país, há sinais de melhorias: 52,4% dos jovens dos 15 aos 24 anos afirmam que a leitura é muito importante para a vida pessoal num inquérito feito em março deste ano, no âmbito da avaliação externa do Plano Nacional de Leitura (PNL). Em 2007, a percentagem era de 30,6%. Em cinco anos de existência, o PNL "ajudou a reforçar as competências de leitura" e agora quase 99% dos professores garantem que os seus alunos lêem mais. 


"O processo de aprendizagem é complexo. O aluno tem de perceber que as letras reproduzem os sons da fala. Hoje, pede-se ao aluno que analise os sons que produz, a língua oral, antes e em paralelo com a aprendizagem da escrita." Ana Rodrigues, professora do 1.º ciclo do Ensino Básico, explica o caminho. Há vários métodos de aprendizagem da leitura e da escrita que se situam entre os sintéticos, analítico-sintéticos e os globais. Mas esta aprendizagem requer alguns pré-requisitos linguísticos, cognitivos e até emocionais. 


Ana Rodrigues aproveita o que considera oportuno de cada método para que os seus alunos aprendam a ler. O importante é que os mais pequenos tenham já algumas ferramentas como, por exemplo, uma boa discriminação fonológica. E os professores têm a tarefa de trabalhar os pré-requisitos com os alunos. "Por onde tenho passado, os métodos mais utilizados pelos professores são aqueles que se dizem sintéticos ou analítico-sintéticos", refere. E porque existem diferentes métodos? "Diria que se deve a uma busca pelo método ideal. A pedagogia, a psicologia, a linguística, entre outras, vão sofrendo evoluções e os processos baseados nessas disciplinas, como a aprendizagem da leitura, também", responde. 


Ana Rodrigues não reteve uma imagem do momento em que aprendeu a ler. "Não me ficou nenhuma recordação", diz. Mas tem um episódio curioso para contar. Há quatro anos, numa turma mista do 1.º e 4.º anos de escolaridade, constatou que, ao contrário do que seria de esperar, foram os alunos do 4.º ano que mostraram interesse pelas matérias e conteúdos da primeira classe. "Não esperava ver os alunos do 4.º ano completamente fascinados com o processo de aprendizagem da leitura e escrita dos do 1.º ano." "Falámos sobre isso e eles, apesar de terem efetuado a aprendizagem da leitura há pouco tempo, não tinham memória, consciência, do desenrolar desse processo", lembra. 


Manuela Sousa, professora do 1.º ciclo, refere que o método mais utilizado para ensinar a ler é aquele que acompanha os manuais, ou seja, o sintético. "É evidente, quer seja este método utilizado ou outro, ele nunca estará a ser utilizado de forma exclusiva", avisa. O professor tem a liberdade de misturar métodos. Para a professora, mais importante do que isso são as estratégias utilizadas. 


"É necessário haver estratégia, gestão e todo um conjunto de criatividade que permitam ao aluno aprender." A estratégia não pode caminhar em apenas um sentido e os conhecimentos que o aluno tem são importantíssimos para juntar as letras e começar a ler. "Acredito que antes de iniciar qualquer tipo de aprendizagem na leitura e escrita de palavras, frases, textos, há que insistir na parte fonológica. Porque o ‘a' não tem sempre o mesmo som", explica. Para Manuela Sousa, não há uma melhor maneira de as crianças aprenderem a ler. "Há um professor, um orientador". 


Neste momento, a articulação entre o pré-escolar e o 1.º ciclo acaba por espicaçar a curiosidade dos mais pequenos que têm ao dispor livros do Plano Nacional da Leitura e que se habituam à presença das letras cada vez mais cedo. Joaquina Quintas, professora do 1.º ciclo, também refere que há vários métodos para ensinar a ler e a escrever. Da palavra à letra, ou da letra à sílaba e depois à palavra, ou das histórias que conduzem à letra, há de tudo um pouco para abrir as portas ao mundo das letras. "Não há um método rígido". 


"Normalmente, acaba por haver uma fusão de métodos para uma melhor aprendizagem da leitura e da escrita." Os professores podem escolher e adaptar o que acharem mais conveniente ao grupo que encontram pela frente. Este ano, com o plano de leitura da Língua Portuguesa, os docentes acabam por ter mais formação na área. E se há um aluno que se atrasa? "O professor pode usar outras maneiras de estar no grupo, outro método." 


Joaquina Quintas aprendeu a ler da maneira tradicional, da letra à palavra, pela memorização. Há mais de 30 anos no ensino, a experiência mostra-lhe que hoje as crianças aprendem a ler mais cedo e com menos dificuldades. "Têm contacto direto com os livros a partir do pré-escolar, dos três anos, e há muitos jogos didáticos magnéticos, para construírem palavras." Há mais contacto com a TV e com os computadores. A professora do 1.º ciclo chegou a ter alunos que aprenderam a ler com o antigo programa da RTP "Rua Sésamo". Há uma nova maneira de estar que naturalmente se reflete quando os mais pequenos dão os primeiros passos na escola. 


Aprender a brincar 


Maria José Araújo, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, adianta que as crianças aprendem cada vez mais cedo a ler e a escrever ao observar e ao interagir com os adultos e amigos "em aprendizagens focadas em rotinas, histórias e atividades sociais diferenciadas". "Há uma diferença entre colocar crianças a memorizar letras e números, a fazer fichas estandardizadas sem significado social, e o uso de diferentes formas de grafismo e registo que permitem às crianças a possibilidade de usufruir de uma aprendizagem pela descoberta", sustenta. 


Literacia é uma prática social. As crianças devem perceber o interesse e a importância do ato de ler e escrever para que se sintam estimuladas por esse processo enquanto atividade social. Maria José Araújo revela que "há diversos estudos que mostram que os aspetos criativos e lúdicos de introdução e valorização regular da atividade de leitura e escrita, facilitando a consciencialização do que está a ser aprendido - mensagens escritas, etiquetagem de cabides e materiais pessoais, ilustrações, vocabulário visual, desenhos, recados, jogos, coleções de objetos, embalagens, etc. -, são especialmente adequados para incentivar as crianças ao desenvolvimento da linguagem escrita". 


