sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano de 2012

No novo ano vamos entrar

Com trabalho a dobrar,

Com a crise a rondar

Apenas os sorrisos a parecem derrotar.


Nobre Povo se vê a lutar,

Uma vez mais a desafiar

Um cabo das tormentas difícil de dobrar

Mas com esperança a vitória iremos conquistar.


Mais do que apelar,

Toca a unir e partilhar

Caminhos há que magicar

Há que sonhar, lutar e não abdicar.


Um ano a terminar

E um novo a começar

Com sonhos para realizar

Junto de uma equipa os concretizar.


Medidas de educação especial e cursos de educação e formação (CEF)

Por vezes sou confrontado com questões relativas aos alunos com necessidades educativas especiais de caráter permanente (NEE) que integram cursos de educação e formação (CEF). Perante estas questões, muitas das vezes as respostas surgem um pouco por impulso. De facto, aquando da publicação e da implementação do articulado do Decreto-lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 21/2008, de 12 de maio (Decreto-lei n.º 3/2008), houve alguma precipitação na sua interpretação. Incluo-me nesse grupo. Fruto de algumas reflexões, análises e analogias, os conceitos foram-se amadurecendo e clarificando. São essas reflexões, fundamentadas, mas sem qualquer cariz dogmático, que procuro partilhar com os colegas de educação especial, em particular, e com todos os visitantes, em geral.

Relativamente à temática que despoletou a elaboração deste texto, começo por referir que o universo dos apoios especializados, a prestar no âmbito da educação especial, abrange a educação pré-escolar e os ensinos básico e secundário dos setores público, particular e cooperativo. Depreende-se que, todas as crianças e todos os alunos que se encontrem a frequentar estes níveis educativos podem, mediante a sua caracterização, ser abrangidos pelas medidas educativas, uma vez que o Decreto-lei n.º 3/2008 não consagra quaisquer restrições quanto aos destinatários. Neste universo incluem-se, naturalmente, os alunos que frequentem CEF.

Assim, na eventualidade de haver alunos NEE a frequentar um CEF, estes podem, mediante a amplitude das medidas definidas, usufruir do apoio por um docente de educação especial. A título de exemplo, um aluno surdo ou invisual integrado num curso CEF, deverá, provavelmente beneficiar de apoio por parte de um docente de educação especial.

No entanto, perante determinadas situações, existem alguns condicionalismos, sobretudo ao nível das medidas aplicáveis aos alunos com NEE que se encontrem a frequentar um CEF.

O documento publicado pela Direção Regional de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT), intitulado “Novas Oportunidades – Cursos de Educação e Formação de Jovens”, reitera que os alunos com NEE que integram turmas CEF podem ser abrangidos por medidas educativas definidas no Decreto-Lei nº 3/2008, mas restringe-as ao apoio pedagógico personalizado, às adequações no processo de avaliação e às tecnologias de apoio (p. 5).

Relativamente à medida de currículo específico individual, em síntese, esta medida pressupõe alterações significativas no currículo comum e, consequentemente, no processo de avaliação. A informação resultante da avaliação expressa-se de forma quantitativa e/ou qualitativa acompanhada sempre de uma apreciação descritiva sobre a evolução do aluno. No final da frequência do percurso escolar, o aluno tem acesso a um certificado de equivalência à escolaridade obrigatória para efeitos de ingresso no mercado de trabalho (cf. Despacho Normativo n.º 1/2005, de 5 de janeiro, com a última alteração introduzida pelo Despacho Normativo n.º 14/2011, de 18 de novembro).

Penso que, por lapso, o documento não menciona a medida de adequações no processo de matrícula. No entanto, considero que esta medida, em determinadas situações, pode ser aplicada. Desde logo, canalizando os alunos com NEE para escolas de referência ou unidades de ensino estruturado fora do local de residência. Por outro lado, tendo-se garantidos a aprovação e o funcionamento do mesmo CEF por vários anos letivos, poder-se-á aplicar a matrícula por disciplina. Trata-se de uma mera possibilidade, aparentemente com pouca viabilidade.

No entanto, o documento citado prevê bastantes limitações aos alunos que usufruam da medida de adequações curriculares individuais. Os alunos NEE “com Adequações Curriculares Individuais (Consideráveis) (…) deverão manter-se na escola a frequentar o regime educativo comum, sem prejuízo da obtenção de habilitações académicas. Caso estes alunos frequentem um CEF obterão somente um certificado de frequência do curso que poderá ter uma avaliação qualitativa.” (p. 5). Ao mencionar as adequações curriculares individuais, o autor acrescentou, entre parêntesis, o termo “consideráveis”. Sabe-se, de antemão, que as adequações curriculares individuais não podem pôr em causa as competências de final de ciclo. Por analogia, nos CEF, as adequações curriculares individuais também não podem hipotecar o desenvolvimento das competências de final do curso, sobretudo às disciplinas de português e de matemática, como veremos a seguir. Penso que esta tentativa de clarificação não contribuiu para esclarecer o que se pretende exatamente.

Como já referi num texto publicado anteriormente (Medidas de educação especial no âmbito dos percursos curriculares alternativos e dos cursos de educação e formação), o CEF é desenvolvido por uma equipa pedagógica, à qual compete a organização, a realização e a avaliação do curso, nomeadamente, o acompanhamento do percurso formativo dos formandos, promovendo o sucesso e, através de um plano de transição para a vida ativa, uma adequada inserção no mercado de trabalho ou em percursos subsequentes. O currículo tem por base as competências essenciais do ciclo a que se reporta, devendo, no entanto, ser adequado às características e às limitações dos alunos, um pouco à semelhança das adequações curriculares individuais, no âmbito da educação especial. Sendo assim, por princípio, atendendo à flexibilidade preconizada na definição do currículo, a medida de adequações curriculares poderá não se aplicar.

