quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Newsletter PIN-ANDEE



Caros sócios e amigos:

Parece ser este o último ano em que se comemora com um feriado o dia 5 de Outubro de 1910, conhecido como a Implantação da República.

Tombado pela febre da“produtividade” o 5 de Outubro merece, pelo seu significado e pelos seus heróis uma reflexão.

De todas as mudanças que a República trouxe a Portugal gostaria de comentar uma delas pelo seu carácter lidimamente moderno: a abolição da nobreza por nascimento. Depois da República, os barões , os condes , os viscondes, os duques e os marqueses ficaram confinados às bizarras aparições em revistas cor-de -rosa e às colunas sociais. Tal como aconteceu à governação, o 5 de Outubro veio dizer à sociedade civil que não se tem poder ou nobreza de caráter pelo nascimento.

Esta ideia intrinsecamente burguesa – do mérito pelas obras e não pelo nascimento – foi uma verdadeira revolução em hábitos multiseculares no nosso país.

Tendo abolido a nobreza pelo nascimento, a República levanta questões importantes: Será que existe nobreza? E se existe o que é?

Nobreza existe sim, nos gestos e nos comportamentos. A nobreza é talvez uma forma de estar na vida tanto nos objetivos como nos procedimentos. Antes de mais nos objetivos ligados aos valores do respeito a todos, da igualdade, fraternidade e liberdade. Um respeito profundo por todos os seres humanos independentemente das suas condições ou situações. Um respeito solidamente alicerçado ao mesmo tempo nas ideias de justiça e de compaixão.

Nobreza que existe também nos procedimentos de não fazer depender tudo das conveniências próprias; um desprendimento e a possibilidade de adiar e de postergar os interesses e necessidades próprias.

Existe pois nobreza em todas as pessoas (numas mais do que em outras?) e esta nobreza de objetivos e de procedimentos não tem nada que ver com a classe social ou qualquer outra condição.

É esta talvez a lembrança que eu gostaria de guardar do 5 de Outubro de 1910: a de um punhado de pessoas que foram desprendidas, que arriscaram a vida por um ideal, que puseram este ideal à frente dos seus interesses e da “vidinha”. São estes os burgueses que pelo que sonharam e pelo que fiz eram tiveram acesso à verdadeira nobreza: a nobreza de caráter.

Por: David Rodrigues

Presidente da Pró-Inclusão: ANDEE

In: Newsletter da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, de OUTUBRO 2012 (1ª QUINZENA)

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