quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escolas (públicas ou privadas), Professores, Família.O papel de cada um.

O Ajudas.com através da sua fundadora tem estado sempre, de forma construtiva, a participar no Programa Opinião Púbica da SIC Notícias. Hoje foi a vez de reforçar a necessidade da existência do rigor e do profissionalismo dos professores e também do maior apoio da família.

A escola tem um papel preponderante no futuro mas como pais não nos devemos demitir de pelo menos intervir tanto quanto pudermos na educação dos nossos filhos. O mito do Privado ser sempre melhor é um MITO. Tente perceber-se porquê...

O ministério vai com toda a certeza trabalhar no sentido de perceber qual a melhor forma de permitir que os professores não percam tanto tempo em burocracias(serão elas todas válidas?) e garantir que estes profissionais se empenham em cada caso, em cada criança. Cada uma tem direito a aprender e a ter a devida atenção do professor, independentemente das suas dificuldades ou necessidades.

As NEEs são um enorme desafio mas hoje todas as salas de aulas têm desafios que devem ser encarados de frente. Em muitos casos devem ser formados técnicos especializados.
O certo é que muitas vezes o professor se demite de situações apenas porque "dão muito trabalho!".

Algo insustentável! Assim não há ministério que consiga actuar ...Temos pena...porque temos filhos que precisam de PROFESSORES apesar de nós pais, sermos atentos e dedicados. Aqui talvez como pais, interessados, atentos e pró-activos, consigamos fazer ver esta realidade.

Muitas outras situações existem, de empenho, de enorme profissionalismo e de grande carácter, como é por exemplo ( e os bons exemplos devem aqui ser dados), do Agrupamento Fernando Pessoa nos Olivais em Lisboa. Um leque bem alargado de diferentes (MUITO diferentes) necessidades e situações sócio-económicas, rodeado de um competente quadro de docentes geridos por um excelente Presidente do Conselho executivo.

O Ajudas.com redigiu este texto após ter recebido inúmeros pedidos na sequência da intervenção de hoje, dia 26 de Julho, na SIC Notícias pelas 17.30.

In: Ajudas

AS TIC NA EDUCAÇÃO PARA ALUNOS COM NEE

O Instituto para as Tecnologias da Informação da UNESCO (IITE) publicou recentemente um relatório que reúne um conjunto de iniciativas de referência de vários países com vista à promoção das tecnologias de apoio para as pessoas com deficiência e incapacidade. As iniciativas foram identificadas em colaboração com a European Agency for the Development in Special Needs Education, tendo sido seleccionado o caso da rede portuguesa de Centros de Recursos TIC para a Educação Especial.

Esta publicação tem como objectivo apresentar exemplos de casos de utilização das TIC em diferentes contextos educacionais para demonstrar o potencial das TIC enquanto instrumento de apoio à aprendizagem e também de inclusão de alunos com necessidades especiais e pessoas com deficiência e incapacidade.


Fonte: UNESCO/IITE - European Agency SNE

In: DGIDC

terça-feira, 26 de julho de 2011

Programa SIC Esperança - Doenças Raras



Novas regras na mobilidade dos professores (apoio nas Instituições de Ensino Especial e nos hospitais pediátricos)

As regras da mobilidade docente vão ser alteradas, anunciou o ministro da Educação e Ciência no passado dia 15, em conferência de imprensa. O objectivo é proporcionar o retorno dos professores às escolas, esclarece um comunicado distribuído esta tarde aos orgãos de comunicação social.

As regras que definirão este regresso, bem como os casos excepcionais em que se justifica que estes apoios continuem estão a ser definidas pelo Ministério da Educação e Ciência. 

A mobilidade docente consiste em deslocações pontuais e temporárias da escola, que não configurem o abandono da carreira docente. Por isso mesmo, o Estatuto da Carreira Docente estabelece um limite de quatro anos em destacamento, limite este que deverá ser respeitado, refere o mesmo comunicado, adiantando que "os docentes que se encontram nesta situação deverão regressar em Setembro aos respectivos agrupamentos e escolas não agrupadas, não sendo substituídos por outros docentes de carreira". 

Situações de excepção são as dos professores destacados a dar aulas junto a entidades que desenvolvem a sua actividade em âmbitos sociais diferenciados, como as instituições do Ensino Especial e no apoio a hospitais pediátricos. "Nestas situações, os pedidos de mobilidade serão analisados no quadro das actuais exigências e rigor sem comprometer a qualidade da prestação educativa e da garantia do apoio a todas as crianças e jovens que dela careçam", garante o Ministério. 

O comunicado divulgado hoje esclarece ainda que cada Direcção Regional de Educação continuará a poder contar com o apoio de docentes requisitados para o exercício de funções não docentes nestes serviços, em função da sua especificidade. "Os actuais cerca de 400 professores em actividade nestas instituições passarão por conseguinte a 80", diz o texto, notando que as Direcções Regionais continuam com todos os recursos necessários para acompanhar as escolas e para preparar e iniciar o próximo ano lectivo. 

Outras medidas, mais profundas, serão aplicadas depois da reorganização do Ministério, o que ocorrerá no decorrer do próximo ano lectivo, anuncia o comunicado, adiantando que "as situações de excepção referidas deverão ser remetidas à Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) para serem submetidas a despacho do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Educativa".

Os pedidos de mobilidade deverão ser registados na aplicação informática que está disponível no portal da DGRHE, no período de 25 a 27 de Julho de 2011 inclusive.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Revista Diversidades: Intervenção Social

Está disponível o número n.º 32 da Revista Diversidades. Este número chama-se "Intervenção Social".

Este número tem como tema central a Intervenção Social e pretende sensibilizar para a construção de uma "sociedade para todos".


"Nesta 32.ª edição da Diversidades, com o mesmo número de raios de Sol, percorremos e patenteamos, ao sabor do virar das páginas, domínios transversais como a família, a educação, a formação profissional e o emprego, quais desígnios de genuína socialização.


Com um entusiasmado e renovado desempenho, decorrente da recente certificação do Sistema de Gestão da Qualidade desta Direcção Regional, estamos certos de que, na peculiaridade do percurso da DREER, se congregam sonhos e dilemas, conquistas e obstáculos na prossecução do trilho da inclusão!"

Excerto do Editorial da Revista escrito por Maria José Camacho (Directora Regional de Educação Especial e Reabilitação)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Como se sentem os “aspis”?