No entanto, existem constrangimentos que é necessário prever e ultrapassar. O currículo dos CEF prevê que o programa de português e de matemática seja comum ao ciclo a que se reporta o curso, pois, na eventualidade dos alunos querem prosseguir estudos, devem obrigatoriamente realizar os exames nacionais às referidas disciplinas.~

Para os alunos com NEE, em geral, que, ao longo do seu percurso educativo, tenham tido adequações curriculares individuais com adequações no processo de avaliação, é prevista a possibilidade de realizarem exames a nível de escola para conclusão do 3º ciclo, não sendo a sua realização impeditiva do prosseguimento de estudos de nível secundário (cf. n.º 18.3 do Anexo II, do Despacho Normativo 19/2008, de 19 de março, com a última redação introduzida pelo Despacho Normativo n.º 7/2011, de 5 de abril).

Ao nível das adequações curriculares individuais, o documento publicado pela DRELVT introduz uma discricionariedade clara perante, aparentemente, a mesma realidade, uma vez que, quer os alunos integrados num CEF, quer os alunos do regular, estão perante o mesmo currículo e não têm as mesmas condições de acesso ao sucesso nas disciplinas de português e de matemática, nem a mesma possibilidade de prosseguir estudos.

Embora tenha focado a reflexão nos alunos com NEE integrados em CEF, as proposições aplicam-se também aos alunos enquadrados em turmas de percursos curriculares alternativos (PCA), uma vez que ambos os cursos assentam na mesma filosofia.

Por: João Santos

In: Incluso

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A criança e a disciplina

"A disciplina é o segundo presente mais importante que um pai pode dar a uma criança. O amor vem em primeiro lugar."

T. Berry Brazelton

Um dos objetivos essenciais da educação, a ser alcançado a longo prazo, com constantes avanços e recuos, é ensinar os filhos a serem disciplinados, orientando-os para que ajam de maneira aceitável e aprendam a conviver com regras e limites:

- Em pequenos, conseguir que tenham, desde cedo (primeiro dia de vida), uma rotina para fazerem as suas refeições, tomar banho e dormir sem muitas confusões.

- Quando maiores, que façam adequadamente os trabalhos de casa, sejam educados, aprendam a cumprimentar as pessoas, agradecer um presente, sem nunca perderem a iniciativa própria.

- Na adolescência, que saibam aceitar horários para chegar a casa, tenham responsabilidade e autonomia com as suas tarefas escolares e os seus pertences.

Estes são apenas alguns exemplos, pois os limites variam muito em função do que é esperado em cada cultura e em cada família.

Todo o lar deve ter as suas próprias regras, que devem ser respeitadas e aplicadas coerentemente e com o comum acordo dos pais (tarefas domésticas, mesada, televisão, horários para dormir, etc.).

É natural que um dos pais assuma o papel de disciplinador, mas se esse papel não for igualmente partilhado por ambos, os filhos podem ver um dos pais como o "bom" e o outro como o "mau" - situação que é muito difícil de reverter. É, por isso, fundamental uma partilha constante de cuidados.

Existem várias formas de disciplina. Seguem-se algumas que vale a pena experimentar:
• Avisos - ajudam a criança a estabelecer limites e a prepará-la para a mudança;
• Silêncio - como são constantemente interpeladas, corresponde a uma forma surpreendente de captar a atenção da criança;
• Fazer uma pausa - cessa o mau comportamento e permite aos pais acalmarem-se;
• Repetir as coisas, da forma certa - ao incentivar as boas ações vamos encorajar a criança, o que lhe permitirá readquirir autocontrolo e sentir-se recompensada;
• Reparar - leva a criança a pedir desculpas e fá-la entender que "o crime não compensa";
• Perdão - incentivo para melhorar o seu comportamento. É importante a criança sentir que pode ser perdoada;
• Planeamento - os pais enfrentam em conjunto os problemas, levando a criança a planear e a resolver problemas;
• Humor - uma forma agradável de ultrapassar os problemas, "quebrar o gelo", sem nunca entrar no gozo.Formas que se revelaram inúteis:
• Castigos corporais;
• Vergonha, humilhação;
• Lavar a boca com sabão;
• Comparar as crianças umas com as outras;
• Suprimir comida ou usá-la como recompensa;
• Deitar mais cedo ou fazer uma sesta extra (a criança pode associar o ato de dormir a situações negativas, o que pode provocar alterações no sono);
• Retirar o afeto, ameaçar com o abandono - a criança não se sente amada, sente medo.

"Educar é conviver com a criança, caminhar a seu lado e não por ela, podendo oferecer o seu exemplo, que é uma das melhores formas de ensinar e nunca esquecer que para educar é necessário tempo para dar dedicação e amor."

E. Pisani Leite

Por: Bárbara Pereira, com a colaboração da Dra. Carla Sá, pediatra do Hospital de São Marcos de Braga

In: Educare

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Despacho 17169/2011- Revogação do Currículo Nacional do Ensino Básico

Foi publicado, em Diário da República, no passado dia 23 de Dezembro o Despacho 17169/2011Neste despacho o Ministro da Educação procede à revogação do documento Currículo Nacional do Ensino Básico. 

Esta revogação prende-se ao facto de "O documento, contudo, continha uma série de insuficiências que na altura foram debatidas, mas não ultrapassadas, e que, ao longo dos anos, se vieram a revelar questionáveis ou mesmo prejudiciais na orientação do ensino.Por um lado, o documento não é suficientemente claro nas recomendações que insere. Muitas das ideias nele defendidas são demasiado ambíguas para possibilitar uma orientação clara da aprendizagem. A própria extensão do texto, as repetições de ideias e a mistura de orientações gerais com determinações dispersas tornaram -no num documento curricular pouco útil.Por outro lado, o documento insere uma série de recomendações pedagógicas que se vieram a revelar prejudiciais (...)"

