sábado, 31 de março de 2012

“María e Eu”, uma banda desenhada sobre autismo

Já tínhamos visto o documentário. Agora chega a Portugal o livro de BD com a história de Miguel Gallardo e da filha María

O ilustrador espanhol Miguel Gallardo desenhou a história da filha María, autista, e o seu relacionamento com a sociedade, num livro editado este mês em Portugal e apresentado em Lisboa, segunda-feira, Dia Mundial da Consciencialização do Autismo.

“María e Eu”, editado pela Asa, foi publicado em Espanha em 2008, quando María tinha 12 anos. O autor relata uma semana de férias com a filha, descrevendo as características particulares de quem é autista e a forma como os outros olham para ela, precisamente por causa do autismo.

“Não há quem fale nisto na primeira pessoa e com esta sensibilidade, por isso eu tinha que o publicar. Não é lamechas e tem sentido de humor”, explicou a editora Maria José Pereira à Agência Lusa.

O livro valeu a Miguel Gallardo um prémio e duas nomeações na área da banda desenhada, em Espanha, foi adaptado para um documentário (apresentado no ano passado em Lisboa) e pode ser visto como “um relato, um livro de ajuda, um livro de banda desenhada”, disse a editora. “Um manual não convencional para educadores e profissionais que têm que lidar com este tipo de problemas”, referiu.

Miguel Gallardo apresenta uma mancha gráfica que usa habitualmente com a filha María, imagens simples e inequívocas que relatam os rituais da filha, manifestações de alegria ou tristeza e alguns dos comportamentos de quem sofre desta síndrome. O autor também desenhou as caras de quem não sabe lidar com María, de quem tem medo do desconhecido, da estranheza. “Gosto de desenhar para ela e que isso seja uma forma de comunicarmos”, escreveu Miguel Gallardo.

Os direitos das pessoas

“María e Eu” será apresentado na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, numa sessão que assinala o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, organizada pela Federação Portuguesa de Autismo. No encontro serão debatidos os direitos das pessoas com autismo, com a presença de vários especialistas na área.

A presidente da Federação Portuguesa de Autismo, Isabel Cottinelli Telmo, considera aquele livro mais um instrumento para ajudar a explicar o que significa uma criança ter uma perturbação do desenvolvimento relacionada com o autismo. “É um livro interessante para as crianças mais velhas, talvez do terceiro e quarto ciclos, porque têm mais dificuldade em aceitar as pessoas autistas”.

No encontro em Lisboa, além do lançamento do livro, decorrerão debates com pediatras, pais, técnicos profissionais e representantes das várias associações que integram a Federação Portuguesa de Autismo.

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