A escola tende a ser um espaço de massas anónimas, espaços e tempos formatados, uniformização e médias. Número excessivo de alunos é uma tentação para adormecer no branco e não convida ao arco-íris.
Há muitos anos, a Filipa (nunca mais esqueci o nome dela), depois de concluir uma ficha de avaliação, surpreendeu-me com este desabafo: Professora, fiquei desapontada com o teste. Explicou-me que sabia resolver problemas e expressões numéricas muito mais complicados, tinha estudado imenso e o teste era... muito fácil!
Esta menina de 11 anos motivou a mudança na minha forma de olhar as turmas e o ensino da Matemática no 5.º e 6.º anos. Muito jovem, professora a lecionar em escola complicada de periferia, acreditava que era preciso zelar quase apenas pelos (imensos) desfavorecidos, porque os filhos de um Deus maior acabariam sempre por encontrar o seu caminho. Falso. Todos têm o direito a ver os seus limites desafiados, mesmo que nem sempre seja fácil encontrar o equilíbrio.
Depois deste episódio, constituiu-se na turma um grupo autónomo (e crescente) de alunos que trabalhavam a um ritmo diferente. Podiam avançar nos conteúdos, escolher os exercícios, fazer muitos mais do que aqueles que eu conseguia com os restantes alunos mais necessitados de explicações, de reforço e da minha presença. Os testes para esse grupo incluíam perguntas de desenvolvimento desafiadoras. Não era uma questão de “ser melhor”, era uma questão de “ser responsável”, mais exigente consigo mesmo e merecer o prémio de maior autonomia.
Quando um aluno, de aproveitamento médio, se deslocava para aquela zona, normalmente fazia progressos mais rápidos do que se permanecesse na zona das explicações imensas vezes repetidas de aula para aula.
Hoje continuo a gerir a diferença da mesma forma, ajustando a gestão às características da turma. Se é fácil? Não é. Não há apenas rosas no caminho e estes tempos não são simples. Mas é bem mais cinzento, ineficaz e triste chamar apenas à turma turma, aos alunos alunos, à aula aula... Se me "libertar" dos que menos precisam de mim e confiar neles (sem os abandonar e desafiando-os), abro caminho para mais tempo de qualidade com quem (ainda) necessita. Permito a todos chegarem tão longe quanto possível, no tempo disponível e nos contextos em que vivemos.
Voltarei a esta questão com alguns exemplos, histórias e caminhos de "como fazer" essa gestão da diferença...
Quando um aluno, de aproveitamento médio, se deslocava para aquela zona, normalmente fazia progressos mais rápidos do que se permanecesse na zona das explicações imensas vezes repetidas de aula para aula.
Hoje continuo a gerir a diferença da mesma forma, ajustando a gestão às características da turma. Se é fácil? Não é. Não há apenas rosas no caminho e estes tempos não são simples. Mas é bem mais cinzento, ineficaz e triste chamar apenas à turma turma, aos alunos alunos, à aula aula... Se me "libertar" dos que menos precisam de mim e confiar neles (sem os abandonar e desafiando-os), abro caminho para mais tempo de qualidade com quem (ainda) necessita. Permito a todos chegarem tão longe quanto possível, no tempo disponível e nos contextos em que vivemos.
Voltarei a esta questão com alguns exemplos, histórias e caminhos de "como fazer" essa gestão da diferença...
* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/
Por: Teresa Marques
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