Podemos ainda ler no referido despacho que:

a) O documento Currículo Nacional do Ensino Básico — Competências Essenciais deixa de constituir documento orientador do Ensino Básico em Portugal;

b) As orientações curriculares desse documento deixam de constituir referência para os documentos oficiais do Ministério da Educação e Ciência, nomeadamente para os programas, metas de aprendizagem, provas e exames nacionais;

c) Os programas existentes e os seus auxiliares constituem documentos orientadores do ensino, mas as referências que neles se encontram a conceitos do documento Currículo Nacional do Ensino Básico — Competências Essenciais deixam de ser interpretados à luz do que nele é exposto;

d) Os serviços competentes do Ministério de Educação e Ciência, através da Secretaria de Estado do Ensino Básico e Secundário, irão elaborar documentos clarificadores das prioridades nos conteúdos fundamentais dos programas; esses documentos constituirão metas curriculares a serem apresentadas à comunidade educativa, e serão objecto de discussão pública prévia à sua aprovação.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Medos

Ao longo do desenvolvimento da espécie humana, o medo desempenhou sempre uma função muito específica: proteger o indivíduo de eventuais perigos. Quando o ser humano é confrontado com uma situação percecionada como ameaçadora, vai preparar-se, do ponto de vista psicológico e biológico, para enfrentar essa situação. O medo tem, portanto, uma função adaptativa e deve ser considerado, dentro de determinados limites, como útil para a sobrevivência do ser humano e da espécie. Se não tivéssemos medo, teríamos sido a delicia de predadores mais fortes e seríamos hoje uma espécie em vias de extinção ou mesmo extinta.

De acordo com as etapas de desenvolvimento, existem diferentes medos. Dos dois anos e meio aos seis, os medos mais comuns são o medo do escuro, dos animais em geral, de ficar só, de seres imaginários, de fantasmas e monstros. Curiosamente também estes medos seguem um padrão desenvolvimental típico. O medo dos animais aumenta dos dois para os quatro anos, ao passo que o medo do escuro e de criaturas imaginárias aumenta dos quatro para os seis anos. 

Embora os medos surjam em alturas específicas e relativamente fixas do desenvolvimento humano, a sua intensidade e frequência podem variar de criança para criança, de acordo com o seu temperamento. Vários estudos permitiram concluir que crianças classificadas como inibidas em termos comportamentais apresentavam taxas mais elevadas de perturbações ansiosas* que crianças consideradas desinibidas. Também os pais destas crianças, quando comparados com os de crianças sem inibição comportamental, apresentam igualmente uma história com maior incidência de perturbações ansiosas. O desenvolvimento destas perturbações parece estar, assim, relacionado com determinadas características do ambiente familiar. Sempre que os pais controlam os filhos em demasia, limitando a sua autonomia e o seu comportamento exploratório, poderão contribuir para transformar medos que, em determinados momentos, são adaptativos, em ansiedade patológica.

A melhor forma de os pais ajudarem os filhos a lidar eficazmente com o medo é incentivá-los a confrontarem-se com as situações que o desencadeiam. A promoção da autonomia e o ensino da resolução de problemas, que passa pelo confronto com situações ameaçadoras, são também estratégias importantes e decisivas para que os medos não assumam dimensões patológicas.

Quando os pais sofrem de perturbações ansiosas é importante que também estes sejam alvos de uma intervenção mais profunda, no sentido de poderem ajudar os filhos de uma forma mais eficaz. Se estes vivem apavorados com mil e um fantasmas, é natural que transmitam esta forma de encarar a realidade aos filhos e que também estes desenvolvam medos exagerados. 

Apesar de o medo ser, em determinados momentos, muito angustiante, ainda bem que por vezes somos verdadeiros medricas....

* Ansiedade e medo são, neste artigo, considerados sinónimos.

Por: Adriana Campos

In: Educare

Linha de brinquedos portugueses para crianças invisuais

São brinquedos coloridos, com texturas e materiais diferentes que foram concebidos “expressamente a pensar em crianças com dificuldades visuais”, explica Leonor Pereira, mestre em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho (UMinho), que desenvolveu a dissertação «Design Inclusivo: Tocar para Ver – Brinquedos para Crianças Cegas e de Baixa Visão».

Esta linha de divertimentos infantis visa ajudar as crianças a interagir de forma saudável com os restantes colegas. “É incluí-las a todos os níveis, proporcionar-lhes maneiras de brincar, conviver e interagir entre as duas realidades”, explica. Não basta criar peças de ‘design’ por si só, esclarece Leonor Pereira, que é professora do ensino básico há vários anos. O objectivo principal é conceber produtos com qualidade estética e táctil, que visa proporcionar uma maior integração das crianças com problemas visuais no meio envolvente.

O desenvolvimento da motricidade fina e da percepção de texturas por parte das crianças envolvidas é notório: “São brinquedos que elas podem explorar com as mãos, descobrindo as diferentes texturas, reconhecendo as formas, os pormenores, as semelhanças e as diferenças, bem como estimular a coordenação e a integração dos sentidos”.

Estas peças foram testadas por crianças de um jardim-de-infância do distrito de Aveiro, com idades compreendidas entre os três e seis anos. O feedback foi “muito positivo” e os resultados decorrentes desta nova forma de inclusão social foram vantajosos: “A interacção entre as crianças foi extremamente engraçada e enriquecedor verificar que elas perceberam o sentido da brincadeira e partilharam a mesma experiência que as restantes”, certifica a professora.

