De acordo com uma investigação realizada pelo Laboratório de Comportamento Motor da Faculdade de Motricidade Humana/Universidade de Lisboa parece existir uma associação moderada entre a componente motora e a cognitiva (funções executivas) em crianças que deve ser tomada em consideração. Porém, a velocidade de processamento de informação parece condicionar a força desta relação.
O artigo completo, da autoria de Carlos Luz, Luis P. Rodrigues e Rita Cordovil, publicado no European Journal of Developmental Psychology encontra-se aqui
Os resultados sugerem ainda que crianças com elevado nível coordenativo, quando confrontadas com tarefas com maior dificuldade cognitiva respondem significativamente melhor do que os seus pares com menor aptidão coordenativa.
No entanto, em tarefas simples não existem diferenças significativas. Apesar de os resultados reportarem medidas comportamentais, parecem corroborar a ideia que os domínios cognitivos e motor partilham semelhantes estruturas neurais.
Assim o decréscimo da aptidão coordenativa e física parece provocar efeitos nefastos não só ao nível das doenças cardiovasculares mas também ao nível das funções cognitivas, nomeadamente nas funções de planeamento.
Urge a necessidade de modificar o paradigma actual de excesso de solicitação cognitiva em detrimento do desenvolvimento motor de forma a proporcionar um desenvolvimento integral das nossas crianças.
Menor preocupação pelo desenvolvimento motor
Numa sociedade onde é exigido cada vez mais cedo uma multiplicidade de tarefas que ocupam grande parte do quotidiano das crianças, é cada vez mais raro vermos os agentes educativos favorecerem tarefas de actividade física e/ou motora em alternativa às actividades cognitivas.
Esta menor preocupação pelo desenvolvimento motor, nas últimas décadas, tem tido consequências nefastas para o desenvolvimento integral das crianças. Tem sido verificado um decréscimo da actividade física com impactos negativos na aptidão física e coordenativa com consequências nefastas para a saúde das nossas crianças e para a participação em actividades organizados e não organizadas.
In: Ciência Hoje
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