segunda-feira, 30 de abril de 2012

Melhorar as Diferentes Equidades nas Nossas Escolas


Temos seguido com muito interesse as discussões que se têm desenvolvido a propósito da reforma da Educação Especial. Só para relembrar, enviamos ao Governo um memorando em Setembro de 2011, tivemos uma entrevista com a Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário em Outubro, apresentamos as nossas posições numa reunião da mesma Secretaria de Estado em Novembro e estivemos presentes nas diversas iniciativas do grupo de trabalho de “Educação Especial da Comissão Parlamentar de Educação, Cultura e Ciência da Assembleia da República”.

Podemos assim dizer que as nossas posições são bastante bem conhecidas e temos o sentimento de ter contribuído com transparência e lealdade para que o sistema de apoio a alunos com dificuldades seja melhorado nas nossas escolas. Não iremos repisar o que o Governo, a Assembleia da República e os nossos amigos e associados já conhecem sobre as nossas posições. Agora é certamente o tempo de agir e de concretizar na legislação e no terreno mudanças que o poder executivo quis ouvir.

Esperamos que as mudanças venham globalmente em três direções:

1) Antes de mais criando um sistema mais eficaz de apoio a percursos diferentes da escola. A questão é como se criam estes percursos diferentes sem partir de pressupostos de exclusão ou de “educação separada”. Precisamos de ter estruturas nas escolas que, precoce e eficazmente, apoiem os alunos que mostrem dificuldades. A questão não é de aumentar a Educação Especial. Quem imagina que vemos a questão do apoio como um simples “engordar” do número de professores e serviços de Educação Especial, não entendeu certamente o que é “equidade”. Sabemos que numerosas situações os professores de Educação Especial são insuficientes e há mesmo escolas que não dispõem de qualquer professor de Educação Especial. Mas o que falamos é da necessidade de se criar um serviço que assegure a equidade através por exemplo de um departamento de equidade e inclusão que assegure o apoio aos professores para garantir os diferentes percursos escolares.

2) Precisamos de estruturas de coordenação a nível distrital que mapeiem os recursos, que concebam localmente e de forma e integrada os recursos, as formações e os apoios que permitam identificar e avaliar de forma situada as práticas de pré-escolarização, escolarização e transição para a vida pós-escolar. A criação de estruturas de coordenação distrital seria, quando adequadamente concebida, uma medida que aumentaria a gama de recursos (ao que se pode recorrer…) disponíveis.

3) Esperamos uma maior transparência na governação deste setor. Lembro, a este respeito, o “Code of Practice” em vigor no Reino Unido em que os procedimentos de acompanhamento do aluno com dificuldades são claramente apresentados, discutidos e comentados. Maior transparência significa que as soluções sejam menos “casuísticas” e se integrem em modelos de decisão bem estabelecidos. Precisamos de melhores e mais atualizadas estatísticas sobre o sistema de Educação Especial e de uma avaliação sobre o funcionamento do sistema que seja independente, abrangente e credível.

Vão maus os ventos para mudanças positivas na Educação. O garrote financeiro não dá mostras de abrandar nos próximos anos e assim há fundados receios que as mudanças se materializem em cortes, diminuições e restrições. Na verdade, não é isso que nos têm prometido as entidades com responsabilidade política. E isso alimenta a nossa ténue esperança que possamos continuar a melhorar as diferentes equidades nas nossas escolas.

Por: David Rodrigues

Presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

In: 2ª newsletter de abril da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

O importante comportamento dos pais e alunos em época de exame

Para prevenir stress e ansiedade o melhor caminho é de uma boa preparação, isto securiza os alunos tornando-os mais calmos, confiantes no trabalho feito e diminui a ansiedade. Alimentar-se e dormir bem, assim como um bom banho de água quente na noite anterior ajuda a relaxar e poder descansar de forma mais tranquila. Devem também iniciar por responder às questões que melhor sabem para começar da melhor maneira e só depois atacar com calma as questões mais difíceis.

No ditado” faz o que eu digo não faças o que eu faço” há um grande equívoco! Os alunos necessitam mais de modelos e exemplos do que de criticas, sugestões ou conselhos. Até porque os pais, sendo por inerência modelos de atitude, conduta, educação, postura,…, para os seus filhos, devem ter a preocupação de tentarem transmitir-lhes pelo seu comportamento a mensagem que pretendem transmitir. Se pretendem que os filhos sejam responsáveis no seu estudo, devem também o ser no seu trabalho. Assim como se pretendem esforço e dedicação dos seus filhos também eles devem ser um exemplo a seguir no esforço e dedicação que empregam no seu trabalho profissional diário.

Os pais devem assumir uma atitude preventiva, alertando para as etapas importantes que se aproximam assim como uma metodologia de trabalho de forma a evitar sobrecargas de esforço nas vésperas e antevésperas que poucos resultados trazem. Os pais deverão optar por um discurso optimista, de valorização e confiança nos seus filhos em vez de constantemente dizerem coisas como “não estudes não que vais ver o que te acontece”, ou “a continuar assim não vais conseguir de certeza”, ou “continua assim que depois quero ver as notas”. Porque não assumir um discurso encorajador do tipo “confio em ti, sei que irás conseguir” ou “vais ter dificuldade mas tu és capaz”. São palavras que fazem diferença e nos reforçam um caminho de esforço, de dedicação, de privação, de sacrifício mas que certamente trará muita alegrias futuras e satisfação de dever cumprido.

Contudo, para além do processo de estudo, há outros factores que também condicionam o sucesso académico. A ansiedade, o medo de falhar como seja chumbar, tirar notas inferiores ao que se precisa para entrar na faculdade ou ficar com notas abaixo das expectativas são condicionantes fortes que os alunos devem conseguir atenuar e ter em preocupação na sua preparação. Nos últimos tempos, cada vez mais estudantes sofrem de ansiedade e stress. As notas são demasiado importantes para eles e para as suas famílias e existe também a pressão social pelas médias de entrada nos cursos desejados. A gestão eficaz do stress é, assim, uma competência fundamental para qualquer estudante poder manter bons níveis de desempenho independentemente das circunstâncias com que é confrontado no dia-a-dia.

Se a vossa preparação for boa tudo pode correr bem.

in RenatoPaiva.eu

sábado, 28 de abril de 2012

Governo cria nova avaliação de incapacidades de pessoas portadoras de deficiência

O Ministério da Saúde vai criar uma comissão para a elaboração de uma tabela de avaliação de incapacidades que não se restrinja a doenças profissionais, seguindo assim a recomendação feita pelo Provedor de Justiça em fevereiro.