As peças foram construídas com base nas texturas, relevos e cores recorrendo, por isso, a diferentes malhas e bordados, perceptíveis através do tacto. Leonor Pereira aproveita para referir a escassez de brinquedos adaptados, obrigando os educadores a construir do zero objectos didácticos, sem terem muitas vezes formação para tal. A comercialização é uma possibilidade: “Ficamos com uma forte vontade de concretizar este projecto e torná-lo mais real, à disposição de todos”, assinalou ainda.

A pouca formação dos professores relativamente à educação especial é uma das críticas apontadas pela antiga aluna da UMinho. “É muito difícil conseguirmos perceber as necessidades das crianças cegas, autistas ou surdas. Temos sempre o apoio dos professores do ensino especial, que trabalham especificamente com eles, mas nem sempre é suficiente”, explica.

A formação inicial, a aposta em equipamentos e a adaptação dos espaços nas escolas são algumas das sugestões. Esta não é, segundo Leonor Pereira, uma sociedade completamente inclusiva, porque ainda há muitas barreiras: “As crianças com deficiências não usufruem das mesmas oportunidades do que as restantes”, conclui.

Matosinhos: Restaurantes terão ementas em Braille

A partir do próximo mês, os restaurantes da cidade de Matosinhos vão tornar-se mais acessíveis às pessoas com deficiência visual. Tudo graças a uma iniciativa que passa pela transcrição para Braille das ementas de cerca de 30 estabelecimentos hoteleiros especializados em peixe e marisco, anunciou a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

A ação está a ser promovida por esta entidade em parceria com a Associação dos Restaurantes de Matosinhos (ARM) e será lançada no Dia Mundial do Braille, que se assinala a 4 de Janeiro, com um jantar especial num dos restaurantes aderentes, o Dom Peixe.

À Lusa, o presidente da ARM explicou que o projeto surgiu em consequência da vontade de "elevar o nível dos restaurantes associados, melhorando o atendimento que é prestado" a estes clientes.

"Para nós, esta iniciativa inovadora faz todo o sentido e se ajudar a que outros restaurantes sigam o exemplo, melhor", afirmou Rui Sousa Dias.

As cartas em Braille estarão disponíveis em restaurantes nas freguesias de Matosinhos, Perafita e Leça da Palmeira.

Os estabelecimentos aderentes são os seguintes: O Filipe, Rei da Sardinha Assada, Casa da Boa Gente, Segunda Casa, Doca X, Dom Peixe, Sempr’Assar, O Valentim, Cais 51, Tito I, Tito II, O Lusitano, S.Valentim, Palato, O Xarrôco, Lage do Senhor do Padrão, Trás D’Orelha, Salta-Ó-Muro, D. Zeferino, O Gaveto, O Manel, A Marisqueira de Matosinhos e O Iate. O Arquinho do Castelo, Os Rapazes e Jácome, A Casinha e Veleiros.

[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes, Patrícia Guedes e Bruno Melo]

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!!!

Caros amigos, seguidores e visitantes:

Desejo-vos a todos um Feliz Natal junto daqueles que mais gostam...

Um Grande Abraço


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011



Foi em Dezembro de 2009 que este blogue surgiu...Começou com uma noite mal dormida e transformou-se num desafio, num projeto de vida...

Vivemos em tempos de mudança...Mudanças de paradigma, mudanças no contexto económico, mudanças de mentalidades, mudanças de comportamentos e de atitudes. Resumindo, vivemos uma época em que a sociedade muda ao ritmo da evolução das novas tecnologias. 

Dois anos passados este grito de mudança vai continuar a fazer-se ouvir... Agradeço a todos os seguidores, visitantes e amigos que me têm acompanhado...Espero que este "grito de mudança" continue a crescer e se faça ouvir um pouco por todo o lado...


E tal como diz a música... "Seja você mesmo, não importa o que digam"!


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Carta ao Pai Natal

Chega o Natal e rapidamente começam a aparecer cartas endereçadas ao Pai Natal, aquela figura imaginária, mágica que faz sonhar muitas crianças. Um jogo, uma bola, uma PSP, um livro…são muitos os pedidos, são vários os sonhos de milhares de crianças.

Considero muito saudável esta fantasia, mas acima de tudo aprecio o espírito que envolve toda a época natalícia. Esta é uma época muito especial para a maior parte de nós, é a altura do ano em que, de alguma forma, nos esforçamos por ser mais benevolentes e altruístas. É a altura do ano em que valorizamos mais a família!

Tal como as crianças, também eu, nesta altura do ano, escrevo uma carta ao Pai Natal. Esta é uma tradição que retomei, depois de muitos anos sem o fazer, por querer acreditar que muito dos meus sonhos são possíveis. Recuperei esta tradição para transmitir uma mensagem cheia de expetativas, cheia de sonhos. Até porque o limite dos sonhos é o mesmo da imaginação, já o poeta dizia que “o sonho comanda a vida”.

A nossa sociedade vive momentos conturbados a nível económico e social. Vivemos numa sociedade cada vez mais egoísta, cada vez mais “despida” de valores onde apenas existe o “eu”.

Este ano gostaria de relembrar a Todos sem exceção que “As melhores coisas do Mundo são de graça!”. Sim, é certo que precisamos de dinheiro para sobreviver, mas há coisas que não têm preço…Uma palavra ou um gesto são de graça e podem transformar a sociedade em que vivemos. São estas palavras e estes gestos que podem mudar a nossa atitude perante o outro, são estas que podem mudar atitudes e mentalidades.

O melhor presente para este Natal era que as nossas crianças tivessem a nossa atenção e disponibilidade. Que todas sem exceção tivessem alguém para os ouvir, para falar, para brincar, para lhes dar um sorriso, para AMAR!!!

Por fazerem parte do meu blog…

Por me fazerem sentir acompanhado nesta luta…

E por todos os momentos (presentes ou através da blogosfera) que vivemos juntos ofereço-vos estas palavras:

Obrigado! Felicidade! Amizade! Alegria! Magia! FELIZ NATAL!

