segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Quase metade dos deficientes visuais dependem de prestação social

Quase metade dos deficientes visuais dependem de uma prestação social, valor que aumenta para mais de 80% quando estão em causa pessoas em isolamento social, revela um estudo da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

O estudo, sobre a “Prestação de serviços e a promoção da vida independente”, foi feito entre os sócios e utentes da ACAPO com mais de 16 anos, tendo sido validados 1.325 questionários.

Da totalidade das pessoas inquiridas, 58% são cegos e 42% têm baixa visão e mais de metade (55,7%) são homens. A idade média das pessoas com baixa visão é de 44 anos e das pessoas cegas é de 53 anos, sendo que 42% adquiriu a deficiência visual até aos cinco anos.

Os dados da ACAPO revelam que para quase metade (49%) dos deficientes visuais em idade activa (16-64 anos) a principal fonte de rendimento é uma prestação da segurança social, valor que aumenta para 81% entre as pessoas que vivem em isolamento social (22% do total).

A caracterização destes inquiridos revela que em mais de metade (52%) dos casos adquiriram a deficiência visual depois dos 15 anos, têm em média 55 anos, vivem maioritariamente (59%) em meio urbano, em 95% dos casos não têm ninguém com quem possam sair e 75% não pode estar com familiares ou amigos quando quer.

A nível laboral, o estudo mostra que há uma grande diferença entre a taxa de actividade do conjunto da população e os deficientes visuais com idade activa.

“Em geral, a taxa de actividade da população em geral é 1,6 vezes superior à taxa de actividade dos deficientes visuais inquiridos”, lê-se no estudo, que revela, citando dados do Eurostat, que no primeiro trimestre deste ano a taxa de actividade da população com idade entre 15 e 64 anos era de 73,8%, contra os 46% entre os deficientes visuais inquiridos.

Por outro lado, também com base nos dados do Eurostat relativos ao primeiro trimestre, a taxa de emprego dos deficientes visuais em idade activa é metade (32,9%) da taxa de emprego entre a restante população (62,9%).

Já a taxa de desemprego entre as pessoas com deficiências visuais em idade activa é cerca do dobro (29%) da taxa de desemprego entre a restante população (15,6%), quando olhando para o mesmo período do ano.

De acordo com a ACAPO, a aquisição da deficiência visual em idade adulta leva a que muitos dos inquiridos tenham saído do mercado de trabalho, sendo que 79% dos deficientes visuais que adquiriram a deficiência depois dos 30 anos e têm menos de 64 anos não fazem parte da população activa.

“O nível de vida de mais de três quartos dos inquiridos que não são deficientes visuais de nascença piorou muito desde que se tornou deficiente”, refere o estudo.

Em termos de saídas profissionais, o estudo da ACAPO aponta que o “Estado é um agente muito importante no emprego dos deficientes visuais”, onde trabalham 37% dos deficientes visuais inquiridos que estão empregados.

Revela, por outro lado, que as saídas profissionais dos cidadãos com deficiência visual estão concentradas entre duas profissões: professores, no caso dos licenciados, e telefonistas, no caso dos níveis escolares mais baixos.

Ao nível da mobilidade, 60% dos deficientes visuais não são autónomos e têm dificuldade ou não conseguem andar em espaços públicos não familiares, não usam transportes públicos e têm dificuldade ou não conseguem subir ou descer escadas.

O estudo da ACAPO vai ser apresentado segunda-feira, quando se assinala o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Lusa/SOL

In: SOL

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