Alfredo José de Sousa pediu aos ministérios da Saúde e da Solidariedade que criassem uma nova tabela de avaliação de incapacidades, defendendo que a atual é desadequada, porque foi criada para medir deficiências decorrentes de acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Em resposta ao Provedor, e de acordo com informação da Provedoria da Justiça, o ministro da Saúde reconheceu que é necessário adotar "uma regulamentação específica para a avaliação da incapacidade das pessoas portadoras de deficiência" e informou que está a ser constituída uma comissão que irá elaborar uma Tabela Nacional de Incapacidades (TNI) que não se restrinja a doenças profissionais e acidentes de trabalho.

Já no que diz respeito à avaliação da incapacidade dos doentes crónicos, a informação do Ministério da Saúde é de que já está constituído um grupo de trabalho que "elaborou uma proposta de grelha de medição da funcionalidade de portadores das doenças crónicas mais frequentes".

"Neste momento, esta grelha está a ser avaliada, por amostragem, para a população portuguesa, pelo que, terminado esse momento de avaliação, a proposta estará em condições de ser aprovada", diz o Ministério.

Alfredo José de Sousa entende, por isso, "que já estão a ser adotadas as providências necessárias, ou seja a serem criadas tabelas próprias para a avaliação das pessoas portadoras de deficiência e das portadoras de doenças crónicas".

As sugestões do Provedor de Justiça aos ministérios da Saúde e da Solidariedade e Segurança Social surgiram depois de Alfredo José de Sousa ter estudado o regime de avaliação de incapacidades das pessoas com deficiência para efeitos de acesso a medidas e benefícios estabelecidos na lei e ter chegado à conclusão que a Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais "não é o instrumento adequado para a avaliação das pessoas com deficiência".

In: JN online

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Skoog

O Skoog… o novo instrumento musical que promete tornar a música (a sério) acessível a todos, duma forma simples e eficaz. O Skoog é já utilizado em contextos de ensino formal de música, mas também em sessões de musicoterapia e, claro, como forma livre de expressão individual! Deixo-vos o texto de divulgação. Caso tenham alguma questão, não hesitem em contactar-nos.

Apresentamos o SKOOG, o novo “instrumento musical” que permite a qualquer utilizador fazer música, possibilitando que se expresse interagindo com uma plataforma inovadora, tecnologicamente avançada, mas extremamente simples e intuitiva de utilizar. Com o Skoog a destreza motora (segurar, dedilhar…) deixa de ser um fator determinante na expressão da música que há dentro de cada um de nós! O Skoog permite criar uma experiência musical muito próxima da real, com 12 instrumentos distintos, de cordas, sopro e percussão. De seguida irão encontrar alguns dos materiais de divulgação que vos ajudarão a descobrir o potencial do Skoog. Caso surjam questões, não hesitem em contactar-nos!


· Skoog no facebook (em português): https://www.facebook.com/skoog.pt

· Página do produto na pimpumplay: 

· Vídeo de apresentação do Skoog: http://www.youtube.com/watch?v=K9j0rtXl6aM


· Brochura com especificações do produto: 



Votos dum bom fim de semana, cheio de boas brincadeiras… divertidas e construtivas!

Francisco Lontro

pimpumplay | viver a brincar, viver a aprender



e. cliente@pimpumplay.pt | t. 00351 244 845 531/ 00351 913 045 401

m. Edifício IDD, Ald. Sta. Clara, R. da Carvalha, 570, 2400-441 Leiria, PORTUGAL (escritórios)


Recebido via e-mail

Fenprof defende alteração de lei que contribui para “segregação”

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu na Assembleia da República alterações à lei que regula a Educação Especial, que considera contribuir para a “segregação” e elevadas taxas de abandono e insucesso. 

Em declarações à agência Lusa após uma audição no grupo de trabalho da Educação Especial da Comissão Parlamentar de Educação, a sindicalista Ana Simões afirmou que a Fenprof defende “alterações para o seu melhoramento ou mesmo a revogação” do decreto-lei 3/2008.

A Fenprof considera que a actual lei teve motivos “economicistas” por trás da sua aplicação, desde logo porque significou que “três mil professores foram afastados da Educação Especial” e “mais de vinte mil alunos deixaram de ter educação especial”.

“Isto representou um recuo da educação inclusiva, considerou Ana Simões, indicando que se passou a aplicar obrigatoriamente a Classificação Internacional de Funcionalidade, Capacidade e Saúde para determinar que alunos têm direito à Educação Especial.

Assim, os alunos cegos, surdos ou com deficiências mentais profundas, como o autismo ou a trissomia 21 podem entrar na Educação Especial e ser apoiados, enquanto as deficiências mentais ligeiras e as dificuldades de aprendizagem ficam agora de fora.

Ana Simões salientou que muitos alunos cegos ou surdos nem sequer têm necessidades educativas especiais, apenas necessitam de meios adequados, como recurso a materiais em Braille ou língua gestual.

Por outro lado, a criação de “escolas de referência” a nível distrital ou regional significou que muitos alunos têm que se deslocar por vezes centenas de quilómetros para ter a educação de que necessitam.

“No caso do Porto, há uma escola de referência que serve os distritos à volta e recebe até crianças de Bragança. Muitas vezes, os pais não têm recursos para os pôr nessas escolas e o Ministério da Educação diz que não pode garantir que tenham acesso” à educação especial em outros estabelecimentos de ensino.

Isto, indicou Ana Simões, significa “taxas elevadas de insucesso e abandono”, lamenta a Fenprof.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ação de Formação: Tecnologias de Informação e Comunicação para alunos com NEE

Ação de Formação

Tecnologias de Informação e Comunicação para alunos com NEE


Formador: Jorge Humberto Nogueira

Local: Instituto Piaget de Almada

Destinatários: Educadores de Infância, Professores dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico e Professores de Educação Especial

Modalidade: Curso de Formação

Calendarização: abril - 26 (17.30 às 21.30); maio – 3, 8, 10, 15 (17.30 às 21.30) e 17 (17.30 às 22.30) (as datas sofreram alterações)

Nº de Horas: 25h

Unidades de Créditos: 1

Registo de Acreditação: CCPFC/ACC – 69222/12

Conteúdos:

1. Aplicação das TIC na Educação Especial: fundamentos teóricos e modelos de intervenção.

2. Objectivos, expectativas e soluções em Educação Especial

3. Acessibilidade e Tecnologias de Apoio para as NEE:
   a. Mobilidade, autonomia e funcionalidade;
   b. Ajudas técnicas, adaptações materiais e tecnologias de compensação;
   c. Acessibilidade ao computador;
   d. Suporte à Comunicação Aumentativa e Alternativa.
   e. Acessibilidade e possibilidades das aplicações correntes Windows e Word

Para se inscrever basta preencher o Formulário de Inscrição.

