No momento em que escrevo este texto estão a trabalhar grupos dos dois partidos que irão constituir a coligação para a próxima legislatura com vista a proporem o acordo e a constituição do futuro governo. Os cargos ministeriais relativos à Educação têm sido, desde que existe democracia em Portugal, aqueles em que a rotatividade dos seus titulares é maior. Ainda há pouco ao consultar a constituição de um governo constitucional, vi que cada ministério tinha um titular excepto o da Educação que tinha três. Porque será que existe esta volatilidade de responsáveis? Não sei. Mas sei que tem consequências. E estas consequências verificam-se a três níveis.
Antes de mais originam alguma turbulência. Cada responsável tem as suas prioridades e a sobreposição de prioridades pode criar alguma dificuldade em passar a mensagem do governo sobre o que é mesmo essencial e o que é acessório. Em segundo lugar esta maior rotatividade criou a alimentou o mito da “máquina do Ministério”. Havendo muitos responsáveis é preciso que se crie uma estrutura que seja relativamente incólume a estas mudanças e que assegure o funcionamento do sistema educativo. Muitos ex-ministros se queixaram da dimensão e do poder desta “máquina” que mal conseguiram entender e influenciar. Por último dificulta que se consume a desejada articulação entre as directivas (regulamentos, legislação, etc.) e as práticas. Parece que as directivas são sempre mais e mais rápidas do que a sua execução. Obviamente ligado a este último aspecto aparece a nossa pobre tradição de avaliação da validade das políticas. Pois se elas são tantas e por vezes não há tempo nem de as implementar, como haveria tempo de as avaliar?
Nós, professores somos pessoas de esperança. Nós professores de Educação Especial temos ainda mais presente no nosso código profissional a presença constante da esperança. A esperança que as coisas mudem, a esperança que desta vez vá correr melhor, a esperança que aquele aluno consiga, a esperança que aquela família se modifique, etc. etc.
Temos pois que encarar esta mudança com esperança; pensar que o que vai acontecer no futuro vai depender daquilo que conhecemos, do que nos informemos, do que participemos e da forma (e intensidade) com que façamos ouvir a nossa voz. É que sem participação não há democracia. Ninguém é tão qualificado que possa prescindir da opinião dos outros. E por isso temos esperança nos tempos que aí vem. Uma esperança que é o nosso sonho acordado. Não esqueçam: acordado.
Por: David Rodrigues
Presidente da Pin-ANDEE
In: 1ª newsletter referente ao mês de Junho- PRÓ_INCLUSÃO: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial
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