segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

A Todos os meus Amigos, Seguidores e Visitantes desejo um Bom Ano de 2013!!!


(...) Diga o que você precisa dizer...

Não tenha medo de continuar

Não tenha medo de desistir (...)


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal!!!


Caros Amigos, Seguidores e Visitantes 

Desejo-vos a todos um Feliz Natal junto daqueles que mais amam ...

Um Grande Abraço

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Dos cortes, em Educação…

... Até agora só tenho visto decisões cegas, tiradas a regra e esquadro como um mapa do centro africano em conferência berlinense, que de tão racionais provocam efeitos de irracional distorção e acelerada entropia na eficácia de todo o sistema.

Vejamos:

- gigantismo e concentração na gestão escolar que, em troca de alegadas poupanças, vai tornar completamente disfuncional a gestão de grande parte das escolas públicas, com um afastamento – agravado pelo modelo unipessoal – do centro de decisões em relação ao terreno, aumentando de forma dramática as distâncias que muitas crianças precisam de percorrer para frequentar não o velho "Liceu" mas agora a própria "Primária", num modelo de meados de Oitocentos;

- reduções brutais nas remunerações dos docentes (encaradas como redução da despesa) que, em acumulação com a destruição dos horizontes de progressão na carreira, deixaram completamente desmotivados e sem qualquer confiança na tutela os executores de quaisquer reformas educacionais que se queiram implementar com algum sucesso. Ao mesmo tempo, acumula-se um lumpen docente em situação de precariedade e sub-emprego como pressão sobre quem está (estava!) nos antigos quadros de escola para que aceitem condições de trabalho cada vez piores;

- diminuição do apoio aos alunos mais desfavorecidos e com dificuldades de aprendizagem moderadas ou severas (o que se vai passando com os alunos com NEE vai sendo cada vez mais vergonhoso), a par com a definição de percursos educativos promotores de crescente segregação sócio-educacional, importados de algures sem atenção ao contexto nacional, criando uma escola a várias velocidades e plural no mau sentido. Uma escola em que os indesejáveis são remetidos para escolas públicas sem os luxos herdados da Parque Escolar, enquanto se tenta concessionar a privados os nichos mais atractivos e menos problemáticos do mercado da Educação.

Ao mesmo tempo oculta-se ou manipula-se informação relevante sobre o desempenho dos alunos e o trabalho dos professores nas escolas públicas nos últimos 15 anos (cf. resultados dos testes PIRLS e TIMMS) que contrariam a tese do mau trabalho feito, e não se faculta informação transparente sobre a forma como são geridas as escolas privadas com contratos de associação feitos à medida de interesses particulares e a quem se pretende dar uma maior fatia do orçamento do MEC em troca da fidelidade ao modelo dos cortes acima exposto.

Recupera-se, ainda, a ideia da municipalização da Educação, herdada dos mandatos anteriores e que antes se criticava, apenas porque assim se desorçamentam os encargos directos do MEC. Ideia essa que entre nós nunca funcionou, muito menos em tempos de emagrecimento dos orçamentos autárquicos. Muito menos quando se foi incapaz de contrariar o instalado caciquismo local, potenciador de fenómenos de clientelismo na gestão dos recursos humanos.

Dos cortes em matéria de Educação, que se dizem inevitáveis sem explicar porque não se corta em outras matérias gravosas para os encargos do Estado, e em montantes que ninguém demonstra serem fundamentados, apenas conhecemos práticas de amputação da Educação em Portugal e ideias tendentes ao aumento das desigualdades.

Pode ser o que resulta de modelo ideológico, mas é errado, profundamente errado e, apesar dos truques incluídos (afastar um lote assinalável de alunos das provas de avaliação externa), levará a uma fortíssima degradação do desempenho de todo o sistema, em especial das parcelas pré-destinadas ao fracasso num sistema que faz por cumprir as suas próprias profecias.

Em suma, faz-se o contrário do que qualquer bom economista da Educação sugere em tempos de crise, ou seja, que o investimento em efectiva qualificação se faz em contra-ciclo com a Economia.

Mas o capital humano que nos desgoverna é o que é e não se pode esperar mais do que uma pirâmide ou acrópole de imitação, em pauzinhos de fósforo, já ardidos, e bem contados.

De: Paulo Guinote

Professor e autor do blogue "A educação do meu umbigo"

In: Público

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O país do faz de conta

Faz de conta que somos um país. O Ministro da Educação não dispensou (despediu?) cerca de 30 mil professores (colaboradores?), num só mês. Que se tratava de gente qualificada, experiente, e de dádiva diária. Faz de conta que tudo isto não se passou no grupo socioprofissional europeu em que há mais casais no exercício da mesma profissão. Faz de conta que qualquer notícia de um despedimento de tal monta, em qualquer empresa mundial, mesmo a ser aplicada apenas para próximos dois ou três anos, não seria notícia de abertura de todos os telejornais do mundo, dito, ocidental… Por aqui, faz de conta que foi considerada uma mera medida de ajuste do sistema educativo. Faz de conta que essa medida foi sustentada em qualquer relatório de uma qualquer comissão de avaliação externa, independente e credível… Faz de conta que a OCDE não disse, nesse mesmo dia, que o número de alunos no básico e secundário tinham aumentado em Portugal em 70 mil. Faz de conta que, no mesmo dia, o Ministro da Educação não disse que os estudantes tinham diminuído em 200 mil. Faz de conta que a EU não nos obriga a aumentar para 40% o número de diplomados no ensino superior, entre os 30 e os 34 anos, até 2020. Por isso mesmo, faz de conta que não vivemos num país em que inúmeros pais dos nossos alunos ainda têm menos habilitações académicas do que os seus filhos. Faz de conta, ainda, que já não há alunos com avós analfabetos. Faz de conta que não se reduziram as actividades, os currículos e horas curriculares nas escolas, para provocar fictícios excedentes de professores e de educadores. Faz de conta que, actualmente, os professores não fazem um pouco de tudo, menos o que deveriam (e sabem) fazer: isto é, ensinar, educar, orientar e promover o desenvolvimento dos seus alunos. Faz de conta que não há escolas onde se morre de frio. Assim como não há escolas com novíssimo aquecimento central e ar condicionado topo de gama, mas que ambos estão desligados… por falta de verbas orçamentais para pagar as contas à EDP/GALP. Faz de conta que não há estudantes com fome nas aulas, e que o ensino já é tão gratuito que ainda querem que ainda seja mais bem pago. Faz de conta que os professores podem (devem?) ficar em casa, desocupados, num país onde ainda falta muita escola, cultura, aprendizagem da cidadania e, sobretudo, apoio a alunos com necessidades educativas especiais e a grupos socioculturais altamente carenciados e diferenciados. Faz de conta que o ministro não tem os corredores do seu ministério apinhados de assessores de duvidosa proveniência e que não é imune aos grupos de pressão, sobretudo os que tentam repartir o bolo entre o público e o privado. Faz de conta que os rankings das escolas traduzem a real e verdadeira situação dessas organizações educativas, na sua globalidade. Faz de conta que não temos uma das redes europeias mais pequenas de ensino superior público e que os ditos mega agrupamentos não se baseiam em medidas de caracter exclusivamente orçamental. Faz de conta que os professores não têm que fazer centenas de horas extraordinárias não remuneradas, e adicionalmente, tenham que pagar os transportes públicos para se deslocarem, diariamente, para o seu local de trabalho, ao contrário de outros grupos socioprofissionais do Estado. Faz de conta que os docentes nunca souberam o que significava a expressão mobilidade geográfica e profissional e que Portugal não está a custear a formação dos seus jovens para que outros países os acolham, já formados, e sem qualquer custo adicional. Faz de conta que os melhores e mais capazes, regressam logo que podem, em reconhecimento do esforço que a pátria por eles fez. Faz de conta que não temos ministros e secretários de estado que não fazem a mínima ideia do que é estudar e obter um diploma a sério (com trabalho, sacrifício, suor e, quantas vezes, até lágrimas…). 