Os interesses são diferentes, os níveis e conhecimentos acerca da literacia variam, cada família e cada instituição têm diferentes formas e recursos para incentivar as aprendizagens. As crianças aprendem muito ao brincar, ao jogar, ao imaginar e fantasiar. E os mais velhos têm um papel importante nesse processo. "As crianças vão ao supermercado, ao hospital e a outras instituições onde exercitam constantemente a sua capacidade de leitura. É muito importante pensar no papel do adulto nesta forma de as crianças brincarem, pois é uma vantagem muito grande para a aprendizagem da leitura como prática de cidadania", refere. 


Os pais sabem que brincar é fundamental, mas no correr do quotidiano e nas rotinas, esse ato acaba muitas vezes por ser desvalorizado. Ao brincar, os pais podem ajudar os filhos na prática da leitura e na escrita formal. "As consequências para as crianças que não aprendem a ler e escrever são muito grandes, quer a nível pessoal e psicológico, quer a nível social, com implicações a longo prazo", repara. De forma a prevenir essas dificuldades, as investigações sobre o assunto não param. Brincar surge como uma vantagem neste processo. "Muitos professores argumentam que as crianças que têm mais facilidade de aprendizagem dos conteúdos, que exigem desenvolvimento cognitivo na escola, são aquelas que mais brincaram".


Por: Sara Oliveira


In: EDUCARE

FORUM 'Alunos com NEE no Ensino Superior – ameaças e oportunidades'

Dinamizadora: 
Dr.ª Lília Pires, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Apoio aos Estudantes com Deficiência no Ensino Superior – GTAEDES.

Local: Auditório do INR, I.P. – Av. Conde de Valbom, 63 – LISBOA, 
Data: dia 29 de Setembro de 2011 – Quinta-feira
Hora: das 15h00 às 17h00

A entrada é livre, sem inscrição prévia.
Nota importante – As Pessoas surdas com necessidade de Intérprete de LGP, deverão informar o INR, I.P. até às 16:00 horas do dia 23 de Setembro de 2011. 

Contactos:
Adalberto Fernandes
Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.
Avenida Conde de Valbom, nº 63 1069-178 Lisboa
Tel: 21 792 95 00
E-mail: inr@inr.mtss.pt

In: Ajudas

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Elo Social - para além da deficiência



Fazer desporto, trabalhar, aprender música. Há um espaço em Lisboa onde a deficiência não é pretexto para ficar escondido. Apostando na autonomia dos utentes e na sua integração, a Elo Social funciona como uma segunda família onde os sonhos existem para serem realizados.

Eu já estou na música há muitos anos, mas não quero sair da música porque é muito importante para mim. Eu toco bateria e gosto de tocar bateria. Sinto-me bem a tocar bateria. É um instrumento muito útil hoje em dia”.

Com os olhos castanhos, o cabelo grisalho e óculos de massa grossa, Jorge começa por falar com timidez, mas rapidamente se revela um excelente comunicador e nos fala abertamente e com um sorriso humilde nos lábios, principalmente quando o tema é a música. Com 39 anos, é um dos utentes do Elo Social - Associação para a Integração e Apoio ao Deficiente Jovem e Adulto.
Principais características
Esta é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que apoia pessoas portadoras de deficiência mental, nos vetores de formação, emprego, apoio ocupacional e apoio residencial, tendo como grande objetivo promover a sua integração social e profissional.

Fundada a 24 de Outubro de 1983, a Associação conseguiu edificar um conjunto de estruturas onde, atualmente, são apoiadas 105 pessoas, com deficiência de nível ligeiro, moderado, severo e profundo, nas respostas sociais de Centro de Atividades Ocupacionais (CAO), Centro de Emprego Protegido (CEP) e Lar Residencial (SAR).

Jorge é baterista. A sua banda chama-se Panteras Negras, foi criada pelo Elo Social e conta já com inúmeras atuações em Portugal e algumas em Espanha.

Este grupo musical é constituído por cinco elementos: o baterista (Jorge), o percussionista (Francisco), e a segunda voz (Bruno) são utentes do Elo Social. A banda tem ainda dois animadores socioculturais que desempenham as funções de baixista e vocalista (João Alves, que é também guitarrista da banda Pesticida).

Numa entrevista ao Boas Notícias, Jorge explicou que, nas festas da instituição, os Panteras Negras são “o grupo mais aplaudido”. Os Panteras Negras até já lançaram um CD de temas de música Portuguesa.

Aposta na autonomia – O Centro de Emprego Protegido

Através do Centro de Emprego Protegido (CEP) e do Lar Residencial (SAR), o Elo Social promove a integração dos seus utentes na sociedade. O objetivo é que se tornem mais autónomos, numa residência, por exemplo, e consigam ter o seu próprio emprego.

Lavandaria, estofamento, carpintaria e jardinagem são alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos utentes do Elo Social, dentro da própria instituição. Qualquer pessoa pode solicitar estes serviços, contribuindo para o ordenado dos utentes e para a sua própria autonomia.

No Centro de Emprego Protegido, também se embalam talheres para os aviões e fazem Serviços de Apoio aos Transportes da Ação Social da Câmara Municipal de Lisboa: é aqui que trabalha Luís, durante a manhã. “As crianças têm de estar entregues até o máximo às 10h. São ordens que a gente tem. Ao meio dia e meia vou para a lavandaria e os outros para o estofamento, etc.”, explicou ao Boas Notícias.

Luís está sempre muito ocupado, mas é isso que o faz feliz: “Gosto muito de estar aqui. É uma família que eu tenho. A minha segunda família. Ninguém me tira mais nada. Isto tem uma história bonita.”

O Centro de Emprego Protegido (CEP), no Elo Social, tem por objetivo assegurar às pessoas com deficiência, que não têm oportunidade de integração no mercado de trabalho, o desempenho de uma atividade produtiva e, sempre que possível, a transição para o mercado de emprego normal.

Neste Centro, estão integrados profissionalmente 29 pessoas com deficiência e os serviços são coordenados por profissionais competentes em cada uma das áreas.

Aposta na autonomia – Os Serviços de Apoio Residencial

Para além do CEP, também os Serviços de Apoio Residencial promovem a autonomia afetiva, pessoal e social dos utentes da instituição. Existe apoio residencial de natureza mais assistencial para os indivíduos com maior nível de dependência, mas também residências de transição e, para os mais independentes, as residências supervisionadas e autónomas, no exterior da instituição.

