segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A doença rara que faz aumentar os pés e as mãos

Acromegalia pode dar origem a problemas de saúde graves


Mudar muitas vezes o número do calçado ou a largura de um anel ao longo dos anos pode ser indício de uma doença rara que afecta pelo menos 500 pessoas em Portugal.


Trata-se da Acromegalia que resulta da “secreção excessiva de uma hormona de crescimento, a somotrotofina (ST)”- na maioria das vezes (90 por cento) decorrente de um tumor benigno (adenoma) na hipófise, uma glândula situada na região cerebral. Isso mesmo foi explicado ao “Ciência Hoje” por Davide Carvalho, endocrinologista do Hospital de S. João. O especialista é membro da comissão científica e orador de um curso sobre a doença, destinado a profissionais desta área, a decorrer amanhã em Torres Vedras.


Com maior incidência no sexo feminino (no nosso país) e em pessoas entre os 40 e os 60 anos, caracteriza-se por transformações lentas que fazem aumentar o tamanho de várias partes do corpo e pode originar outros problemas de saúde. A artrose, causada pelo “crescimento das extremidades ósseas em particular das cartilagens”, a hipertensão, a cardiomiopatia que se traduz por um “alargamento do coração com disfunção”, a insuficiência cardíaca e a diabetes “de mais difícil controlo” nestes doentes, são alguns dos exemplos dados pelo especialista.


Quando estes sintomas se manifestam, o doente deverá deslocar-se a um médico que fará o diagnóstico “confirmado pelo doseamento de IGF-1 (insuline-like growth factor 1) e/ou de ST que pode exigir um perfil de múltiplas colheitas ou colheita após a ingestão [em jejum] de uma solução com glicose”, revelou Davide Carvalho. “Comprovado o excesso da hormona de crescimento, uma Ressonância Magnética permitirá identificar um adenoma em 99 por cento dos casos”, acrescenta.


O endocrinologista ressalvou ainda a importância de antecipar a confirmação da Acromegalia que “resulta da possibilidade de ter um tumor mais pequeno e de mais fácil procedimento cirúrgico e maior probabilidade de cura”. Contudo, "o diagnóstico tem um atraso de sete a oito anos e admite-se que existam quatro dezenas de doentes cujo problema ainda está por identificar", afirma.


Existem três tipos de tratamento para esta doença: cirurgia (para remoção do tumor feita normalmente por via nasal), medicação e radioterapia, cuja “desvantagem é a lentidão na redução da ST”, revelou o médico que acrescenta uma “nota de esperança”, visto esta ser uma "terapêutica bastante eficaz na normalização dos níveis da hormona de crescimento”.


O “6º Curso Avançado de Acromegalia” organizado pelos especialistas Alberto Galvão Telles, Davide Carvalho e João Sequeira Duarte irá decorrer das 9 horas às 20h30 deste Sábado no Hotel CampoReal.


In: http://www.cienciahoje.pt/

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