domingo, 1 de maio de 2011

Resumo do Simpósio: "Os Nós e os Laços"

Durante o dia de ontem (30-04-11) decorreu, na Câmara Municipal de Águeda, o Simpósio de Educação Especial e Inclusiva: “Os Nós e os Laços”. Evento organizado em parceria entre a Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial e o Serviço de Educação da Câmara Municipal de Águeda.

Foi um dia repleto de boas comunicações, com várias reflexões sobre a Educação Inclusiva e com alguns relatos de boas práticas.

As Palestras ficaram a cargo do Professor Dr. José Morgado, Professor no Departamento de Psicologia da Educação do ISPA, do Mestre Joaquim Colôa, docente de Educação Especial exercendo a sua actividade numa Unidade de Ensino Estruturado no Agrupamento de Escolas Padre Bartolomeu de Gusmão, da Dr.ª Ana Breda e Dr.ª Rute Rebelo, docentes de Educação Especial que exercem a sua actividade numa Unidade de Apoio à Multideficiência em Águeda, Mestre Ana Rosa Trindade, que exerce funções de docente de Educação Especial na EB2/3 Fernando Pessoa e Dr. Miguel Cruz, coordenador na CERCIAG.

Muito haveria a dizer sobre estas palestras que foram ricas em informação, onde todos os dinamizadores demonstraram muita qualidade, grande profissionalismo e boa disposição.

O Professor José Morgado começou a sua intervenção fazendo referência aos actuais desafios da Educação. Estes desafios decorrem dos grandes desafios enfrentados pelos sistemas globais de educação: Inclusão e Qualidade. Para se desenvolver uma Educação Inclusiva e de Qualidade é necessário prestar uma educação apropriada a todos os alunos com necessidades educativas especiais.

“A Educação Inclusiva decorre do direito à educação de qualidade de todos os alunos.”

Nesta perspectiva, o Professor José Morgado, sustenta como aspectos centrais:
As políticas educativas e sociais promotoras de inclusão; a Educação apropriada ao conjunto das dificuldades de cada criança o que exige o estabelecimento de modelos de avaliação competentes e compreensivos; os recursos humanos suficientes e competentes e disponibilidade de espaços, equipamentos e materiais adequados; a regulação da intervenção educativa implicando estruturas de acompanhamento e supervisão; a cooperação entre todos os agentes envolvidos na prestação de serviços educativos; a diferenciação nos serviços educativos prestados bem como nos procedimentos da acção educativa e o envolvimento e participação das famílias e encarregados de educação em todo o processo educativo.

“Um dia, em vez de uma vida de nós, ainda vamos ter uma vida de laços. Os laços de nós”

Professor Dr. José Morgado

De seguida foi a vez do Professor Joaquim Colôa fazer uma breve reflexão sobre os Centros de Recursos, partilhando com todos os presentes uma síntese da literatura existente. Referiu que estes serviços não se devem centrar nos rótulos, nem nos diagnósticos, mas numa recolha e partilha de informação diversificada. A sua intervenção deve centrar-se nos objectivos pessoais, intervenção e planificação individualizada, colaboração intra e inter equipas, emprego, alojamento e transporte. Os centros de recursos deveriam estar direccionados para uma determinada região promovendo inclusão na comunidade.

“A comunidade é fundamental em todo o processo de Inclusão”
Professor Dr. José Morgado

Da sua intervenção saliento ainda a importância de enquanto profissionais reflectirmos criticamente sobre as mudanças e do seu impacto nos serviços.

A Dr.ª Ana Breda e a Dr.ª Rute Rebelo partilharam com todos os presentes a experiência vivida diariamente na sua Unidade, as suas rotinas e actividades desenvolvidas, os constrangimentos e as dificuldades sentidas. Terminaram citando Boaventura de Sousa Santos:

"Temos direito de ser iguais, quando a nossa diferença nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando a nossa desigualdade nos descaracteriza".

Da parte da tarde a Professora Ana Rosa Trindade fez a sua intervenção sobre a Transição para a Vida Adulta (TVA) de jovens com Necessidades Educativas Especiais. Temática que tem tido um novo olhar desde da publicação do D.L. n.º 3/2008 e da Agência Europeia para o Desenvolvimento das NEE ter este tema como prioritário no período compreendido entre 2007 e 2013. A oradora referiu os desafios que se colocam a profissionais, aos jovens, às famílias e às escolas em todo o processo de TVA. Depois de identificados os desafios há necessidade de construir redes de apoio, derrubar barreiras e construir acessos de forma a promover percursos de vida “felizes” e promotores de qualidade de vida para todos os jovens com NEE.

“Face às adversidades há que marcar a diferença…”

A Professora Ana Trindade relatou ainda as suas dinâmicas, os intervenientes e as práticas do seu quotidiano.

O Dr. Miguel Cruz apresentou-nos o Projecto Átomo – Educação Afectivo Sexual, projecto desenvolvido na CERCIAG. Projecto que surgiu da análise das necessidades detectadas no âmbito do apoio afectivo-sexual às pessoas com deficiência, às suas famílias e formação dos profissionais que com eles trabalham. Pretende-se com este projecto colmatar essas necessidades sobre a sexualidade da pessoa com deficiência.

Apresentou o Manual de Boas Práticas: “O Sexo dos Anjos ou os Anjos sem Sexo?” construído durante este projecto e foram referidas algumas dinâmicas de grupo.

Para finalizar gostaria apenas de dizer que cada um de nós é responsável por educar, ensinar...mas acima de tudo, cada um de nós é uma peça-chave para defender a plena inclusão de crianças/jovens...E para isso é necessário que cada um de nós assuma o compromisso. 

O compromisso de educar, ensinar e diferenciar...para TODOS!!! 

1 comentário:

  1. De fato a comunidades tem papael fundamental nesse processo de conquistas. Obrigada pelo post!

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