Paula, utente do Elo Social, está numa dessas residências. “É como se já estivéssemos na nossa própria casa. Fazemos o pequeno-almoço de manhã, porque não temos lá ninguém de manhã, só de tarde é que temos lá uma senhora, a partir das 4, a orientar-nos o comer, mas de manhã estamos completamente sozinhos e à noite, a partir da meia noite” explicou, entre risos, ao Boas Notícias.

“Cada um faz a sua tarefa. Tentamos ser os mais autónomos possíveis. Pelo menos eu vejo, se é preciso mudar o pó, descascar alguma coisa, arranjar uma salada, por exemplo”, contou. Para Paula, esta é como se fosse a sua casa. “Sou feliz aqui, as pessoas são boas”.

Mais recentemente, a instituição estendeu a possibilidade de vir a apoiar os pais dos utentes da associação, quando, por motivo de idade ou de saúde, venham a necessitar de apoio dos serviços de Centro de Dia, Apoio Domiciliário e Lazer.

Financiamento e papel da família

Relativamente ao financiamento do Elo Social, Ricardo Rodrigues, psicólogo e responsável pelo voluntariado da instituição, explicou que “o peso maior é da Segurança Social, mas há uma comparticipação por parte das famílias. Para além disso, a instituição recebe donativos de quem queira contribuir para o seu funcionamento.

No entanto, apesar da importância do Elo Social para os seus utentes, esta associação não descura a presença e colaboração das famílias. “A família é a pedra basilar desta instituição. Procuramos sempre manter os laços familiares, desde que eles existam. O papel desta organização é complementar o papel da família, e não substituí-lo”, explicou António Martins, diretor técnico da instituição.
Fonte de esperança

Contribuindo como um verdadeiro “Elo” de ligação e integração Social, esta associação contribui de forma significativa para a qualidade de vida dos portadores de deficiência mental, bem como das suas famílias.

Este é também um Elo de esperança e convicção numa vida que ainda lhes há de trazer muitos frutos. O Jorge, o Luís, a Paula e tantos outros como eles estão no Elo Social por uma razão: ter um futuro melhor.

“Não nos podemos exaltar, não nos podemos aborrecer, não podemos ficar magoados, chateados. Os nossos monitores gostam também de nós e nós também gostamos. Limpamos as casas de banho, o chão para depois termos um futuro melhor”, disse Jorge, o baterista, com 39 anos.

Mas a música continua a ser um seu sonho: “Sempre gostei de música e vou continuar a tocar para continuar um futuro melhor. Não vou deixar aquilo! Não vou deixar a minha bateria! Não vou não! Não quero deixar”, disse.

Um sonho de que não vai desistir, mesmo a caminho dos 40 anos e mesmo sendo portador de deficiência mental, até porque é a música que, segundo ele, “dá cor à vida e dá alegria à vida”.

Por: Marta Correia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

PUBLICAÇÃO DO LIVRO EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM GUIA PARA DIRECTORES

Encontra-se disponível para download a publicação Educação Inclusiva e Educação Especial: Um guia para Directores.

Elaborado com base nos contributos de diversos profissionais que se disponibilizaram a partilhar as suas práticas, e fruto de uma aprofundada reflexão sobre as mesmas, este Guia pretende constituir um suporte à acção dos diretores de agrupamentos de escolas e de escolas.

Se pretender o livro em formato impresso poderá solicitar, através de dseease@dgidc.min-edu.pt, que o mesmo lhe seja enviado devendo, para o efeito, identificar o agrupamento ou escola e o respectivo endereço postal.

Fonte: DSDC/DSEEASE

In: DGIDC

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

APAE 2011 - A propaganda mais bonita da Internet


2º Congresso Internacional "Derrubar barreiras”. Facilitar percursos"


A Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial (www.proinclusao.com.sapo.pt) vai realizar nos próximos dias 28 e 29 de Outubro de 2011, nas instalações da Universidade Portucalense (Porto), o seu 2º Congresso Internacional "Derrubar barreiras”. Facilitar percursos", no qual contará com a presença de destacados oradores nacionais e internacionais.

Pensamos que um congresso com esta temática e importância interessará a todos os docentes, ainda que esteja, no imediato, mais direccionado para os professores de Educação Especial.

Vimos por este meio solicitar a todos os colegas que façam chegar a informação deste congresso a todos os professores informando-os que as inscrições poderão ser efectuadas através do e-mail congressospinandee@gmail.com e a ficha de inscrição e programa disponíveis no blogue http://congressospinandee.blogspot.com/

Estamos certos que poderemos contar com a sua colaboração no desenvolvimento profissional da classe docente.

Informamos ainda que este congresso encontra-se acreditado pelo CCPFC (15 horas: 0,6 créditos) para todos os docentes (Processo ACC 67427/11).

Ficamos à disposição para fornecer qualquer informação adicional e enviamos os nossos cumprimentos mais cordiais.

(PIN-ANDEE)


Pode consultar aqui o Programa.

Para fazer aqui o download da ficha de inscrição.

Problemas do pé na infância

A principal função do pé é proporcionar apoio ao nosso corpo e contacto com a superfície. 

Nos primeiros anos de vida, é constituído por uma estrutura flexível que ainda não desenvolveu a força e maturidade necessárias para suportar carga. 

De um modo geral, a marcha tem início por volta dos 12 meses e com ela vem um infindável número de preocupações para os pais. Muitas das alterações dos pés nesta faixa etária são fisiológicas, daí a importância de uma avaliação rigorosa e um aconselhamento e orientação adequada. Em caso de dúvida consulte o seu Médico de família ou pediatra. 

Nas crianças que ainda não iniciaram a marcha, a diferença entre alterações posturais ou deformidades pode ser difícil. A alteração postural é a posição habitual na qual o lactente mantém o pé, no entanto, este mantém a amplitude de movimentos normal quando é mobilizado passivamente. A deformidade produz uma aparência semelhante à da alteração postural, no entanto, a mobilidade é restrita. A maioria das alterações pediátricas dos pés é indolor. 

As deformidades do pé devido à sua constituição anatómica podem ser difíceis de definir pela sua multiplicidade e interligação. 

Neste artigo iremos abordar as mais frequentes na idade pediátrica. 

