quarta-feira, 16 de março de 2011

Gerir a diferença

A escola tende a ser um espaço de massas anónimas, espaços e tempos formatados, uniformização e médias. Número excessivo de alunos é uma tentação para adormecer no branco e não convida ao arco-íris.

Há muitos anos, a Filipa (nunca mais esqueci o nome dela), depois de concluir uma ficha de avaliação, surpreendeu-me com este desabafo: Professora, fiquei desapontada com o teste. Explicou-me que sabia resolver problemas e expressões numéricas muito mais complicados, tinha estudado imenso e o teste era... muito fácil!

Esta menina de 11 anos motivou a mudança na minha forma de olhar as turmas e o ensino da Matemática no 5.º e 6.º anos. Muito jovem, professora a lecionar em escola complicada de periferia, acreditava que era preciso zelar quase apenas pelos (imensos) desfavorecidos, porque os filhos de um Deus maior acabariam sempre por encontrar o seu caminho. Falso. Todos têm o direito a ver os seus limites desafiados, mesmo que nem sempre seja fácil encontrar o equilíbrio.

Depois deste episódio, constituiu-se na turma um grupo autónomo (e crescente) de alunos que trabalhavam a um ritmo diferente. Podiam avançar nos conteúdos, escolher os exercícios, fazer muitos mais do que aqueles que eu conseguia com os restantes alunos mais necessitados de explicações, de reforço e da minha presença. Os testes para esse grupo incluíam perguntas de desenvolvimento desafiadoras. Não era uma questão de “ser melhor”, era uma questão de “ser responsável”, mais exigente consigo mesmo e merecer o prémio de maior autonomia.

Quando um aluno, de aproveitamento médio, se deslocava para aquela zona, normalmente fazia progressos mais rápidos do que se permanecesse na zona das explicações imensas vezes repetidas de aula para aula.

Hoje continuo a gerir a diferença da mesma forma, ajustando a gestão às características da turma. Se é fácil? Não é. Não há apenas rosas no caminho e estes tempos não são simples. Mas é bem mais cinzento, ineficaz e triste chamar apenas à turma turma, aos alunos alunos, à aula aula... Se me "libertar" dos que menos precisam de mim e  confiar neles (sem os abandonar e desafiando-os), abro caminho para mais tempo de qualidade com quem (ainda) necessita.  Permito a todos chegarem tão longe quanto possível, no tempo disponível e nos contextos em que vivemos.

Voltarei a esta questão com alguns exemplos, histórias e caminhos de "como fazer" essa gestão da diferença...

* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/ 

Por: Teresa Marques

Sono intranquilo nas crianças

Sono intranquilo nas crianças pode ser revelador de problemas de saúde. Despertar várias vezes durante o sono, por causa de pesadelos, é a situação mais frequente.

terça-feira, 15 de março de 2011

A importância de ser o modelo

Partilho o vídeo que uma amiga colocou no seu blog... muito interessante...
Como as atitudes dos adultos influenciam as crianças. Para que não se aplique o velho ditado: "faz o que eu digo e não faças o que eu faço"...

Para reflectir...

Escolhas de alimentos melhoram desempenho do cérebro

Para assinalar a semana internacional do cérebro, realizam-se várias iniciativas nas universidades. Uma das quais na Universidade do Minho, onde a RTP propôs uma conversa entre um neurocientista e um especialista em ciências da nutrição. A ideia foi perceber como é que a alimentação se relaciona com o funcionamento do cérebro.

Sociedades Científicas criam Conselho Português para o Cérebro

Criar condições para apoiar doentes e cuidadores e desenvolver acções de esclarecimento dos cidadãos e dos órgãos de decisão sobre a importância do estudo do cérebro é o grande objectivo do Conselho Português para o Cérebro, que vai ser lançado depois de amanhã, na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra (UC), pelas 17h30. A iniciativa surge no âmbito da Semana Internacional do Cérebro, promovida pela Sociedade Portuguesa de Neurociências (SPN), em parceria com o Programa Ciência Viva.

Considerando que as “despesas directas globais com assistência na União Europeia ultrapassam os 900 mil milhões de euros por ano – dos quais apenas 15 por cento são direccionados para as doenças do sistema nervoso, ficando muito aquém das necessidades reais destas doenças, e que os encargos totais com as doenças da área da neurologia e de psiquiatria atingem mais de 380 biliões de euros/ano –, é imperioso que a sociedade, os profissionais de saúde e os decisores políticos assumam a responsabilidade de apoiar a investigação do cérebro e das patologias que o envolvem”, defendem dois dos mentores do conselho, o representante da Sociedade Portuguesa de Neurologia António Freire, e o presidente da SPN e docente da UC, João Malva.

A estrutura recém-criada terá a colaboração de associações de doentes e familiares de doentes cerebrais. Após o lançamento do Conselho, e também no âmbito da Semana Internacional do Cérebro, o Centro de Neurociências e Biologia Celular, a Faculdade de Medicina e a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra promovem uma sessão de apresentação do restauro e digitalização da obra “De Humani Corporis Fabrica” de Andreas Vesalius (1543).

Uma edição rara e preciosa

A primeira edição, muito rara e preciosa, que marca o início da Medicina e da Ciência Moderna, pertence aos fundos da Biblioteca Geral da Universidade. O restauro e digitalização, na íntegra, foram possíveis graças à campanha «SOS Livro Antigo» que a universidade promove. A SPN vai ainda apoiar a intervenção sobre livros do médico português da mesma época João Rodrigues, de Castelo Branco, mais conhecido por Amato Lusitano, sobre cujo nascimento se comemoram, em 2011, quinhentos anos. O original do livro de Vesalius assim como algumas obras de Amato Lusitano serão mostrados na ocasião.

Sobre o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Neurociências ao programa SOS Livro Antigo, o Director da Biblioteca Geral, Carlos Fiolhais, comenta: “Estamos gratos com o gesto dos nossos neurocientistas, esperando que o seu exemplo frutifique para salvar mais obras da nossa Biblioteca”.

A semana Internacional do Cérebro, que engloba um vasto conjunto de actividades visa divulgar, junto do grande público, de uma forma apelativa, os avanços da investigação na área do cérebro e no tratamento das suas doenças. Por isso, durante uma semana, os Neurocientistas abrem as portas dos seus laboratórios para “revelar todos os mistérios do cérebro”.