Começo por uma história que presenciei há 3 dias. Uma aluna de Mestrado em Educação Especial estava à espera que a prova de discussão da sua dissertação começasse. Eu, que era para o efeito presidente do júri da prova, cheguei um pouco mais cedo e encontrei-a sentada a enrolar papéis de seda amarelos. Espera-se que um candidato – por norma nervoso – ocupe o seu tempo de várias maneiras mas aquela intrigou-me… Perguntei “Esse trabalho manual é para reduzir o stress?”. “Não – respondeu a candidata – estou a enrolar as rifas para o encontro de angariação de fundos para a unidade de multideficiência do meu agrupamento”.
E logo esta história me lembrou os diferentes mundos em que se move o professor de Educação Especial: o mundo da militância, da “missão”, o mundo da profissão tal como é definida, o mundo académico, o mundo das famílias, etc. Navegar em todos estes mundos com regras e éticas distintas, é sem dúvida, necessário ainda que não necessariamente útil. Passo a explicar: são tarefas que é preciso fazer e que se o professor de Educação Especial não fizer ninguém vai fazer apesar de serem essenciais. Mas é verdade também que, quando se faz um coisa não se pode fazer outra e, se é verdade que é pedido muito voluntarismo e trabalho “extra-curricular” ao professor, pode-se perguntar “O que é que ele, por fazer estas tarefas, deixa de fazer?”
Estamos a chegar ao fim de um ano lectivo e ao princípio de outro. Tempo de balanços e de compromissos. Começamos a ouvir “para o ano eu vou…”, “para o ano eu não vou…” Um novo ano é sempre uma oportunidade de nos aproximarmos do que gostaríamos de fazer e de ser como profissionais. Gostaria em nome da Direcção da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, de desejar a todas e todos umas férias repousantes e que os compromissos que vão assumir sejam melhores (mais úteis, justos e generosos) do que os que assumiram o ano passado. É assim o nosso caminho.
A nossa Associação continua firme no seu compromisso de contribuir para que os professores sejam ouvidos e respeitados. E representamos os professores para atingir a qualidade de educação dos alunos com necessidades educativas especiais, esses sim a razão de ser de toda a nossa formação, empenho e profissionalidade.
Até breve!
Por: David Rodrigues, Presidente da Pin-ANDEE
In: 2ª newsletter do mês de Junho da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial (PIN-ANDEE)
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