Pé valgo (ou pé plano) 
O pé valgo ou pé plano constitui a alteração da forma do pé mais frequentemente encontrada. Consiste na ausência da arcada longitudinal interna, ou seja, o bordo medial (parte de dentro) do pé assenta completamente no solo. Na maioria dos casos é uma situação irrelevante, podendo constituir um estádio mais ou menos evidente do desenvolvimento normal da criança. 

Assim, desde o início da marcha até cerca dos 3 anos de idade este tipo de pé é observado com muita frequência, considerando-se normal nesta faixa etária. 

Existem vários tipos, sendo o mais frequente (98%) o "pé plano laxo infantil", cujo tratamento é conservador. 

Nos pés mais "rígidos" poderá ser necessária a investigação da causa, que pode ser um defeito congénito do próprio pé ou consequência de patologia neurológica (ex., paralisia cerebral), devendo ser avaliados por um ortopedista. 

Para além da aparência inestética, da deformação e do desgaste do calçado, os pés planos flexíveis são assintomáticos, permanecendo indolores. Todo o pé plano doloroso deverá ser avaliado por um ortopedista. 

Se o seu filho tiver o pé plano é aconselhável deixá-lo andar descalço, andar sobre a areia e usar calçado confortável e flexível. Não está aconselhado o uso de palmilhas ou calçado ortopédico. 

Pé cavo 
O pé cavo é um pé com curvatura plantar exagerada, sobretudo à custa da arcada longitudinal interna, mas também da arcada longitudinal externa nos casos mais graves. Como consequência há um encurtamento do comprimento do pé, proeminência da região dorsal ("peito do pé") e dedos em garra. O apoio plantar faz-se numa área mais restrita que o normal provocando o rápido e persistente aparecimento de calosidades e dores, deformação do calçado e dificuldades na marcha. O seu aparecimento e evolução são em geral lentos, necessitando de uma avaliação clínica precoce. Apesar de existirem formas fisiológicas, o pé cavo deve ser sempre considerado patológico até prova em contrário, podendo constituir um sinal precoce de patologia neurológica, pelo que deve ser avaliado por um ortopedista. 

Pé boto (ou pé equinovaro adulto congénito ) 
O pé boto, também conhecido com "pé torto" em linguagem popular, representa a mais frequente anomalia congénita do pé, sendo bilateral em cerca de 50% dos casos. A sua causa é desconhecida, mas admite-se que pode ser devido a vários fatores (hereditários, posturais intrauterinos, neuromusculares...). 

É uma deformidade complexa em que o pé está rodado, com as plantas voltadas para a linha média ("para dentro"). Esta posição anormal do pé leva a alterações dos tecidos moles, espessamento dos ligamentos e atrofias musculares, o que impede o normal desenvolvimento do esqueleto respetivo, com fixação e agravamento das deformidades. 

Quando a criança inicia a marcha esta torna-se difícil, com aparecimento de calosidades nas zonas de apoio e dores. 

O pé boto pode ser identificado nas ecografias pré-natais a partir da 16ª semana de gestação. Este diagnóstico é importante pois pode estar associado a outras anomalias congénitas (ex., displasia de desenvolvimento da anca). 

O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, logo após o nascimento, por um ortopedista. Consiste em sessões de manipulação do pé, imobilização com gesso, podendo eventualmente ser necessário o recurso à cirurgia, não só dos tecidos moles, mas também da parte óssea. O resultado final depende do diagnóstico atempado, do tratamento adequado, bem como do grau de deformidade e flexibilidade do pé. 

Por: Clara Machado, com a colaboração de Eduardo Almeida, Ortopedista Infantil do Centro Hospitalar do Porto

In: Educare

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Como vai a avaliação da docência?

Como vai a avaliação da docência?

Não vai: está (mentalmente) parada. Ciclicamente regressa-se ao mesmo ponto de partida, porque as sucessivas propostas aprovadas são (tal como a terra) redondas. Parece que venceu o cansaço e só se procuraram soluções de remedeio para que todos os intervenientes nas negociações encontrassem uma saída honrosa.

É a verdade e é pena. Já aqui dissemos que a avaliação de um professor não pode servir apenas para filtragem na progressão da carreira e controle orçamental. Bem pelo contrário: A avaliação de um professor é uma actividade que se projecta no futuro. Conhecidos que forem os resultados da avaliação, tudo, ou quase tudo está por fazer. É com base nos dados recolhidos pelo avaliador e pelo avaliado que se traçam as grandes linhas de actuação que estão para vir. Ou seja, as actividades de melhoramento ou de alteração do desempenho do professor começam precisamente aí. Por isso mesmo, o resultado da avaliação deve ser encarado como um dado de presságio que, em contínua espiral de desenvolvimento, deve acompanhar toda a carreira do professor, adaptando-se às necessidades pressentidas em cada um dos diferentes estádios profissionais que ele atravessa.

O processo de avaliação, assim entendido, terá que merecer uma aceitação indiscutível por parte de avaliadores e de avaliados e não pode estar sujeito a hipocrisias burocrático administrativas. Até porque o professor, em determinadas situações avaliador de si próprio, deve contribuir para que progressivamente sinta que é dispensável a ajuda externa dos seus supervisores, já que a avaliação deve encaminhá-lo para estádios de mestria, e para progressivos níveis de excelência, conferidos pelo auto-controle e pela auto-formação. Nestes contextos a classificação pode até ser um prescindível elemento da avaliação… Daí que se diga que o principal objectivo do supervisor é… tornar-se dispensável.

Em Portugal continuamos a viver momentos de pura cegueira sobre esta matéria. Há quem entenda que a implementação séria de um modelo de avaliação dos professores é, prioritariamente, tarefa administrativa, resultando apenas de progressivos consensos gerados à mesa de negociações.

E, de todo, não o é! Pelas implicações pessoais e profissionais que pode provocar, um modelo de avaliação de professores é coisa muitíssimo mais séria… Tem que

contemplar a soma das actividades em que ele se desdobra e em que se envolve. Logo, deve apreciar o professor enquanto profissional, mas também como pessoa, como membro de uma comunidade, como técnico qualificado na arte de ensinar e como especialista das matérias que ensina. Portanto, requer a intervenção, desde logo dele próprio, mas também de outros agentes que sobre ele se pronunciam. E todos esses intervenientes do processo avaliativo, para que consigam alcançar o exercício pleno da sua missão, carecem de uma formação específica e especializada em supervisão e em observação de actos pedagógicos.

