Estes pais tiveram a coragem de partilhar a história dos seus filhos com o ministro. Enviaram-lhe mais de 100 mensagens contando quem são, mostrando que como qualquer criança têm nome, rosto, amigos e que gostam de ir à escola.
Corte-se. É assim que governam. Não há área que escape impune e de corte em corte vamos vendo arrasadas as nossas vidas. Uma escola com turmas de 20 alunos? Cortem-se turmas e aumente-se o número de alunos em cada uma. Poupa-se no professor, as crianças ficam prejudicadas, mas é a crise. E é assim para tudo. O ensino especial não é exceção. As crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) têm sido um alvo deste governo. São dispendiosas, requerem (mais) atenção... corte-se!
Passado mais de um mês do início das aulas ainda são muitos os professores por colocar e muitos são os alunos que não podem ir à escola. Alunos que podem não ser como os outros, mas que são tão cidadãos e com tantos direitos como qualquer um de nós, como qualquer uma das crianças dentro da sala de aula.
O Ministro Nuno Crato numa entrevista à SIC, dia 12 de Outubro, teve a insensibilidade e a desfaçatez de dizer que "(...) eles [os alunos com NEE] estão integrados nas turmas, mas não estão (...) pertencem à turma, mas dadas as suas necessidades, eles na realidade não convivem com os alunos dessa turma (...) É mais uma questão administrativa (...)".
Um grupo de onze associações de pais com filhos com deficiência uniram-se depois destas declarações e decidiram tomar ação denunciando a falta de cumprimento dos princípios base da escola inclusiva. Exigem a redução do número de alunos por turmas para 20 como previsto na lei, e a colocação dos professores de ensino especial que faltam, para que muitos dos seus filhos possam ir à escola.
Estes pais tiveram a coragem de partilhar a história dos seus filhos com o ministro. Enviaram-lhe mais de 100 mensagens contando quem são, mostrando que como qualquer criança têm nome, rosto, amigos e que gostam de ir à escola. Que é lá que aprendem, que é na escola e com a integração numa turma regular que se desenvolvem e que não são meras questões administrativas.
A integração destas crianças numa sala de sala regular não é só benéfico para elas, mas para todos. A sociedade é composta por todos e todos devem ter parte nela. Se as crianças estão na escola para aprender não só a matéria mas também o que é a convivência em sociedade, negar-lhes a partilha desta realidade é torná-los mais pobres, mais ignorantes.
E é isso que choca nas declarações do ministro. É a segregação insinuada. É o pensamento fascista.
Estes pais coragem que enviaram as mensagens dos seus filhos ao ministro, merecem todo o apoio e uma resposta clara, porque nenhuma criança é uma mera questão administrativa. A aposta na educação é uma aposta no futuro de todos. A integração destas crianças hoje na escola será a integração delas mais tarde na sociedade. Uma sociedade que com a participação de todos só poderá ser mais forte.
Eu também deixo um recado ao ministro por parte dos meus filhos: “Somos a Marta e o Rodrigo, temos 12 e 8 anos. Andamos em escolas públicas em Lisboa. Todos os dias convivemos e aprendemos com os colegas com necessidades educativas especiais que temos na sala de aula. Todos somos alunos das nossas escolas. Não somos nem queremos ser uma mera questão administrativa”.
Corte-se no ministro.
Por: Rita Gorgulho
In: Esquerda.Net
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