Faz de conta que o país não exige demais, sobretudo às franjas sociais mais fragilizadas. Aliás, sabe-se, que a primeira coisa que um governante faz quando tem um familiar doente é correr para as urgências do hospital público mais próximo, ou integrar a fila das 8 da manhã do centro de saúde do seu local de residência. Faz de conta que os governantes se fazem deslocar em veículos que estariam ao alcance do seu orçamento familiar, se fossem comuns cidadãos. Faz de conta que os professores e a educação não são considerados em todos os relatórios internacionais como o melhor bem de cada país e apontados como O recurso indispensável ao progresso dos povos. Faz de conta que não somos um país nas mãos dos “Jotas”, formados no espírito corporativo da fidelidade cega ao chefe e da ascensão fácil, quantas vezes por desmérito. 

Por tudo isto, o nosso ministro vai dando uma no crato, quando diz que os professores (ainda) são necessários ao desenvolvimento, e outra na ferradura, quando quer ostentar publicamente o preço por aluno, sem base em critério universalmente aceite e estabelecido por entidade idónea. 

Somos o país do vai andando, o país do outro lado do espelho. Mas também somos o povo do faz de conta onde, um dia, se acorda e se percebe que, afinal, já toda a gente percebia o que todos nós também já tínhamos percebido, e que eles teimavam em querer que a gente fingisse que ainda não percebera. Perceberam?!

Por: João Ruivo 

ruivo@rvj.pt

Ações de sensibilização

No âmbito da missão do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., vão realizar-se em dezembro, no auditório do INR,I.P., as ações de sensibilização:

A "Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - art. 12º e 13º- Igualdade e não discriminação: o reconhecimento igual perante a lei e o acesso à justiça"

no dia 19 de Dezembro - 2 ª edição
no dia 20 de Dezembro - 3ª edição

A "Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - art. 16º - A prevenção da violência a pessoas com deficiência"

no dia 27 de Dezembro - 1 ª edição 
no dia 28 de Dezembro - 2 ª edição

Estas ações têm como destinatários preferenciais técnicos, docentes e alunos nas áreas da segurança nacional, justiça e do direito e como objetivos a:
  • Promoção dos direitos das pessoas com deficiência;
  • Sensibilização dos participantes para o combate à discriminação com base na deficiência;
  • Identificação das práticas discriminatórias mais comuns;
  • Capacitação dos participantes com conhecimentos e a identificação de recursos visando a promoção dos direitos das pessoas com deficiência e a prevenção de atos de violação dos mesmos
As vagas para a frequência (gratuita) devem ser reservadas até às 14:00 horas do próximo dia 18 de dezembro, através do envio da ficha de inscrição para as referidas ação de sensibilização.

In: INR

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Revista Educação Inclusiva

Breve excerto do Editorial:

" (...) Conclui-se o relatório dizendo que “o sector da educação foi afetado pelas medidas de austeridade particularmente nos países que atravessam uma crise económica mais severa como a Irlanda e Portugal, onde o apoio à inclusão foi severamente restringido”.

Estes são os factos e não se pode, sem faltar gravemente à verdade, dizer que “não foram efetuados cortes da Educação Especial”. É um corte gravíssimo que compromete o estado social e a inclusão educacional e social."

Por: David Rodrigues
Presidente da Pró- Inclusão - ANDEE
Diretor da Revista “Educação Inclusiva”

Sumário da Revista

04 Ana Maria Bénard da Costa 

ENTREVISTA: Percursos e Práticas em Educação Especial. 

11 Luís Miranda Correia 

ARTIGO: Repensar os Domínios de Especialização em Educação Especial. 

14 Luzia Mara Lima-Rodrigues 

ARTIGO: Com todo o prazer! As atividades expressivas como alavanca para o desenvolvimento, a aprendizagem e a identidade estética e sociocultural das crianças. 

22 Pedro Strecht 

OPINIÃO: Memórias do Futuro pelo centenário do nascimento do Dr. João dos Santos. 

23 David Rodrigues 

OPINIÃO: “Em estratégia não há espaços vazios”: uma reflexão sobre as reformas educativas. 

24 Marco Reis 

ENTREVISTA: Caminham ao nosso lado… 

27 Ana Rosa Trindade 

RECENSÃO: “Plano Bullying. Como Apagar o Bullying da Escola”. 

28 Elvira Cristina Silva 

RECENSÃO: «História de uma esquizofrenia – Jérémy, sua família, a sociedade». 

30 Direção da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial 

5 de outubro de 2012 - Dia Mundial do Professor.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Carta ao Pai Natal

Durante estes dias vamos observando o reboliço nas ruas ...assistimos a festas nas escolas ... tudo devido à época festiva que se aproxima: O Natal!

No entanto este ano é incontornável falar da crise mas não deixemos que isso afecte aquilo que realmente importa ... que as famílias se reúnam e vivam o verdadeiro espírito do Natal!!!

Este ano este blogue comemora o 3.º ano de existência e por esta altura é costumo escrever uma carta ao Pai Natal com os meus desejos, com os meus sonhos.
 
Este ano quem me conhece e quem tem convivido mais de perto comigo sabe que estou desmotivado e triste por todas estas políticas que apenas têm dois objetivos: O objetivo economicista (que vai sair muito caro ao nosso País!!!) e a degradação da escola pública!!!