Na sociedade do conhecimento e da informação, requer-se também a montagem de uma rede de comunicações, em que a vídeo gravação e a observação à distância tenham lugar de destaque. Como tal, deve-se promover o recurso à hetero-observação, à autoscopia, à vídeo-conferência e à circulação de portefólios digitais, enquanto recursos, meios e produtos indispensáveis ao desenvolvimento de docentes que, diariamente, lidam com jovens da geração do facebook.

Um sistema destes também requer tempo para ser testado e validado, antes de ser generalizado. Impõe uma escolha criteriosa das escolas que irão constituir a amostra, bem como dos instrumentos e dos agentes que vão avaliar esse pré-teste. Obriga a uma escolha prudente dos futuros avaliadores, após se ter procedido ao estabelecimento de um perfil desses supervisores. Impõe a rápida formação dos professores e dos seus avaliadores… Isto é, a implementação de um tal sistema requer tempo e a afectação generosa de recursos humanos e financeiros.

Não me parece ser este o caminho escolhido pela tutela. Esta esteve mais apostada em proceder a uma rápida negociação que promova o silenciamento das vozes mais críticas, mesmo que isso resulte em mais um remendo administrativo, ou a uma reforma semântica, de um sistema de avaliação burocrático, que até hoje apenas provou que nada vale, e que apenas serve o controlo de custos na educação.

À mesa das negociações traçaram-se cenários que tão só procuraram de uma solução política que ultrapassasse o quadro de guerrilha que se apoderou das nossas escolas. Mas, reconheça-se que, nessa fotografia onde ninguém quis ficar mal, realça um cenário que nada tem a ver com as merecidas vitórias por que tanto e tão dignamente lutaram os professores portugueses.

Por: João Ruivo (ruivo@rvj.pt)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Alunos proibidos de ir à escola devido a turma problemática

Dez alunos do 3.º ano de uma escola de Tamel S. Veríssimo, Barcelos, não vão às aulas desde o início do ano lectivo, num boicote decretado pelos pais contra a inclusão dos filhos numa turma "extremamente" problemática.

"Há uma clara falta de transparência na constituição das turmas. No 3.º ano já há cinco meninos com necessidades educativas especiais, mas parece que fizeram questão de nela integrarem os cinco ou seis alunos mais problemáticos que entraram para o 1.º ano", disse a porta-voz dos pais à Agência Lusa.

Segundo Marlene Faria, dos 14 alunos do 3.º ano só quatro é que estão a frequentar as aulas, "porque não estão para se chatear".

Os outros continuarão a faltar as aulas até que a turma seja redefinida ou que seja deferido o pedido de transferência para outra escola, entretanto já efectivado pelos pais.

O caso regista-se na escola das Pontes, que pertence ao agrupamento Gonçalo Nunes.

De acordo com Marlene Faria, a constituição das turmas baseou-se nos pedidos dos pais, "que fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que os filhos se livrassem dos alunos mais complicados que entraram para o 1.º ano".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

“Para construíres o teu futuro, estuda o passado”

A educação é um instrumento de transformação do ser humano, pois torna-o capaz de pensar, sentir e agir de forma consciente e plena. 

De acordo com Gadotti, "Aprender não é acumular conhecimentos. Aprendemos história não para acumular conhecimentos, datas, informações, mas para saber como os seres humanos fizeram a história para fazermos a história. O importante é aprender a pensar (a realidade, não pensamentos), aprender a aprender". 

No decorrer dos tempos, a educação tem evoluído cada vez mais. Com o advento da globalização, o conhecimento - até então restrito - vem sendo socializado, através dos sistemas de informação. 

Mas não adianta ter acesso a esse conhecimento sem pensamento crítico e reflexivo. Atualmente estamos passando por profundas transformações na educação, tendo em vista que a informação se propaga extraordinariamente através dos meios de comunicação. Antes, a mesma era pautada em apenas transferir conhecimento - o professor detinha o saber - hoje coloca-se o aluno como centro de aprendizagem. Segundo Gadotti "O Professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. 

O aluno precisa de construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz". As chamadas TIC colocam o aluno frente a frente com o saber. Cabe ao professor mediar este processo de aprendizagem de forma que o aluno venha ser capaz de "aprender a aprender" e "aprender a fazer", sendo estes os grandes pilares da Educação. 

Segundo Gadotti, "diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária". Há a necessidade de uma nova mudança no papel da educação, passando de apenas transmissão de conhecimentos para colocar em primeiro lugar o "aluno", havendo, desta forma, uma troca de saberes, de experiências, motivações para que o "aluno" seja capaz de "um dia" intervir e de se relacionar com a sociedade/realidade em que se depara, a partir desse conhecimento. 

Os desafios educativos colocados pela sociedade atual e pelo trabalho docente são cada vez mais exigentes e em constante mutação. Nos últimos trinta anos, assistiram-se a profundas mudanças sociais que se repercutiram nos comportamentos, estilos de vida, atitudes e valores, com elevado impacto na vida e na profissão dos profissionais da educação (Barros, 2005). É num contexto de incerteza face às mudanças educativas constantes que os professores da "escola de hoje" trabalham tentando, mesmo assim, responder positivamente àquilo que a atualidade escolar exige. 

Ser professor hoje é mostrar aos alunos um ponto de vista do mundo que eles ainda não viram, com dedicação, com amor e acima de tudo com esperança de dias melhores.

Concordo com Rubem Alves quando ele menciona: "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O Professor assim não morre jamais...". É através das nossas atitudes e ações que podemos transformar a educação refundindo num lugar onde todos possam ser incluídos podendo dividir as mesmas oportunidades.

Podemos afirmar que se cada um fizer a sua parte, juntando a sua parte com a dos outros, podemos mudar a realidade atual e, desta forma, olhando o passado perspetivamos o futuro. 
Augusto Cury refere: "Educar sempre foi uma arte que dá prazer, mas atualmente passou a ser um canteiro de ansiedade (...), uma semente foi plantada e talvez (...) talvez germine".

In: Educare

domingo, 18 de setembro de 2011

Professores e psicólogos: pais devem desdramatizar primeiro dia de aulas

A maioria das crianças encara com nervosismo o início das aulas e as birras dos que experimentam pela primeira vez são até consideradas normais. Professores e psicólogos explicam que os pais têm de ser positivos para contrariar o medo das crianças.





