sexta-feira, 27 de setembro de 2013

III Congresso “Educação Inclusiva e Equidade”

É inevitável falar hoje na realização do nosso III Congresso “Equidade e Educação Inclusiva”. Não porque ele seja o mais importante do que se está a passar no nosso país, mas porque é o que mais nos mobiliza em tempo, energia e vontade. Antes de terminarem as inscrições podemos desde já dizer que o congresso é um sucesso: a qualidade do programa, o número de inscrições e a adesão às comunicações ultrapassou as nossas expectativas. Cada vez que nos abalançamos a uma organização deste tipo assumimos uma grande responsabilidade: antes de mais a responsabilidade de oferecer à organização dezenas ou mesmo centenas de horas de trabalho, entregar a nossa dedicação e compromisso para que tudo corra pelo melhor. E porque fazemos isso? 

Diria por três razões: em primeiro lugar porque temos a certeza que a realização de eventos deste tipo têm um grande importância para a consolidação e para a valorização da Educação Especial. Sabemos o quanto por vezes a Educação Especial é louvada nos discursos e menosprezada nas práticas. Realizar um congresso com esta dimensão é valorizar a Educação Especial. Em segundo lugar, é demonstrar que a Educação Especial é antes de mais… Educação. Quando discutimos currículo, transição para a vida pós -escolar, intervenção nas primeiras idades, etc. estamos a discutir Educação e portanto a influenciar um dos setores da vida nacional que mais influência tem no crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida. Por fim, organizamos este congresso porque achamos que o que se discutir, o que se decidir o que se aprender pode ser útil para que os alunos com dificuldades tenham uma educação de maior qualidade. Não queremos uma educação especial em que nos dizem “Isso é com vocês!” ou “Estes alunos são diferentes de tudo!”, etc., queremos uma educação especial encaixada, embutida na educação de todos e disposta a encontrar não os fossos mas as pontes. 

Contamos consigo para o nosso congresso e que a sua presença sirva para afirmar o que somos e o que queremos. Não é altura para divisões: efetivos versus contratados, empregados versos desempregados, experientes contra jovens… A altura é de fazermos crescer a nossa profissão de professores de alunos com dificuldades. É por isso que o nosso congresso é um sucesso: porque sempre soubemos na profissão e na vida olhar primeiro o essencial. 

Por: David Rodrigues 
Presidente da Pró-Inclusão-ANDEE

In: Newsletter da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Para mais informações sobre o congresso visite o site da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Pais de crianças com necessidades educativas pedem fiscalização

Várias associações de pais de crianças com Necessidades Especiais Educativas (NEE) pediram ao Instituto Nacional de Reabilitação a “fiscalização imediata” da aplicação da legislação que proíbe turmas com mais de 20 estudantes quando existem alunos com NEE.

Na quarta-feira, 17 associações e grupos de encarregados de educação enviaram uma carta ao diretor do Instituto Nacional de Reabilitação (INR) pedindo uma reunião e a sua intervenção para garantir que a legislação nas escolas está a ser cumprida.

Os pais dizem que existem várias turmas com alunos com NEE compostas por mais de 20 estudantes, contrariando a legislação em vigor.

Para aquele grupo de cidadãos, este tipo de situações “estão a vedar a inclusão e o efetivo direito à educação destas crianças”.

Por isso, na carta enviada quarta-feira ao INR, pedem a verificação da aplicação do decreto-lei (3/2008) no que toca ao cumprimento da "redução de alunos por turma em turmas com dois alunos com NEE; turmas com mais de dois alunos com NEE; unidades com mais de seis alunos; rácio de pessoal docente e não docente para apoio a alunos com NEE; professores de Educação Especial com mais de 15 alunos com NEE a seu cargo”.

No início da semana passada, algumas daquelas associações enviaram uma carta aberta ao ministro questionando-o sobre as afirmações que tinha feito sobre alunos com NEE: As declarações de Nuno Crato “levam-nos a crer que estas crianças são consideradas pelo ministério sob a sua tutela como um grupo de alunos à parte, que devem ser segregados às suas turmas, privando-as consequentemente do direito à educação junto dos seus pares. Sem meios dificilmente será possível promover a inclusão”.

