quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ana Isabel obrigada a circular na estrada

"Quem faz as leis não anda de cadeira de rodas", critica Ana Isabel, 33 anos, de Setúbal. Mesmo rebaixadas, as passadeiras continuam altas, obrigando-a a circular na estrada. Como se não bastasse, refere, os autocarros adaptados, em Setúbal, não estão identificados nem os motoristas sabem lidar com deficientes.

A Câmara de Setúbal ganhou a medalha de ouro no que toca a acessibilidades. "Mais de 70% dos passeios estão rebaixados e cumprem a lei, que estipula três centímetros de lancil", disse ao CM fonte camarária. Acrescenta, porém, que há passeios mal rebaixados porque as condições não permitem uma construção eficaz devido aos materiais utilizados ou à existência de ruas estreitas.

Por sua vez a Transportes Sul do Tejo garante que o dístico de veículo adaptado será colocado à medida que o processo de remodelação se for concretizando. "Está em curso a colocação de estruturas internas de fixação das cadeiras de rodas em seis viaturas, situação que se pretende generalizar à restante frota", explicou Luís Guedes Machado, administrador da empresa. Trinta viaturas já têm rampas para cadeiras de rodas e os motoristas serão objecto de formação.

"HÁ PESSOAS EM SITUAÇÃO PIOR"

Há cinco anos, Ana Isabel Cardoso, de 33 anos, teve um tumor na base do crânio que a deixou tetraplégica. Apesar de ter conseguido recuperar grande parte dos movimentos do lado esquerdo, esta antiga agente imobiliária ficou paralisada do lado direito, estando completamente dependente de terceiros para sair de casa. Dentro da habitação desloca-se sozinha, com a ajuda de uma cadeira de rodas manual, e consegue tratar da higiene pessoal sem ajuda graças à casa de banho adaptada oferecida pela Associação Salvador.

"Sempre fui uma pessoa muito optimista, vi sempre as coisas pelo lado positivo pois há sempre pessoas em piores situações", explica Ana Isabel, para quem o facto de ter recuperado de uma tetraplegia foi uma grande vitória. "Só mexia os olhos", recorda a antiga agente imobiliária, actualmente reformada por invalidez. A filha Sara, de 11 anos, é a sua maior companhia em pequenas deslocações pela praceta do Monte Belo, em Setúbal.

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