Cerca de 20 por cento das crianças com algum défice da visão

Cerca de 20 por cento das crianças em idade escolar tem algum défice da visão. Os especialistas defendem que os rastreios deviam ser obrigatórios.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

4° encontro de famílias e doentes de Esclerose Tuberosa


Somos um grupo de Pais de doentes de Esclerose Tuberosa a constituir a Associação de Esclerose Tuberosa em Portugal.


Vamos fazer o 4° encontro de famílias e doentes no próximo dia 25 de Setembro 2011 em Lisboa".

O evento será no auditório da Oni, na Av. Fontes Pereira de Melo nº27, Lisboa e terá inicio pelas 11h.A entrada é gratuita, teremos um almoço e coffee break.

Este ano contamos com a presença de vários médicos internacionais com uma vasta experiência nesta doença, bem como o Dr. José Carlos Ferreira que pertencerá ao corpo clínico da nossa Associação.

Outros Participantes:

  • Neurofisiologistas: Dr.ª Ana Rita Pinto e Dr. Daniel Borges
  • Psicomotricista: Dr.ª Sandra Antunes
  • Psicopedagoga Clínica: Dr.ª Rita Pereira

GOSTARIAMOS DE SOLICITAR A SUA ATENÇÃO NA DIVULGAÇÃO DOS NOSSOS CONTACTOS A FAMÍLIAS DE DOENTES DE ESCLEROSE TUBEROSA. NÃO HESITE, CONTACTE-NOS:

Email: esclerosetuberosa@gmail.com

Telemóvel: 916 521 322 Mãe Zélia Figueiredo / Mãe Micaela Rozenberg

"facultamos transporte do norte e sul do país para a nossa reunião.


20% das crianças têm problemas visuais que interferem no rendimento escolar

As carrinhas de marcas de ópticas que fazem rastreios nas escolas nem sempre têm profissionais especializados e em alguns casos já terão provocado problemas de visão a crianças. A acusação é do director do serviço de oftalmologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Joaquim Murta. "As carrinhas móveis suportadas pelas ópticas que vão às escolas supostamente para observar as crianças, na realidade, muitas nem têm especialistas. O que lhes interessa é vender e mais nada", explica o oftalmologista.

O especialista conta ao i que já recebeu várias crianças no seu consultório com problemas de visão agravados devido a óculos impróprios para os seus problemas. Quando questionado sobre as marcas que fazem este tipo de abordagens aos mais novos, Joaquim Murta não tem papas na língua e acusa o Grupo Óptico das Beiras e a Multiópticas, realçando que, especialmente a última, o faz "imensas vezes" principalmente na zona da Beira Interior.

O i contactou o responsável dos rastreios oftalmológicos do Grupo Óptico, mas a única coisa que ouviu da empresa foi "o nosso comentário é não comentar. Não faz sentido".

Já a Multiópticas enviou um comunicado ao i a explicar, que no caso deste tipo de rastreios, o serviço que presta só ocorre perante a solicitação das respectivas entidades, respeitando a restrição de idade que é igual ou superior aos oito anos e perante uma autorização prévia dos encarregados de educação. Além disso, as crianças são acompanhadas pelos professores que coordenam com a óptica a realização das acções de rastreio. "O despiste centra-se em avaliar a acuidade visual, forias e estrabismos. Com quaisquer possíveis problemas do foro patológico que possam ser detectados, é feita uma recomendação entregue ao professor que acompanha a acção, endereçada ao encarregado de educação, para que consulte um médico oftalmologista", refere a cadeia. A óptica realça ainda que os seus técnicos são especialistas de qualidade e por isso têm a confiança da população e acrescenta que os rastreios são gratuitos e beneficiam quem não pode recorrer ao Serviço Nacional de Saúde ou a serviços privados: "A notoriedade da nossa marca muitas vezes pode levar à confusão com marcas concorrentes. Há muitas marcas de óptica hoje a realizar iniciativas semelhantes, inclusive com carrinhas equipadas, alugadas através de anúncio e que proporcionam com facilidade estas abordagens", sublinha ainda a Multiópticas. Apesar da posição das ópticas, Joaquim Murta explica que já há seis anos que envia cartas para a Ordem dos Médicos a denunciar estes casos, embora sem sucesso.

Augusto Magalhães, oftalmologista pediátrico do Hospital de São João do Porto e membro da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, diz ao i que não pode haver ingenuidade ao ponto de não achar que as casas de óptica não usem estas carrinhas para fazer publicidade às suas lojas, porque são essas "as leis do mercado". E o oftalmologista mostra-se preocupado apenas com a qualidade dos rastreios: "Normalmente são realizados de forma arbitrária, sem um protocolo aceite em termos de fiabilidade e de eficácia, e são realizados por pessoas cuja idoneidade não se sabe por quem ou onde é concedida", diz. "Na presença de suspeitas, as crianças são habitualmente encaminhadas para a respectiva loja onde habitualmente existe um optometrista a que chamam especialista de visão e que decide em última instância quais as necessidades da criança", acrescenta. Segundo o médico, durante todo o processo dificilmente algum oftalmologista observa a criança. "Tudo isto é lamentável, porque não existem garantias de competência e dessa forma a saúde passa ao lado dos médicos", acrescenta.

Augusto Magalhães reforça ainda a importância dos rastreios realizados aos mais pequenos e afirma que 20% das crianças têm problemas visuais que interferem com o rendimento escolar.

Para o especialista, as doenças dos olhos que mais afectam os mais novos são os erros refractivos (miopia, hipermetropia e astigmatismo), a ambliopia e o estrabismo. Um dos sinais mais habituais de problemas na visão é "a dificuldade na leitura", mas dores de cabeça, náuseas, olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes, estrabismo e fotofobia (dificuldade em suportar a luz) "são sintomas que não podem ser ignorados e devem levar os pais a procurar um oftalmologista", defende.

Augusto Magalhães considera ainda que é fundamental realizar um primeiro rastreio por volta dos três ou quatro anos, porque nesta idade a criança já colabora minimamente. No entanto, sustentou, "do ponto de vista médico é preferível rastrear mais cedo".