Questionado pela Lusa, o gabinete do ministro da Educação e Ciência voltou hoje a sublinhar que Nuno Crato "não se estava a referir a todos os alunos com necessidades educativas especiais como um grupo homogéneo".

"Pelo contrário. Estava a referir justamente que há uma grande diversidade de alunos NEE. Por exemplo, há alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente que trancam turmas, cuja integração limita em 20 o número total de alunos nessas turmas (até dois), desde que o seu Programa Educativo Individual (PEI) o preveja e o grau de funcionalidade o justifique", afirmou o gabinete de comunicação do MEC.

Por outro lado, continua o ministério, "há alunos cujo PEI não determina a redução do números de alunos por turma. Existem ainda alunos com deficiências profundas que frequentam instituições de ensino especial e que passam um número muito reduzido de horas na escola, estando por esse motivo formalmente matriculados numa turma.

No entanto, para os pais, a situação que se vive atualmente em algumas escolas pôe em causa a qualidade do ensino e "contraria os direitos previstos e consagrados" na Constituição da República Portuguesa, na Lei da não discriminação 46/2006, no Decreto de Lei 3/2008 e no despacho 5048-B/2013.

Além da legislação nacional, os pais recordam ainda que Portugal assumiu compromissos internacionais ao ratificar documentos como a Declaração de Salamanca ou a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, que consideram estar agora em causa.

“Entre um adulto institucionalizado e um adulto potencialmente produtivo há decerto uma enorme diferença”, defendem os pais.

Um só professor para 40 alunos do ensino especial em escola de São Pedro do Sul

No concelho de São Pedro do Sul, em Viseu, há uma escola com 40 alunos com necessidades educativas especiais. As crianças deveriam ser acompanhadas por 4 professores, mas neste momento só um está colocado. Por causa disso, uma criança ainda não foi à escola este ano.




Comentário: É lamentável o que se vive no nosso País! 



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pais indignados. Precisam-se professores de educação especial

Em Évora, os pais de crianças com necessidades educativas estão revoltados com a falta de professores do ensino especial. Há mais alunos, menos docentes e nenhuma resposta do Ministério da Educação.

Há escolas a rejeitar alunos com necessidades educativas especiais, porque não têm maneira de os acompanhar. Passa uma semana da abertura do ano lectivo e cerca de 400 alunos especiais continuam em casa. 

“Cerca de 400 alunos, ao nível nacional, estão neste momento em casa por falta de colocação atempada de professores do ensino especial ou de outros técnicos que com eles trabalham”, revela à Renascença o sindicalista do Sindicato de Professores da Região Norte Vítor Gomes. 

“O panorama no Norte é de cerca de 100 alunos de deficiência mental sem apoio e 80 surdos sem apoio, neste momento todos em casa, a aguardar as colocações tardias que o Ministério fez este ano”, acrescenta. 

Exemplos de escolas afectadas pela falta de professores não faltam: no agrupamento das Escolas do Cerco, “há duas unidades fechadas – cerca de 10 alunos que ainda estão em casa – porque não foram colocados professores. No agrupamento de Cinfães, estão quatro alunos à espera de professor para poderem ser intervencionados. No agrupamento Alexandre Herculano, aqui no Porto e uma escola de referência de surdos do concelho, há menos dois técnicos de língua gestual portuguesa, que são os tradutores que ajudam os alunos. E há 80 alunos surdos ao nível de toda a região Norte que estão em casa por falta de financiamento do seu transporte para as escolas de referência”. 

O Sul não está isento de dificuldades e, na escola básica Manuel Ferreira Patrício, em Évora, os pais mostram-se indignados. 

Momentos de aflição em Évora

Margarida Rosário é mãe de uma menina com necessidades educativas especiais que frequenta a escola básica Manuel Ferreira Patrício. “Esta escola, o ano passado tinha 12 professores do ensino especial, este ano tem sete e recebeu mais casos de crianças com deficiência e com maior grau de dependência", conta. 

"A Unidade de Multideficiência tem seis crianças para uma professora, sendo que, quando a minha filha entrou tinha quatro crianças para duas professoras a tempo inteiro. A Unidade de Autismo tem 15 crianças para duas professoras, a de surdos tem em relação ao ano passado, menos um professor, menos dois intérpretes e menos dois formadores de língua gestual”, avança ainda Margarida Rosário. 