No entanto recuso baixar os braços e espero que este grito se vá ouvindo um pouco por todo o lado!!!

Olá Pai Natal!

Este ano volto a escrever para renovar alguns pedidos. Quando era criança e escrevia algo mágico acontecia ... bem sei que nessa altura me limitava a brincar... Espere! Brincar!!! Muitas crianças nem isto podem fazer nos dias que correm. Os tempos realmente mudaram!

Tal como disse antes, é impossível não se falar de crise e de como esta tem afectado o nosso País ... Diria que a pior crise não é essa ... A pior crise é termos uma Sociedade cada vez mais egoísta, onde os únicos valores são o dinheiro e o olhar para o "meu próprio umbigo"...

Sem a prática de valores, não podemos falar, nem viver em Sociedade...

Eu atrevo-me a dizer que é possível vencer esta crise, mas para isso precisamos de Mudar Mentalidades...É preciso "abraçar" os desafios que estão a surgir...

Para este ano gostaria de lhe pedir que cada um de nós (re)inventasse o futuro... Para isso teremos de contrariar o destino... Seja qual for o nosso papel na Sociedade, teremos de ser criadores do nosso futuro e não ficarmos subjugados ao nosso destino!

Temos de colocar o melhor de nós em cada gesto, em cada acção, em tudo o que fazemos.

Que Família, Escola e Comunidade dêem as mãos, fomentem o diálogo para que se crie um ambiente mais harmonioso para as crianças...para o Futuro do nosso País!!!

Que o preconceito seja deixado de lado ... Que todos ocupem o seu lugar na sociedade, independente da cor, sexo, opção religiosa ou sexual, pela deficiência ou classe social...

E não, isto não são utopias...Bem sei que é difícil, até porque a mudança de mentalidades é a barreira mais difícil de ultrapassar...Sozinhos não derrubamos esta barreira, mas se cada um fizer um pouco, a Sociedade mudará...

Para que a mudança seja possível é pressuposto que haja predisposição, empenho e receptividade de toda a Sociedade, bem como capacidade de diálogo para alcançarmos este desafio.

Por último, gostaria também de lhe pedir que me deixem ser Professor! O contacto diário com “os meus meninos” faz-me bem, faz-me crescer enquanto profissional, enquanto educador/professor, apesar de todas as barreiras/obstáculos que vou encontrando pelo caminho.

Obrigado por me voltar a "aturar" Pai Natal.

E desculpe se também eu, em algum momento da minha vida, deixei de acreditar nos meus sonhos, nos meus desejos.

PS: Bom Natal para Todos, são os desejos sinceros deste professor "sonhador"!!!

OS TRABALHOS DOS PROFESSORES

Se estão recordados, durante a passada semana alguma imprensa referiu a possibilidade de ser aumentada a carga lectiva dos docentes portugueses, informação que não foi desmentida por Nuno Crato.

O Expresso retomou a questão e com base no Relatório da OCDE Education at a Glance 2012, que várias vezes aqui tenho citado, refere que, considerando o número de horas em sala de aula por ano, a chamada componente lectiva, os professores portugueses trabalham mais horas que a média da OCDE e da UE (considerando apenas os 21 países). Esta situação verifica-se em todos os níveis de ensino. Por curiosidade, entre o 5º e o 12º apenas na Escócia os professores estão mais tempo na sala de aula.

Por outro lado, considerando todo o trabalho dos professores, incluindo aulas, correcção das avaliações, preparação de aula, acompanhamento de alunos, etc., os professores portugueses têem um volume de horas anuais abaixo da média, quer da OCDE, quer da UE a 21 países, sendo de referir que a maioria dos países tem horários base semanais de 40 horas e não as 35 actuais em Portugal. Deve, no entanto, afirmar-se que, como muito bem sabe quem por este universo circula, que os professores, na sua grande maioria, investem no seu trabalho muitas horas não contabilizadas.

Como é habitual de há muito, os circunstanciais ocupantes da 5 de Outubro fazem uma leitura selectiva dos dados de estudos e relatórios internacionais, ou seja, tudo parece muito interessante e positivo quando serve a sua agenda ou desvaloriza-se e questiona-se quando não vai ao encontro da agenda, veja-se, por exemplo, a forma como o MEC comentou os progressos dos alunos portugueses nos estudos internacionais recentemente conhecidos.

Parece evidente que em Portugal a questão de mais tempo lectivo para os professores só se entende numa perspectiva de política contabilística em que se transformou a política educativa. Na verdade, o aumento da componente lectiva tornaria dispensáveis uns milhares de docentes com a consequente redução de custos mas com prováveis custos severos em termos de qualidade.

Julgo que seria bem mais relevante apostar em mudanças na organização e funcionamento das escolas, com um acréscimo de autonomia e simplificação de processos que o insustentável caminho dos mega-agrupamentos não facilita, na desburocratização do trabalho dos professores, numa verdadeira reforma curricular que, no seu conjunto, optimizasse a componente não lectiva, designadamente a preparação e planificação de aulas e o acompanhamento e apoio a alunos.

Embora não seja este o espaço nem a forma ajustada para um tratamento adequado da questão, acontece que a própria comunicação social é "preguiçosa", por assim dizer, pois nem sempre, como fez o Expresso, busca a informação relevante para os debates. Assim, com alguma frequência aumenta-se o ruído e juízo de valor, intencional ou não, sobre os professores e as suas problemáticas. Devo dizer que neste ruído e ameaça à imagem dos docentes, incluo alguns discursos do MEC, bem como alguns discursos dos representantes dos professores e de alguns opinadores profissionais ignorantes mas com púlpito garantido, a que se junta uma imprensa nem sempre preparada e também com agendas que nem sempre são claras.

Vamos aguardar os próximos desenvolvimentos nesta metodologia clássica, um informação ainda difusa que se solta para avaliar reacções e depois uma decisão designada por consensual.

Os professores portugueses, com o cenário actual de alunos por turma e dimensão das escolas e agrupamentos, não precisam de trabalhar mais na sala de aula, poderão precisar de trabalhar melhor, sobretudo, fora da sala de aula no sentido de, por exemplo optimizar os apoios e acompanhamento dos alunos.

Mas isto carece de políticas educativas e não de políticas contabilísticas que sairão caras.

Texto de Zé Morgado

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Formação em Tecnologias de Informação para seniores surdos


Formação em Tecnologias de Informação para seniores surdos

7 de janeiro a 25 de fevereiro 2013

A Fundação PT, em parceria com a Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC) e no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, desenvolveram iniciativas tecnológicas com vista à inclusão social.

