sexta-feira, 22 de julho de 2016

III Congresso Internacional do CADIn, "Aprendizagem, Comportamento, Emoções em Tempos de Mudança"

O III Congresso Internacional do CADIn, "Aprendizagem, Comportamento, Emoções em Tempos de Mudança" realiza-se no ISCTE IUL, em Lisboa, de 20 a 22 de outubro de 2016.

Este Congresso reúne um conjunto de especialistas nacionais e internacionais para dinamizar 12 workshops e mais de 20 conferências sobre áreas tão diversas como perturbações da linguagem, autismo, dificuldades de aprendizagem, PHDA, epilepsia, sono ou neuro-modulação não-invasiva. Haverá ainda espaço para a apresentação de comunicações livres e posters.

Com uma oferta eclética de temas e palestrantes, programa foi cuidadosamente planeado para ir ao encontro de uma audiência diversificada de educadores, terapeutas, profissionais de saúde e cuidadores. 

Mais informações e inscrições em www.congressointernacional2016.cadin.net.

Grupo de Trabalho para definir o perfil de saída dos jovens no final de 12 anos de escolaridade obrigatória

Pelo Despacho n.º 9311/2016, de 21 de julho, é criado um Grupo de Trabalho para a definir o perfil de saída dos jovens de 18 anos de idade, no final de 12 anos de escolaridade obrigatória. O Grupo de Trabalho tem como missão a definição do perfil de saída dos jovens de 18 anos de idade, no final de 12 anos de escolaridade obrigatória, devendo apresentar um relatório das atividades desenvolvidas, que inclua conclusões, propostas e recomendações, até 31 de dezembro de 2016.

Para colaborar e apoiar o Grupo de Trabalho na prossecução da sua missão são designados, como consultores, as seguintes individualidades: 
a) Andreas Schleicher; 
b) Alexandra Marques; 
c) David Rodrigues; 
d) Joaquim Azevedo.

In: Incluso

quarta-feira, 20 de julho de 2016

"Inclusão & Diversidade: Múltiplos Olhares"

O Agrupamento Dr. António Granjo, através do Departamento de Educação Especial, está a organizar umas Jornadas sobre Inclusão.

"Inclusão & Diversidade: Múltiplos Olhares", é este o grande lema.


O evento decorrerá nos dias 9 e 10 de setembro no Auditório do Centro Cultural de Chaves.

Foi solicitada a sua acreditação (15h - 0,6 créditos).

Serão tratados diversos aspetos que vão desde a Intervenção Precoce até à Transição para a Vida Pós-Escolar.

Oportunamente serão dadas mais informações.

Faça a divulgação deste evento e inscreva-se através do link:


Via: FB

DAS TURMAS HOMOGÉNEAS

Na Madeira foram agora conhecidos os resultados escolares dos alunos de 7º ano de duas escolas que foram agrupados em turmas consideradas “homogéneas” face ao seu percurso académico.

Os resultados foram muito positivos nas duas escolas e, naturalmente, todos os envolvidos ficaram satisfeitos a começar pelos alunos.

Na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Caniço foram constituídas cinco turmas com um máximo de 15 alunos sendo quatro compostas por alunos com menores resultados e que receberam mais apoio pedagógico.

Todas as 5 turmas tiveram pares pedagógicos (dois professores na sala) em disciplinas como Português, Matemática e Língua Estrangeira.

Na Escola Básica do 2º 2 3º ciclo do Estreito foram constituídas também turmas de nível com um máximo de 22 alunos podendo mudar de turma durante o ano e também com pares pedagógicos em Português, Matemática e Inglês.

Fico, evidentemente, satisfeito com os resultados dos alunos e a satisfação de docentes e encarregados de educação. No entanto, algumas dúvidas.

Os alunos com mais dificuldades tiveram “mais apoio pedagógico”, as turmas têm um número de alunos razoável, um máximo de 15 e 22 alunos, respectivamente. Em Português Matemática e Inglês ou Língua Estrangeira a presença de dois professores em simultâneo na sala. Neste cenário conclui-se que o sucesso decorre da homogeneidade da turma, coisa que, evidentemente não existe pois não se conhecem dois alunos iguais. Não, não se pode retirar tal conclusão.