Em Portugal, estima-se que 30 mil pessoas apresentam síndrome de Asperger. Compreender os sentimentos dos "aspis" pode ajudar imenso quem convive diariamente com eles e quem, por dever profissional, deve contribuir para potenciar ao máximo o seu desenvolvimento.


O desconhecimento que ainda paira à volta da síndrome de Asperger leva-me a retomar o tema recentemente abordado (link com o artigo Asperger: será?), até porque não se trata de uma perturbação rara. Em Portugal estima-se que 30 mil pessoas apresentam síndrome de Asperger. Compreender os sentimentos dos "aspis" pode ajudar imenso quem convive diariamente com eles e quem, por dever profissional, deve contribuir para potenciar ao máximo o seu desenvolvimento. Quando se chega à conclusão de que uma criança é asperger tem de se fazer uma leitura muito específica do seu comportamento e direcionar a intervenção no sentido de a ajudar a desmontar um mundo que para ela é muito estranho e complexo.


O que pode ser confuso/enigmático/perturbador para os "aspis"?


"Quando chamo gordo a um colega ele parece não gostar e agride-me. Porque será que fica tão ofendido, se efetivamente ele é gordo?"
O desconhecimento das regras tácitas em termos de interação social, torna a vida destas crianças muito difícil. Para elas não é evidente que chamar "gordo", "chato" ou outra coisa menos simpática pode gerar grande antipatia nos outros. "Porque é que não posso chamar gordo ao colega, se ele tem evidentemente quilos a mais?" "Porque é que o professor fica ofendido quando eu lhe digo que as aulas dele são uma "seca" e que não percebo nada do que ele diz?" A irmã de uma pré-adolescente que tenho acompanhado dizia-me recentemente: "ela não sabe guardar segredos, apesar de já ser tão crescida, ainda não percebe que há coisas que não devemos partilhar". 


"Quando os meus amigos contam anedotas, eu finjo que acho muita graça, mas sinceramente nunca percebo onde está realmente a piada."
Para os "aspis", metáforas e palavras com significado duplo são verdadeiros enigmas. Como é que crianças inteligentes não percebem o que está para além do literalmente afirmado? Porque esta é uma característica delas, que temos de compreender e aceitar como sendo intrínseca. Independentemente das nossas questões, o que temos a fazer é ajudá-las a ir percebendo e desmontando tudo o que possa ter um segundo sentido.


"Porque é que as pessoas dizem uma coisa e fazem outra? O facto de estar sempre tudo a mudar baralha-me e perturba-me profundamente."
Os "aspis" gostam de rotinas e aceitam a mudança com relutância. Por este motivo, têm dificuldade em se sentir bem em ambientes menos estruturados ou com rotinas e expectativas que são menos claras. Recentemente, uma mãe contava-me que o filho ficava perturbadíssimo sempre que esta seguia um caminho diferente na deslocação da escola para casa e vice-versa. Uma outra mãe referia que a alteração do conteúdo de uma refeição, previamente estabelecido, era, por si só, fonte de grande perturbação para a filha. É muito habitual os pais referirem que os filhos "aspis" impõem rotinas rígidas a si próprios e aos que os rodeiam.


"Porque é que quando começo a falar de animais os outros me mandam calar?"
Num atendimento recente a uma menina com esta síndrome, esta dizia-me que, no recreio, o local que mais adorava e onde habitualmente permanecia era junto a um lago. Sempre que tinha a companhia de alguém que adorasse peixes e outros seres aquáticos sentia-se feliz. O entusiasmo com que falava da vida aquática e o conhecimento sobre aspetos específicos inerentes a este tema deixou-me perplexa. Tal como a menina referida, os "aspis" têm, geralmente, áreas de interesse muito específicas e absorventes que podem ser: comboios, computadores, dinossauros, mapas, jogos, etc. Conheço uma criança asperger que tem uma quantidade infindável de miniaturas de animais, sendo este o seu tema predileto. Porque querem falar sempre do mesmo assunto, são percecionadas pelos outros como maçadoras.


Para terminar, uma mensagem aos pais que acabam de descobrir que têm em casa um "aspi". Em primeiro lugar, é indispensável aceitar que o vosso filho tem características muito particulares e, em segundo, é fundamental dar a conhecer a quem o rodeia que ele tem uma forma muito particular de se relacionar com o mundo e com os outros, explicando as razões. Se assim não fizerem, muito dos comportamentos do vosso filho serão injustamente julgados pelos outros como indicadores de má educação.


Por: Adriana Campos


In: EDUCARE

A aprendizagem com as TIC

A introdução das tecnologias da informação e da comunicação na escola e, sobretudo, em ambiente de sala de aula, tem vindo a aumentar, o que anuncia uma progressiva perda da resistência à mudança de muitos educadores que, inicialmente, para elas olharam com desconfiança e suspeita.

Sabemos que as tecnologias da informação e da comunicação acrescentam muita complexidade ao processo de mediatização do ensino e da aprendizagem, já que, por um lado, são reconhecidas as dificuldades da formação permanente de professores nesta área e, por outro, continua a faltar, inexplicavelmente, um paradigma para a utilização pedagógica destas novas ferramentas do saber.

Grande parte das potencialidades das tecnologias da informação e da comunicação (simulação, virtualidade, acessibilidade, e extrema diversidade de informações) são ainda ignoradas por muitas escolas, ou pouco utilizadas pelos professores, sobretudo porque a sua transferência para o acto educativo exige uma enorme abertura a concepções metodológica muito diferentes das metodologias tradicionais de ensino, já que a sua utilização exige mudanças radicais nos modos de compreender os complexos actos de ensino e de aprendizagem.

A literatura indica que aprendemos em diferentes contextos e de diferentes maneiras e que cada um de nós detém um estilo de aprendizagem muito próprio. Logo, educar para a sociedade do conhecimento, requer que cada um de nós compreenda a vantagem do desenvolvimento nos alunos de competências que visem a utilização das tecnologias de informação e de comunicação, num quadro que respeite os estilos individuais de aprendizagem e os novos espaços de construção do conhecimento e do saber.

A busca desse novo quadro de actuação educativa faz com que tenhamos que utilizar metodologias pedagógicas mais plásticas, que redimensionem o papel do professor (um professor mais mediatizado), e que incluam as tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas mediadoras da aprendizagem, já que a sua utilização na sala de aula promove o desenvolvimento de competências, expectativas e interesses fundamentais à integração e sobrevivência do aluno na sociedade digital.

