O atleta paralímpico Alexandrino Silva disputou, dia 22, a Grandma’s Marathon, em Duluth, nos Estados Unidos, completando a distância em 1h37m37s, um registo que lhe permite a reentrada no projeto Paralímpico. À chegada a Portugal, o atleta desvalorizou o valor da marca alcançada e lançou duras críticas à Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD): “Sei que consigo fazer muito melhor. Infelizmente desde há algum tempo, que não corro apenas contra o relógio. Querem matar a modalidade e estão prestes a conseguir.”
O atleta natural de Vilar do Monte, em Barcelos, foi proposto pela Associação Nacional de Desporto Deficientes Motores (ANDDEMOT), para integrar a comitiva nacional, ao Campeonato do Mundo de Atletismo Paralímpico, que se realiza em Lyon, de 18 a 29 de julho. “Um dia antes de ter viajado para os Estados Unidos, recebo uma chamada da FPDD a questionar-me se queria integrar a comitiva. Se sim, se estava disposto a pagar do próprio bolso a minha presença no Campeonato do Mundo. Como é óbvio disse que não, já suportei do meu bolso este ano, duas provas internacionais, para tentar fazer mínimos. O pior de tudo é que, quando chego aos Estados Unidos, vi na minha caixa de correio eletrónica a convocatória. O meu nome não estava lá”, adianta, frisando ainda que “este é já o segundo ano em que o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) deixa atletas da área motora fora das competições. Esta situação é uma vergonha, porque o lema do CPP é Igualdade, Inclusão e Excelência Desportiva”.
Alexandrino Silva, que é membro da Associação Nacional de Atletismo em Cadeira de Rodas (ANACR), presidida por Mário Trindade, refere ainda já ter falado com a ANDDEMOT, que pediu explicações para o sucedido. “Mesmo que venham a dar-lhes razão, fico mais uma vez em terra depois de milhares de euros gastos, para apenas me deixarem competir com as cores nacionais”, conclui o atleta barcelense
Confrontado com as notícias, João Correia – Coordenador Técnico de Atletismo para a área motora – confirma que foram cometidas várias irregularidades pela FPDD ao longo dos últimos meses. “É com manifesto desagrado que tenho acompanhado de perto o processo do atleta em questão, que não é uma situação nova, de desrespeito hierárquico para com esta instituição. Existiram falhas graves, prontamente reportadas às entidades responsáveis.”, adianta João Correia, dado que cabe à ANDDEMOT coordenar todo o desporto paralímpico na área motora, estando esta entidade disposta a convocar Alexandrino Silva.
Questionado sobre os próximos passos a tomar pela ANDDEMOT, João Correia, responde que “as situações foram reportadas e teremos que aguardar por uma resposta. O que se passou com o Alexandrino Silva, jamais deveria ter acontecido, principalmente em vésperas de disputar uma importante competição.” lamenta.
In: Record
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