Invisuais e surdos já podem ler conteúdos electrónicos

A Universidade das Artes de Berlim (Alemanha) desenvolveu uma luva sensorial, a Mobile Lorm Glove, para pessoas com problemas de audição ou visão poderem ter acesso às novas tecnologias, tal como qualquer outro utilizador – ler, escrever, e disfrutar de conteúdos electrónicos.

A tecnologia está dotada de sensores na palma e os dados são enviados da luva para o dispositivo portátil (tablet ou smartphone) através de Bluetooth, ou seja, o utilizador recebe uma mensagem quando os motores de vibração na parte superior da mão emitirem um sinal que será possível de ler através de padrões tácteis.

A luva traduz o alfabeto tocando no texto com a “Lorm”, um meio de comunicação usado tanto por invisuais como por quem é privado de audição em alguns países da Europa e dos Estados Unidos.

A Mobile Lorm Glove fornece duas vias de comunicação inovadoras para surdos e invisuais: permite-lhes troca de informação à distância (enviar mensagens de texto, e-mails, etc.) e ainda a comunicação paralela, que é especialmente útil na escola e outros contextos de aprendizagem. Pessoas que tenham estas incapacidades poderão igualmente aceder a livros electrónicos e aplicações de tradução em simultâneo.

No entanto, a tecnologia ainda não está pronta para ser comercializada. A universidade propõe-se ainda a preparar uma aplicação de entrada e saída de voz.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Herrar é umano

Foi tal a insistência do meu neto, que não resisti a fazer-lhe a vontade. Aproveitei a interrupção da atividade letiva da Páscoa, para o levar a conhecer uma escola. Em tempo de férias escolares, poupá-lo-ia à visão dantesca de um intervalo de aulas, onde o bullying já é uma fatalidade. Porém, as coisas não me correram de feição... 

Primeira estação (ou não estivéssemos na semana santa...): um portão fechado, dois olhos inquisidores numa face carrancuda, e a interpelação feita numa voz ameaçadora: 

- 'Que deseja? Estamos fechados!' 

Disse ao que ia, que era um avô, querendo satisfazer a curiosidade do meu neto, que queria ver uma escola por dentro.

- 'Lamento, mas a escola está fechada. Está tudo de férias. Só cá estão os senhores doutores do conselho diretivo.' 
- 'Eu sei! - respondi - mas importa-se que dê uma voltinha pela escola? Não demoro!'
- 'Só um momento, não saia daí, que eu vou ver o que se pode fazer' - respondeu o do bunker. O Marcos estremeceu e abraçou-se à minha perna: - 'Ó avô, aquele senhor é polícia?Tenho medo, avô!'

O que eu temia aconteceu. A primeira impressão foi de medo. A frágil representação que o meu neto teria de escola em nada corresponderia ao que ele presenciou. E, mesmo para um adulto que pense, é assustadora a ideia de as escolas se manterem fiéis ao paradigma de a escola-presídio, adotado pelas suas congéneres do século XIX, que, até na arquitetura, sejam conformes ao modelo de escola-caserna, que inspirou os seus diabólicos criadores. Enquanto cogitava sobre o conceito muito em moda de 'escola integrada na comunidade' (uma das muitas tretas com que são enfeitadas as teses), sossegava o meu neto, falando-lhe de escolas que não têm portões fechados, nem vigilantes, nem obrigam ao uso de cartões magnéticos, para acessar aos seus mistérios. Ficámos esperando do lado de fora, até que o portão se abriu e o vigilante me pediu o bilhete de identidade. Entregou-me um cartão para pôr ao peito. Uma funcionária aproximou-se e avisou:

- 'A senhora doutora deu-me ordens para o acompanhar. Mas pede que seja breve a visita! Faz favor, por aqui...' 

E lá fomos levados, corredor após corredor, pela enfadada funcionária, cujo passo estugado o Marcos não conseguiu acompanhar. No meu colo, espreitando salas todas iguais, mesas alinhadas em filas voltadas sempre para o mesmo lado, ciciou-me ao ouvido: - 'Onde estão os meninos, avô? Onde estão os meninos?'

Ia responder que era tempo de férias, mas não concluí a frase. O Marcos sobressaltou-se com o estrépito da campainha ressoando medonha pelos corredores desertos. Não havia aula, nem alunos, mas a campainha soava rotineira e absurda, como o resto.

Em escassos minutos, estávamos de saída, cartão devolvido, portão fechado nas nossas costas. Menos tenso, o Marcos ligou a máquina de fazer perguntas. Pergunta de criança não é como pergunta de adulto. Responder a adulto é fácil, mas um avô está proibido de mentir. As perguntas surgiam em catadupa e eu ficava constrangido, sem saber que dizer. Até que ele afogou a curiosidade num gelado de chocolate. E, enquanto o Marcos se lambuzava, eu refletia sobre o drama dos diretores que (só por ingenuidade) creem ser possível dirigir uma escola a partir de um gabinete. Pensava em gestores escolares que tudo subvertem a uma lógica que esvazia as escolas de qualquer sentido. E que pensar dos professores que, passivamente, consentem que o absurdo se mantenha?

Conheço tantos educadores prenhes de sonho e bondade, gente que encontro, quando já penso não haver mais para encontrar, e que seriam bem capazes de inverter o destino da escola. Tanta bondade desperdiçada, tantos sonhos assassinados, que até dói!

Continuo sem entender por que razão muitas escolas erguem barricadas, quando as imperfeitas instituições que as inspiraram já denotam alguma abertura à sociedade. Vivemos ainda o tempo da proto-história da humanidade. Mas a demanda civilizacional já levou a que até mesmo nas prisões soprassem ventos de liberdade e que muitos quartéis já fossem transformados em pousadas para turistas. O que leva as escolas a fecharem-se na concha da autossuficiência, a refugiar-se atrás de muros protegidos por guardas, como um condomínio fechado?

Temos escolas habitadas por excelentes profissionais. Porém, se alguns consentem que a degradação os degrade, outros desistem. Agito-os, desassossego-os, mas respondem:
- 'Tens razão, é preciso mudar esta escola ensimesmada, que só produz insucesso, exclusão, violências... Mas eu tenho medo de errar.' 