Investigadores portugueses estudam leucemia infantil

Todos os anos surgem em Portugal cerca de 200 casos de leucemia infantil. Uma pesquisa realizada por investigadores portugueses permite perceber a evolução da doença e avançar para tratamentos com medicamentos já testados noutras doenças. João Barata, Investigador do Instituto de Medicina Molecular, explica em que consiste esta investigação.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Na 'Casa dos Sonhos' partilham-se “ideias sobre o autismo”

"Há muitas ideias sobre o autismo, mas com graus de correcção muito diferentes", explica o pedopsiquiatra Emílio Salgueiro, para evidenciar a importância do colóquio que junta, hoje e amanhã, técnicos, especialistas e pais de crianças autistas, no Centro Cultural Casapiano, em Lisboa.

"Não há qualquer panaceia" para o autismo, nem "um método que dê para tudo", explicou Emílio Salgueiro, coordenador do colóquio, defendendo que a criança deve ser observada por uma equipa de profissionais que decidirá o método mais adequado a cada caso.

"É uma conferência muito a partir da prática, mostrando maneiras de funcionar e apresentando resultados", explicou o pedopsiquiatra Emílio Salgueiro, salientando que "tudo o que se possa fazer para conhecer melhor o autismo e intervir melhor é benéfico".

"A finalidade do tratamento é chegar ao autista e trazê-lo para o contacto com as pessoas", disse o pedopsiquiatra, sublinhando que, seja qual for o método, tem que "respeitar as crianças autistas na sua humanidade".

A psicóloga clínica e psicanalista de origem canadiana Anne Alvarez, reconhecida a nível internacional pelo trabalho que desenvolve com crianças autistas, o especialista Olivier Bonnot, do Serviço de Psiquiatria da Criança e do Adolescente e do Grupo Hospitalar Pitié Salpétiêre, em Paris, e Álvaro de Carvalho, coordenador nacional para a saúde mental, são alguns dos oradores do encontro.

Estão igualmente previstas intervenções da pedopsiquiatra e ex-chefe de serviço do departamento de pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia Maria José Vidal e do psicólogo e psicanalista Manuel Matos, assim como alguns depoimentos de pais de crianças autistas.

Esta reunião "é o primeiro passo público" dado pela 'Casa dos Sonhos', um projecto para intervir junto das famílias de crianças com problemas da área do autismo, uma perturbação global do desenvolvimento que se prolonga por toda a vida e se manifesta através de dificuldades ao nível da interacção social e da comunicação, por alterações do comportamento e pela restrita variedade de interesses.

"Temos ainda muito para aprender" e o colóquio servirá para os pais falarem de métodos que resultaram ou não com os seus filhos e os técnicos divulgarem os graus de satisfação obtidos e os apoios conseguidos para desenvolverem diversos métodos com estas crianças, explicou Emílio Salgueiro.

Solidariedade ajuda menino com espinha bífida

Graças a uma onda de solidariedade, um casal de desempregados de Oliveira do Bairro conseguiu reunir os equipamentos necessários para a mobilidade do filho de três anos que nasceu com espinha bífida. Mariana e Johnny conseguiram finalmente os fundos necessários para a aquisição destas peças que proporcionarão a Jesus uma vida melhor.

Com 71% de incapacidade motora mas uma capacidade cognitiva bem desenvolvida, Jesus precisava de “uma cadeira de rodas, de uma cadeira de banho e de uma standing-frame” para conseguir levar uma vida independente, movimentando-se sem restrições, conta Mariana Corser, mãe de Jesus, à RTP.

“O que queremos é fortalecer a sua boa capacidade cognitiva, proporcionando-lhe uma vida o mais normal possível apesar das suas limitações motoras”, diz Johnny Fernandes, pai do menino.

A campanha “Umas Rodas para Jesus”, levada a cabo desde Maio no blogue que o casal criou para dar a conhecer a história do filho, não foi o suficiente para a realização deste desejo do casal. Em Novembro, contudo, ganhou velocidade graças ao apoio do infantário que o menino frequenta.

“Com estes equipamentos, se o Jesus quisesse um objeto, ia conseguir adquiri-lo. Com a cadeirinha ia poder movimentar-se e se quisesse um carrinho, um jogo ou uma caixinha de lápis ia conseguir ir buscá-los. E isso é uma maravilha porque não implica uma dependência dos outros”, explica Catarina Almeida, Diretora Técnica do Infantário Frei Gil.

Em pouco mais de um mês - ainda com a ajuda de um banco, de uma cadeia alimentar de supermercados e o contributo de muitos outros cidadãos - foi possível garantir todos os equipamentos a Jesus.

“Somos pessoas de força, que lutam e acreditam e isso foi determinante no modo como a sociedade portuguesa reagiu e ajudou o Jesus”, afirma a mãe do menino.

As três peças prometidas ao casal já se encontram a caminho, mas a campanha ainda continua de pé. O objetivo é angariar fundos que financiem as despesas médicas de Jesus nos próximos anos. Por agora, o casal, com outros dois filhos, pede só mais um desejo para que este Natal seja mesmo perfeito: “Que os dois arranjemos um emprego”.

Clique AQUI para aceder ao blogue do menino.

In: JN online

sábado, 17 de dezembro de 2011

O que determina a memória de curto prazo?

Pela primeira vez, cientistas do Instituto Nencki de Biologia Experimental da Academia Polaca de Ciências em Varsóvia conseguiram provar experimentalmente que a capacidade de memória de curto prazo depende de um modo especial dois ciclos da actividade eléctrica cerebral.

