quinta-feira, 16 de maio de 2013

Conclusões Seminário de Educação Especial e Inclusiva “Nós e os Laços” - Castelo Branco

Conclusões 

A Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial em colaboração com o Instituto Politécnico de Castelo Branco e a Associação Nacional de Professores (secção de Castelo Branco) realizou, no dia 4 de maio de 2013, o Seminário de Educação Especial e Inclusiva “Nós e os Laços”. 

Da riqueza dos debates e das comunicações apresentadas, elaboraram-se as seguintes conclusões: 

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na Inclusão 

Orientados pelos princípios da Educação Inclusiva (EI) e pelo pressuposto de que as tecnologias têm impacto nos processos de ensino e de aprendizagem foram apresentados os resultados de diferentes investigações na área. 

Os resultados das investigações apresentadas permitiram concluir que: 1) A criação de uma rede social através da plataforma NING, constituiu-se como um espaço de apoio, de partilha, de reflexão e de aprendizagem, nomeadamente entre os profissionais, uma vez que esta é uma área ainda pouco explorada em termos de investigação. É verificada a existência de um impacto positivo nas práticas pedagógicas dos docentes e no estabelecimento de relações de afiliação online entre todos os intervenintes; 2) Constatou-se um elevado grau de motivação e de interesse revelados através do uso das TIC; 3) Realça-se a importância para formação adequada, especializada e orientada para as NEE; 4) Verificam-se evoluções em termos comunicativos, facilitando a interação com pares, professores, família e restantes profissionais contribuindo assim para a melhoria da sua qualidade de vida. 

Em jeito de conclusão sobre este tema, foi evidenciado que as tecnologias constituem-se como um veículo promotor de sucesso nos mais variados contextos inclusivos. Porém, é fundamental que para além da utilização destas tecnologias (e-mail e e-learnig) se vivam também as “e-moções”. 

Educação Inclusiva e Equidade 

Ao debater-se as opções e as perspetivas da Educação Inclusiva e Equidade questionou-se se a Escola Pública é de e para todos? Ou é apenas para alguns? Reafirmou-se a necessidade de se deslocar o discurso político em práticas efetivas. 

Não obstante, estes fatores, a inclusão fez avanços significativos nas últimas décadas. Temos que reconhecer que muito de bom já foi realizado no nosso país, no entanto existem tensões que devem e podem ser ultrapassadas. Devem criar-se estratégias que progressivamente se orientem para responsabilizar a administração escolar, bem como envolver a administração local no sentido de se elaborarem projetos efetivos de prestação de serviços apropriados para todos os alunos. 

Para que isto se realize é fundamental: a) rever-se a formação de professores (seja ela inicial ou contínua); b) investir na intervenção precoce; c) repensar a transição para a vida pós-escolar; d) desenvolver práticas educativas eficazes e eficientes; e) a tónica tem de deixar de estar centrada na pessoa com deficiência e passar para o contexto; f) desenvolver trabalho cooperativo; g) o papel da escola tem de despertar inteligências/interesses; h) redefinir o papel dos docentes; i) avaliar e reavaliar as práticas diárias; j) criar um sentimento de confiança e desenvolver uma cultura de esperança. 

É necessário desafiar o conceito de EI e ir mais além centrando a questão na vertente da Equidade – aqui entendida como uma propriedade dos sistemas educativos que permite neutralizar as origens sociais (e outras variáveis) dos alunos e que não é incompatível com a excelência. Vários estudos transacionais, nomeadamente o PISA, mostram que são os sistemas educativos com maior equidade aqueles que evidenciam também maior excelência. Assim a Equidade e Excelência estão ligadas uma a outra. 

Foi abordada a teoria da ecologia do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner à realidade da educação inclusiva onde foi possível verificarmos que é possível analisarmos os aspetos mais e menos positivos. Ao nível macro refletiu-se sobre as políticas e legislação; ao nível exo, sobre as escolas “especiais” e a comunidade; ao nível meso, sobre os profissionais e as famílias e ao nível micro sobre os valores, políticas e práticas escolares compreendendo-se assim a influência dos diferentes sistemas. 

Às medidas referidas anteriormente, acresce a necessidade de desenvolver práticas que promovam mudanças de atitudes e o envolvimento de toda a comunidade. É indispensável que se realize trabalho para se efetuarem mudanças de ideias, sentimentos e ações. Para além disto é fundamental que se promova o compromisso ativo e crítico, a cooperação e a participação ativa de Todos os agentes. É através das relações e parcerias entre “o nós” que conseguimos comunicar e crescer. A comunicação é fundamental para a criação de sinergias que nos façam modernizar as práticas educativas. 

Será Utopia? Os presentes neste seminário reafirmam que não, até porque a utopia serve para que não se deixe de caminhar! Devemos trabalhar de forma proativa no local para expandir o nacional, pois só assim poderemos passar da retórica para a prática. Sim, porque a INCLUSÃO É O FUTURO! 

É na diferença que nós conseguimos comunicar! Assim, torna-se essencial construir pontes firmes entre a Escola e a Família! 

É fundamental ter presente que a EI não é uma pedra que se deixa escorregar pela encosta abaixo, é uma pedra que para chegar ao seu destino persistentemente se empurra encosta acima. 

Finalizando e em jeito de conclusão, lembramos que o processo de inclusão está longe de ser uma batalha vencida. Uma parte importante das nossas crianças e jovens continuam ainda à margem da Educação. Fica-nos uma certeza, a solução não está em segregar, mas sim em transformar a Escola para que seja acessível a Todos. 

Gostaríamos ainda de reiterar a importância de se estreitarem laços entre todos os agentes educativos em prol da educação de todas as crianças e jovens. Para tal deixamos aqui o repto a todos os presentes para nos tornármos em “protagonistas improváveis”, numa constante descoberta dos Nós e dos Laços das nossas Escolas...

Relatores: Nelson Santos e Helena Neves

In: Newsletter n.º 59 (maio 2013 - 1.ª quinzena) da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Sem comentários:

Enviar um comentário