A insegurança e o medo, sempre o medo! A idealização da profissão em contraste com a rudeza do seu exercício. Um exercício solitário. Uma solidão absurda. Mas o que quer que seja que um professor faça para afetar o status quo das escolas é positivo. Como diz o povo, em linguagem de gente, pior do que está não pode ficar.Portanto, faça-se! Erre-se! De referência, aceitando os erros alheios como degrau para a transcendência. 

O Rogers escreveu: 'quanto mais um indivíduo é compreendido e aceite, maior tendência tem para abandonar as falsas defesas que empregou para enfrentar a vida, e para progredir numa via construtiva'. E um Marcos, que vive do outro lado do mar, perguntou-me: 'como pode estar a Escola enraizada no mundo de hoje - único ponto de partida para a transformação - e, ao mesmo tempo, inaugurar os valores, as práticas e as relações que já inauguram o mundo que almejamos construir?'

A resposta é simples: errando. Errar, aceitar o erro (o nosso e o dos outros) é o caminho para uma possível redenção da Escola. Errar no duplo sentido da palavra: quer se trate de vaguear por caminhos incertos, quer signifique o desacertar, que fique a intenção e o reconhecimento de que 'errare humanum est'.

Por: José Pacheco

In: Educare

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Lançamento livro: "O Tesourinho, uma nova vida"




"O Tesourinho, uma nova vida" é apresentado dia 22 de maio, pelas 18h00, na FNAC do Centro Comercial Colombo.






"A Menina da Amizade" - Trabalho no âmbito do Escola Alerta


O trabalho que segue em baixo foi realizado por um grupo de alunos da EB2,3 Febo Moniz, no âmbito do concurso Escola Alerta, do INR.

Com “A Menina da Amizade” queremos contribuir para a reflexão sobre o que é ser diferente e as dificuldades que se interpõem, as barreiras que existem a todos os níveis. Queremos também que se reflita sobre a aleatoriedade da diferença e sobre a possibilidade de cada um ter uma atitude proactiva na defesa e na adoção de atitudes integradoras. Queremos que cada um possa identificar-se com a Menina da Amizade e assim estender o braço em ajuda de todos, pela amizade sem barreiras podemos tornar o mundo mais colorido!

Repórter TVI - Caderno Escolar

Portugal continua a ser um dos países com maior taxa de abandono escolar a nível europeu. Apesar da evolução positiva verificada ao longo da última década, os números nacionais continuam bastante elevados. Cerca do dobro da média europeia. Uma reportagem da jornalista Elisabete Barata.




Reportagem da TVI

domingo, 22 de abril de 2012

Estudo abre esperanças na cura da paralisia cerebral

Um novo tratamento ajudou coelhos nascidos com paralisia cerebral a recuperar uma mobilidade normal, o que abre a esperança de um potencial avanço na cura de pessoas com este distúrbio atualmente incurável, de acordo com uma equipa de cientistas dos EUA.

O estudo desenvolvido por Sujatha Kannan e os seus colegas do Instituto Nacional de Saúde Infantil e do Departamento de Perinatologia e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos foi publicado no jornal científico Science Translational Medicine e recorreu à nanomedicina.

Os cientistas libertaram um medicamento anti-inflamatório diretamente nas partes comprometidas do cérebro dos coelhos através de minúsculas moléculas em cascata, conhecidas como dendrímeros. No quinto dia, os animais, que nasceram com paralisia infantil, movimentavam-se em níveis quase normais.

As crias de coelho tratadas seis horas após o nascimento registaram "uma melhoria dramática na função motora" ao quinto dia, afirmou a autora principal do estudo, que explicou que os testes foram bem-sucedidos porque o método permitiu que o fármaco cruzasse a barreira sangue-cérebro, desativando prontamente a inflamação cerebral.

A médica explicou ainda que a utilização de coelhos como cobaias está relacionada com o facto de, à semelhança do que acontece com os humanos, os seus cérebros se desenvolverem antes e depois do nascimento, enquanto a maioria dos outros animais nascem com as habilidades motoras já formadas.

"Uma vantagem disso é que podemos testar tratamentos e olhar para a melhoria na função motora usando este tipo de modelo animal", esclareceu Kannan.

Uma das causas principais da paralisia cerebral é o nascimento prematuro, mas a doença não costuma ser diagnosticada antes dos dois anos. Consequentemente, "no momento em que fazemos o diagnóstico, há muito pouco que podemos fazer", confessou o Roberto Romero, co-autor do estudo, citado pela AFP.

Apesar de os especialistas admitirem que serão necessários vários anos até que se conheça totalmente esta abordagem, a investigação demonstra que uma intervenção precoce poderá ter a capacidade de inverter os danos cerebrais.

"Este trabalho é importante porque indica que há uma janela no tempo, imediatamente após o nascimento, quando a neuroinflamação pode ser identificada e quando o tratamento com um nanodispositivo pode reverter os efeitos da paralisia cerebral", concluiu o obstetra do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Descoberto método para ajudar alunos a ler e escrever

A docente universitária Ana Cristina Silva coordenou três investigações com alunos, com dificuldades económico-sociais, que frequentavam o primeiro, segundo e quarto anos de escolaridade.

"A aprendizagem é um processo complexo e temos muitas crianças que enfrentam o insucesso escolar logo no primeiro ciclo. Não nos podemos esquecer que existem crianças que não são acompanhadas em casa pela família e que vão ficando para trás. No entanto, desenvolvemos três estudos de intervenção cientificamente fundamentados que podem prevenir as dificuldades de aprendizagem que vão surgindo", contou à Lusa a professora.

Uma das investigações centrou-se num grupo de meninos, sinalizados como tendo falhas na aprendizagem, a quem foi pedido que descobrissem sozinhos algumas regras ortográficas através da apresentação de grupos de palavras.

Por princípio, num sistema de escrita de base alfabética cada letra deveria representar um som. No entanto, no português, essa regularidade encontra-se poucas vezes. Por exemplo, as letras "m" e do "n" podem ler-se da mesma maneira (como em "campo" e "canto") e para quem está a aprender esta pode ser uma regra difícil de perceber.

Os investigadores davam às crianças grupos de palavras e pediam-lhes que descobrissem as parecenças. No final, quando comparado o grupo a quem era exigido que descobrissem as regras com o grupo a quem simplesmente eram ensinadas as normas, percebeu-se que os primeiros estavam mais aptos a escrever e "davam muito menos erros", revelou Ana Cristina Silva.

Com os alunos do quarto ano, a equipa de investigadores de ISPA tentou perceber se havia alguma forma de conseguir com um método simples que eles conseguissem melhorar a escrita, nomeadamente as suas composições.