Isto, num universo de 92 crianças, quase todas a frequentar este estabelecimento de ensino. A directora do agrupamento, em resposta aos sucessivos apelos dos pais, fez deslocar uma professora e duas educadoras da Cooperativa local de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades (CERCI), para assegurar os casos mais graves. Sem outros recursos, mais não se pode fazer. 

As respostas tardam em chegar. “Neste momento ninguém sabe de nada, ninguém tem autorização para contratar nem professores nem técnicos. Não há respostas para ninguém”, descreve a mesta mãe. 

Margarida Rosário lamenta que a “escola inclusiva” tenha sido uma miragem, uma vez que as crianças “precisam de apoios específicos que não têm. Nós não estamos a pedir favor nenhum, não é? Isto está na lei, o Estado português ratificou o Direito das Pessoas com Deficiência, comprometendo-se a cumprir, mas a verdade é que não percebemos - nem sei se alguém entende - qual é a política do senhor ministro da Educação”, desabafa.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Alunos com necessidades educativas especiais continuam sem apoio de educação especial

Foram publicadas as listas de candidatos da 2.ª reserva de recrutamento. Se, por um lado, havia alguma esperança na colocação dos professores de educação especial em falta, apoderou-se, eufemisticamente, uma desilusão.

Numa leitura na diagonal das listas de colocação, ressalta de imediato a contratação de vários docentes de educação especial para alguns agrupamentos. Num caso em concreto, o agrupamento passa a contar com mais seis (6!!) docentes de educação especial. Outros, mais quatro (4!!) docentes.Outros agrupamentos passam a ter mais três (três) ou dois (2). E muitos outros, como aquele onde me encontro, não obtiveram qualquer docente. 

Esta situação despoleta várias questões. A mais premente é: quais são os critérios para a atribuição de docentes de educação especial quando solicitados?

Fica a questão no ar. Pode ser que alguém conhecedor responda...

Entretanto, existem dez (10) alunos com necessidades educativas especiais, distribuídos por cinco (5) jardins de infância e escolas do primeiro ciclo do ensino básico sem qualquer apoio por parte de docentes de educação especial.

In: Incluso

Pais falam de cortes de cinquenta por cento no Ensino Especial

Os pais dizem que o ensino especial sofreu cortes de 50 por cento. Eles falam em turmas com mais de 20 alunos e com falta de professores especializados, pelo que algumas associações ponderam fazer queixa do ministério da Educação.




In: RTP


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CARTA ABERTA A SUA EXCELÊNCIA O SR. MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA, PROFESSOR DOUTOR NUNO CRATO

EXCELÊNCIA,

Somos um grupo de cidadãos, pais e encarregados de educação de crianças e jovens com Necessidades Educativas Especiais (NEE), incluídos no sistema regular de ensino e vimos, por este meio, manifestar a nossa mais profunda indignação face às declarações proferidas por Vossa Excelência, no passado dia 12 de setembro na estação televisiva SIC, no que se refere à inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais no ensino regular.

Vossa Excelência, para justificar a alteração da medida referente à redução de alunos por turma, nos casos em que integre alunos com NEE (explícita no artigo 19º, nº4 e artigo 20º, nº 3 do Despacho 5048 - B/2013), disse que "(...) eles [os alunos com NEE] estão integrados nas turmas, mas não estão (...) pertencem à turma , mas dadas as suas necessidades, eles na realidade não convivem com os alunos dessa turma (...) É mais uma questão administrativa (...)".

Neste contexto, muito gostaríamos que Vossa Excelência ponderasse os seguintes aspetos:

1º Os alunos com NEE não são um grupo homogéneo de alunos pelo simples facto de apresentarem especiais necessidades educativas. Por isso, não podem à partida ser considerados como um grupo de alunos fora das suas turmas e privados do direito à educação, junto dos seus pares.

Se o Senhor Ministro encara com normalidade a alteração da medida de redução de turma, e o justifica "(...) eles estão [os alunos com NEE] integrados nas turmas, mas não estão (…) eles na realidade não convivem com os alunos dessa turma (...). “, perguntamos: onde crê então Vossa Excelência que os alunos com NEE estejam a efetuar as suas aprendizagens e a conviver? Qual é a visão que Vossa Excelência tem da escola para todos e dos direitos à não discriminação? A educação é uma coisa séria apenas para alguns? E para os outros (alunos com NEE) é um faz de conta (estão, mas não estão ...), pelo que se podem à partida acrescentar mais alunos às turmas. De facto, as crianças e jovens, poderão até não vir a estar como deveriam com os colegas na turma, se não estiverem reunidas as condições adequadas - nomeadamente uma turma reduzida.

