A primeira «Cadeira Móvel Autónoma» portuguesa é amanhã apresentada no Instituto Politécnico de Leiria (IP Leiria). Este é um projeto do departamento de Engenharia Informática (DEI) da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) que permite o controlo de uma cadeira de rodas convencional por voz e pelo movimento dos olhos.
Uma das vantagens desta cadeira é “providenciar um pouco mais de condições de vida a quem mais precisa”, afirma João da Silva Pereira ao Ciência Hoje.
Outra vantagem, continua o coordenador do projeto, “é o preço”. E explica: “O custo de uma cadeira de rodas elétrica ronda os três mil euros e não possui qualquer tipo de processamento ‘inteligente’ de dados”, isto é, controlo por comandos por voz, controlo por movimento ocular, deteção de obstáculos, etc. Já o custo estimado de produção deste protótipo “versátil e inteligente”deverá ser de “mil euros, incluindo computador portátil, sensores e webcams, motores e baterias”.
Uma terceira vantagem “é o facto de ser um kit amovível”, ou seja, deverá ser possível acoplar e remover o módulo de motorização amovível a uma cadeira de rodas convencional, sublinha.
A ideia para este projecto surgiu no âmbito da disciplina «Projeto de Informática para a Saúde» onde foi proposto aos estudantes de 3.º ano do curso Informática para a Saúde que aliassem as novas tecnologias à área da saúde.
“Limitei-me a propor aos meus estudantes uma aplicação que pudesse suportar um sistema modular de controlo de movimentação autónoma de uma cadeira de rodas”, afirma João da Silva Pereira.“Adicionalmente, esse projeto tinha de ser de baixo custo”, acrescenta.
A ideia foi desenvolvida durante quatro meses sob orientação de João da Silva Pereira, que dividiu os estudantes Catarina Curioso, Duarte Ferreira, Flávia Simão, Inês Grenha, Mauro Pinheiro, Nuno das Santos, Silvia Fernandes e Tiago Neves em quatro grupos de trabalho designados por módulos.
“O grupo de estudantes do módulo I foi responsável pelo controlo dos motores; módulo II ficou com os comandos de voz; o módulo III tratou do reconhecimento dos movimentos oculares; e o último módulo encarregou-se da detecção de obstáculos por processamento de imagens”, descreve o professor.
O software utilizado foi o Labview 2010, “linguagem que se adapta facilmente ao desenvolvimento rápido de aplicações que conjuguem software e hardware”. Assim, em três semanas os estudantes concluíram a aprendizagem dessa nova linguagem de programação e nos três meses seguintes puderam concluir e mostrar uma primeira versão do protótipo.
Terminado o projeto, João da Silva Pereira encarregou-se de fundir e adaptar as quatro aplicações dos módulos.
Uma vez que se trata ainda apenas de um protótipo funcional, João da Silva Pereira e os estudantes do curso de Informática para a Saúde vão “fazer todos os esforços para angariar parceiros e financiamento para criar um produto desta ideia”. Assim sendo, os próximos passos na investigação incluem “refinar o protótipo, com a colaboração das áreas da Engenharia Mecânica e Eletrotécnica, para a produção da estrutura física amovível e respectivo equipamento eléctrico optimizado ao peso e portabilidade deste kit”.
In: Ciências Hoje
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