São 300 mil os portugueses que sofrem de Degenerescência Macular da Idade (DMI), que afecta a retina e provoca a perda gradual da visão. Os especialistas aconselham o rastreio precoce para diagnosticar a doença que tem, cada ano, três mil novos casos.
Os primeiros sintomas passam despercebidos por surgirem apenas num olho. Uma mancha escura ou esbranquiçada no centro do campo visual, a perda rápida de visão e de sensibilidade ao contraste, imagens disformes ou enevoadas, alteração das cores e aumento da sensibilidade à luz.
A maioria dos casos só é detectada na fase mais avançada da doença, que afecta a parte da retina responsável pela visão de pormenor, a mácula. Os doentes perdem a nitidez da visão central e deixam de conseguir ler, conduzir, fazer trabalhos domésticos e até reconhecer pessoas. Altamente incapacitante, a DMI é progressiva e irreversível.
Apesar de não ser possível recuperar a visão perdida, alguns tratamentos permitem evitar o avanço da doença, como explica o médico oftalmologista Gil Resendes. A micronutrição é uma das opções existentes para travar a degenerescência e consiste na administração de suplementos nutritivos. Tratamentos com laser e injecções intra-vítreas, dentro do olho, são outras das terapêuticas usadas.
Os hospitais públicos do Sistema Nacional de Saúde dispõem de métodos como estes para os doentes de DMI.
Mas os tratamentos não são viáveis em muitos casos, uma vez que os diagnósticos são tardios. Os especialistas alertam para a necessidade de fazer consultas e exames periódicos. Nos últimos dias várias acções de sensibilização para o diagnóstico precoce foram realizadas por todo o país, inseridas no programa da Semana da Retina.
Hoje, a Associação de Retinopatia de Portugal estará presente no mercado municipal de Faro a realizar rastreios de DMI.
Idade é principal factor de risco
Apesar de não serem conhecidas as causas responsáveis pela doença, apontam-se alguns factores de risco.
Pessoas com mais de 50 anos são os principais afectados pela degenerescência da mácula. Com a idade, o tecido neuronal da retina perde a capacidade de regeneração e morre, explica o engenheiro biomédico Pedro Vieira, que desenvolveu um instrumento de diagnóstico mais rigoroso para doenças desta natureza.
Diabetes e hipertensão são outras causas que podem levar à degenerescência da retina, especialmente a hipertensão ocular, esclarece o investigador. Histórico familiar, factores genéticos, raça e género podem ter igualmente influência no diagnóstico.
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