Nós, pais e encarregados de educação, sabemos que os nossos educandos estão nas salas de aula. Sabemos que há equipas de pessoas competentes, empenhadas no desenvolvimento máximo dos alunos com NEE. Mas, também sabemos que há escolas onde faltam recursos e condições adequadas para responder às necessidades desses alunos. Os jovens e crianças com NEE têm o direito a uma educação digna junto com os seus pares, que exige determinadas condições para o efeito e os pais e encarregados de educação, como cidadãos deste país não abdicarão deste direito! O lugar de todas as crianças é na escola, que é e deve ser um lugar para todos!

2º Os alunos com NEE apresentam distintos perfis com necessidades individuais, avaliadas em equipa (professores, pais, técnicos), cujos objetivos, estratégias, meios e medidas educativas, se fixam num Programa Educativo Individual (PEI), a rever periodicamente, dado que este não é um processo estático e os alunos com NEE, (como todos os outros), com as medidas e o acompanhamento adequado, apresentam evoluções.

3º A medida de redução ou não de alunos nas turmas onde estão incluídas crianças com NEE, não é meramente administrativa. Ao contrário, é uma medida pedagógica de relevo e é preponderante para se atingirem os objetivos de aprendizagem, responsavelmente definidos por todos os agentes envolvidos no processo educativo do aluno. Não é possível contrariar o facto de que, há vantagens pedagógicas quando os alunos, quaisquer que sejam, frequentam turmas que não excedam os vinte elementos.

É incontestável que os alunos com NEE obtêm claros e comprovados benefícios a nível de concentração, em turmas reduzidas até ao máximo de 20 alunos.

Importa esclarecer que, uma parte significativa destes alunos, segue as matérias definidas nos planos curriculares do ensino regular, e são sujeitos aos exames nacionais (por imposição da tutela), que realizam na maior parte das vezes com sucesso. Obviamente que, para que tal seja possível, existem medidas e adequações ao seu processo de ensino e avaliação. Uma das que a legislação consagra é a redução de alunos por turma.

Outros alunos, considerando-se que não lhes é possível atingir a totalidade das metas curriculares previstas, efetuam o seu percurso escolar com a medida Currículo Especifico Individual (CEI) prevista no seu PEI, sendo os objetivos, metas e estratégias de aprendizagem, adequadas ao seu perfil especifico, definidos também por uma equipa de professores, pais e outros técnicos. Estes alunos podem e devem igualmente, e conforme o seu caso individual, beneficiar da medida de redução de alunos por turma, se e quando esta é favorável ao desenvolvimento do seu processo educativo.

Estes direitos estão previstos e consagrados na Constituição da República Portuguesa; na Lei da não discriminação 46/2006; no Decreto de Lei 3/2008 desde logo no seu preâmbulo; no Despacho 5048-B/2013 e em diversos compromissos ratificados internacionalmente pelo nosso país, nomeadamente Declaração de Salamanca, a Convenção dos direitos das pessoas com deficiência, entre outros.

No reconhecimento de que as politicas implementadas influenciam, inexoravelmente, as práticas, solicitamos que Vossa Excelência venha a esclarecer, o que preconiza em termos de políticas de inclusão e equidade, bem como referir o que significa para a equipa que dirige “uma escola para todos”, já que para os signatários desta carta e seus representados, não há qualquer dúvida quanto ao tipo de ensino que queremos e aceitamos para as crianças e jovens com necessidades educativas especiais.

