terça-feira, 29 de abril de 2014

Formação de Professores de Educação Especial

A Formação de Professores de Educação Especial é, reconhecidamente, um fator fundamental para a melhoria de qualidade educativa que é proporcionada a alunos que evidenciam dificuldades na aprendizagem. São conhecidas algumas das condições que tornam esta formação mais útil e mais eficaz para apetrechar os formandos com instrumentos, atitudes e metodologias de intervenção. Sabemos, entre outros aspetos, que é imprescindível um período de contacto reflexivo com realidades análogas às que se poderão encontrar na vida profissional. Sabemos ainda que, para uma vida profissional em que é indispensável o trabalho de equipa, a formação deve também contemplar experiências de cooperação e de trabalho em grupo. 

A presente situação da formação de Professores de Educação Especial é particularmente preocupante dado que muitos dos pressupostos que consideramos essenciais e fatores de qualidade são menosprezados ou estão mesmo ausentes de muitos dos cursos de formação. 

Apontamos três lacunas graves: 

Existem cursos conducentes a uma especialização em Educação Especial em que a esmagadora carga horária é dada “on line” e por “e-learning”. As oportunidades de interação e de análise de situações de cooperação entre profissionais estão completamente ausentes. 

Existem cursos conducentes a uma especialização que não contemplam prática supervisionada ou mesmo observação e análise de contextos de intervenção. Referimo-nos, obviamente, a uma componente que seja considerada academicamente séria e não a “visitas de estudo”. 

Desenvolveu-se um mercado de cursos de especialização que oferecem por vezes em três meses uma especialização e, num pouco mais de tempo, duas especializações. 

A formação em Educação Especial deve implicar um elevado grau de qualidade antes de mais porque se trata de uma formação para pessoas que já são professores e, em segundo lugar, porque estes formandos devem contribuir para a resolução de problemas complexos de aprendizagem que necessitam de uma intervenção mais cuidada. 

Assim: 

A Pró – Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial apela ao Ministério da Educação para que seja rapidamente feito um relatório sobre a oferta de formação em EE. É imprescindível também que seja exercido um controlo estrito (nomeadamente através da A3ES) sobre os cursos que frequentemente não cumprem “o que está no papel”. 

É importante que se volte a discutir os contornos desta formação, nomeadamente a necessidade de prática pedagógica prévia à frequência da especialização em Educação Especial, a obrigatoriedade de prática supervisionada e uma análise dos currículos e do corpo docente de forma a assegurar a qualidade nesta formação. 

Por: A Direção da PRÓ– INCLUSÃO - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

In: Editorial da Newsletter nº 71 da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

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