Neste sentido, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação, centradas na aprendizagem, exige ao docente novas e diferenciadas funções, sobretudo quando a figura do professor individual tende a ser substituída pela do professor tutor, enquadrado num colectivo de pares que partilham os saberes e se ligam em rede com o universo inesgotável das bases de informação e pesquisa disponibilizados, por exemplo, pela Internet.

Orientadas para esses fins, as tecnologias da informação e da comunicação na educação correspondem à descoberta de uma nova dimensão pedagógica. Uma dimensão pedagógica activa, que pressinta as necessidades e exigências desta nova sociedade do século XXI, sociedade que pretende conferir às novas tecnologias um papel de relevo, enquanto mediadoras do acto educativo.

Estas novas exigências configuram, quase sempre, a necessidade de implementar no terreno novas campanhas de alfabetização audiovisual, digital e interactiva, as quais, de certa forma, desestabilizam os processos de organização tradicionais de ensino e as representações que os educadores mantêm do que deve ser a educação formal, já que importa que este novo processo educativo signifique, não apenas a introdução das novas tecnologias na sala de aula, mas, sobretudo, uma reorganização de todo o processo de ensino e do modo de promover o desenvolvimento de capacidades de auto-aprendizagem.

Trata-se de uma revolução silenciosa que penetra as paredes das escolas e que as prepara para enfrentar os desafios do futuro. Esses novos espaços educativos recriam um universo em constante interacção com as grandes mudanças sociais e tecnológicas, numa atitude interactiva e dialéctica com as redes telemáticas, para incrementar a promoção e o desenvolvimento de capacidades crítico - reflexivas nos alunos, e para os ensinar a navegar nesta nova era de descobrimentos deste novo mundo virtual.

Por: João Ruivo (ruivo@rvj.pt)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pessoas com deficiência perdem emprego na autarquia

Lamentável!!!

Seis trabalhadores do "enclave de emprego protegido" da Câmara de São Pedro do Sul foram despedidos, ao fim de mais de uma década de serviço, depois do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) ter cortado o apoio financeiro.

O enclave de emprego protegido daquela autarquia foi criado em 1999, como um dos vários instrumentos para proporcionar a inclusão de cidadãos com deficiência no mercado de trabalho. O método de apoio aplicado pelo Estado, através do IEFP, até 2009, consistia em atribuir uma verba, por salário de cada trabalhador, correspondente ao grau de deficiência individual.O corte neste apoio apanhou de surpresa a autarquia, como explicou à Lusa o presidente da câmara de São Pedro do Sul, porque "foi só a 06 de Junho - um dia depois das últimas eleições legislativas - que o IEFP informou a autarquia que este apoio já tinha sido extinto em 2009 e que não podia continuar".

"Como se não bastasse, foi dito à autarquia que esta devia devolver o dinheiro entregue desde que o programa foi extinto, em 2009", adiantou o autarca, explicando não ter "suporte legal para a manutenção destes trabalhadores fora do protocolo existente até então com o IEFP". Em causa está não só o enquadramento legal, como é o caso da orçamentação para os seus salários, mas também o facto de ser "naturalmente necessário uma protecção especial no caso de se avançar para um concurso público, visto que sem essa protecção não é possível que estas pessoas consigam este posto de trabalho". "E não está em causa outra coisa que não seja essa sustentação legal, porque o serviço prestado por estas pessoas é válido", notou o autarca.

Perante a decisão da autarquia de São Pedro do Sul, os seis trabalhadores despedidos estiveram hoje reunidos com a União dos Sindicatos de Viseu (USV), que já anunciou o apoio a acções na justiça que venham a ser decididas. Manuel Rodrigues, sindicalista, admite que a primeira medida pode ser uma providência cautelar com base na "ilegalidade da decisão". Isto, porque, aponta Manuel Rodrigues, também elemento da Associação de Solidariedade Social de Lafões (ASSOL), "estes trabalhadores têm, desde 2006, contrato de trabalho sem termo no qual não consta qualquer cláusula que permita a sua dispensa por extinção do apoio do IEFP".

"Não é legítima nem legal esta atitude", sinaliza Manuel Rodrigues, advertindo para o facto de "se tratar de pessoas que não vão, numa probabilidade alta, regressar ao mercado de trabalho". Rodrigues garante que a USV está disponível para se "juntar à autarquia no esforço de exigir ao IEFP que retome estes apoios essenciais à inclusão de cidadãos com deficiência ou incapacidade". Fátima Correia, uma das trabalhadoras agora despedidas, disse à Lusa que não esperava que "fosse possível isto acontecer", até porque, garante, o seu posto de trabalho nas piscinas municipais "é necessário". Ana Maria, também na autarquia há 11 anos, tem o mesmo lamento: "Não esperava e não sei como vai ser agora". Após várias tentativas não foi possível à agência Lusa obter a posição sobre o assunto da parte de responsáveis pelos serviços do IEFP de São Pedro do Sul.

Estilos de Aprendizagem

Quando se encara a educação como uma das prioridades nacionais, vale a pena, refletir um pouco sobre o sentido da arte de ensinar, sobre o sortilégio do ato de aprender, enfim sobre o que é ou deve ser a prática de ensino-aprendizagem nas nossas escolas.

O importante, em todos os casos, é que tanto professores como alunos, nas sucessivas etapas da sua relação, estejam bem conscientes do papel que a uns e a outros cabe no trabalho conjunto que realizam.

Certo é que aos professores cabe a responsabilidade maior desta reflexão possível sobre o envolvimento mútuo nas atividades a desenvolver; mas é bom que os próprios alunos, à medida da sua evolução etária e escolar, vão tomando consciência, também do que lhe cabe fazer.

Em todo o momento de educação, o professor aparece como portador de conhecimentos a transmitir, de valores a sugerir ou, ainda, de perspetivas de comportamento a assumir.

Simplesmente, tanto os conhecimentos, como os valores e os comportamentos sugeridos destinam-se a ser refletidos por alunos ativos que fazem do seu contacto com eles um autêntico ato de criação.

De algum modo, como o corpo se vai desenvolvendo com os alimentos que recebe, a inteligência se constrói e desenvolve com os dados e os estímulos que lhe vão sendo oferecidos.