Atenciosamente,

Albertina Marçal | ABCReal Portugal | geral@centroabcreal.com

Alexandra Lopes | AMAR21 – Associação de Apoio à Trissomia 21 | amar21-trissomia21@hotmail.com

Maria Augusta Pereira | APATRIS21 – Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve | geral@apatris.org

Maria João Ferreira | AVISPT21 – Associação de Viseu de Portadores de Trissomia 21 | avispt21@gmail.com

Isabel Jorge | Dar Resposta – Associação | dar.resposta@gmail.com

Cristina Franco | MEPI – Movimento para um Ensino Público Inclusivo | movimento.epi@gmail.com

Manuela Ralha | Mithós - Histórias Exemplares- Associação de Apoio à Multideficiência | mithos.associacao@gmail.com

Helena Moura | Olhar 21 - Associação de Apoio à Inclusão do Cidadão com Trissomia 21 | olhar.vinte.um@gmail.com

Luisa Beltrão | Pais em Rede – Associação | geral@paisemrede.pt

Marcelina Souschek | Pais 21 – Grupo de Pais da Associação Portuguesa de Trissomia 21 | geral@pais21.pt

Susana Silva| Vencer Autismo | info@vencerautismo.org

Via Facebook

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Necessidades Educativas Especiais: Um mundo numa frase

Há um provérbio chinês que diz que “se pode ver o mundo numa folha de chá”. Entende-se o sentido: o infinitamente pequeno tem características em tudo semelhantes ao que é bem maior e assim se encontra um sentido unificador para todo o mundo.

Há alguns dias, o ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, numa entrevista televisiva pronunciou-se – diríamos finalmente – sobre os alunos com necessidades educativas especiais (NEE). Entre outras coisas disse textualmente: “Estão integrados na turma mas na verdade não estão. Naturalmente o que acontece naquele caso concreto é que aqueles alunos pertencem à turma mas dadas as suas necessidades eles não convivem com os alunos daquela turma. Portanto é muito mais uma questão administrativa do que outra”.

Esta simples frase, como a folha de chá, é bem ilustrativa de um pensamento global e de uma lógica de acção face à educação de alunos com dificuldades. Vamos analisar só três aspetos da frase:

1. “Estão integrados na turma mas na verdade não estão”. To be or not to be… eis a questão. Mas afinal estão integrados ou não estão? Quer dizer… no papel “eles” integram a turma mas na realidade é só de “faz de conta”. A turma é uma coisa e os alunos com NEE são outra… Não é difícil continuar o raciocínio: seria uma estultícia considerar que alunos com dificuldades fazem parte da turma, que estão integrados na turma. A verdade, é que não estão e isto “da integração” é só para visionamento turístico. Bem difícil entender este raciocínio quando Portugal há mais de 20 anos tem seguido uma política de Inclusão (não de “integração”) em que se considera que a presença de alunos com dificuldades na sala de aula é um fator que não só os beneficia a eles por estarem num meio mais estimulante e com maiores expectativas, mas também os restantes alunos que aprendem conteúdos, estratégias e valores com este ambiente inclusivo.

2. “Dadas as suas necessidades não convivem com os alunos daquela turma”. Mas as suas necessidades incluem a ausência de convívio? Hoje não é sequer posto em causa que os ambientes mais estimulantes têm um papel de extraordinária importância no desenvolvimento de todos os alunos e em particular daqueles que mostram ter mais dificuldades na aprendizagem. Portanto, se têm necessidades acrescidas, espera-se que a convivência e a interação com outros alunos sejam ferramentas fundamentais para potenciar o seu desenvolvimento. Dizer que não convivem por causa das suas necessidades é encarar as “suas necessidades” como inelutáveis e considerar que o convívio se deve passar só “entre iguais”. Aqui voltamos a estar a muitas léguas do que se pensa e do que se sabe sobre a promoção de ambientes inclusivos.

3. “Portanto é mais uma questão administrativa do que outra”. Este é sem dúvida um argumento no qual se baseia muita da política educativa do presente. Quando se reivindicam mais meios, mais apoios, mais professores, mais serviços, a resposta é que “administrativamente” tudo está certo: os rácios, os lugares preenchidos, etc. Esta lógica “administrativa” procura desarmar a contestação: se tudo está conforme os ditames administrativos afinal qual é o problema? O problema é muito simples e é fácil de explicar a pessoas com formação de Economia. A Economia é uma Ciência Humana e a Contabilidade não é. Quer dizer que quando se pensa na dinâmica das instituições ou das sociedades, tem que se levar em conta muito mais fatores do que a lógica “administrativa”. Se a Educação se gerisse administrativamente podíamos colocar em lugar do ministro um programa informático. Mas não podemos. Dizer que a colocação de alunos e a sua participação é uma questão administrativa é portanto um grande empobrecimento da riqueza do debate.