Na verdade se a homogeneidade fosse uma ferramenta de sucesso, todas as turmas que em muitas escolas existem constituídas alunos “descamisados”, os maus alunos, teriam de imediato sucesso, seriam homogéneas. A verdade é que não têm.

O que fomenta o sucesso é “mais apoio pedagógico” aos alunos com mais dificuldades.

O que fomenta o sucesso é um "número de alunos por turma razoável" e que permite um melhor trabalho e mais atenção individual como os estudos mostram e foram objecto de um trabalho recente do CNE.

O que fomenta o sucesso é o recurso a dispositivos como o "par pedagógico", dois professores em simultâneo nas disciplinas em que os alunos experimentam mais dificuldades.

Generalizem medidas desta natureza e teremos melhor trabalho de alunos e professores.
Não é sustentável afirmar que a variável que contribuiu para os bons resultados atingidos é a homogeneidade das turmas. É ainda perigoso que esta leitura possa legitimar decisões na constituição das turmas, guetizando alunos sem resultados se as outras variáveis não forem consideradas. Como muitas vezes não são.

Texto de Zé Morgado

RESTRIÇÕES NA APLICAÇÃO DA MEDIDA "CEI" - Currículo Específico Individual

Aqui está, do meu ponto de vista, o que, em princípio, é uma boa notícia. A Secretária de Estado da Inclusão anunciou a intenção de restrição da aplicação do chamado Currículo Específico Individual (CEI). Apenas para os alunos com deficiência profunda será considerada a definição de Currículo Específico Individual.

A justificação para esta decisão assenta no elevado número de alunos a que actualmente é aplicada, em muitos casos, em fases demasiado precoces do seu trajecto educativo e das implicações em termos de percurso escolar futuro.

Muitas vezes aqui tenho referido esta questão e retomo algumas notas.

Os modelos curriculares que temos, demasiados, fechados, prescritivos e extensos são pouco amigáveis das diferenças entre os alunos, são mais amigáveis a uma pouco sustentada ideia de normalização, todos são capazes de aprender, da mesma forma, as mesmas matérias, ao mesmo tempo. Veja-se a questão das metas curriculares, tal como estão definidas e não a sua existência.

Neste contexto, a tentação legislativa e prática é que se um aluno não “cabe” neste currículo e muitos não “cabem” é criar, admitir, “alternativas curriculares, com designações e alcance diversos, para onde derivam os alunos não “normalizáveis” acentuando-se a questão à medida que se intensificam as dificuldades ou limitações dos alunos.

Até que chegámos ao “Currículo Educativo Individual”, uma bizarrice conceptual que, aparentemente continua a existir ainda que, felizmente, mais parcimoniosamente administrada. Na verdade, apesar de muitas tentativas e alguma pesquisa ainda não consegui entender muito bem como um Currículo “individual” não seria específico. Mas bom, temos o CEI, aliás, até oiço com demasiada frequência referir os CEIS, isto é, os alunos com CEIs. Sem comentários. Lamentavelmente, ainda não se anunciam alterações nesta forma gerir a questão do currículo no âmbito os alunos com necessidades educativas embora a restrição me pareça positiva.

Estas sucessivas “alternativas” curriculares que terminam no CEI acabam por se tornar uma espécie de “gueto”, às vezes também com fronteiras físicas, do qual muito dificilmente algum aluno sairá e se aproximará de uma trajectória mais próxima dos seus colegas de idade e percurso escolar.

Acresce que para este “CEI” são enviados alunos com algumas problemáticas e idades para as quais essa “condenação” parece injustificável e, como disse, com consequências muito pesadas.

Sim, não precisam de me dizer, eu sei, que a realidade não é toda assim, existem muito boas práticas, é verdade. Mas também é verdade que parte da realidade é a que descrevo.

Curiosamente, tudo o que acontece, de bom ou menos bom é feito em nome … da inclusão. Como sempre, aliás.

Não sei como será levada à prática esta decisão de restrição da aplicação da medida CEI, a avaliação competente das crianças por exemplo, temos um sistema sem dispositivos de regulação, confio que possa ter algum impacto positivo, quero acreditar que sim, mas é preciso não esquecer que a questão de fundo radica na concepção, organização e conteúdos dos currículos, os de todos, para todos.