A Fundação PT, tem como missão de promover a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação de um modo sustentável, dando um enfoque prioritário às áreas da Saúde, da Educação e da Inclusão Digital, abrangendo sobretudo camadas da população desfavorecidas ou em risco.

A Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC) tem tido, desde a sua criação, um ativo e importante papel na promoção e divulgação de projetos e soluções tecnológicas que incrementem o desenvolvimento da inclusão social, tanto em termos de acessibilidade como de sensibilização junto dos seus visitantes. Exemplo disto é a Casa do Futuro, com tecnologias preventivas e estruturantes, e as ações de formação na Escola do Futuro.

Assim, e em parceria com a FPC, a Fundação PT apresenta agora uma ação de formação em tenologias de informação vocacionada para o público-alvo Seniores surdos, e que abarca os seguintes objetivos:

  • Familiarizar-se com os conceitos e ferramentas fundamentais das tecnologias de informação;
  • Utilizar os recursos informáticos nas suas áreas de atuação profissional;
  • Conhecer o ambiente de trabalho;
  • Navegar e pesquisar informação na Internet;
  • Utilizar o correio eletrónico
  • Processamento de texto

Informações úteis:

Datas: 2ª feira, de 7 de janeiro a 25 de fevereiro (25 horas presenciais)
Horário: 14h00 – 17h00
Entrada livre.
Local: Fundação Portuguesa das Comunicações - Rua do Instituto Industrial, 16 Lisboa

Contacto para Inscrições: david-p-fonseca@telecom.pt

Parceria com:






Adira ao


Mensagem recebida via e-mail

Necessidades Educativas Especiais - Caminhos para a Inclusão em Cascais


Reportagem: Ana Laura e Fátima Henriques
Imagem e Edição: Ana Laura

Numa viagem de cerca de meia hora é possível conhecer as respostas concelhias para as necessidades educativas especiais ao nível da rede educativa. Um caminho para a inclusão traçado pela Câmara Municipal de Cascais com a parceria de diversas entidades que acompanha os cidadãos ao longo de toda a sua vida.

A alteração legislativa ditada pelo Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de janeiro motivou uma profunda revolução na forma como encaramos as necessidades educativas especiais, sobretudo nas escolas, uma vez que os jovens com estas necessidades passaram a ser integrados nas escolas públicas até aos 18 anos. Mas isto teve implicações em todas as áreas: na Educação, no Desporto, na Saúde, no lazer, ou seja, na vida em geral destas crianças e jovens e respetivas famílias.

O processo de adaptação está em curso e, nesta altura é chegado o momento de divulgar de forma mais ampla as respostas existentes no concelho de Cascais, de modo a que todos possam tirar o maior e melhor partido dos recursos disponíveis.

É essa a razão de ser deste trabalho que, juntamente com a brochura "Caminhos para a inclusão" também agora lançada pela Câmara Municipal de Cascais, traz para primeiro plano todo o conjunto de respostas disponíveis para a comunidade educativa do concelho vividas na primeira pessoa.

Baseando-se na legislação (Decreto-lei n.º 281/2009 de 6 de outubro e Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de janeiro) o vídeo e a publicação apresentam respostas desde o nascimento até aos 18 anos, numa intervenção deve ser o mais precoce possível para minimizar os efeitos de qualquer patologia no desenvolvimento da criança e todo o caminho a ser percorrido para uma verdadeira inclusão a todos os níveis: em casa, na escola, na vida ativa e na comunidade.



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

escola.com

O jovem "teve mau comportamento" e a professora pô-lo "fora da sala de aula". Tão discreto quanto me era possível ser, observei o deambular do jovem pelo pátio da escola. Não tardou a interpelar-me, fones nos ouvidos, celular de última geração premido entre polegares:

Aqui tem aifai?

Queres dizer Wi fi? - perguntei.

Então você não sabe o que é aifai...? - retorquiu com um esgar de desdém. E encaminhou-se para a biblioteca vazia, de onde seguiria para o gabinete da diretora.

Os jornais anunciam que os alunos podem aprender em casa, acessar sites contendo os conteúdos que o professor daria numa aula. Se os alunos dispõem de livros e de Internet, por que terá de ir ouvir aula na escola? Para socialização! - bradam os teóricos de serviço. Mas de que socialização estarão a falar? De alunos postos fora da sala de aula, castigos, expulsões? De bullying? Entre a "socialização" das escolas que ainda temos e a "socialização" de monstrinhos de tela de computador, que venha o diabo e escolha.

Salman Khan recebeu um pedido dos seus jovens primos, que nada entendiam da Matemática escutada nas aulas dadas por professores. Os primos de Khan moravam longe e não restava outra solução senão a de recorrer ao YouTube. As aulas de Khan, "dadas" através da Internet, foram um sucesso. Em aulas com cerca de vinte minutos de duração, os primos compreendiam os temas de Matemática, que, em cinquenta minutos, um professor não conseguia fazer compreender. 

A fama das aulas do Khan correu mundo e o site das aulinhas foi sendo utilizado por milhares de estudantes. Com um milhão e meio de dólares, que Bill Gates lhe ofereceu, Khan fundou uma academia digital. Eu estive lá e, ao vivo, pude compreender o drama educativo: as novas tecnologias têm servido para congelar aulas num computador, aulas que os alunos skinerianamente consomem, sem resquícios de cooperação com o aluno vizinho, dependentes de vínculos afetivos precários estabelecidos com identidades virtuais.

Algumas escolas se vangloriam de oferecer tablets aos alunos, instrumentos que contêm tudo aquilo que precisam pôr nas provas. E, no mundo virtual, muitos jovens consomem informação, escapando de acordar de madrugada e obrigar os progenitores a sofrer no caos do trânsito, para os levar à escola, onde assistiriam a aulas com hora marcada. Longe do edifício-escola e a qualquer hora, perambulam por sites, numa aprendizagem solitária idêntica à das monótonas aulas de cinquenta minutos.

Na verdade, Khan não está sozinho: a Internet é generosa na oferta de informação sob a forma de vídeos ou de outros recursos. Basta carregar no enter, que o mister Google atende. Basta clicar para repetir, até que a matéria seja compreendida. Tudo aquilo que um professor pode "ensinar" numa aula está plasmado, de modo mais atraente, na tela de um computador. 

Reencontrei o moço do "aifai", sentado no "laboratório de informática", no cumprimento de (nas palavras da diretora) uma "suave punição": terá de refletir sobre os seus atos! Suave? Ou pura crueldade? Durante quase uma manhã inteira, o solitário moço do "aifai" sofreu a tortura de ter dezenas de computadores à sua volta e não lhes poder tocar. 