Através destes três comentários de uma frase do responsável maior da Educação no nosso país, vemos quanto caminho é preciso andar. É preciso andar muito de onde estamos e será preciso andar ainda muito mais se o ponto de partida for deslocado lá para trás. Ao arrepio do que se sabe, do que se pratica, da legislação portuguesa em vigor e dos compromissos internacionais que assumimos. Queremos acreditar que não e para isso contamos com os professores, com os pais, com as famílias, com as comunidades para resistir a este encolhimento e adulteração do conceito inclusão.

Por: David Rodrigues é Professor Universitário e Presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico.

sábado, 14 de setembro de 2013

Divulgação – Projeto Piloto no Âmbito da Educação Especial

No âmbito da recente criação de um projeto piloto com intervenção a nível nacional, direcionado essencialmente para o grupo 910 somos a solicitar divulgação do mesmo no seu blogue.

Agradecemos desde já pela sua disponibilidade,

Atentamente,





Transporte para os alunos com necessidades educativas especiais

O Despacho n.º 11861/2013 vem manter em vigor as condições de aplicação das medidas de ação social escolar definidas pelo Despacho n.º 18987/2009, de 17 de agosto de 2009, com as alterações introduzidas pelos despachos n.º 14368-A/2010 de 14 de setembro, 12284/2011 de 19 de setembro e 11886 -A/2012 de 6 de setembro.

Acresce ao ordenamento jurídico da ação escolar que no ano escolar de 2013/2014 os alunos com necessidades educativas especiais de caráter permanente com programa educativo individual organizado nos termos do Decreto-Lei n.º 3/2008, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 21/2008, de 12 de maio, considerando o disposto no n.º 1 do artigo 32.º do Decreto-Lei 55/2009, têm também direito, no âmbito da ação social escolar, à comparticipação da totalidade do custo de transportes para as escolas de referência ou para as unidades de ensino estruturado e de apoio especializado que frequentam, conforme o disposto nas alíneas a) e b) dos n.os 2 e 3 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 3/2008.

Via: Incluso

Tomada de posição da ANDEE-Pró Inclusão face ao insuficiente número de professores de educação especial

A Associação Nacional de Docentes de Educação Especial está consciente de que este processo não se encontra ainda concluído, mas deseja desde já manifestar as seguintes preocupações:

1- A tão falada diminuição de alunos não afeta significativamente o contingente de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Assim, qualquer diminuição do número de professores que assegure o apoio a estes alunos repercutir-se-á seriamente na qualidade educativa;

2- O número de professores efetivos nos quadros de Educação Especial não é, de forma alguma o necessário, e menos o suficiente, para responder às necessidades de apoio que os alunos com NEE apresentam. Desta forma, é imprescindível que sejam colocados, no presente ano letivo, pelo menos o mesmo número de professores que foram colocados no ano letivo anterior;

3- O Estado Português está comprometido com a política de Inclusão Educativa. Pensamos que a crise em que o país se encontra mergulhado tem consequências mais gravosas para as camadas da população que mais precisam de Educação. Assim, a Associação Nacional de Docentes de Educação Especial rejeita que sejam os alunos que mais precisam de apoio educativo, aqueles que venham a ser alvo de cortes do Sistema Educativo que inviabilizarão a sua participação, sucesso e inclusão na vida comunitária.

12 de setembro de 2013

A Direção da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Recebido via e-mail

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Regresso às aulas

Começo este post com um desejo de bom regresso às aulas para todos os alunos, pais, professores e assistentes operacionais!

Este ano por diversos motivos custou mais retomar a escrita neste espaço... foi uma paragem com muita ansiedade e um regresso ainda pior... A começar pelo conjunto de (a)normalidades neste arranque de ano letivo... Apenas os senhores do governo não as vêem!!!

As palavras do Sr. Ministro de Educação ontem na reportagem da SIC são no mínimo vergonhosas... Que eles querem terminar com a Escola Pública já nós sabíamos agora este ataque à Educação Inclusiva foi no mínimo revelador de falta de carácter (ups...será que alguma vez o teve?!?) e de conhecimentos!

Todos os intervenientes educativos têm que unir...o caminho tem de ser trilhado em conjunto!!!