Ora este desenvolvimento da inteligência dos alunos é favorecido pela atitude dos professores quando, aqui e ali, a ela fazem apelo ou, diríamos mesmo, a provocam.

Todos recordam que, no decurso dos seus trabalhos, os professores citam exemplos, invocam analogias, recorrem a imagens, elaboram esquemas... E não o fazem para que os alunos, simplesmente, retenham os exemplos, decorem as imagens ou copiem os esquemas. O que pretendem, isso sim, é que as imagens abram clareiras e os esquemas funcionem como referenciais metodológicos, ajudando os alunos a saltar para dentro do universo que inclui os novos conhecimentos e os novos valores que desejam apresentar.

Quando os alunos, levados por esses apoios chegam à realidade e descobrem a intimidade das coisas, os esquemas são muletas que podem dispensar-se e as imagens luzes que a sombra pode encobrir.

Mas como condutores de desenvolvimento da inteligência, esses apoios são importantes; e a sua escolha, bem como a utilização, são parte significativa da verdadeira arte de ensinar.

Reconheça-se, no entanto, que o papel dos alunos é essencial, pois são eles os verdadeiros sujeitos da própria educação.

Das suas condições, das suas capacidades, da sua vontade, é que, dominantemente, depende o sucesso do processo educativo em que estão envolvidos.

O papel do professor traduz-se no apoio e na ajuda que proporciona aos alunos, para que estes, com maior facilidade e segurança, consigam despertar e aprimorar as virtualidades e as competências que têm dentro de si.

Mas são os alunos, eles próprios, que dão vida a essas virtualidades e aplicam essas competências, fazendo um esforço constante de crescimento e amadurecimento que consiste em colocar em plena atuação o que, anteriormente, era potencialidade.

É nesse esforço individual que cada aluno concreto afirma a sua identidade, única e irrepetível, crescendo no corpo e no espírito, mas guardando permanente fidelidade à sua matriz original.

Daí que a cada um só sirva um estilo próprio para efeitos educativos, feito de um modo de ser pessoal e de um ritmo adequado de aprendizagem.

E, assim sendo, não tem sentido qualquer tentativa de uniformizar processos de ensino ou praticar modelos gerais de técnicas de aprendizagem.

In: EDUCARE

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Portugal disponibiliza informação sobre oncologia pediátrica

O Portal da Informação Português de Oncologia Pediátrica (PIPOP) pode ser consultado no www.pipop.info. O portal da responsabilidade da Fundação Rui Osório de Castro está direcionado para todos os portugueses, mas em especial, para pais de crianças com cancro.


Iniciativa Praia Acessível, Praia para Todos

À semelhança de anos anteriores, a CERCIPENICHE está a desenvolver na praia do Baleal, a iniciativa "Praia Acessível, Praia para Todos".

Esta iniciativa disponibiliza gratuitamente uma cadeira de mar TIRALÔ especialmente concebida para que pessoas com deficiência motora ou com mobilidade reduzida possam tomar banho de mar em condições de segurança.

Para os residentes no Concelho de Peniche está também disponível uma viatura adaptada para o transporte casa-praia/praia-casa, no caso de não possuírem transporte próprio.

Esta iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Peniche, do Instituto do Emprego e Formação Profissional, do Instituto Nacional para a Reabilitação e do Concessionário da Praia Baleal Sul – Danau Bar.

A iniciativa teve inicio no dia 2 de Julho e estará a funcionar diariamente até 4 de Setembro. Este serviço funciona das 10h às 12h30 e das 15h30 às 19h00. 

Para mais informações e pedido de transporte contacte a Cercipeniche através dos seguintes contactos 262 780 080 / 932 431 672.

10 Regras de utilização da cadeira de mar “TIRALÔ”

1- Bandeira verde – O utilizador poderá (caso queira) ser retirado da cadeira durante a sua utilização para que possa nadar (acompanhado). Quando há ondulação que não assegure condições de segurança a cadeira “TIRALÔ” não vai à água.

2- Bandeira Amarela – O utilizador poderá fazer o seu banho de mar, estando no entanto impedido de sair da cadeira de mar “TIRALÔ”

3- Bandeira vermelha – A cadeira de mar “TIRALÔ” não poderá entrar na água, podendo ser utilizada para um passeio à beira-mar

4- O tempo de utilização da cadeira por cada utilizador estará dependente do número de utilizadores em espera

5- A cadeira de mar “TIRALÔ” será utilizada no percurso areal/mar e mar/areal, devendo de seguida o utilizador usar a sua toalha ou cadeira para se secar e permanecer na praia

6- A utilização da cadeira de mar “TIRALÔ” está circunscrito a praia do baleal sul.

7-O serviço de transporte é para ser utilizado pelos utentes podendo estes ser acompanhados por 1/2 pessoas no máximo

8- O utilizador terá ao seu dispor uma casa de banho adaptada, estando a mesma munida de chuveiro

9- O utilizador deverá ter o cuidado de cumprir os horários estipulados para a utilização da cadeira de mar “TIRALÔ”, tendo o cuidado de não chegar à praia no horário de encerramento do serviço

10- Os utilizadores deverão cumprir todas as regras de utilização bem como as indicações dadas quer pelos monitores quer pelo nadador salvador

In: Ajudas

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Criança operada em Coimbra aprende a ouvir

Ela foi submetida a uma cirurgia há um ano, quando tinha 11 meses, para resolver uma surdez profunda.


Cientistas portugueses na linha da frente

Cientistas portugueses ajudaram a clarificar a genética da artrite inflamatória, inseridos numa equipa de estudo internacional, anunciou um dos laboratórios associados à iniciativa, citado pela agência Lusa.

O trabalho foi publicado na 'Nature Genetis' e identifica novos genes implicados no desenvolvimento da "espondilite anquilositante", além de confirmar o envolvimento de "outros genes propostos em estudos anteriores". 

A publicação permitiu também reconhecer a existência de interacções entre dois grupos de genes, "sendo uma das primeiras descrições sobre interacção genética nesta e noutras doenças comuns", afirma a entidade que divulgou a informação, em comunicado. 

Participaram neste trabalho 43 equipas de investigação.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Investigadores do Porto e Minho distinguidos com Prémio Grünenthal Dor

Investigadores das universidades do Porto e do Minho foram distinguidos com o Prémio Grünenthal Dor, o galardão de mais alto valor distribuído em Portugal no âmbito da investigação da dor.