E agora, José? - perguntarão os professores que dispõem de lousa digital e de acesso à Internet. Iremos instalar-nos em novas fórmulas de mesmice? Dispondo de novas tecnologias de informação e comunicação, iremos replicar aulas congeladas no YouTube e em tablets? Quem as escutará? Será possível usar o digital ao serviço da pessoa? Terá chegado o tempo em que as escolas, usando inteligentemente as novas tecnologias, se humanizarão?

Entre a escola de dar aula e a Internet de dar aula, haverá uma terceira via?

Por: José Pacheco

In: Educare

Porto: Primeira passadeira táctil para invisuais

A cidade do Porto inaugurou, a semana passada, a primeira passadeira tátil da cidade, para assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. O objetivo é auxiliar as pessoas invisuais a atravessarem a rua com mais segurança. 

A nova passadeira fica na Rua Infante Dom Henrique, junto à Casa do Infante, na Ribeira. A estrutura é feita de peças metálicas em relevo que permitem ao cegos perceber onde podem atravessar a rua.

Em declarações à imprensa, no dia da inauguração, Rui Rio, afirmou que “uma sociedade só é verdadeiramente desenvolvida se tentar criar condições para que as pessoas com mobilidade reduzida possam ter menos limitações", sendo que, neste campo o município do Porto é “pioneiro” tendo se tornando no primeiro concelho a criar o cargo de Provedor Municipal para os cidadãos com deficiência.

"Há uma série de sinais que o cego precisa para além do semáforo. Portanto, isto é mais uma solução importante que vem realmente melhorar a vida deles”, disse, por seu turno, a provedora municipal do Cidadão com Deficiência, Lia Ferreira.

Num futuro próximo, a autarquia do Porto pretende expandir, de forma gradual, esta iniciativa a todas as passadeiras da cidade, integrando as mesmas no Sistema de Itinerários Acessíveis do Porto.

Os cidadãos com deficiência continuam a enfrentar, em Portugal, uma série de desafios ao nível das acessibilidades, sobretudo no que diz respeito à circulação nas cidades, com as ruas e os transportes públicos pouco preparados para os receber de forma segura.

Ainda sexta-feira passada, o ex-presidente da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), José Adelino Guerra, morreu de forma trágica num acidente que podia ter sido facilmente evitado.

José Guerra, diretor do coordenador do Serviço de Leitura para Deficientes Visuais da Biblioteca Municipal de Coimbra, serviço onde tinha acabado de lançar a primeira revista para cegos do país, morreu após de ter caído de uma altura de seis metros de um muro sem proteção.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Alteração à regulamentação da avaliação do ensino básico

Ainda durante o dia de ontem, foi publicado o Despacho normativo n.º 24-A/2012, que regulamenta a avaliação e a certificação dos conhecimentos adquiridos e das capacidades desenvolvidas pelos alunos do ensino básico, nos estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo, bem como os seus efeitos, e as medidas de promoção do sucesso escolar que podem ser adotadas no acompanhamento e desenvolvimento dos alunos, sem prejuízo de outras que o agrupamento de escolas ou escola não agrupada defina no âmbito da sua autonomia. 

O diploma faz algumas referências aos com necessidades educativas especiais e aos docentes de educação especial.Do processo individual do aluno devem constar todos os elementos que assinalem o seu percurso e a sua evolução ao longo deste, designadamente:

a) Elementos fundamentais de identificação do aluno;
b) Fichas de registo de avaliação;
c) Relatórios médicos e ou de avaliação psicológica, quando existam;
d) Programas de acompanhamento pedagógico, quando existam;
e) Programas educativos individuais e os relatórios circunstanciados, no caso de o aluno ser abrangido pelo Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, incluindo, quando aplicável, o currículo específico individual definido no artigo 21.º daquele decreto-lei;
f) Outros elementos considerados relevantes para a evolução e formação do aluno.
Intervêm no processo de avaliação, designadamente:

a) O professor;
b) O aluno;
c) O conselho de docentes, no 1.º ciclo, quando exista, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos;
d) Os órgãos de gestão da escola;
e) O encarregado de educação;
f) O docente de educação especial e outros profissionais que acompanhem o desenvolvimento do processo educativo do aluno;
g) A administração educativa.

A escola deve assegurar as condições de participação dos alunos, dos encarregados de educação, dos profissionais com competência em matéria de apoios especializados e dos demais intervenientes, nos termos definidos no seu regulamento interno.Na avaliação interna, a informação resultante da avaliação sumativa dos alunos do ensino básico com currículo específico individual, abrangidos pelo artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, expressa-se numa menção qualitativa de Muito bom, Bom, Suficiente e Insuficiente, acompanhada de uma apreciação descritiva sobre a evolução do aluno (cf n.º 10 do art. 8.º).

Na avaliação externa, estão dispensados da realização de provas finais dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos os alunos que estejam abrangidos pelo artigo 21.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro (currículo específico individual) (cf. alíneas b) do n.º 13 e e) do n.º 14 do art. 10.º).
Os alunos com necessidades educativas especiais de caráter permanente, abrangidos pelo disposto no n.º 1 do artigo 20.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, prestam as provas finais de ciclo previstas para os restantes examinandos, podendo, no entanto, usufruir de condições especiais de avaliação ao abrigo da legislação em vigor (cf. art. 11.º).
A conclusão do ensino básico é certificada pelos órgãos de direção da escola, através da emissão de:

a) Um diploma que ateste a conclusão do ensino básico;
b) Um certificado que ateste o nível de qualificação, discrimine as disciplinas ou módulos concluídos e as respetivas classificações finais, bem como as classificações das provas finais de ciclo obtidas nas disciplinas em que foram realizadas. Este certificado deve ainda conter um anexo todas as atividades extracurriculares desenvolvidas pelo aluno, designadamente as realizadas no âmbito de ações de voluntariado.
Mediante a apresentação de requerimento, é passado, pelo diretor da escola, um certificado para efeitos de admissão no mercado de trabalho, ao aluno que atingir a idade limite da escolaridade obrigatória, que tenha usufruído de currículo específico individual e de um plano individual de transição, abrangido pelo artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro (cf. n.º 3 do art. 19.º).
Um aluno que revele capacidade de aprendizagem excecional e um adequado grau de maturidade, a par do desenvolvimento das capacidades previstas para o ciclo que frequenta, poderá progredir mais rapidamente no ensino básico, beneficiando de uma das seguintes hipóteses ou de ambas:
a) Concluir o 1.º ciclo com 9 anos de idade, completados até 31 de dezembro do ano respetivo, podendo completar o 1.º ciclo em três anos;
b) Transitar de ano de escolaridade antes do final do ano letivo, uma única vez, ao longo dos 2.º e 3.º ciclos.
São revogados o Despacho Normativo n.º 1/2005, de 5 de janeiro, na sua redação atual, e o Despacho Normativo n.º 50/2005, de 9 de novembro. 