Assim, a um dos grupos foi entregue várias grelhas com regras que as crianças tinham que seguir quando realizavam os trabalhos enquanto um outro grupo mantinha o ensino normal. No final, Ana Cristina Silva diz que os meninos que tinham o apoio das grelhas escreviam muito melhor e conseguiam, durante a revisão do trabalho, corrigir algumas das suas próprias falhas.

"Estes são métodos de ensino sem custos para as escolas e que iriam permitir que as crianças com mais dificuldade conseguissem ter melhores resultados, mas a verdade é que não são aplicados nas escolas", lamentou a doutorada em Psicologia da Educação.

A docente universitária criticou ainda alguns projetos do Ministério da Educação, como o aumento de alunos por sala de aula, que considera perigoso, uma vez que poderá agravar a qualidade do ensino dos meninos com mais dificuldades, já que "os professores passam a ter ainda mais dificuldade de os conseguir acompanhar".

Os projetos da investigadora são apresentados hoje no ISPA durante a conferência "É possível aprender a ler e a escrever com sucesso".

In: DN

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Nem demasiado fáceis, nem excessivamente complexos

Este ano, pela primeira vez, os alunos do 6.º ano realizam provas no final do ano letivo. A de Português está marcada para 19 de junho às 9h00 e a de Matemática para 22 de junho, também às 9h00. Estes alunos entram, assim, num regime transitório em que a ponderação será de 25% na nota final, mas que passará a 30% no próximo ano letivo. Nesse ano, em 2012/2013, os alunos do 4.º ano também deverão ter provas finais, num regime semelhante ao aplicado agora aos alunos do 6.º ano. O estudo começa a apertar. Os exames nacionais do Ensino Secundário realizam-se entre 18 e 26 de junho. A segunda fase acontece no mês seguinte, de 13 a 18 de julho. As classificações dos exames realizados na primeira fase serão afixadas a 9 de julho e a 1 de agosto são conhecidos os resultados da segunda fase. 

Com a entrada no terceiro e último período do ano, a azáfama aumenta nas escolas. Os alunos que têm exames no calendário têm de se preparar para uma etapa importante do percurso escolar, os professores lembram e insistem que é preciso estudar. Na preparação para os exames, o EDUCARE.PT recolheu pensamentos de vários professores que esperam que os exames não sejam demasiado fáceis, nem excessivamente complexos e que contenham questões que sirvam para separar o trigo do joio. E nada contra o regresso dos exames no 4.º ano do 1.º ciclo. Bem pelo contrário. 

Paula Canha, professora de Biologia e Geologia da Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves, em Odemira, espera que os próximos exames nacionais não sejam demasiado fáceis ou excessivamente difíceis. E gostaria que houvesse um maior cuidado em alguns aspetos, nomeadamente nos critérios de correção para, explica, "não excluir respostas válidas e que correspondem às perguntas, mas não foram contempladas nas possibilidades de resposta pela equipa que elabora os exames". A professora, a quem o Ministério da Educação atribuiu o Prémio Inovação em 2008, gostaria também que as questões não fossem ambíguas e que houvesse uma menor variação no nível de dificuldade dos exames de ano para ano.

"Espero que os exames continuem, na linha do que tem acontecido nos últimos anos, a apelar à capacidade de interpretação do mundo real, integrando nesse processo todos os conhecimentos de uma forma articulada", refere. Nada de testes muito fáceis o que, na sua opinião, "ridicularizaria o sistema educativo, como aconteceu em alguns casos, no passado". Nem demasiado difíceis, embora admita que é desejável incluir algumas questões mais complexas para "evidenciar a excelência da preparação de alguns alunos". Por aquilo que vê, a sensação que tem é que os alunos do 12.º ano preparam-se melhor do que os do 11.º ano. O facto de estarem a dois passos de uma candidatura ao Ensino Superior pode ajudar a explicar essa dedicação. "Na realidade, os alunos estão cada vez menos convencidos que um curso superior seja realmente importante para o seu futuro, dado o elevado desemprego entre os jovens licenciados", comenta. 

Paula Canha concorda com a reintrodução dos exames no 4.º ano do 1.º ciclo que, na sua perspetiva, nunca deveriam ter saído do programa curricular. "Se assim fosse não teríamos alunos no secundário que não sabem ler, escrever e fazer operações matemáticas simples como dividir ou calcular uma percentagem". A docente defende, por outro lado, que as escolas do 1.º ciclo deveriam ser mais apoiadas no que diz respeito aos casos de alunos com problemas graves de competências sociais, deficiências físicas e mentais e problemas cognitivos e emocionais, nomeadamente através de equipas constituídas por psicólogos, assistentes sociais e técnicos formados em ensino especial. 

"Se assim não for, o professor não conseguirá ensinar os alunos a ler ou a fazer operações matemáticas." "Como se exige atenção e trabalho a um aluno com fome ou maltratado ou com graves problemas cognitivos?", questiona. Depois desse apoio então deve-se exigir ao professor do 1.º ciclo que prepare os seus alunos "para um exame rigoroso, exigente e incidindo, pelo menos, sobre os conhecimentos básicos de cálculo e da leitura". 

A professora Ana Paula Carvalho conta que a expectativa generalizada vai no sentido de os próximos exames serem mais difíceis e exigentes, tendo em conta a amostra dos testes intermédios, que confirmam uma maior dificuldade e que se traduzem em resultados não muito animadores. "Estes testes têm incidido mais na vertente do raciocínio e compreensão da leitura do que propriamente na explicitação do conhecimento", repara. "Ora, todos sabemos que aqui residem as maiores deficiências dos nossos alunos, e até o próprio GAVE já tem chegado a essa conclusão quando faz a análise dos exames nacionais", acrescenta. 

O problema, na sua opinião, não reside no aumento do grau de exigência dos exames nacionais, mas sim na forma como os alunos encaram esses testes, acabando por desvalorizar a importância que têm na nota final. "Não estudam, não se aplicam, é o lema do 'deixa andar' e, isso sim, é condicionador de todo o processo de ensino e de aprendizagem". E a experiência mostra que assim é, sobretudo no Ensino Básico, até porque há professores de Língua Portuguesa e de Matemática que se disponibilizam para continuar a trabalhar com os alunos depois do ano letivo terminar, e até à fase dos exames nacionais, mas são poucos os que comparecem as essas aulas. "Não vemos os alunos, pelo menos do Ensino Básico, preparados em preparar-se para os exames." 

"Tenho a firme convicção de que é imperiosa uma mudança radical de atitude e de postura dos alunos face à escola. É urgente a noção de que estudar impõe sacrifício, rigor e persistência e é também urgente a colaboração das famílias, no sentido de encararem a escola como um aliado em todo este processo", refere Ana Paula Carvalho. Concorda com os exames no último ano do 1.º ciclo. "Os alunos devem habituar-se a esta nova realidade de avaliação desde cedo", refere. 