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A entrada dos adultos na creche/jardim de infância

Provavelmente as questões que os pais colocarão neste momento têm sobretudo como alvo os filhos. Como é que eles...? Com a chegada do novo ano letivo, parece-me urgente os pais comecem a colocar a questão do "nós". Como é que nós, pais, lidamos com a entrada dos nossos filhos no sistema de ensino? Colocar a questão desta forma não denota qualquer indício de egoísmo; bem pelo contrário. Não há dúvida de que o processo de adaptação à creche ou ao jardim de infância depende dos mais pequenos, mas depende também, e muito, da atitude dos mais graúdos.

Ilustrando o que atrás foi referido, imaginemos duas cenas diferentes, mas com as mesmas personagens. Numa delas, os pais, face às lágrimas dos filhos, ficam absolutamente rendidos. Abraçam-se a eles, prolongam o momento do adeus, questionam-se interiormente se será mesmo adequado deixá-los ali e não conseguem eles próprios deixar de chorar também. Imaginemos agora os mesmos pais e a mesma criança, mas com uma atitude diferente. Os pais interiormente já decidiram que aquela era mesmo a melhor opção para os filhos; estão convictos de que as lágrimas são quase inevitáveis e que, por isso, face a elas terão de adotar uma postura carinhosa, mas firme. Para além disto, têm consciência de que prolongar o adeus com abraços molhados só dificultará todo o processo. Sem grande reflexão e, certamente, quase de forma intuitiva, se depreenderá que as duas cenas descritas terão desfechos diferentes.

A ansiedade e a angústia são sentimentos que, se não forem bem geridos pelos pais, serão de imediato captados pelas crianças, gerando nelas um grande receio. O que pensará uma criança de 2/3 anos, ainda que não muito conscientemente, quando a mãe a leva à escola pela primeira vez e, passado pouco tempo, face à sua recusa em ficar naquele novo contexto, começa a chorar quase tanto como ela? "Se a minha mãe chora, é porque algo não muito bom estará certamente para acontecer. Logo, se eu chorar muito e me agarrar a ela, pode ser que me leve embora e não tenha de ficar neste local desconhecido." Assim se instala um ciclo vicioso, em que as angústias e lágrimas dos pais dificultarão o processo de adaptação dos filhos!

Um outro aspeto que é importante referir e que não facilita todo este processo é a chamada despedida às escondidas, que, basicamente, consiste na fuga dos pais, num momento de distração da criança. Esta é uma estratégia que pode ajudar os pais a não sofrerem tanto a pressão do protesto da criança, na medida em que podem virar costas. No entanto, para os filhos, a fuga pode gerar sentimentos de perda e abandono. Os pais devem clarificar muito bem que irão embora, mas voltarão para os buscar, ao fim de algum tempo.

É importante que os pais estejam conscientes de que a entrada na creche ou no jardim de infância é algo que promove o desenvolvimento das crianças em diferentes áreas, nomeadamente socialização, autonomia e linguagem. Além disso, passado o período inicial de tempestade inerente ao processo de adaptação, vem a bonança! Regra geral, o processo de adaptação poderá demorar cerca de um mês. Se ao fim deste período, a criança continuar a manifestar sinais de desadaptação, será conveniente, em primeiro lugar, reunir com a educadora, no sentido de conhecer a sua perceção relativamente a esta situação. A avaliação por um especialista em psicologia é outra hipótese a considerar se, entretanto, a situação não se tiver alterado.

Face ao exposto, falta ainda responder a uma questão relevante. O que poderá ajudar os pais a enfrentar com menos angústia a entrada dos filhos na escola? A confiança na instituição. Esta confiança só poderá existir conhecendo não só as instalações mas também os educadores. A APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil) dá algumas pistas para a escolha da ama, creche, jardim de infância ou escola, que os poderão ajudar a sentirem-se mais tranquilos (www.apsi.org.pt). 

Resta apenas lembrar que as lágrimas normalmente fazem parte desta etapa de transição. Acresce que, embora fiquemos com o coração apertado, não nos podemos esquecer de que o sofrimento, por muito que o queiramos banir é algo inerente ao processo de crescimento.

Por: Adriana Campos

In: Educare

Escola Moderna. A brincar a brincar, há outra forma de ensinar miúdos na sala de aula

No movimento escola moderna não há manuais, os alunos podem ser professores e os professores é que têm TPC. E os pais que fiquem tranquilos: as metas definidas pelo ministério são sempre cumpridas

Quase ninguém esquece o primeiro dia de aulas da primária: acordar cedo e ser deixado numa sala com um adulto que não conhecemos e uma data de miúdos no mesmo comprimento de onda - sonolentos, tímidos e a desejar que o dia passe depressa. Para muitos, a sensação estende-se para lá do primeiro dia e pô-los a gostar de ir à escola é um bico-de-obra tão grande como conseguir ensinar a mesma coisa a mais de 20 crianças ao mesmo tempo - preocupação recorrente entre pais e professores, que esteve na base do movimento escola moderna (MEM), nascido nos anos 20 em França e que chegou a Portugal na década de 60.

A base de um movimento ainda pouco conhecido em Portugal é integrar os alunos numa comunidade em que cada um aprende ao seu ritmo. Em vez de carregarem mochilas com manuais todos os dias ou de passarem o ano virados para o quadro a ouvir o professor dar matéria, são os alunos que criam os seus dicionários e livros, a partir de textos seus, e passam os quatro anos do ensino básico a "aprender a aprender" (e, arrisca a jornalista pela experiência pessoal, também a aprender a brincar. Os pais que não se assustem: a palavra "brincar" não é usada de ânimo leve.) "Uma das ideias do movimento é que os materiais da vida corrente podem todos ser ferramentas de trabalho na sala de aula", explica ao i Maria de Jesus do Ó, 63 anos. "A ideia de montar uma loja e de usar uma balança surgiu-me porque tinha de ensinar o dinheiro, mas fazer só contas não tem piada. Com a idade deles, era mais interessante um fazer de lojista, outro de cliente, interiorizando as coisas enquanto mexiam nos materiais."

Maria de Jesus, agora reformada, deu aulas durante 27 anos, nem sempre neste modelo. "Comecei a dar aulas antes do 25 de Abril, em que era ensinar a ler, a escrever e a contar, mais nada. Anos mais tarde, ainda antes do fim do antigo regime, a escolaridade passou a ser obrigatória e apareceram-nos nas turmas alunos com dificuldades. Aí percebi que não dava conta de tudo com o modelo tradicional."