Levantam-se algumas questões pragmáticas que, por qualquer motivo, o legislador não contempla e sobre as quais já escrevi anteriormente (Estatuto do docente de educação especial no conselho de turma; Regime de organização e funcionamento dos cursos científico-humanísticos e os professores de educação especial).

A propósito da composição do conselho de docentes, refere que será constituído, para efeitos de avaliação dos alunos, por todos os professores titulares de turma do 1.º ciclo de cada estabelecimento constituinte do agrupamento. Podem ainda intervir, sem direito a voto, os serviços com competência em matéria de apoio educativo e serviços ou entidades cuja contribuição o conselho pedagógico considere conveniente. A classificação final a atribuir em cada área disciplinar é da competência do professor titular de turma, ouvido o conselho de docentes.

Numa primeira análise, excluem-se do processo avaliativo efetivo, os docentes de educação especial, por não serem considerados elementos de direito do conselho de docentes. 

Não considero que os docentes de educação especial se enquadrem nos designados apoios educativos. Por outro lado, os alunos com currículo específico individual desenvolvem (ou podem desenvolver) áreas curriculares que não fazem parte do currículo comum, sendo estas da responsabilidade do docente de educação,e às quais são avaliados. Sendo da responsabilidade do docente de educação especial, também lhe compete proceder à respetiva avaliação. Neste caso, e partindo do pressuposto que não integra "efetivamente" o conselho de docentes, quem propõe a avaliação? Será o docente titular de turma o porta-voz do professor de educação especial? 

Relativamente aos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, o normativo refere que, para efeitos de avaliação dos alunos, o conselho de turma é constituído por todos os professores da turma, sendo seu presidente o diretor de turma. Considero que, neste caso, o docente de educação especial integra por direito o conselho de turma porque, pelos motivos referidos acima, há situações em que os alunos, sobretudo os que beneficiam de currículo específico individual, desenvolvem áreas curriculares que não fazem parte do currículo comum fora do contexto de sala de aula. 

Do mesmo modo, o docente de Educação Moral e Religiosa Católicas é considerado professor da turma, embora nem todos os alunos se encontrem matriculados e frequentem a disciplina.

Do articulado deste normativo, transparecem alguns resquícios do antigo despacho conjunto n.º 105/97, no qual os docentes de apoio educativo, como eram designados na altura, eram considerados um pouco à margem destes processos vinculativos. O paradigma alterou-se e, presentemente, os docentes de educação especial são de facto professores com responsabilidades diretas no processo educativo dos alunos, designadamente ao nível avaliativo.

In: Incluso

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nuno Crato põe fim aos planos de recuperação dos alunos no ensino básico

Os planos eram contestados por professores e criticados também por pais. Quem chumbar por faltas volta também a poder candidatar-se a exame e os alunos do 6.º ano poderão repetir as provas finais

As habituais reuniões de início do 2.º período entre directores de turma e pais vão ser diferentes já em Janeiro. Pela primeira vez desde 2006, não serão apresentados os planos de recuperação que os professores eram obrigados a traçar para os alunos do ensino básico com más notas no final do 1.º período.

Um despacho do Ministério da Educação e Ciência (MEC), já enviado para publicação em Diário da República, a que o PÚBLICO teve acesso, põe fim não só aos planos de recuperação, como também aos de acompanhamento, destinados a alunos que chumbaram no ano anterior. 

Estes planos, introduzidos por Maria de Lurdes Rodrigues, têm sido contestados por professores devido à "carga burocrática" que acarretam e à sua fraca utilidade. Nomeadamente os planos de recuperação também foram alvo de críticas por parte de pais e investigadores, por em muitos casos traduzirem uma "desresponsabilização" da escola. 

Os também chamados planos das "cruzinhas" são um inventário das dificuldades demonstrados pelos alunos, acompanhado por medidas destinadas a superá-las cuja execução é da responsabilidade da escola, do encarregado de educação ou do aluno. Frequentemente a maior parte das cruzes alinhavam-se nas colunas destinadas aos pais e aos alunos. Estes planos eram definidos nas reuniões do Conselho de Turma do final do 1.º período, que terão lugar dentro de dias. O despacho do MEC determina que tal já não acontecerá.

Acompanhamento pedagógico

Em sua substituição, o MEC quer agora que escolas e professores estejam aptos a implementar planos de acompanhamento pedagógico "em qualquer momento" em que um aluno revele dificuldades no seu percurso escolar. O que poderá acontecer muito antes do início do 2.º período. Segundo o novo despacho, estes planos podem concretizar-se através das medidas de apoio já elencadas no diploma que consagrou a revisão da estrutura curricular do ensino básico, aprovado em Julho. Entre elas destaca-se a possibilidade de constituição temporária de turmas com alunos com o mesmo nível de dificuldades. A duração destes grupos dependerá "das necessidades dos alunos". 

O novo despacho sobre avaliação estende também aos alunos do 6.º ano a possibilidade, já anunciada para os do 4.º, de repetirem o exame final caso chumbem na primeira prova. Para o 6.º ano esta medida só será implementada no próximo ano lectivo. Os do 4.º já poderão beneficiar dela em Junho. Estes alunos terão um período de acompanhamento extraordinário já depois do final do ano lectivo e até à realização da 2.ª fase das provas finais. Os pais podem prescindir deste acompanhamento.

Por outro lado, o MEC recua agora numa das suas medidas emblemáticas. Depois de, em Abril, ter determinado que os alunos chumbados por faltas ficavam impedidos também de tentar a sorte nos exames, ficando assim automaticamente retidos, o ministério volta ao regime que vigorava até então. Estes estudantes poderão realizar os exames finais do 2.º e 3.º ciclos desde que anulem a matrícula e se apresentem como autopropostos. Para as disciplinas não sujeitas a exame, que são a maioria, poderão concluí-las através da realização de provas de equivalência à frequência. 

Estas provas, que passarão também a ser realizadas no final do 2.º ciclo, podem ser ainda feitas por alunos do 6.º e do 9.º anos que não tenham tido aprovação na avaliação final do 3.º período. Esta possibilidade já existia no 9.º ano, mas apenas para alunos que nessa altura já estivessem no limite da idade da escolaridade obrigatória, que agora é de 18 anos. Esta condição não é evocada pelo MEC.