A memória de curto prazo desempenha um papel crucial no funcionamento de nossa consciência. Um ser humano consegue processar conscientemente de cinco a nove partes de informações simultaneamente. Em 1995, cientistas da Universidade de Brandeis, em Waltham, USA, sugeriram que a capacidade de memória de curto prazo poderia depender de duas bandas de actividade eléctrica cerebral: as ondas Teta e Gama. No entanto, só agora, através de experiências conduzida no Instituto Nencki foi possível provar que realmente existe essa relação.

De acordo com a notícia avançada pelo Instituto Nencki, no exame de eletroencefalografia (EEG) que os cientistas efectuaram, foram colocados vários eléctrodos na cabeça do paciente. Os sinais eléctricos do cérebro gravados mostram ondas de diferentes frequências, como as ondas Teta com frequência de 4-7 Hz e as Gama com frequência de 25-50 Hz. Estas ondas são usadas para reter informações no cérebro. Os investigadores observaram então que a amplitude das ondas Teta e Gama aumentou quando as pessoas foram obrigadas a armazenar mais informações na memória a curto prazo.

O psicólogo Jan Kamiński, autor principal das experiências, explica que “a hipótese formulada por Lisman e Idiart em 1995 assume que somos capazes de memorizar tantos ‘pedaços’ de informações quanto mais ciclos Gama existirem para o ciclo Teta. A investigação até à data apenas apoiava indirectamente esta hipótese”.

Um ‘pedaço’ da informação refere-se à sua proporção na memória, pode ser um número, uma letra, ideia, situação, imagem ou cheiro. “Ao criar experiências sobre a capacidade de memória é preciso ser cuidadoso para não tornar demasiado fácil para o assunto agrupar muitos ‘pedaços’ só num”, sublinha Jan Kamiński. E exemplifica: “ A sequência de números 2, 0, 1, 1 é fácil de agrupar no número correspondente ao ano em curso. Em vez de quatro ‘pedaços’ de informação passamos a ficar com apenas um”.

Interpretar o comprimento de ondas Teta e Gama do EEG não é fácil pois estas ondas não são directamente visíveis no sinal. Por isso Jan Kamiński propôs um novo método para determina-las.

Durante a experiência, os investigadores gravaram a actividade eléctrica do cérebro em 17 voluntários em repouso, de olhos fechados, durante cinco minutos. Em seguida filtraram os sinais e analisaram não os ciclos mas as suas correlações. Apenas com base nas correlações descobertas determinou-se a relação entre o comprimento da onda Teta para a onda Gama e a capacidade de memória verbal de curto prazo foi determinada. “Observámos que quanto mais longos eram os ciclos Teta, mais ‘pedaços’ de informação os voluntários eram capazes de lembrar; quanto mais longo o ciclo Gama, menos lembrado era o assunto”, explicou Jan Kamiński.

Uma vez que a capacidade de memória de curto prazo afecta os efeitos de raciocínio, actualmente os investigadores estão a realizar estudos para desenvolver a forma mais eficaz de treiná-la.

Palestiniana autista e cega tornou-se pianista com a ajuda de uma judia ortodoxa

Quando um casal de missionários holandeses a encontrou, Rasha Hamid encontrava-se em muito mau estado.

Aos 4 anos, ela e a irmã viviam confinadas num quarto desde o nascimento. Alimentadas só com leite, sofriam de grave atraso mental e físico. Mal falavam, batiam constantemente com a cabeça, enfiavam os dedos nos olhos. Foram recolhidas pelo casal Vollbehrs e mais tarde integradas em Beit Yemina, a escola- orfanato por eles criada nas imediações de Belém.

Um dia, quando se cantava um hino, Rasha começou a acompanhar com uma harmonia própria. Surpreendidos, os Vollbehrs perceberam que tinham ali alguém com verdadeiro talento musical. Compraram um piano, onde Helena Vollbehrs ensinou Rasha a tocar.

Quanto se tornou necessário que ela prosseguisse os estudos a um nível superior, levaram-na para o conservatório.
A política não era importante

A professora Devorah Schramm, nascida nos EUA e judia ortodoxa (apresenta-se sempre com a pesada peruca que as normas religiosas impõem), foi informada de que havia uma criança cega à sua espera.

Percebeu que além de cega, Rasha tinha severos bloqueios mentais e comunicacionais, e era palestiniana. Mas nem hesitou. Para ela, a política não tem muita importância. Aceitou a aluna de 11 anos, e nunca se arrependeu.

Logo nas primeiras aulas, ficou espantada com as harmonias que ela gerava espontaneamente. Harmonias negras, insólitas, que formariam a base de muitas das futuras composições de Rasha.

Quando lhe perguntam o que significa a música para a sua aluna, Schramm responde com uma palavra: paz.
Intifada, e dificuldades financeiras

Se a vocação musical estava fora de dúvida, algumas das outras dificuldades permaneciam. Houve momentos difíceis, tanto a nível da relação entre aluna e professora (embora Schramm diga que o melhor de tudo, para si, foram os momentos em que Rasha, incapaz de articular palavras, se virava para ela com ternura) como das evoluções lá fora.

Entre esses anos de aprendizagem teve lugar a segunda Intifada, especialmente sangrenta. A certa altura, militantes palestinianos disparavam da zona onde Rasha vivia para aquela onde vivia Devorah. Mas esta não se deixou dissuadir.

Hoje em dia Rasha está com 36 anos, e a relação continua. Os problemas agora são ao mesmo tempo políticos e financeiros. Beit Yemina tem de gastar muito dinheiro para obter as autorizações que permitem a Rasha ir a Israel para ter aulas. Fala-se em cortar.

Devorah espera que não aconteça. E evoca o prazer de Rasha quando toca em público e ouve os aplausos. "Às vezes ela própria aplaude".


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ensinar a “pescar” em vez de dar o “peixe”

Quem fez o trabalho de casa? - pergunta o professor.
Quase todos fizeram. O António vem, então, ao quadro fazer o exercício pedido. Não consegue. A professora pede-lhe o caderno com o TPC e está certo.