Paula Carqueja, presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), garante que os docentes começam a preparar-se para os exames nacionais logo no início do ano letivo. Mas com a aproximação do final do ano, e depois do arranque do 3.º período, a azáfama aumenta nas escolas. "É um frenesim para todo o público escolar, parece que a avaliação é mais rigorosa e as aprendizagens, com o aproximar da data dos exames, tornam-se mais adquiridas e as competências dos alunos mais desenvolvidas, aumenta a responsabilidade", afirma. 

Os exames são importantes e permitem várias leituras. "Poderão estatisticamente servir para aferir com fiabilidade sobre os resultados das aprendizagens dos alunos e, sobretudo, fazer uma avaliação das práticas letivas no sentido de possibilitarem uma reflexão na comunidade educativa sobre os resultados obtidos para obter mais e melhores resultados." E os alunos têm noção da importância dos exames para o seu futuro? Paula Carqueja falou com alguns alunos sobre o assunto e sentiu que eles estão preocupados com os testes porque têm receio da nota e dessa influência na média final. "No entanto, a opinião é generalizada: deve haver exames e eles são importantes." E porquê? "Uns porque consideram que os exames distinguem os melhores alunos positivamente, outros porque com os exames os professores sabem se os alunos estão realmente preparados para mudarem de ano." 

"Os exames são necessários para controlar a escola, o facilitismo de algum professor ou a exigência de outros". A presidente da ANP concorda plenamente com os exames no 4.º ano. "É uma forma de se valorizarem as provas de aferição já existentes. Os alunos já passam por momentos de stress sem 'nenhuma' compensação e com um rigor desmedido para umas provas sem compensação valorativa", sublinha. 

Manuela Sousa é professora do 1.º ciclo e coloca várias questões quando o assunto são os exames nacionais. "O ensino tem sido tão desvalorizado e tão facilitado que falar em exames nacionais pode ser preocupante para todos." Mesmo para todos. Para os alunos que sempre tiveram a vida facilitada e sempre passaram de ano, para os pais que estão habituados a que não haja qualquer chumbo no percurso dos filhos, para os professores que podem ver resultados nas pautas que não correspondam ao trabalho realizado durante o ano letivo. 

"Os resultados podem surtir efeitos tanto positivos como negativos. Dará para os dois lados. E tudo depende de um momento de uma prova. De um momento em que o aluno pode estar demasiado nervoso, adoentado..., e de uma prova que pode ser demasiado difícil ou demasiado fácil - como já aconteceu em provas de aferição." Em seu entender, os alunos ainda não têm a noção da importância dos testes nacionais e prevê que isso só acontecerá quando sentirem na pele ou conhecerem alguém que chumbou devido à nota do exame.

Por: Sara Afonso

In: Educare

Ratinhos cegos ganham visão nocturna, com transplantes de células

Uma equipa de cientistas conseguiu pôr ratinhos parcialmente cegos a ver à noite, através do transplante de dezenas de milhares de células. O trabalho, publicado nesta quarta-feira na edição online da revista Nature, é pioneiro e pode vir a ajudar pessoas cegas a recuperar a visão. 

Os olhos dos ratinhos são parecidos com os nossos. Têm dois tipos de células fotorreceptoras: os cones e os bastonetes. Os cones dão uma visão a cores muito nítida, mas precisam de bastante luz para funcionar. Quando o dia termina, os bastonetes tomam a liderança. Basta receberem apenas um fotão para se activarem, só que permitem uma visão menos definida e a preto e branco.

A equipa de Robin Ali, da University College de Londres (UCL), testou o transplante de bastonetes saudáveis, injectando-os em ratinhos geneticamente modificados, nos quais um gene tinha sido desactivado, tornando os bastonetes disfuncionais. Por isso, não tinham visão nocturna.

Ao contrário de experiências anteriores, desta vez os cientistas injectaram uma enorme quantidade de bastonetes. Das 200 mil células que tentaram transplantar, entre 20 mil e 30 mil agarraram-se à retina e conseguiram criar ligações nervosas, essenciais para o cérebro receber a informação exterior e produzir a visão. 

Passadas quatro a seis semanas, os bastonetes transplantados estavam a funcionar, o que permitiu aos cientistas testarem os ratinhos. No teste, eles conseguiram encontrar a saída certa de uma caixa com pouquíssima luz – um desafio em que antes, quando eram cegos, não eram bem-sucedidos.

“Pela primeira vez, mostrámos que as células fotorreceptoras podem integrar-se na retina com sucesso e melhorar verdadeiramente a visão. No futuro, temos esperança de conseguir replicar este sucesso com fotorreceptores derivados de células estaminais embrionárias, para desenvolver testes em humanos”, diz Robin Ali. Várias doenças humanas, que provocam cegueira, são causadas pela disfunção dos cones e bastonetes.

"Este artigo é um marco e as técnicas que são utilizadas aqui fazem parte de um grande salto a acontecer na medicina regenerativa", comenta Phil Luthert, director do Instituto de Oftalmologia da UCL. "Ainda vai ser necessário pelo menos mais cinco ou dez anos para pensarmos em fazer algo com os pacientes, apesar de neste momento estarmos a fazer um progresso significativo nesse sentido".

In: Público

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Arranja-me um emprego…

No seio da maioria das famílias portuguesas e na generalidade das instituições escolares os jovens são educados para desenvolverem uma cultura de procura de um emprego. Raramente os filhos e os alunos são incentivados à criação do seu próprio trabalho. Esta aparentemente pequena distinção de cultura organizacional e de posicionamento perante a vida revela-nos, todavia, a grande diferença entre os que se situam num modelo social dos primórdios do século XX e os que se integram na economia de mercado globalizante da sociedade da informação e do conhecimento que caracteriza o século XXI.

Em Portugal, se as escolas e os educadores não cultivarem uma cultura de empreendedorismo, estarão a contribuir significativamente para que os nossos jovens engrossem as fileiras dos inaptos e dos que nem podem ser considerados desempregados, dado que nunca chegaram a ter qualquer atividade produtiva. Revela-se, pois, necessário perceber a grande mudança introduzida na economia pelo avanço das novas tecnologias, pelo desenvolvimento dos mercados virtuais e pela permanente deslocalização das empresas: os jovens terão que ser preparados para identificarem as oportunidades que se lhes deparem, transformando-as em atividades económicas sustentáveis. No entanto, e com poucas e recentes excepções, o estudo das oportunidades não faz parte dos currículos escolares. E essa lacuna não é só da escola. Também os currículos de aprendizagem na família, na rua e nos grupos de pares (os currículos informais e ocultos) raramente abordam este tema. Por isso, nunca é demais sublinhar que preparar os jovens para o emprego, hoje, é deseducar. É não desenvolver neles o protagonismo, a iniciativa, inibindo a sua capacidade de inserção autónoma na sociedade.