A Fundação Grünenthal atribuiu o prémio de Investigação Básica 2010, avaliado em 7.500 euros, ao trabalho "Papel da noradrenalina na facilitação da dor no encéfalo: estudos em modelos de dor crónica", da autoria de Isabel Martins, Deolinda Lima e Isaura Tavares, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP/IBMC) e do Instituto de Biologia Molecular e Celular.

O prémio de Investigação Clínica, também de 7.500 euros, foi entregue ao trabalho "Eficácia da associação de Carbamazepina com o bloqueio analgésico periférico com Ropivacaína no tratamento da Nevralgia do Trigémio" da autoria de Laurinda Lemos, Pedro Oliveira, Sara Flores e Armando Almeida, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) e do ICVS/3B's - Laboratório Associado da Universidade do Minho.

As cientistas da FMUP/IBMC descobriram, em colaboração com as Universidade de Groningen (Holanda) e da Carolina do Sul (EUA), um circuito neuronal que aumenta a dor através da libertação de um neurotransmissor (noradrenalina) e que deverá ser responsável pelo desencadear do mecanismo de alerta, explica o IBMC, em comunicado enviado à Lusa.

O comunicado acrescenta que o "mecanismo de alerta da dor é um 'sistema de sobrevivência' que nos permite responder rapidamente à dor, protegendo-nos de estímulos causadores de danos e ensinando-nos a não repetir acções que causem dor".

De acordo com Isaura Tavares, coordenadora geral deste trabalho, "o próximo passo é perceber de que forma o mecanismo de alerta se desregula quando existe dor crónica, e avaliar se um estado de alerta contínuo poderá relacionar-se com a presença de outras patologias, como a depressão, por exemplo".

Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa ao trabalho "As neurotrofinas Factor de Crescimento Nervoso (NFG) e Factor de Crescimento Derivado do Cérebro medeiam a dor referida e a hiperactividade vesical que acompanham a cistite crónica", colocado a concurso por um grupo de investigadores da FMUP/IBMC.

O Júri do Prémio Grünenthal Dor 2010 foi presidido pelo Presidente da Fundação, Walter Osswald, e contou com a participação de mais seis personalidades médicas designadas pela Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) e pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).

Os Prémios Grünenthal Dor, criados em 1999 pela Fundação Grünenthal, contemplam um valor pecuniário total de 15.000 euros, igualmente distribuídos pelo Prémio de Investigação Básica e pelo Prémio de Investigação Clínica.

A Fundação Grünenthal é uma entidade sem fins lucrativos que tem por fim primordial a investigação e a cultura científica na área das ciências médicas, com particular dedicação ao âmbito da dor e respectivo tratamento.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Firma procura autistas

Quando um homem soube do autismo do filho, resolveu torná-lo uma vantagem no mercado de trabalho. 

Concentração. Memória. Atenção aos pormenores. Capacidade de repetir muitas vezes a mesma tarefa, o mesmo gesto, sem se distrair. Obsessão com ordem e com classificações. Persistência. Estas qualidades são importantes nalgumas áreas profissionais - por exemplo, a informática. A um nível elevado, são raras. As pessoas com autismo tendem a tê-las mais do que as outras pessoas. É lógico aproveitar tal diferença. Assim faz uma empresa dinamarquesa especializada em testes de software.

A Specialisterne (Especialistas, em dinamarquês) foi fundada por Thorkil Sonne, um executivo de uma firma de telecomunicações. Quando há onze anos souberam que o seu filho de 3 anos tinha autismo, ele e a mulher começaram a pensar como o poderiam ajudar a ser feliz. Concluíram que nada teria mais valor para Lars do que um trabalho onde as suas características particulares fossemapreciadas.

Não bastava encontrar uma tarefa que ele pudesse fazer. Tinha de ser algo em que fosse especialmente qualificado, para o valorizar e o compensar das outras limitações - sociais, sobretudo - com que teria de viver.

A resposta veio após contactarem organizações de apoio a pessoas com Desordens do Espetro Autista (DEA). Estas desordens têm em comum a dificuldade em perceber sentimentos alheios, em ler gestos e sinais, em captar sarcasmo, mas variam imensamente em grau e manifestações, desde as quase impercetíveis atè às incapacitantes.

No lado leve do espetro está o síndrome de Asperger, cujas vítimas, geralmente descritas como altamente funcionais, incluem um bom número de génios. Consta que Einstein apresentava indícios de Asperger. E mesmo pessoas muito menos fluentes do que ele - e portanto, com desordens em zonas mais graves do espetro - podem ser extraordinárias nas respetivas áreas profissionais. A chaveestava, portanto, em descobrir uma área adequada.

Mão-de-obra de primeira

A Specialisterne verifica software e outras coisas que exigem um enorme grau de atenção - por exemplo, a localização detalhada de redes de fibra óptica. Dos seus 50 e tal empregados, 75% têm autismo. Ao serem aprovados para entrar na empresa, iniciam uma formação de cinco meses financiada pelas câmaras municipais.

É o único apoio que a empresa recebe, uma vez que não existe tradição de empresas de responsabilidade social na Dinamarca, segundo explica Sonne. O investimento sai barato, tendo em conta o que se poupa em subsídios de desemprego e outros. Um funcionário chamado Mads diz que em mais de vinte anos é o primeiro emprego que consigo manter, e acrescenta: "A maioria dos meus colegas são como eu. Temos em comum sermos esquisitos".

Terminada a formação, a maior parte dos empregados são colocados fora, junto dos clientes da Specialisterne. A assistência técnica que dão é considerada 'premium', e paga a condizer. Não é mão-de-obra barata nem terapia ocupacional, frisa Sonne em repetidas declarações. É trabalho de primeira fornecido por uma empresa comercial. Porque só assim, em última análise, resulta. "A nossa organização precisa do tipo de financiamento que só uma empresa com fins lucrativos pode gerar. Tem de ser bem sucedida nos termos do mercado".

O objetivo último de Sonne é exportar o modelo de negócio pelo mundo fora. Com esse objetivo, criou uma fundação à qual entregou as ações da Specialisterne. Escócia, Islândia, Alemanha, Polónia e os Estados Unidos já adotaram ou vão adotar o modelo, e Sonne recebeu meia-dúzia de prémios europeus. A sua expectativa é que, quando o agora adolescente Lars for adulto, a situação tenha mudado o suficiente para ele não ter problemas de empregabilidade.