- António, fizeste tão bem em casa e agora não consegues? Explica lá como fizeste em casa.
- Foi a explicadora que me disse como era.
- E não ficaste a saber?
- Não, ela só me disse a resposta.

Sorte a do António, a professora tê-lo chamado e ter-se apercebido de que ele continuava com dúvidas. Pôde, assim, tirar-lhas.

Este relato, correspondente a muitas situações vividas nas salas de aulas, não significa que as explicações são sempre inúteis. Elas podem ser muito úteis, inúteis ou até prejudiciais.

Explicações prejudiciais ou, no mínimo, inúteis:
- Salas com muitos alunos de turmas/escolas diferentes em que o explicador dá aulas paralelas. Dá a matéria escolar a um ritmo que pode corresponder ou não ao que cada um dos alunos tem na escola. Desta forma, o aluno tem aulas em duas escolas paralelas e chega a casa sem ter estudado individualmente e, provavelmente, sem ter feito os TPC. Com uma escola dupla e com os TPC ainda para fazer em casa, quando vai ter tempo para descansar, para brincar e para ser criança?
- Salas com muitos (ou mesmo com poucos) alunos em que as respostas são dadas pelo explicador, em vez de este levar o aluno a descobrir a resolução das suas próprias dificuldades, ou seja, ensiná-lo a estudar autonomamente, apoiando-o nesse processo.

Explicações úteis:
- O explicador está atento a cada um dos alunos. Ajuda-os a organizarem o seu estudo diário e a sua sessão de estudo. Quando surgem dúvidas, ajuda-os a procurar as melhores formas/instrumentos para as resolverem. Dá o apoio de que cada um precisa, tendo em vista a construção da sua autonomia.

Seja com a ajuda de explicadores, seja com a ajuda de familiares, os estudantes precisam que os ensinem a pescar e não que lhes deem o peixe. 

Quero com isto dizer que, de forma progressiva, eles devem aprender a encontrar a melhor forma para organizar o seu estudo e para encontrar respostas para as suas dúvidas. Muitas vezes, as soluções são tão simples quanto estas: primeiro estudar a matéria dada na aula e apenas depois fazer os TPC; se não percebe um conceito, procurar nas páginas anteriores do manual a sua explicação. Claro que dá trabalho, mas sem esse esforço individual não há aprendizagem nem desenvolvimento da autonomia.

Vários artigos que tenho publicado dão sugestões úteis que os pais podem pôr em prática quando ajudam os filhos a estudar (e quem sabe, até, poupar nas explicações). Aqui ficam alguns exemplos: "Como ajudar os filhos nos TPC", "Como organizar eficazmente o tempo de estudo", "A postos no posto de estudo". 

Lembro ainda que nas escolas existem salas de estudo e que há professores disponíveis para ajudar os alunos no seu estudo. A frequência é gratuita. Nestes tempos de crise, nenhuma ajuda pode ser desperdiçada.

Termino dizendo que este artigo não é contra as explicações e lembrando que há situações em que elas podem ser muito úteis se, de facto, respondem às dificuldades do estudante, tendo sempre presente o objetivo de promover a sua autonomia. Pretendo, sim, dar algumas pistas de reflexão para os pais ponderarem na decisão a tomar sobre a melhor forma de apoiar os seus filhos.

In: Educare

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O professor e a varinha de condão

Ser professor acarreta uma profunda carga de utopia e de imaginário. Com o lento passar do tempo e da memória colectiva, gerações após gerações ajudaram a elaborar a imagem social de uma profissão de dádiva absoluta e incontestável entrega.

O poder simbólico da actividade docente leva a que os professores sintam sobre os seus ombros a tarefa herculeana de mudar, para melhor, o mundo; de traçar os novos caminhos do futuro e de preparar todos e cada um para que aí, nesse desconhecido vindouro, venham a ser cidadãos de corpo inteiro e, simultaneamente, mulheres e homens felizes. É obra!

Ao mesmo tempo que a humanidade construiu uma sociedade altamente dependente de tecnologias dominadoras, transferiu da religião para a escola a ingénua crença de que o professor, por si só, pode miraculosamente desenvolver os eleitos, incluir os excluídos, saciar os insatisfeitos, motivar os desalentados e devolvê-los à sociedade, sãos e salvos, com certificação de qualidade e garantia perpétua de actualização permanente.

O emergir da sociedade do conhecimento acentuou muitas assimetrias sociais. Cada vez é maior o fosso entre os que tudo têm e os que lutam para ter algum; entre os que participam e os que são marginalizados e impedidos de cooperar; entre os que protagonizam e os que se limitam a aplaudir; entre os literatos dos múltiplos códigos e os que nem têm acesso à informação.

E é este mundo de desigualdades que exige à escola e ao professor a tarefa alquimista de homogeneizar as diferenças.

Os professores podem e estão habituados a fazer muito e bem. Têm sido os líderes das forças de sinergia que mantêm os sistemas sociais e económicos em equilíbrio dinâmico. São eles que, no silêncio de cada dia, e sem invocar méritos desnecessários, evitam que muitas famílias se disfuncionalizem, que as sociedades se desagreguem, que os estados se desestruturem, que as religiões se corroam.

Mas não podem fazer tudo. Melhor diríamos: é injusto que se lhes peça que façam mais.

Particularmente quando quem o solicita sabe, melhor que ninguém, que se falseia quando se tenta culpabilizar a escola e os professores pelos mais variados incumprimentos imputáveis ao sistemático demissionismo e laxismo das famílias, da sociedade e do próprio Estado tutelar.

É bom que se repita: os professores, por mais que se deseje, infelizmente não têm esse poder e essa magia. Dizemos infelizmente porque, se por milagre o tivessem, nunca tamanho domínio estaria em tão boas e competentes mãos.

