quinta-feira, 5 de julho de 2012

A ESCOLA PODE CONTER CASTIGOS MAS NÃO PODE SER UM CASTIGO

No Calendário Escolar definido pelo MEC consta a possibilidade de que alunos do 4º ano em risco de insucesso prolonguem as suas aulas por três semanas, no que o MEC chama de “acompanhamento extraordinário”, ou seja, os alunos com aproveitamento acabam o trabalho e os “preguiçosos” e “calaceiros” ficam de castigo mais três semaninhas. Parece-me pouco, de pequeno é que se aprende a ter produtividade, a fazer pela vida, de modo que deveriam não ter férias e ir trabalhar prestando serviços à comunidade, é o que essa malandragem merecia.

A medida que certamente merecerá o aplauso de muitos, é populista, vende bem e é coerente com o ideário do Ministro Crato, quando os miúdos não funcionam, castigam-se, ou eles ou os pais. Também é verdade que não merecerá a concordância de alguns, é o meu caso.

Muitas vezes tenho afirmado que às dificuldades dos miúdos, para além da óbvia necessidade de trabalho, é fundamental o apoio, a alunos e a professores. Não basta mais trabalho, mais do mesmo, para que as coisas funcionem bem.

Assim, quando se detectam dificuldades nos miúdos deveriam ser mobilizados recursos de apoio quer a alunos quer a professores, podendo até implicar para o aluno trabalho acrescido mas, dentro do calendário de todos os outros, ou seja, ao longo do ano.

Esperar que o ano acabe, identificar situações de risco e castigar os alunos com mais três semanas de aula é, obviamente mais barato, os professores já não têm os outros alunos e ensinam os “calaceiros”, sendo, portanto, uma notável jogada de manha política, o Ministro Crato aprendeu depressa. Poupa recursos nos apoios educativos que deveriam ser prestados durante o ano e castiga os preguiçosos, algo sempre bem visto.

A escola pode conter castigos mas a escola não pode ser um castigo. Alguns acham que sim, para os filhos dos outros.

Por: Zé Morgado


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