É recorrente. Em cada época de exames nacionais emerge a discussão sobre a maior facilidade ou dificuldade dos exames. A diferença é que este ano a época abriu mais cedo com os exames do 4º ano.
Naturalmente existem opiniões. Em primeiro lugar a opinião do Ministro Nuno Crato de que a “operação exames” correu bem no seu primeiro dia. Claro que era suposto correr bem apesar das circunstâncias estranhas da operação. Do meu ponto de vista, o Ministro Nuno Crato olha para o acessório, a logística e o desenrolar dos exames e algo que como escrevi me parecia claro, a serenidade da maioria dos miúdos. Na verdade, os pais e os professores, ao contrário do que o Ministro entende, são, de uma forma geral, competentes e empenhados e gente com bom senso pelo que fariam o necessário para que tudo corresse da forma mais tranquila possível.
No entanto, para além de aspectos como a deslocalização dos miúdos, a questão essencial continua em aberto, a função dos exames, a adequação e importância dos exames nestes termos, obrigatórios e com efeitos na progressão ao fim de quatro anos de escolaridade.
Ainda não conheço opiniões significativas de docentes mas ao que alguma imprensa refere as crianças não acharam os exames difíceis.
Em Portugal, a tradição no que respeita à dificuldade dos exames assenta no mesmo pressuposto que o Natal, ou seja, é quando e como um homem quiser. Dito de outra maneira, os exames são um instrumento político e o seu maior ou menor grau de dificuldade acaba por ser interpretado, justa ou injustamente, pela apropriação política dos resultados obtidos pelos alunos à luz dos diferentes interesses em jogo. Já assistimos, aliás, a opiniões diferentes sobre o mesmo exame por parte de diferentes associações de professores da mesma disciplina.
A análise dos discursos produzidos em cada época de exames mostra isto mesmo. Continua a faltar a discussão do essencial.
Texto de Zé Morgado
Sem comentários:
Enviar um comentário