"Eu tenho uma filha de 8 anos de idade e foi-lhe detetada dislexia. Contudo a professora não admite nem acredita que a criança sofra desta dificuldade de aprendizagem. Gostaria que me ajudassem, isto é, gostaria que me dissessem a partir de que idade se pode detetar a dislexia."
Ana Cristina Pires
Antes de responder à questão colocada, é importante fazer algumas considerações, algumas delas "politicamente incorretas ". O elevado número de crianças que apresentam relatórios com diagnóstico de dislexia poderá justificar a atitude de rejeição da professora aqui referida. Muitos destes relatórios levantam imensas dúvidas e levam a suspeitar que quem avaliou as crianças não teve em consideração todos os critérios necessários para que o diagnóstico fosse efetivamente rigoroso. As informações transmitidas por esta mãe são tão reduzidas que apenas é possível levantar questões relacionadas com as muitas situações com que sou confrontada no dia a dia.
A confusão que gira à volta do termo dislexia é tão elevada que por vezes não é fácil chegar a um consenso. Para que se possa falar em dislexia, é necessária a existência de um problema neurológico que provoque uma dificuldade duradoura na aprendizagem da leitura, em crianças com capacidade intelectual normal ou acima da média para a faixa etária, escolarizadas e sem qualquer perturbação sensorial e psíquica. Face a isto, vamos analisar várias hipóteses.
Consideremos uma criança exposta a um contexto de grande violência no seio da família: se apresentar dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos de escolaridade será disléxica ou não conseguiu fazer a aprendizagem da leitura pelo facto de emocionalmente não existirem condições para tal? Um aluno não aprendeu devidamente o mecanismo de leitura porque é disléxico ou porque apresenta défice cognitivo ou alguma perturbação sensorial? Uma criança é disléxica ou a mudança frequente de professora e de método nos primeiros anos de escolaridade não facilitou o processo de aprendizagem da leitura?
Com todas estas questões quero apenas demonstrar que o diagnóstico de dislexia não pode ser feito sem um cuidadoso e minucioso estudo da situação. Parece-me que este estudo aprofundado nem sempre é feito e, por isso, há tanta desconfiança em relação ao diagnóstico "disléxico(a)". Quando a escola receciona relatórios de um determinado técnico que apresenta quase sempre o mesmo texto, em que quase só o nome da criança é alterado, é normal que a desconfiança surja...
Desconheço os motivos do desacordo entre esta mãe e esta professora, mas parece-me que seria importante haver uma reunião alargada, em que o técnico que avaliou a criança também estivesse presente, para esclarecer melhor a situação.
Nesta questão da dislexia surge geralmente um problema adicional. Os pais cujos filhos têm dificuldades de leitura gostariam de contar com mais apoio ao nível escolar, nomeadamente de um apoio efetivo de técnicos especializados neste âmbito. O que acontece é que o número de professores da educação especial escasseia e por vezes não são suficientes para acudir a este tipo de situações.
Ainda quanto à pergunta colocada por esta mãe, segundo vários autores, não se pode fazer um diagnóstico definitivo de dislexia antes dos 7 anos, ou antes de pelo menos um ou dois anos de aprendizagem escolar, pois antes de estarem reunidas estas condições certos erros são bastante frequentes.
Quando uma criança é considerada disléxica isso significa que apresenta dificuldades no âmbito da leitura. Quando existem problemas desse tipo, independentemente de haver ou não acordo relativamente ao diagnóstico, o importante é identificar as dificuldades específicas daquela criança e trabalhá-las. Discutir eternamente o diagnóstico não conduzirá certamente à solução do problema.
Ana Cristina Pires
Antes de responder à questão colocada, é importante fazer algumas considerações, algumas delas "politicamente incorretas ". O elevado número de crianças que apresentam relatórios com diagnóstico de dislexia poderá justificar a atitude de rejeição da professora aqui referida. Muitos destes relatórios levantam imensas dúvidas e levam a suspeitar que quem avaliou as crianças não teve em consideração todos os critérios necessários para que o diagnóstico fosse efetivamente rigoroso. As informações transmitidas por esta mãe são tão reduzidas que apenas é possível levantar questões relacionadas com as muitas situações com que sou confrontada no dia a dia.
A confusão que gira à volta do termo dislexia é tão elevada que por vezes não é fácil chegar a um consenso. Para que se possa falar em dislexia, é necessária a existência de um problema neurológico que provoque uma dificuldade duradoura na aprendizagem da leitura, em crianças com capacidade intelectual normal ou acima da média para a faixa etária, escolarizadas e sem qualquer perturbação sensorial e psíquica. Face a isto, vamos analisar várias hipóteses.
Consideremos uma criança exposta a um contexto de grande violência no seio da família: se apresentar dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos de escolaridade será disléxica ou não conseguiu fazer a aprendizagem da leitura pelo facto de emocionalmente não existirem condições para tal? Um aluno não aprendeu devidamente o mecanismo de leitura porque é disléxico ou porque apresenta défice cognitivo ou alguma perturbação sensorial? Uma criança é disléxica ou a mudança frequente de professora e de método nos primeiros anos de escolaridade não facilitou o processo de aprendizagem da leitura?
Com todas estas questões quero apenas demonstrar que o diagnóstico de dislexia não pode ser feito sem um cuidadoso e minucioso estudo da situação. Parece-me que este estudo aprofundado nem sempre é feito e, por isso, há tanta desconfiança em relação ao diagnóstico "disléxico(a)". Quando a escola receciona relatórios de um determinado técnico que apresenta quase sempre o mesmo texto, em que quase só o nome da criança é alterado, é normal que a desconfiança surja...
Desconheço os motivos do desacordo entre esta mãe e esta professora, mas parece-me que seria importante haver uma reunião alargada, em que o técnico que avaliou a criança também estivesse presente, para esclarecer melhor a situação.
Nesta questão da dislexia surge geralmente um problema adicional. Os pais cujos filhos têm dificuldades de leitura gostariam de contar com mais apoio ao nível escolar, nomeadamente de um apoio efetivo de técnicos especializados neste âmbito. O que acontece é que o número de professores da educação especial escasseia e por vezes não são suficientes para acudir a este tipo de situações.
Ainda quanto à pergunta colocada por esta mãe, segundo vários autores, não se pode fazer um diagnóstico definitivo de dislexia antes dos 7 anos, ou antes de pelo menos um ou dois anos de aprendizagem escolar, pois antes de estarem reunidas estas condições certos erros são bastante frequentes.
Quando uma criança é considerada disléxica isso significa que apresenta dificuldades no âmbito da leitura. Quando existem problemas desse tipo, independentemente de haver ou não acordo relativamente ao diagnóstico, o importante é identificar as dificuldades específicas daquela criança e trabalhá-las. Discutir eternamente o diagnóstico não conduzirá certamente à solução do problema.
Por: Adriana Campos
In: EDUCARE
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