Quando se encara a educação como uma das prioridades nacionais, vale a pena, refletir um pouco sobre o sentido da arte de ensinar, sobre o sortilégio do ato de aprender, enfim sobre o que é ou deve ser a prática de ensino-aprendizagem nas nossas escolas.
O importante, em todos os casos, é que tanto professores como alunos, nas sucessivas etapas da sua relação, estejam bem conscientes do papel que a uns e a outros cabe no trabalho conjunto que realizam.
Certo é que aos professores cabe a responsabilidade maior desta reflexão possível sobre o envolvimento mútuo nas atividades a desenvolver; mas é bom que os próprios alunos, à medida da sua evolução etária e escolar, vão tomando consciência, também do que lhe cabe fazer.
Em todo o momento de educação, o professor aparece como portador de conhecimentos a transmitir, de valores a sugerir ou, ainda, de perspetivas de comportamento a assumir.
Simplesmente, tanto os conhecimentos, como os valores e os comportamentos sugeridos destinam-se a ser refletidos por alunos ativos que fazem do seu contacto com eles um autêntico ato de criação.
De algum modo, como o corpo se vai desenvolvendo com os alimentos que recebe, a inteligência se constrói e desenvolve com os dados e os estímulos que lhe vão sendo oferecidos.
Ora este desenvolvimento da inteligência dos alunos é favorecido pela atitude dos professores quando, aqui e ali, a ela fazem apelo ou, diríamos mesmo, a provocam.
Todos recordam que, no decurso dos seus trabalhos, os professores citam exemplos, invocam analogias, recorrem a imagens, elaboram esquemas... E não o fazem para que os alunos, simplesmente, retenham os exemplos, decorem as imagens ou copiem os esquemas. O que pretendem, isso sim, é que as imagens abram clareiras e os esquemas funcionem como referenciais metodológicos, ajudando os alunos a saltar para dentro do universo que inclui os novos conhecimentos e os novos valores que desejam apresentar.
Quando os alunos, levados por esses apoios chegam à realidade e descobrem a intimidade das coisas, os esquemas são muletas que podem dispensar-se e as imagens luzes que a sombra pode encobrir.
Mas como condutores de desenvolvimento da inteligência, esses apoios são importantes; e a sua escolha, bem como a utilização, são parte significativa da verdadeira arte de ensinar.
Reconheça-se, no entanto, que o papel dos alunos é essencial, pois são eles os verdadeiros sujeitos da própria educação.
Das suas condições, das suas capacidades, da sua vontade, é que, dominantemente, depende o sucesso do processo educativo em que estão envolvidos.
O papel do professor traduz-se no apoio e na ajuda que proporciona aos alunos, para que estes, com maior facilidade e segurança, consigam despertar e aprimorar as virtualidades e as competências que têm dentro de si.
Mas são os alunos, eles próprios, que dão vida a essas virtualidades e aplicam essas competências, fazendo um esforço constante de crescimento e amadurecimento que consiste em colocar em plena atuação o que, anteriormente, era potencialidade.
É nesse esforço individual que cada aluno concreto afirma a sua identidade, única e irrepetível, crescendo no corpo e no espírito, mas guardando permanente fidelidade à sua matriz original.
Daí que a cada um só sirva um estilo próprio para efeitos educativos, feito de um modo de ser pessoal e de um ritmo adequado de aprendizagem.
E, assim sendo, não tem sentido qualquer tentativa de uniformizar processos de ensino ou praticar modelos gerais de técnicas de aprendizagem.
In: EDUCARE
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