Salientemos que nada disto tem a ver com a defesa de uma sociedade ultra liberal, individualista e concorrencial que, infelizmente emerge das políticas dos nossos governantes e que traduzem uma vontade incompreensível de destruição do Estado social que serviu de base a todas as democracias ocidentais. Reclama é uma compreensão de que o mundo é feito de mudança e que a produção de bens e serviços e a inserção profissional dos agentes económicos já nada tem a var com os modelos industriais do pós-guerra.

É então importante a introdução nos planos de estudos das nossas escolas conteúdos e actividades que capacitem os estudantes a desenvolver competências que os conduzam à livre iniciativa, com conhecimento dos meios e dos recursos que a sociedade lhes disponibiliza em apoio aos jovens que quiserem ser empreendedores.

No contexto das exigências da sociedade do conhecimento e da tendência para a globalização dos mercados, essa formação profissionalizante dos estudantes e a construção de uma cultura centrada no empreendedorismo revela-se fundamental para as instituições de ensino que, também elas, queiram ser competitivas nas apertadas teias dos sistemas educativos europeus.

Se a globalização está associada a uma aceleração do tempo e a uma progressiva integração do espaço, então importa que estejamos abertos às exigências dos processos irreversíveis que contaminam os agentes económicos. Aprender a viver com isso é preocupação que deve nortear as decisões estratégicas, das instituições de ensino, já que a questão que se lhes coloca é a de saberem identificar e aproveitar as oportunidades que emergem de uma economia internacional sem fronteiras.

A contemporaneidade exige que os futuros profissionais possuam e demonstrem competências em diversas áreas do saber e do saber fazer, muitas delas pouco tradicionais e geralmente expurgadas dos templos de ciência estática em que se transformaram as nossas escolas. Mudemos então essas escolas para que possam voltar a desempenhar um papel fundamental em todo o processo de formação destes cidadãos que se querem aptos a viverem na sociedade da informação, sabendo assumir-se como líderes audazes das próprias carreiras.

Sabemos que estes novos desafios obrigam a mudanças radicais nas rotinas organizacionais das instituições. Mas sem mudança não há futuro que valha a pena ser vivido.

Por: João Ruivo

ruivo@rvj.pt

terça-feira, 17 de abril de 2012

PING-PONG

PING. Ouço os professores. Lamentam-se. Lamentam-se, porque não reconhecem aos pais aquele empenhamento que seria de esperar no percurso educativo dos seus filhos. Falta-lhes quase tudo: interesse pelas atividades escolares, apoio aos trabalhos de casa, conhecimentos, autoridade. Alguns são mesmo negligentes. Uns quantos, a minoria, simplesmente não são flor que se cheire. Aquiesço. Nem me atrevo a rebater. O argumentário é tão desprovido de contradições, seja de docente para docente ou de escola para escola, que a minha costela de investigador criminal me diz baixinho que tanta consistência nos depoimentos só pode querer dizer uma coisa: é tudo verdade. 

PONG. Eis que ouço, em resposta, os pais. Do outro lado, devolvem as acusações. Afinal, são os professores que não apoiam devidamente os alunos quando estes têm dificuldades, que lhes enchem os cadernos pautados, muito para lá das margens, com trabalhos de casa, que lhes telefonam apenas quando há alguma falha a apontar, mas nunca quando algo de bom ou surpreendente acontece ou que tomam o seu filho ou sua filha de ponta. Novamente, a lupa de detetive (amador, é certo) não encontra vestígios de inconsistência. Presumo que também deve ser tudo verdade. 

A galope, irrompe a Lógica campo adentro, de armadura reluzente e lança apontada ao cerne do problema: apenas uma das versões poderá ser verdadeira. Contradigo a Lógica e sei como arrisco, porque tem uma lança demasiado comprida e afiada. Resisto. Não sucumbo, porque ambas as visões me parecem, de facto, verdadeiras. Qualquer PING precisa do seu PONG, já que só juntos perfazem a aritmética perfeita de um PING-PONG. E tem sido esse o jogo que escolas e famílias se têm prestado a fazer, com demasiada frequência, de forma sucessiva e sem nunca perderem essa estranha forma de alento. De tal modo que nem parece haver tempo sequer para que haja bola fora e respetiva reposição. 

Vistas as coisas do lado das escolas, o desânimo perante a fraca adesão aos apelos (ou exigências) de participação é natural, mas pouco refletido. Os anos letivos sucedem-se e apenas as queixas se amplificam, talvez acompanhadas de uma falta de participação parental crescente. Já o modus operandi não conhece qualquer mutação. As escolas continuam, predominantemente, a propor uma interação burocrática com os pais, assente na verdade absoluta de que estes conhecem, percebem, descodificam os significados do que é a educação atual. Ora, a história recente da escola pública é, sobretudo, isso mesmo: recente. Tão recente que uma parte muito importante dos pais com défice de participação na vida escolar dos filhos não foi devidamente escolarizada. Pior, o legado que um modelo de escola reprodutivo perpetuou foi a memória que esses mesmos pais têm dos seus próprios percursos escolares, em que o insucesso foi marcante. E para os que dirão que se acabou de falar em eduquês, então prestem bem atenção aos pais, quando os receberem numa sala de aula, com as carteiras metralhadas em fila. O não verbal deles dirá tudo, para quem quiser vê-lo, como é óbvio. Já do lado dos pais, escasseia a aspiração, uma esperança mobilizadora que abra caminhos aos filhos, que lhes proponha superação. Por vezes, falta em igual medida o acesso ao carácter simbólico da escola enquanto possível rutura social em sentido ascendente. Aqui e ali, há mesmo um indubitável desinteresse. 

E perante isto, quais têm sido as soluções? Pelo menos três: formalizar, formalizar e formalizar! O mesmo é dizer que se tem insistido, por um lado, na fragmentação da raiz comunitária das escolas, a par da sua aglomeração em espaços maiores e mais impessoais, numa comunicação cada vez mais intermediada por convocatórias, pautas de avaliação ou cadernetas e em currículos que respeitam cada vez menos as identidades locais e com ligação às próprias heranças familiares. PING. Por outro lado, reduz-se o associativismo parental, importante como deveria ser, a uma plataforma de participação exclusiva e não inclusiva, uma espécie de clube privado a que se acede em determinadas condições. PONG. 

