A busca por emprego é difícil para qualquer estudante que ainda não tem experiência e que acabou de sair da universidade. Em tempos de crise, a incerteza de alcançar uma posição segura no mercado de trabalho é ainda maior. Para estudantes com alguma necessidade especial pode ser um desafio ainda mais rigoroso. Neste caso, não é somente questões como ter frequentado um curso de inglês, ter um currículo recheado de experiências, ter concluído o curso em uma renomada faculdade, o grande desafio aqui é encontrar empresas que estejam dispostas a contratá-los.
O QUE A SOCIEDADE PODE FAZER PARA AUMENTAR A OPORTUNIDADE PARA ESSE SEGMENTO? COMO FAZÊ-LAS SURGIREM?
Alguns países defendem vagas para esses profissionais através de leis e cotas, mas não só assim é possível. Fiscalização é necessária para colocar em prática o que as leis defendem. Mas o comportamento da sociedade faz a diferença. Ter a conciência de que pessoas com necessidades especiais podem certamente realizar diversas funções, e muito bem. Alguns empresários tomam iniciativas que valem a pena serem seguidas por outras pessoas.
Existem espaços como restaurantes, bares e centros culturais que contam com a maior parte de seus funcionários profissionais surdos. O limite da comunicação na fala passa a ser um diferencial e acaba dando um resultado atrativo e de troca de experiências com o público falante. E como acontece? Algumas empresas oferecem cotas, mas outras fazem ainda melhor, realizam projetos de inclusão como um restaurante onde todos os garçons e garçonetes são deficientes auditivos.
VAMOS CONHECER ALGUNS LOCAIS AO REDOR DO MUNDO QUE TIVERAM ESSA INICATIVA E QUE O RESULTADO É SATISFATÓRIO?
Um exemplo que dá certo é uma cafeteria onde todos os atendentes são surdos. O endereço é em Praga, capital da República Checa, chama-se Tichá Kavarna, em checo “Café Silencioso”. Ao invés de um dobrý den(bom dia), um sorriso é sempre as boas vindas para os clientes. Em cada mesa há um bastão de duas cores, vermelha e verde, cada uma tem um significado. Quando o cliente quer fazer seu pedido coloca a parte vermelha para cima, quando quer pagar, a parte verde, ou se não precisa de nada deita o bastão sobre a mesa. Uma maneira simples de comunicação através desses sinais. Para fazer o pedido basta apontar o item no menu e protamente você terá seu prato escolhido. O engraçado é que é uma opção para turistas que não falam checo e podem aproveitar um local sem precisar falar a difícil língua deste país do leste europeu.
Já na França o Restaurante Café Signes tem parte de seus funcionários surdos. Lá a maniera de chamá-los é bem engraçada, mexer as mãos, bater no braço, fazer sinais e até acionar um sinal luminoso. Se você sabe a linguagem dos sinais, é um bom momento para praticá-la. A ideia tem origem em um programa realizado pela Entraide Universitaire, que desde 1954 ajuda crianças, adolescentes e adultos com necessidades especias. Na capital francesa há também o projeto Esat Jean Moulin, um centro profissional de trabalho para especialização dos surdos. O centro foi aberto em 1986 com a iniciativa de criar oportunidades no comércio e gerar empregos.
PROGRAMAÇÃO CULTURAL ALÉM DAS REFEIÇÕES
Partindo para a Bolonha na Itália, conhecemos o Senza Nome (Sem Nome), dirigido por um casal de surdos, o local é um endereço certo não só para uma saborosa refeição, mas também oferece uma vasta programação cultural voltada à linguagem dos sinais e às artes visuais, com exposições e encontros culturais. Além de workshops sobre as línguas gestuais. Uma prova que uma ideia puxa outra, o Senza passou a ser ponto de encontro também para quem tem interesse em aprender a linguagem dos sinais.
Também com culinária italiana o Mozzeria é propriedade de um casal surdo. Mas as delícias da Itália ficam em outro país, o endereço é os Estados Unidos. A dona é japonesa e fez cursos de culinária na Itália e abriu junto com o marido o restaurante em São Francisco. Lá emprega pessoas que sabem a linguagem dos sinais, mesmo não sendo sudos.
O que dizer de um restaurante onde não só os garçons são surdos, mas todos os cozinheiros e baristas também são? Pois é, essa foi a ideia de um casal norte-americano que abriu o negócio em Hanoi, no Vietnã. É o Bread of Life. Parte do lucro, segundo os proprietários, vai para ajudar projetos sociais de inclusão no país. São ao todo 22 funcionários surdos. Você conhece algum lugar assim na sua cidade?
Vemos que iniciativas como essas fazem a diferença. Não há limites, já existem corais de surdos, programas de TV, peças de teatro, hinos em sinais, festas, discotecas realizadas especificamente para esse público. Uma prova que no silêncio há muita criatividade e talento.
Por: Roberta Clarissa Leite para o GritodeMudança e que escreve também para os sites Seguro Viagem e Faculdade.net
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