Diretora de Turma - Dona Natália, gostava de combinar um encontro consigo, para falarmos acerca do António.
Encarregada de educação - Acerca do António? Aí vem problema! (virando-se para o filho) O que fizeste, meu malandro?
António - Eu não lhe disse, "setora"?
Diretora de Turma - Tenha calma, Dona Natália. Ele não fez nada. Até se tem portado muito bem. Só quero conversar consigo para combinarmos algumas formas de o ajudarmos a resolver alguns problemas.
Neste diálogo, apenas os nomes são fictícios. O António, aluno do 5.º ano, era um rapaz simpático e participativo nas aulas, mas que tinha uma péssima caligrafia e que se esquecia frequentemente do material necessário para as aulas. Quando a diretora de turma lhe sugeriu ter uma conversa com ele e com a mãe para combinarem algumas formas de resolver estes problemas, ele reagiu assustado: 'Não lhe diga nada. Ela vai bater-me.' A diretora de turma tranquilizou-o.
Os receios do António não eram, contudo, desprovidos de sentido. O pedido de reunião soou, à sua mãe, como uma notícia de mau comportamento do rapaz. Esclarecido este equívoco, a mãe revelou-se muito interessada em ajudar o filho e muito recetiva às sugestões da diretora de turma. Foram combinadas algumas estratégias a aplicar articuladamente pela escola e pela mãe, para que o António melhorasse a caligrafia e preparasse sempre a pasta convenientemente.
Este António e esta D. Natália não são casos únicos. Para alguns diretores de turma, infelizmente, só faz sentido chamar os pais à escola por más razões (mau comportamento, absentismo, etc.), sem que, à transmissão dessas informações, corresponda uma definição de medidas de apoio. A prestação da informação toma, assim, o carácter de acusação ou de muro de lamentações. É frequente ouvir dizer, acerca dos encarregados de educação "Só cá vêm aqueles que não precisam", ou seja, aqueles cujos filhos são bons alunos e se portam bem.
Pais e professores, família e escola têm alguns importantes objetivos em comum, como por exemplo o sucesso educativo e o sucesso académico dos jovens. Se unirem esforços, esses objetivos serão atingidos mais facilmente. Para que isso aconteça, a comunicação entre a escola e a família não pode limitar-se a ocorrer apenas em situações de crise e tem que se traduzir numa verdadeira colaboração entre as duas instituições, embora com respeito pela competências próprias de cada uma.
Por: Armanda Zenhas
In: Educare
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