Como sair desta jogada repetitiva? Ao que sei, essa necessidade tem dado lugar a extensos estudos e a conclusões bastante elaboradas. Por mim, limito-me a pensar em formas de organização cooperativa das escolas, para me (vos) perguntar: quantas associações de pais e professores conhecem? Por mim, conheço bem poucas.

Por: Francisco Simões

In: Educare

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Falando com quem faz: “A comunicação não verbal e a intervenção com crianças com N.E.E. ”


É já este sábado, dia 21/04/2012 que irá decorrer mais uma sessão do "Falando com quem faz"

TEMA: “A comunicação não verbal e a intervenção com crianças com N.E.E.

DINAMIZADOR: Joaquim Colôa


LOCAL: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial – Instituto Piaget - Pavilhão C -Sala 28 - Quinta da Arreinela de Cima, 2800-305 Almada (Junto à estação do Pragal – FERTAGUS)


Associados: gratuito – Não associados: 7,50€


Pagamento por transferência bancária (NIB: 0036 0106 9910 0042 3297 4)


Pode inscrever-se preenchendo o formulário publicado aqui: 

Fotógrafa invisual capta mundo com os olhos da alma

Amy Hildebrand nasceu cega devido ao albinismo, um raro distúrbio hereditário no organismo que impede a produção de melanina. Mas recuperou parte da visão - vê algumas cores, formas e sombras -, tornou-se famosa como fotógrafa, e está quase a concluir o seu projeto 1000 Fotos em 1000 Dias, publicadas diariamente no seu blogue 'With Little Sound'.

Ler mais: Expresso online

sábado, 14 de abril de 2012

AS TURMAS AUMENTAM. E OS RESULTADOS DOS ALUNOS?

O Ministério da Educação e da Ciência depois de ter decidido que o número máximo de alunos por turma no 1º ciclo do Ensino Básico suba de 24 para 26 alunos, anunciou agora que no próximo ano, as turmas do 5º ao 12º ano passam a ter um máximo de 30 alunos e um mínimo de 26. Curiosamente, há algum tempo atrás, o BE e o PCP desencadearam uma iniciativa no sentido de se estabelecer que na constituição das turmas do pré-escolar e 1º ciclo, o número máximo de alunos passe de 24 para 19 e no 2º, 3º ciclo e ensino secundário diminua de 28 para 22. O MEC decidiu numa direcção “ligeiramente” diferente.
Por princípio, turmas menores, dentro de parâmetros razoáveis, favorecem a qualidade do trabalho dos professores e dos alunos com naturais consequências nos resultados escolares e no comportamento. No entanto, é também necessário considerar as diferenças de contexto, isto é, a população servida por cada escola, as características da escola, a constituição do corpo docente, os recursos disponíveis, etc. sendo ainda de sublinhar que a qualidade e sucesso do trabalho de professores e alunos depende de múltiplos factores, sendo que a dimensão do grupo é apenas um, ou seja, importa considerar, veja-se o recente Relatório da OCDE e os estudos nesta área, as práticas pedagógicas, os processos de organização e funcionamento da sala de aula e da escola, bem como o nível de autonomia de cada escola ou agrupamento. Neste quadro e considerando o sistema educativo português, o aumento do número de alunos por turma parece ser um mau contributo para a qualidade dos resultados escolares.

Esta medida, como outras que têm sido tomadas, libertarão professores, aliás, parece ser essa a ideia. As consequências potencialmente negativas do aumento de alunos por turma poderiam ser minimizadas com a presença de dois professores por turma em algumas disciplinas e em algumas turmas. Tal situação promove, a experiência e os estudos mostram-no impactos positivos nos comportamentos e nas aprendizagens, as duas áreas mais problemáticas.

Creio que os custos resultantes da presença de dois docentes ou de mais apoios aos alunos, compensaria com vantagem os custos posteriores com o insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas as consequências conhecidas.

É só fazer contas. E nisso o Ministro Nuno Crato é especialista. Como aliás estamos todos a verificar. As contas de subtrair, nos custos, são, parecem ser, o princípio dominante da política educativa.

Creio que o Ministro mudou de ideias, em vez de fazer implodir o Ministério parece ter decidido fazer implodir a educação, sobretudo no universo da escola pública.

Texto de Zé Morgado

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ação de Formação Aprendizagem ativa (na educação especial): agir, construir para aprender!


O Centro de Formação PIN-ANDEE continua a promover um conjunto de ações de formação acreditadas dirigidas a todos os docentes, mas também a todos os técnicos interessados em aprofundar conhecimentos na área da educação inclusiva.

Os temas são diversos e os preços bastante interessantes, apenas 50€ para associados e 70€ para não associados.

Inscrição para proandee@gmail.com ou através do Formulário (clique aqui).

Ação de Formação

Aprendizagem ativa (na educação especial): agir, construir para aprender!


Formador: Ana Rosa Trindade

Local: Agrupamento de Escolas Fernando Pessoa (Lisboa)

Destinatários: Educadores de Infância, Professores dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico e Professores de Educação Especial

Modalidade: Curso de Formação

Calendarização: maio - 14, 21, 28 (17:00 às 20:30); junho - 4, 11, 18 (17:00 às 20:30) e 25 ( 17:00 às 21:00)

Nº de Horas: 25h

Unidades de Créditos: 1

Registo de Acreditação: CCPFC/ACC – 69223/12

Conteúdos:

1 - Processo de ensino/ aprendizagem no âmbito da Educação Especial e Inclusiva:

1.1. Pedagogia do ensino versus pedagogia da aprendizagem;

1.2. Teria das inteligências múltiplas e modalidades de aprendizagem diferenciadas;

1.3. Sistema psicomotor humano.

2 - Metodologias ativas e cooperativas no âmbito da Educação Especial e Inclusiva:

2.1. A aprendizagem cooperativa na prática da sala de aula;

• Bases teóricas, características e estruturas de aprendizagem cooperativa;

• Planificação e desenvolvimento de atividades de aprendizagem cooperativa.

2.2. A “Expressão” ao serviço da educação Inclusiva:

• Implementar metodologias ativas e expressivas para desenvolver conteúdos académicos;

• Expressão corporal e elementos básicos da escolaridade: lateralidade, estruturação espacial, estruturação temporal; e pré – escrita;

• Exercícios de Ioga e relaxamento de Rachel Carr´s;

• A relaxação ativa de Samy Bosky