quarta-feira, 20 de abril de 2011

Encontro de pais: Perdas: da separação dos pais à morte de um familiar

Decorreu no passado dia 14 de Abril, no Instituto Português de Pedagogia Infantil (IPPI) da Póvoa de Santo Adrião, o encontro de pais com a temática:
Perdas: da separação dos pais à morte de um familiar.
 
Como nesta temática e em muitas questões relacionadas, com a educação, como referiu o psicólogo Bruno Gomes, não existe manual de instruções, existem sim atitudes favoráveis condicionantes para um desenvolvimento harmonioso da criança. 
 
Foram referidas algumas sugestões para ultrapassar as fases de luto envolvidas neste processo, sendo obviamente um caminho a percorrer, recorrendo-se a estratégias que poderão ser mais eficazes para ultrapassar a dor.
 
Sendo o luto um conjunto de sentimentos e comportamentos ligados ao sofrimento é normalmente uma temática que não se fala com as crianças, talvez, porque os adultos têm receio na abordagem do tema e eles próprios ficcionarem, por vezes, em torno da temática, no intuito de poupar as crianças à dor.
 
Porém a perda, e o luto que daquela decorre, é uma experiência que faz parte do crescimento e do ciclo da vida. As próprias crianças vivem-no em situações do seu quotidiano como a perca de um brinquedo. Obviamente que a situação de perda se torna mais significativa para o adulto quando relacionado com a “perda” ou morte de um familiar.
 
Foram referidos os sentimentos característicos como medo, tristeza, revolta e zanga e as fases de luto. 
 
As atitudes favoráveis perante a temática é como em todas as outras, ser verdadeiro e não contornar o assunto. Reconhecer a perda e validar a experiência da própria criança, ouvindo-a, dando-lhe o tempo que necessite para o seu luto.
 
De reter como atitudes favoráveis que se deve tranquilizar a criança, transmitindo-lhe que os seus sentimentos são parte da fase de luto e que expressá-los é o modo mais saudável de lidar com os próprios sentimentos. Estar disponível para estar com a criança compreendendo que ela necessita de um adulto confiante, carinhoso e consistente, sendo honesto. Proporcionar reconforto através da manutenção do ambiente e rotinas previsíveis. 
 
A questão de perda é extensível à separação dos pais. O divórcio, por vezes mais conturbado, pois é uma perda que muitas vezes não se vê consolidada e que em muitos casos a esperança de um reajuste causa oscilação de sentimentos de angústia e de abandono, culpa, raiva, negação, tristeza e ansiedade.
 
Estes acontecimentos devem ser abordados as vezes      que forem necessárias, de forma clara e securizante referindo, em ambos os casos, a irreversibilidade dos acontecimentos. 
 
No caso do divórcio, é importante preparar a criança para as alterações das rotinas inerentes ao processo e a necessidade crucial de transmitir às crianças que apesar dos pais se divorciarem estes continuam a ser o seu vínculo, não só no BI, ou seja, a filiação genética, mas que deve ser mantido emocionalmente. 
 
Neste processo de separação dos pais, que nada tem a ver com a separação dos filhos, estes devem ser salvaguardados de conflitos, disputas e discussões, tendo que existir espaço e tempo para elaborar a dor e não se sentirem divididos pelo amor dos pais, continuando a necessidade de estabilidade e vínculo aos afectos familiares.        
 
Não sendo fácil a abordagem da temática, foi com muita pertinência que este encontro foi realizado, questões e angústias, foram partilhadas por parte dos participantes, como a abordagem da morte, o funeral, a saudade de alguém, o luto que permanece no tempo ou o vazio da esperança indefinida do desejo que não se cumpre. Uma partilha, que como se constata longe de ser fácil a sua abordagem, influenciou alguns momentos constrangedores pois todos fazemos parte de um presente, com a nossa memória de perdas, que influenciam os nossos sentimentos e modos de Ser.
 
Partilhas como estas consideram-se cruciais no diálogo entre Escola e Família para uma parceria mais eficaz na procura de atitudes que se devem rodear de honestidade e de respostas efectivas com as crianças com que nos cruzamos.

O IPPI da Póvoa de Santo Adrião está de parabéns pela iniciativa que consegue manter periodicamente, nomeadamente o Psicólogo Dr. Bruno Gomes pela dinâmica e realização destas palestras. A mim resta-me agradecer não só a oportunidade da partilha como os laços criados com esta instituição!
 
Por: EC
 

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