A Sociedade Portuguesa de Pediatria lamenta a falta de pediatras nos centros de saúde, o que diz levar a que só as crianças mais favorecidas tenham acesso a médicos especialistas, através do sistema privado.
Em entrevista à agência Lusa, Inês Azevedo, da direcção da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), lembra que no Serviço Nacional de Saúde o seguimento de crianças saudáveis é da responsabilidade de médicos de medicina geral e familiar.
"Como a formação da maioria destes profissionais em pediatria é de muita curta duração, nem sempre são prestados os cuidados mais adequados à criança, situação percepcionada por muitos pais e profissionais de saúde. Isso conduz a injustiça social", refere a pediatra.
Em Portugal existem cerca de mil pediatras, mas a sua distribuição pelo país não é homogénea, o que também leva a desigualdades no acesso a cuidados especializados, lembra ainda a SPP.
"Todas as crianças deveriam poder ter acesso a cuidados regulares prestados pelo seu pediatra assistente", defende Inês Azevedo.
A falta de reconhecimento da maioria das sub-especialidades pediátricas é outro dos problemas da medicina dedicada às crianças em Portugal, tema que será debatido no Congresso de Pediatria que começa na quarta feira no Funchal.
"O problema mais grave no nosso país é o não reconhecimento por parte da Ordem dos Médicos da maioria das sub-especialidades pediátricas já há muito aprovadas em países desenvolvidos", salienta Inês Azevedo.
Isto leva a "situações delicadas", em que muitas crianças são acompanhadas e tratadas por médicos especialistas de adultos, o que vai contra as directrizes da União Europeia.
Pneumologia, reumatologia ou imunoalergologia são algumas das sub-especialidades pediátricas que ainda não se encontram oficialmente reconhecidas em Portugal.
Recentemente, o campo de trabalho da pediatria estendeu-se até aos 18 anos, o que levou à necessidade de formar os pediatras para técnicas de entrevista com adolescentes, por exemplo.
O acompanhamento e referenciação de perturbações comportamentais, alcoolismo e toxicodependência, tratamento anticoncepcional ou doenças sexualmente transmissíveis são algumas das novas situações para as quais os pediatras têm de estar formados, refere a SPP.
Falta de pediatras?!...então pois...para não fugir à regra. Em Portugal, falta tudo e sobretudo muito daquilo que falta, tem a ver com a infância.
ResponderEliminarQue triste país, este.