Estava aberta a porta ao movimento, que lhe chegaria em 1977 pelo delegado de saúde de Sintra, "que percebeu que em Queluz estávamos a ter muitos miúdos com dificuldades" e que levou os professores a acções de formação em A-da-Beja. "Quando começamos a verificar o sistema de trabalho vemos que é muito interessante, mas também muito difícil de aplicar."

Difícil é dizer pouco. Os professores que, na sala de aula, preferem a democracia por oposição à ditadura acabam por levar mais trabalhos de casa que os alunos (que raramente têm os famigerados TPC). "É um processo muito trabalhoso e eu acho que os professores não lhe pegam por isso, e não porque não achem piada", diz a professora. Uma semana na vida de um destes professores pode parecer um pesadelo para outros que baseia as aulas em sermões aos miúdos e testes padrão para todos. Com o MEM, até a palavra do senhor (professor, leia-se) é questionada. "É aquela ideia de que o professor não sabe tudo e de que o aluno aprende fazendo. Não é por eu dizer que isto não se faz ou que isto se faz assim que eles aprendem. É preciso aprender fazendo e fazer puxando pela cabeça."

Se um aluno pergunta o que é alguma coisa ou como se faz, os professores mandam pesquisar. "Usamos os métodos das várias ciências. Como é que um historiador trabalha? Faz pesquisas, entrevista fontes... Os meninos podem fazer isso. Nas Ciências, é pela experimentação e pela observação. Então tentamos que os alunos façam esse tipo de trabalho", explica Inácia Santana.

da anarquia à Democracia Inácia, de 54 anos, dá aulas há 33, desde sempre neste modelo. Em vésperas de regresso às aulas, recebe o i na sua sala, na Escola Frei Luís de Sousa (Lisboa). "Saí da escola de formação inicial a rejeitar o método tradicional. Sentia que a escola era uma coisa morta, sem vida. Senti que ou estava na escola de outra forma ou não conseguiria ser professora. Foi quando conheci o movimento e fiquei deslumbrada", conta. 

"Nós estamos habituados ao modo de organização simultâneo, que vem do século xvi, xvii, que predomina ainda hoje. Parte da concepção de que os alunos aprendem colados à palavra do professor: o professor diz, logo os meninos aprendem. Mas todos sabemos que não é verdade, em nenhuma conferência eu consigo apreender tudo o que o conferencista diz e toda a gente sabe que hoje há muita diversidade nas salas de aula." Este ano a professora terá um quarto ano, em que os alunos já sabem como tudo funciona. "Cada um tem um plano individual de trabalho, em que cria as suas metas. E isso dá-lhes muita autonomia. Todos se avaliam e avaliam o sistema. E às sextas temos o Conselho de Turma, para discutir o que se fez, o que não se fez, como correu a semana, o que faremos na semana seguinte e até discutimos problemas do recreio."

Um dia Inácia chamou um aluno de outra turma para um conselho, porque um dos seus alunos acusava-o de lhe ter batido. O rapaz acabaria por procurar um pretexto para ir todas as sextas à sala. "Há um dia que me diz que não ia estar na escola nessa sexta, que queria avisar-me de que não podia ir ao conselho. Mas acabou por aparecer. Acho que já só fazia disparates para poder ir ao nosso conselho (risos)."

O mesmo acontecia com Maria de Jesus: tinha fama de "professora má", por causa do "vozeirão", mas, "quando outra professora faltava e recebia miúdos dessas turmas, alguns diziam que queriam ir para a minha sala para sempre".

O movimento, que nasceu na década de 20 pelo pedagogo francês Célestin Freinet - cognominado "anarquista" por recusar o modelo instituído de ensino - é hoje o favorito de inúmeros professores na calha, que na faculdade se rendem ao conceito de ensinar mais do que a ler, escrever e contar. "Os miúdos habituam-se a falar, a criticar, a ser criticados, a falar entre eles. No fundo é uma escola de vida. Falam à vontade com o professor, à vontade entre eles, ajudam--se, têm tarefas e responsabilidades e têm de dar contas de tudo", explica.

O modelo, contudo, não está livre de problemas, ainda que "os obstáculos sejam mais entre pares", adianta. "Os colegas não se sentem bem quando temos um esquema diferente, há muita resistência." A isto juntam-se as dúvidas dos pais. "Temos de lhes transmitir a ideia de que sabemos o que fazemos, de que somos profissionais. Eu costumo dizer aos pais: se vou ao médico, tenho de confiar nele; se não confiar, é melhor mudar de médico. É o mesmo com os professores", explica Inácia.

A Finlândia, que há vários anos lidera o ranking mundial de melhores escolas, está mais familiarizada com o modelo. Mas em Portugal este continua a ser o "ensino alternativo", desconhecido da maioria. "Às vezes há a ideia de que os professores neste modelo ficam à mercê dos alunos e é o contrário: tem de se ter as antenas bem no ar para perceber onde cada um está e como está a evoluir", diz Inácia. Quem conhece bem o modelo não tem dúvidas de que é completo e democrático - ou não tivesse sido distinguido, nos 30 anos do 25 de Abril, como Membro-Honorário da Ordem de Instrução Pública.

E se dúvidas persistem ouçam-se ex-alunos do modelo - que hoje, com outra maturidade, admitem que foram privilegiados. É o caso de Marta Azenha, designer de moda de 24 anos, que não vai querer os filhos noutro sistema. "Aprendemos as coisas de forma orgânica, é uma evolução que faz sentido, porque nos prepara para o raciocínio do dia-a-dia mais do que só para saber as coisas", explica ao i. O que as amigas mais estranhavam era ela não ter trabalhos de casa. "Não sentia falta, mas sabia que os outros meninos tinham uma certa inveja." Sofia Fischer, colega de Marta e hoje designer de comunicação, acrescenta: "Lembro-me de até as professoras do ATL acharem estranho não termos TPC. Enquanto os outros trabalhavam nós brincávamos." É que as brincadeiras também ajudam a crescer. E a brincar a brincar, o sonho anarquista entrou nas salas de aula e hoje é pura democracia por (e para) miúdos. Como diz Maria de Jesus, "O mais difícil é perder a aversão ao que é diferente. Depois tudo é mais fácil".

O MEM é aplicado tanto em escolas privadas como públicas. Para mais informações, contacte a sede por telefone ou vá directamente a www.movimentoescolamoderna.pt.