terça-feira, 19 de abril de 2016

OUTRA HISTÓRIA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva, sobretudo quando envolve a alunos com necessidades educativas especiais, é uma matéria permanentemente na agenda, por bons e maus motivos.

Nesta tarde de Domingo deixem-me partilhar mais uma história de inclusão.

No cumprimento da escolaridade obrigatória um aluno, o Mário de 17 anos, com necessidades educativas especiais frequenta uma escola, naturalmente. Trata-se de um aluno com um quadro de paralisia cerebral implicando dificuldades motoras mas completamente autónomo e com dificuldades no cumprimento das aquisições escolares tal como estão definidas para o ensino secundário.

O Mário é um jovem disponível e motivado. Ultimamente revelou vontade de frequentar um ginásio mas a família não tem meios para lhe assegurar um acompanhamento e não tem amigos com quem partilhar a experiência pois o tempo que está na escola e as actividades que nela realiza não lhe permitem estabelecer qualquer rede de amizade sólida.

Entretanto, o âmbito dos instrumentos que organizam o trabalho a realizar com e pelo Mário é recomendado à família que ele passe a frequentar uma instituição de educação especial.

A orientação não é aceite pela família que desde criança sempre defendeu que o Mário deve estar onde estão os seus colegas de idade, nos espaços frequentados por toda a gente.

Num excelente exemplo de cooperação entre a escola e a família, a escola entende que não aceitando a família a “sugestão” de que o Mário passe para uma instituição especializada deveria ser a família a encontrar outra solução.

E a família procurou outra solução. Actualmente, o Mário vai à escola umas horas num dia da semana e passa o restante tempo num pequeno estabelecimento oficinal do pai onde interage com clientes e trabalhadores e desenvolve algumas tarefas dentro das suas competências e capacidades.

O Mário ainda está abrangido pela escolaridade obrigatória e tudo isto acontece, naturalmente, em nome da inclusão.

Perdoa-lhes Mário, não sabem o que é.

Texto de Zé Morgado

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