Reduzir o stress

Quanto aos atuais empregados da empresa, as histórias que contam falam por si mesmas. Um trabalhava antes num supermercado. Apesar de altamente inteligente, nunca conseguia passar nas entrevistas de emprego, onde o que conta é a famosa química emocional. Aí ele falhava.

Sonne sugere que toda a gente é social, embora de formas diferentes. O facto de alguém não dizer bom-dia não significa que não goste de conviver de vez em quando. E a dificuldade em suportar ruído, típica dessas desordens, pode implicar alguns ajustamentos no escritório (sobretudo se for um 'open space') mas não torna ninguém inapto para trabalhar.

"As pessoas com autismo não são os únicos empregados que não florescem em open space'ou no sistema tradicional de gestão", afirma. O essencial é adaptar às características das pessoas, não impor o mesmo ambiente a todas. "Isso só provoca stresse, e os locais de trabalho já produzem demasiado disso".

À sua estratégia dá um nome: filosofia dente-de-leão. O dente-de-leão é uma planta que a muitas pessoas vêm simplesmente como erva daninha. Outras apreciam-na como planta medicinal, rica em vitamina e ferro. "uma erva daninha é uma planta bela no lugar errado", diz Sonne. E quem decide se o lugar é errado ou certo é a sociedade. 


V Seminário APPDA-Setúbal


Perturbações do Espectro do Autismo - Abordagens Terapêuticas

Data: 15 de Julho de 2011

Local: Escola Superior de Ciências Empresariais / Instituto Politécnico de Setúbal.

Preço de inscrição: Gratuito

Nota: pagamento apenas do almoço (sopa, prato principal, salada, pão, sumo de máquina ou água e sobremesa): 4.50€

Para mais informações consulta do programa, aceda aqui ao Folheto

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Alunos portugueses já compreendem melhor o que lêem

Cerca de 18 por cento dos alunos portugueses com 15 anos têm sérias dificuldades na leitura, apenas conseguindo responder neste domínio às questões mais básicas como, por exemplo, identificar qual é o tema principal de um texto. Um estudo realizado pela rede Eurydice, que foi divulgado hoje pela Comissão Europeia, dá conta, contudo, que os alunos portugueses estão abaixo da média da União Europeia, o que neste caso é uma boa notícia.

No conjunto dos países da UE, a percentagem de alunos com 15 anos na mesma situação é de cerca de 20 por cento. Androulla Vassiliou, comissária europeia da Educação e Cultura, reagiu assim a este resultado: "É totalmente inaceitável que tantos jovens na Europa continuem a não ter capacidades básicas de leitura e escrita. Isso coloca-os em risco de exclusão social, torna-lhes mais difícil encontrar um emprego e reduz a sua qualidade de vida".

Segundo a Comissão Europeia, é a primeira vez que se apresenta num estudo europeu um retrato aprofundado da literacia em leitura e se apontam alguns dos factores principais que têm impacto na aquisição e competências em leitura entre os 3 e os 15 anos.

Em relação aos alunos com 15 anos, o estudo baseia-se nos resultados alcançados por estes nos testes do Programme for International Student Assessment (PISA) de 2000 e de 2009, especialmente dedicados à literacia em leitura. Nestes testes, levados a cabo pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, Portugal é um dos cinco países que sofreu uma evolução positiva neste intervalo. Os outros são a Holanda, Letónia, Polónia e Liechtenstein. À excepção da Letónia, os restantes quatro estão agora também abaixo da média europeia. Mas com resultados melhores que os portugueses. 

A Holanda e a Polónia fazem parte do pequeno grupo de países que já atingiu a meta que a UE se propôs chegar em 2020: reduzir para menos de 15 por cento a percentagem de maus leitores entre os alunos de 15 anos. A Dinamarca, a Estónia, Finlândia e Noruega, bem como a Bélgica flamenga, são os outros que já lá chegaram. Na Finlândia apenas oito por cento dos alunos com 15 anos têm problemas com a leitura.

A Bulgária e a Roménia estão na situação oposta e são os que apresentam piores resultados: 40 por cento dos seus alunos com 15 anos não atingem o nível dois dos testes PISA ou seja, ficam-se apenas pelas competências mais básicas.

O estudo hoje divulgado confirma que o género é um dos factores com mais impacto na aquisição de competências em leitura: “em média as raparigas ultrapassam os rapazes na leitura e esta diferença de género aumenta com a idade”. Aos 9 anos, 18 por cento das raparigas e 22 por cento dos rapazes têm dificuldades na leitura. Aos 15, o número de rapazes em dificuldades já duplica o das raparigas. Em média, 12 por cento das raparigas e 26 por cento dos rapazes são maus leitores nesta idade. O risco de um aluno português do sexo masculino ter dificuldades em leitura aos 15 anos é superior em duas vezes ao de uma aluna. Na UE a média desta probabilidade é de 1.9.

A situação dos alunos do 4º ano tem sido avaliada através de um estudo internacional em que Portugal não participou. Trata-se do PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study). com inquéritos realizados em 2001, 2006 e 2011. 

Para além do género, o outro factor com maior impacto na aprendizagem da leitura é a origem socioeconómica dos alunos. 

Apesar de na maior parte dos países existirem programas de promoção da leitura, estes pecam por ser excessivamente generalistas. Ou seja, conclui o estudo não têm como destinatários aqueles que mais necessitam por serem os que apresentam maiores dificuldades, como são os casos dos rapazes, dos alunos oriundos de meios desfavorecidos e dos jovens imigrantes.

No estudo frisa-se que as dificuldades em leitura são ultrapassáveis, mas que este sucesso depende em grande medida destas serem identificadas, e adoptadas medidas, o mais cedo passível. Um ensino intensivo e por objectivos, ministrado a nível individual ou a pequenos grupos, pode ser particularmente eficaz, frisa-se. No entanto, acrescenta-se, “são poucos os professores que têm a oportunidade de se especializar nesta área”. Dos 27 países da UE, só em oito os professores contam, nas aulas, com o apoio de especialistas em dificuldade de aprendizagem na leitura.

“O gesto do professor Brandão é um exemplo de humanidade”

José Carlos Marques dos Santos, atual reitor da Universidade do Porto, partilha, a pedido do EDUCARE.PT, uma recordação de um professor importante para si, escolhendo, para a sua "Memória de Passagem", o gesto de humanidade do seu professor do antigo ensino primário. 