Progressão mais rápida

O despacho sobre as novas regras de avaliação dos alunos do básico prevê ainda "casos especiais de progressão" tanto para estudantes excepcionais como para aqueles que tenham chumbado.

No primeiro caso os estudantes poderão fazer o 1.º ciclo em três anos em vez dos quatro habituais e voltar a transitar uma única vez antes do final do ano lectivo durante o 2.º e o 3.º ciclo. Quando um aluno chumbe num dos anos não terminais destes ciclos, mas demonstre ter adquirido os conhecimentos requeridos, poderá também beneficiar de "uma progressão mais rápida nos anos lectivos subsequentes à retenção", de modo a que possa concluir o ciclo sem atrasos e evitando-se assim os desfasamentos etários, que são hoje uma das marcas de muitas turmas.

A decisão sobre estes casos "especiais" compete aos conselhos pedagógicos das escolas e depende da concordância do encarregado de educação do aluno e dos pareceres do docente de educação especial ou do psicólogo escolar.

Também é introduzida uma prova extraordinária de avaliação por disciplina destinada a alunos que apenas tenham frequentado as aulas durante um período, devido a "doença prolongada ou impedimento legal devidamente comprovados". E há novidades no que respeita à certificação da avaliação.

Para além do diploma de conclusão do básico, o aluno terá direito a um certificado com todas as disciplinas concluídas e respectivas classificações finais, bem como as classificações que obteve nas provas finais de ciclo. Este documento deve ainda discriminar "todas as actividades extracurriculares desenvolvidas pelo aluno, designadamente as realizadas no âmbito de acções de voluntariado". Até agora só a pedido do aluno ou do pai, e apenas para efeitos profissionais, é que apareciam as classificações finais no certificado de conclusão do básico.

In: Público

Escola de pais especiais… Um excelente apoio


Marquei reunião com a mãe da Bárbara! A mãe da Babi transportava, em si, uma revolta imensamente grande. A Bárbara, que é dona de uma beleza extraordinária, tem sérios comprometimentos a nível cognitivo. Foi fruto de uma segunda gravidez muito desejada. 

Durante a gravidez, a Babi crescia e desenvolvia-se normalmente. Era um feto igual a todos os outros. Quando chegou a hora do seu nascimento, a mãe naturalmente dirigiu-se ao hospital. Segundo ela, esperou horas e horas de grande sofrimento com a sensação de que se tinham esquecido dela. Finalmente nasceu a Babi. 

Finalmente a mãe Assunção podia descansar e ver a sua tão desejada filha. 

É típico das mães quererem abraçar o recém-nascido e assegurarem-se de que nasceu "perfeitinho". 

Passado pouco tempo de a menina nascer, os médicos comunicaram-lhe, sem qualquer preparação psicológica, que a filha, a tão desejada filha, iria ser diferente. A mãe, incrédula, perguntou o que se tinha passado. Foi-lhe dito que "houve lesão cerebral". 

Não conformada, até porque a gravidez foi normal, quis saber mais... na sua mente só poderia haver erro de diagnóstico... até porque quando a Bárbara nasceu, nasceram mais meninas naquele bloco hospitalar. Poderia ser apenas um engano. Só mais tarde é que lhe foi explicado que a filha nasceu assim porque sofreu de anoxia no momento do parto. Aquelas eternas e malditas horas que passou nos corredores do hospital decidiram a diferença. Nunca foi confirmada a negligência médica. 

Estes pais nunca acorreram à justiça porque para além das dificuldades financeiras que um destes processos exige, há um desacreditar generalizado, na penalização e na responsabilização do médico. O caminho seria ainda mais penoso! 

Lembro-me bem, mãe Assunção, da sua revolta e do seu descrédito perante as instituições. Quando a conheci, ainda não tinha aceite o diagnóstico da Babi. 

Lembra-se, mãe Assunção? 

Estava sempre irritada, sempre a questionar o porquê de a sua filha não aprender como os outros. Sempre a pôr em dúvida a metodologia aplicada pelos professores. 

Achava que a Babi não aprendia porque os professores certamente a puseram de "lado", ou porque não se aplicavam o suficiente. Inclusivamente chegou a ponderar inscrevê-la num colégio particular, sempre à espera de um milagre. 

Muito pacientemente, explicava-lhe que as áreas cognitivas lesadas comprometiam severamente o processo da leitura, da escrita e do cálculo e também da motricidade fina. Apesar de ficar mais calma no momento em que falava consigo, no dia seguinte voltavam as exigências, voltavam as dúvidas, acelerando o processo de negação. 

Foi com a escola de pais especiais que mudou, mãe. Chorou em grupo, muitas vezes. 

Os outros pais, com a experiência de uma criança diferente, já com todo o ciclo de sofrimento percorrido, acalmavam-na e deram-lhe as respostas de que precisava. Foi um processo muito lento, de avanços e recuos. Eu já não sabia mais o que fazer, por si e pela sua família. Lá em casa todos sofriam, incluindo a mana mais velha. Eu tinha que fazer mais... mas como? 

Soube que a Babi ia a uma nova consulta no hospital Maria Pia. Ofereci-me para ir consigo. Sorriu e aceitou. E lá fomos nós. 

A médica que nos recebeu, após uma espera de vez infinita, recebeu-nos friamente. Expliquei-lhe que era professora do ensino especial da menina e que precisava de mais dados para redefinir as minhas estratégias. A médica respondeu assim, como se responde para despachar, aquilo que nós já sabíamos: "Houve lesão e as células morreram, conforme-se!" 

E viemos embora, com a sensação de... enfim! 

Durante a viagem, falei calmamente consigo, com o seu marido e com a avó da Bárbara. Tínhamos ido todos juntos. Falei-lhe novamente, agora com a sustentação médica, que mais importante do que a Babi ser capaz de fazer um currículo normal, era otimizar as áreas fortes, minimizando as áreas fracas e dotar a menina de mecanismos capazes de lhe conferir a sua autonomia, o seu bem-estar, regras de sociabilização e uma aprendizagem funcional. 

Apesar da frieza da médica, esta viagem e o apoio dos outros pais deu os seus frutos. 

Ao ver a menina feliz na escola, ao ver a menina a caminhar para a sua própria autonomia, a mãe sente-se hoje mais tranquila, equilibrando, assim, o bem-estar de toda a família. 

Hoje, esta mãe é uma grande dinamizadora da escola de pais especiais.