E é precisamente porque nunca foram tocados por qualquer força divina que os professores, como qualquer outro profissional, também estão sujeitos à erosão das suas competências; que, como qualquer técnico altamente qualificado, eles também

necessitam de actualização permanente. E é por isso mesmo que os docentes reclamam uma avaliação justa do seu desempenho. Uma avaliação em que se revejam, que os estimule a empreender e que os ajude no seu crescimento profissional.

Todas as escolas preparam impreparados. Até as que formam professores. Sempre foi assim e, daí, nunca veio mal ao mundo. É a sequência e a consequência da evolução dialéctica das sociedades e das mentalidades.

Por isso, centrar a discussão na impreparação profissional dos docentes, como se tal fosse estigma exclusivo desta classe e justificasse as perversas iniciativas que lançam a suspeita pública sobre a responsabilidade ética dos educadores no insucesso do sistema educativo e no desaire das políticas educativas que não têm vindo a sancionar, isso dizíamos, traduz uma inqualificável atitude de desprezo pela verdade e pela busca de soluções credíveis e partilhadas.

Admitir que a educação pode resolver todos os problemas e contradições da sociedade, resulta em transformá-la em vítima evidente do seu próprio progresso.

Repetimos: os professores não têm esse poder e essa magia. Os docentes não podem solucionar a totalidade dos problemas com que se confrontam as sociedades contemporâneas, sobretudo se não tiverem os contributos substanciais dos outros agentes educativos e das forças significativas da sociedade que envolvem a comunidade escolar.

Evidentemente que a escola e os professores podem e devem contribuir para o progresso da humanidade e para o seu desenvolvimento político, económico, social e cultural. Porém, tal não é atingível apenas com meros instrumentos educacionais porque eles, por si só, não são capazes de estilhaçar o mundo de crescentes desigualdades e uma cúpula política sob a qual coexistem a injustiça, o desemprego e a exclusão social.

Os professores não têm essa varinha de condão e, por favor, não os obriguem a ser mais do que são, ou nunca serão o que o futuro lhes exige que venham a ser.

João Ruivo

ruivo@ipcb.pt

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um triângulo para 2012


Já começaram a chegar as primeiras mensagens de Natal. Até agora recebi seis e quatro delas faziam referência à “crise”. E diziam: “Apesar da crise…”, “lutando contra a crise”, etc. etc. Gostava de lhes mandar uma mensagem de Natal que não falasse de crise (opsss!... agora é que eu notei que já falei dela mesmo para dizer que dela não falaria…) Mas adiante…

Periodicamente as Nações Unidas publicam um relatório sobre o Desenvolvimento Humano. O deste ano de 2011 publicado no início de Novembro sustenta que as necessidades urgentes e globais de sustentabilidade e de equidade devem ser encaradas conjuntamente. (ver: http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2011/summary/)

Olhar a equidade como um elemento fundamental do desenvolvimento humano não é novo. O que é nova é a importância, a premência que a equidade tem assumido no panorama mundial. Torna-se cada vez mais claro que a corrida sem freio para o crescimento, para a exploração dos recursos naturais, o enfraquecimento do papel regulador do estado, a perca de protagonismo do “estado social”, etc. etc., são objectivos que facilmente nos conduzirão a um mundo que é em quase tudo, oposto ao que nós consideramos justiça e decência. Por isso toma tanta relevância, ao lado do desenvolvimento e da sustentabilidade, a equidade. A equidade lembra-nos que quando alguém nasce tem o direito a ter uma efectiva igualdade de oportunidades com todas as outras crianças para poder ser útil e ser feliz.

A pergunta que se nos é colocada em Educação (e em Educação Especial e Inclusiva talvez com maior pertinência) é: como poderemos proporcionar uma verdadeira igualdade de oportunidades a todas as crianças. Talvez por três meios: a) criando caminhos diferentes para educar em comum, b) saber que pode haver excelência educativa mesmo para alunos com condições de deficiência ou grandes dificuldades na aprendizagem, e c) saber descobrir em cada aluno qual o património comum que ele pode compartilhar com a classe, com a escola e com a comunidade.

Em 2012 fazemos votos para que possamos actuar na nossa profissão face aos valores deste triângulo conceptual: desenvolvimento, sustentabilidade e equidade. E, em nome da Direcção da ANDEE, desejo que este triângulo se consume em cada um de nós: que nos desenvolvamos como profissionais, que saibamos reter o que já aprendemos e que saibamos criar as oportunidades para que a nossa sociedade tão paradoxal não afaste ainda para mais longe da justiça. E tudo sem crise!

Bom Natal e um 2012 com desenvolvimento, sustentabilidade e equidade!

David Rodrigues

Presidente da Pró-Inclusão – ANDEE

Deseja-lhe Festas Felizes e um Novo Ano com Paz, Saúde e Prosperidade


In: Newsletter Dezembro de 2011 (1ª Quinzena)

O mundo com olhar de criança (Associação Acreditar)

No pequeno mundo dos afectos há tempo e espaço para Acreditar na cura de uma doença oncológica. A troco de apenas um sorriso uma equipa de voluntários da Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro - leva todos os dias aos hospitais de oncologia do país abraços de conforto, palavras de coragem. As crianças e adolescentes que sofrem de cancro e as suas famílias encontram também nas casas da instituição em Lisboa, Coimbra e Funchal um abrigo. Um refúgio que serve muitas vezes para fugir ao drama vivido nos corredores de um hospital. «O mundo com olhar de criança» é uma reportagem vídeo de Ana Sofia Freitas, Ana António, Luís Borges, e João Félix Pereira.


A Associação Acreditar é uma das dez finalista do Prémio Manuel António da Mota (edição 2011). Ouça também a reportagem áudio.