Texto de Zé Morgado

sexta-feira, 1 de julho de 2016

As (In)definições de Inclusão


Via Facebook da Associação Contramão

CHUMBAR OU NÃO CHUMBAR

Ao que parece, no cumprimento das disposições legais em matéria de avaliação escolar verifica-se alguma latitude nas decisões das escolas no que respeita à transição ou retenção dos alunos em anos não terminais de ciclo no ensino básico. No Público é referida a situação de escolas em que os alunos “passam” de ano com sete negativas o que noutras escolas não se verifica.

Sempre que se reflecte sobre estas questões insisto que a questão essencial me parece ser o efeito da retenção e menos os critérios da retenção.

Recordo que no Relatório “Low-Performing Students - Why They FallBehind and How To Help Them Succeed” divulgado pela OCDE no início deste ano se evidencia que o “chumbo”, a retenção, é para os alunos portugueses o principal factor de risco para os resultados na avaliação posterior, dito de outra maneira, os alunos chumbam … mas não melhoram.

De novo e sempre.

O peso insustentável da retenção no nosso sistema escolar parece assentar na errada convicção de que a repetição só por si conduz ao sucesso e alimenta o que a OCDE já classificou de "cultura da retenção". Importa ainda considerar o impacto económico desta cultura como evidenciou um estudo recente realizado pela associação Empresários pela Inclusão Social e pelo Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa.

Confesso sempre alguma surpresa quando ao discutir-se os efeitos pouco positivos da retenção, cerca de 150 000 alunos por ano, algumas vozes, mesmo dentro do universo da educação, clamam que se está a promover o "facilitismo" ou a defender que "então passam sem saber".

Como me parece evidente não é dada disto. Como exemplo, a Noruega tem uma taxa de retenção próxima do 0% e não consta que os alunos noruegueses passem sem saber, são, aliás, dos alunos com melhores resultados nos estudos comparativos internacionais.

A questão é saber se o chumbo transforma o insucesso em sucesso. Não transforma, repetir só por repetir não produz sucesso, aliás gera mais insucesso conforme os estudos mostram. Muitos estudos internacionais também mostram que os alunos que começam a chumbar, tendem a continuar a chumbar, ou seja, a simples repetição do ano, não é para muitos alunos, suficiente para os devolver ao sucesso. Os franceses utilizam a fórmula “qui redouble, redoublera” quando referem esta questão.

Nesta conformidade e do meu ponto de vista, a questão central não é o chumba, não chumba, e quais os critérios ou o número de exames, mas sim que tipo de apoios, que medidas e recursos devem estar disponíveis para alunos, professores e famílias desde o início da percepção de dificuldades com o objectivo de evitar a última e genericamente ineficaz medida do chumbo. É necessário diversificar percursos de formação com diferentes cargas académicas e finalizando sempre com formação profissional. Importa ainda que as políticas educativas sejam promotoras de condições de sucesso para alunos e professores. O aumento do número de alunos por turma no Ensino Básico e no Secundário, a forma como foram definidas as metas curriculares, a cultura de competição e centrada exclusivamente em resultados, os cortes no número de docentes que poderiam desenvolver dispositivos de apoio, são apenas alguns exemplos do que não deve ser feito se, efectivamente, se quiser promover qualidade e sucesso.

Como é evidente este tipo de discurso não tem rigorosamente a ver com "facilitismo" e, muito menos, com melhoria "administrativa" das estatísticas da educação, uma tentação a que nem sempre se resiste.

Assim sendo, o essencial é promover e tornar acessíveis a alunos, professores e famílias apoios e recursos adequados e competentes de forma a evitar a última e genericamente ineficaz medida do chumbo. É fundamental não esquecer que o insucesso continua a atingir fundamentalmente os alunos oriundos de famílias com pior condição económica e social pelo que inibe o objectivo da mobilidade social, replicando o velho "tal pai, tal filho". A associação entre o insucesso e a pobreza em Portugal é, aliás, a mais forte entre os países europeus.

É necessário também diversificar percursos de formação com diferentes cargas académicas e finalizando sempre com formação profissional mas não em idades precoces criando percursos irreversíveis de "segunda" para os "sem jeito para a escola" e "preguiçosos".

A qualidade promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, sim, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados de autonomia, organização e funcionamento das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.

É o que acontece, genericamente, nos países com mais baixas taxas de retenção escolar.
É o que não tem acontecido em Portugal.

Ponto.

Texto de Zé Morgado