E quantas passadeiras para peões têm os lancis dos passeios rampeados ou rebaixados ajustados à circulação de pessoas com mobilidade reduzida que recorrem a cadeira de rodas?
E quantas caixas Multibanco são acessíveis a pessoas na mesma situação?
E quantas passeios estão ocupados pelos nossos carrinhos, com mobiliário urbano erradamente colocado, degradados, criando dificuldades enormes a toda a gente e em particular a pessoas com mobilidade reduzida?
E quantos programas televisivos disponibilizam Língua Gestual Portuguesa tornando-os acessíveis à população surda?
E quantas crianças e adolescentes com necessidades especiais não acedem aos apoios especializados de que necessitam?
E quantas famílias de crianças com necessidades especiais não acedem a apoios sociais que lhes permitam responder às necessidades dos filhos?
E quantas crianças ou jovens com necessidades especiais vêem negado o direito à educação de qualidade por falta de recursos técnicos, humanos, incluindo pessoal auxiliar?
E quantos jovens e jovens adultos com necessidades especiais estão a ser excluídos da participação na vida das comunidades a que pertencem com o suporte de uma legislação e modelos de serviços que os destrata?
E ...
Na verdade, apesar do muito que já caminhámos, as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, bem como as suas famílias e técnicos sabem, sentem, que a sua vida é uma árdua e espinhos prova de obstáculos muitos deles inultrapassáveis.
Lamentavelmente, boa parte dessas dificuldades decorre do que as comunidades e as suas lideranças, políticas por exemplo, entendem ser os direitos, o bem comum e bem estar das pessoas, de todas as pessoas.
Texto de Zé Morgado
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