Eis as "Memórias de Passagem" do reitor da Universidade do Porto. O exemplo do professor Brandão Ao longo da nossa vida escolar conhecemos inúmeros professores. Mas, como é natural, só alguns resistem à usura do tempo e permanecem gravados na nossa memória, quer por boas quer por más razões. No meu caso, a recordação mais viva que guardo de um professor é bastante reconfortante e não decorre diretamente das qualidades pedagógicas do docente em causa. Decorre, sobretudo, do sentido de humanidade e da disponibilidade solidária que teve para comigo num episódio em particular, o qual, se não foi determinante no meu percurso educativo, pelo menos permitiu-me, mais tarde, ter uma consciência mais aguda dos atributos que caracterizam um grande professor. 

O professor que saudosamente recordo deu-me aulas na 3.ª e na 4.ª classes da já extinta Escola de Santo Ildefonso (masculina), no Largo Dr. Tito Fontes, no Porto. Era alto, seco de carnes e muito afável, segundo o que a minha memória consegue resgatar da lonjura dos tempos de infância (tinha 9-10 anos na altura). Mas o facto que mais me marcou na convivência com o professor Brandão, assim se chamava, foi a sua disponibilidade para me dar gratuitamente explicações de preparação para os exames de admissão, após o final da 4.ª classe, que decidiam o acesso ao liceu e à escola técnica (fiz os dois exames, tendo optado pelo liceu). 

Paralelamente à sua atividade docente, o professor Brandão dava explicações de preparação para os tais exames mas mediante pagamento. Ora a minha família não tinha condições económicas para custear essas explicações, pelo que, vendo em mim um aluno aplicado e com potencial, o professor Brandão decidiu oferecer-mas. Por isso me desloquei várias vezes da Rua do Almada, onde vivia, à casa do professor Brandão, junto a uma refinaria da RAR, no Campo 24 de agosto , para poder beneficiar de lições extra que me ajudaram a realizar com sucesso os exames em causa. 

Não sei se as explicações do professor Brandão foram decisivas para a minha aprovação nos exames e consequente entrada no Liceu D. Manuel II (hoje, Escola Secundária Rodrigues de Freitas), nem isso é o mais relevante neste episódio. O que sei, sem margem para dúvidas, é que o gesto de altruísmo do professor Brandão ajudou-me a compreender melhor a importância do lado humano da docência e de como é fundamental apoiar os alunos mais carenciados no seu percurso educativo. 

Os elevados índices de abandono escolar precoce são ainda uma mácula no desenvolvimento do nosso país, pelo que os decisores políticos e respetivos organismos públicos devem de facto assegurar que as condições socioeconómicas dos estudantes não constituem um entrave à sua progressão educativa. Neste sentido, o gesto do professor Brandão é um exemplo de humanidade mas também mais uma evidência de que, se forem devidamente apoiados, os estudantes carenciados podem evitar aquilo que ainda hoje parece ser, para nossa vergonha, uma fatalidade em Portugal: a perpetuação intergeracional das baixas qualificações e consequente indigência material.

In: Educare

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pedir desculpa

PEDIR DESCULPA deve ser, para todos, uma coisa simples. Quando verificamos que errámos é isso que devemos fazer. Todos queremos educar os nossos filhos desta forma mas não nos podemos esquecer que o mais importante é o exemplo e esse vem sobretudo dos pais. Em múltiplas situações do dia-a-dia, pedir desculpa deve ser a coisa mais natural. 

Muitas vezes um pedido de desculpas da criança não parece muito genuíno e é feito mais por medo das represálias que possa vir a sofrer por parte dos pais, do que por convicção. Muitos pedidos de desculpa exigidos às crianças são meros exercícios de hipocrisia e apenas ensinam a criança a mentir de forma convincente.

Por esta razão, um pedido de desculpas não deve nunca ser forçado. Tem de ser espontâneo e surgir naturalmente da boca da criança. Se, por teimosia, e apesar de aconselhada a isso, a criança não o quer fazer no momento em que se portou mal, o melhor é retirá- -la do local de brincadeira e conversar com ela mais tarde. O pedido de desculpas pode surgir então. 

Quando o pedido de desculpas é dirigido aos pais devemos aceitá-lo de imediato e sem fazer mais comentários. A única frase aceitável é "fico contente por estares a pedir desculpa", como forma de reforçar esse comportamento. Mais tarde, com mais calma, podemos conversar com a criança sobre o sucedido para que ela não repita o que fez de errado. 

Por: Pediatra Paulo Oom

Memorando sobre Educação Inclusiva e Especial enviado ao Ministério da Educação

1. Introdução

Portugal tem seguido desde o final dos anos 60 do século XX uma política de integração dos alunos com dificuldades e deficiências nas estruturas regulares de ensino. Desde os anos 90, nomeadamente depois da assinatura da Declaração de Salamanca, (UNESCO, 1994) intensificaram-se as políticas em favor da Educação Inclusiva. Citaríamos a título de exemplo o despacho conjunto 105/95 e mais recentemente a ratificação da Convenção sobre os Direitos da Pessoas com Deficiência (que aponta no seu art. 24 para o direito à Educação Inclusiva) e a declaração final da Conferência de Genebra (UNESCO, 2008). Todo este conjunto de documentos nacionais e internacionais tem apontado e confirmado um caminho de políticas educativas em direcção ao aprofundamento da Educação Inclusiva.

A Educação Inclusiva, como tem sido repetidamente apontado, é uma reforma educacional que visa a qualidade da Educação procurando esta qualidade na valorização da experiência e capacidades de cada aluno para a aprendizagem de todos. Portugal tem ao longo de mais 40 anos feito um percurso muito meritório na Educação Inclusiva, percurso que lhe permite ombrear com os países europeus que mais esforço e resultados têm obtido nesta área. Actualmente cerca de 94% dos alunos com dificuldades e deficiências são educados na escola regular onde são apoiados por mais de 4.300 professores. Estes números, conhecidas as limitações financeiras do país são, na nossa opinião, um aspecto muito positivo que mostram que o trabalho e a missão de pais, professores, escolas e alunos foram bem sucedidos no aprofundamento da Inclusão. Falta, no entanto, percorrer muito caminho para atingirmos uma qualidade educativa excelente para todos.

A Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, enquanto organização de professores e outros técnicos ligados à Educação Especial, tem um conhecimento aprofundado do campo profissional e do plano concreto da aplicação dos normativos legais no funcionamento da Educação Especial e, no momento em que assistimos a uma mudança de responsabilidade e de orientação política no Ministério da Educação, sentimos que é nossa missão e dever, compartilhar com os novos responsáveis da Educação em Portugal algumas das nossas reflexões, sem prejuízo de contactos que conduzam a um tratamento mais detalhado destas matérias.

2. Dez propostas em áreas em que é necessário tomar medidas com vista a melhorar a Educação Inclusiva e a Educação Especial.

2.1. Conceptualmente é preciso discutir se um sistema educativo que se reclama da Educação Inclusiva (ref. Dec-lei 3/2008) se deve designar por Educação Especial. Reservar a Educação Especial para alunos que através da sua condição de deficiência são elegíveis para este apoio, parece-nos conceptualmente difícil de sustentar. Na verdade, alunos com condições de deficiência podem não necessitar do apoio das estruturas de Educação Especial e alunos que não têm condições de deficiência podem necessitar de apoio na aprendizagem que os professores de Educação Especial estão preparados para lhes dar e organizar. Os serviços que actualmente são prestados pela Educação Especial deveriam, ser serviços de “Apoio às Necessidades Educativas Especiais” que apoiassem todos os alunos que de forma permanente ou temporária tivessem dificuldades na escola. Parece-nos também que a organização dos apoios deveria ser uma responsabilidade de cada um dos agrupamentos tendo em conta realidades distintas tanto no que se refere às necessidades dos alunos como ao tipo de respostas que é possível disponibilizar em cada momento.

2.2. O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade (ICF-CY, OMS, 2007) tem-se revelado ineficaz e pernicioso na determinação da elegibilidade dos alunos para os serviços de Educação Especial. É ineficaz porque a sua aplicação é extremamente ambígua como é demonstrado pela prática quotidiana e por trabalhos académicos; é pernicioso porque cria expectativas sobre a avaliação e intervenção que não pode cumprir (devido à sua natureza de “classificação”). Os alunos que têm necessidade de apoio devem tê-lo sem terem de passar a prova da elegibilidade via CIF e a necessidade, os objectivos e planificação deste apoio devem ser fruto de uma avaliação psico-pedagógica e referenciada ao currículo.

2.3. Os modelos das “unidades” existentes nas escolas regulares necessitam de ser repensado. Aduzimos duas razões: as unidades estão, em muitas circunstâncias, a tornar-se a situação “óbvia” para qualquer aluno com dificuldades e nelas se concentram alunos que muitas vezes poderiam estar a frequentar uma classe regular. Por outro lado, a presença dos alunos das unidades nas classes regulares é muitas vezes mitigada. As unidades não se podem tornar “escolas especiais” dentro das escolas regulares. É necessário avaliar e rever o papel e funcionamento das unidades numa lógica inclusiva.

2.4. Precisamos de uma avaliação sobre o papel e funcionamento das escolas de referência. É necessário avaliar se as competências instaladas são suficientes, se são as mais adequadas e ainda avaliar a bondade e eficácia do processo de deslocar alunos para fora da sua comunidade para terem acesso à Educação.

2.5. É necessário rever a ligação entre os Centros de Recursos para a Inclusão (CRI) e as escolas regulares. Precisamos de CRI que possam e saibam trabalhar com as escolas numa perspectiva inclusiva e em estreita colaboração com os professores. Da mesma forma precisamos que os professores possam e saibam aproveitar as mais-valias que os CRI podem trazer a educação e escolarização dos alunos.

2.6. Precisamos de mais recursos ou de uma outra organização de recursos para desenvolver a Educação Inclusiva. Recursos humanos (lembramos que frequentemente os professores de Educação Especial são “absorvidos” pelas Unidades deixando os alunos com outras dificuldades sem apoio ou com um apoio insignificante). Precisamos também de mais e melhores recursos no âmbito dos equipamentos (sobretudo nos CRTIC) para que sejam mais lestos e eficazes na sua acção.

2.7. A formação de professores em Educação Especial necessita de um olhar mais atento. O Ministério da Educação não deve, ao abrigo da “desculpa” da autonomia das instituições de ensino superior, ser omisso em relação à política de formação de professores de Educação Especial. O seminário realizado pela Pin-ANDEE, em 18 de Junho, em Lisboa aponta alguns caminhos que seria necessário desenvolver nomeadamente o estabelecimento de contratos-programa entre o Ministério da Educação e as Universidades /ESE’s.

2.8. A Intervenção Precoce necessita de uma intervenção mais decisiva e articulada entre os vários ministérios de forma a intervir (como o nome indica precocemente) ao nível da prevenção. Não intervir na prevenção em Intervenção Precoce é certamente contribuir para aumentar as medidas de educação compensatória mais tarde.

2.9. Precisamos de um sistema verdadeiramente inclusivo nas escolas. Os alunos com dificuldades devem ser parte integrante e não descartável da escola. Não faz sentido que os alunos com deficiências não participem plenamente em todas as actividades da escola (vistas de estudo, passeios, AEC’s, etc.). Desenvolver um modelo inclusivo na escola é uma questão que não está no âmbito da boa vontade ou mesmo da existência de recursos da escola mas sim no âmbito dos direitos das crianças. Se o nosso objectivo é que os alunos com dificuldades vivam uma vida autónoma e de Inclusão, precisamos de criar modelos educativos em que estes valores sejam praticados.

2.10. Precisamos de um sistema de avaliação da Educação Inclusiva e Especial. O nosso sistema de Educação Especial continua carenciado de uma monitorização próxima, abrangente e voltada para os resultados. Sem esta avaliação é muito difícil melhorar consistentemente as políticas, meios e recursos afectos à Educação Inclusiva e Especial e, consequente, proporcionar oportunidades de sucesso a todos os alunos. A Pró-Inclusão – ANDEE propõe-se colaborar num processo de monitorização e avaliação do sistema para que se possam dispor de dados fiáveis para informar as opções que é urgente assumir. Contamos com a iniciativa e capacidade de diálogo do governo para concretizar uma educação de qualidade para todos, desenvolvida numa perspectiva inclusiva.

A Direcção da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

In: 1.ª Newsletter Julho 2011