Por: Manuela Cunha Pereira

In: Educare

OS ERROS DO MANEL

Um dia, o Manel entrou na biblioteca da escola e sentou-se a ler. O Manel tem oito anos e anda no terceiro ano. Passado algum tempo, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, reparou que o Manel, embora continuasse a olhar para o livro, não parecia estar a ler as letras do livro, tinha um ar concentrado e pensativo de quem estava a ler letras dentro de si. O Velho dirigiu-se ao Manel e naquele jeito baixinho perguntou se estava tudo bem.

Olá Velho, estava a pensar que não sou muito bom a Português e tenho medo de não conseguir aprender, dou erros nos textos que a professora dita para a gente escrever.

Tens aí os textos?

O Manel puxou do caderno diário e mostrou ao Professor Velho três ditados que tinha feito nos últimos dias. Tinha dado 4 erros num, 5 noutro e 4 no mais recente. O Velho ficou um bocadinho a olhar para os textos sentou-se ao pé dele e escreveu qualquer coisa num papel, parecia números. Depois disse ao Manel.

Conta as palavras todas que estão em cada texto.

Velho o primeiro tem 114, o segundo tem 93 e o terceiro 106.

Está certo, repara, em 114 palavras não escreveste bem apenas 4, acertaste 110. É bom. No segundo, em 93 acertaste 89, muito bom, no terceiro escreveste bem 102 palavras. É excelente. Como é que alguém que escreve tantas palavras bem, pode pensar que não vai ser capaz de aprender a escrever. Já escreves muito bem Manel, agora olha para as palavras que não estão bem escritas, lê baixinho para ti e pensa como na próxima já as vais escrever correctamente. Depois acaba de ler o livro e vai brincar com os teus amigos.

Vou é já, Velho. Disseram os olhos sorridentes do Manel.

Texto de Zé Morgado

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Seminário: “Nós e os Laços”

A Associação Nacional de Docentes de Educação Especial e a Universidade Católica Portuguesa - Viseu, promovem o seminário “Nós e os Laços”.

O evento irá realizar-se no dia 9 de março de 2013, na Universidade Católica Portuguesa - Viseu.

Neste Seminário contaremos com a presença, entre outros, do Prof. Doutor David Rodrigues, Prof. Doutor Afonso Baptista, Dr. Joaquim Colôa, Dr.ª Ana Rosa Trindade e Dr.ª Sofia Ferreira, que nas conferências e diferentes mesas abordarão as seguintes temáticas:“Temas e problemas da Educação Inclusiva” e “Transição para a Vida Pós Escolar: Que Realidade? Que Perspetivas?”.

Foi preocupação da Comissão Organizadora promover um evento que fosse ao encontro dos interesses e motivações de todos aqueles, que por uma razão ou outra, se encontram ligados à Educação Especial e Inclusiva, sejam docentes, famílias ou profissionais na área. 
Esperamos que se junte a nós para tornar este evento memorável. 

Contamos consigo!

O Preço das inscrições é o seguinte:

5 euros Sócios da PIN - ANDEE e 10 euros não sócios da PIN-ANDEE;

Data Limite de inscrição: 2 de março de 2013

Para se inscrever basta carregar neste link: Ficha de Inscrição

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Construir uma escola para todos: em direção a uma escola inclusiva

A Associação Europeia de Prestadores de Serviços para Pessoas com Deficiência / European Association of Service Providers for Persons with Disabilities irá realizar uma ação de formação intitulada «Construir uma escola para todos: em direção a uma escola inclusiva / Building the school for all: moving towards an inclusive education». Esta ação de formação realizar-se-á em Salzburg, Áustria, entre 21 e 27 de setembro de 2013 e pretende dar continuidade à anterior, que foi realizada em Lisboa, em 2011, e terá como finalidade apresentar orientações concretas, tendo em vista a promoção e implementação de uma educação inclusiva.

Esta ação de formação destina-se, sobretudo, a diretores de escolas, professores, conselheiros e orientadores educativos, inspetores e pessoal administrativo do setor escolar.

As inscrições poderão ser efetuadas em dois períodos distintos, até 16 de janeiro e até 30 de abril 2013.

Mais informações sobre este evento poderão ser obtidas no seguinte endereço eletrónico:http://ec.europa.eu/education/trainingdatabase (referência para registo BE-2013-255-001) ou e-mailGoedele.avau@easpd.eu.

In: INR

Esta televisão é para surdos que se querem fazer ouvir

A SurdoTv nasceu há três anos para preencher as falhas no acesso dos surdos à informação. No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, que se assinala nesta segunda-feira, o PÚBLICO mostra os bastidores de uma televisão em silêncio.


Uma pequena câmara de vídeo digital, um tripé, um computador portátil e pouco mais. O equipamento cabe todo no saco azul de plástico que Hélder Duarte traz ao ombro. As mãos estão livres para falar com o resto da equipa da SurdoTv – o director-geral da televisão, uma jornalista, e o editor de imagem.

Em comum, têm a surdez mas não só. São voluntários nesta que é a única televisão online portuguesa feita por surdos e para surdos. O PÚBLICO foi acompanhá-los num dia de reportagem.

Num canto do anfiteatro da Universidade Lusófona, em Lisboa, Fernando Padeiro despe a camisola de director-geral da SurdoTv e assume o posto de operador de câmara. Monta o tripé, instala a máquina, ajusta a imagem. Hélder Duarte, o director de informação, sobe ao palco onde vão discursar os convidados do V Congresso Nacional de Surdos e faz os testes de imagem: abre os braços, inclina-se para a direita, depois para a esquerda. Os oradores – quase todos surdos – tem de “caber” no quadrado que Fernando desenha no ar com as mãos. É este o espaço das palavras em língua gestual: uma espécie de quadrado invisível onde o discurso ganha forma.

A parede cinzenta e branca, com uma cortina cor-de-laranja, levanta problemas. Alexandra Ramos, uma das intérpretes de língua gestual portuguesa (LGP) que vai traduzir os oradores – e que serviu de intérprete ao PÚBLICO durante esta reportagem –, explica: “O campo visual dos surdos não pode ter muitas cores, para evitar que se distraiam.” As intérpretes têm de usar roupa de cor neutra, de preferência escura. Até os ramos de flores são proibidos. A poluição visual é ruído para quem ouve com os olhos.

Na parede ao fundo do anfiteatro, é fixado o tecido verde que serve de pano de fundo ao espaço de entrevistas. É ali que Susana Amaral, a jornalista de serviço, há-de entrevistar os convidados, em LGP. Na mesa junto ao palco, Hélder Duarte e Pedro Miguel Silva, o editor de imagem, preparam os computadores. O congresso começa à hora marcada, em silêncio. Nem parece que está quase uma centena de pessoas na sala.

Pode ler mais em: Público online

In: Público