Apesar do título, não tenho, evidentemente, qualquer expectativa de que o Ministro da Examinação venha pedir desculpa publicamente pela proposta de uma Prova deAvaliação de Conhecimentos e Capacidades que permita o acesso à carreira de professores a ... Professores que já são professores, com prática avaliada, há muitos anos. O modelo de prova apresentado, considerando os objectivos a que se propõe, não é uma Prova, é um insulto, daí, de novo e de forma ainda mais veemente, a exigência de um pedido de desculpas.
Nuno Crato não vai apresentar este pedido de desculpas pois tal procedimento solicita integridade ética, a humildade e a competência que nos permite perceber quando erramos, bens obviamente ausentes do património do Ministro, enquanto Ministro, naturalmente, cujo discurso é pautado pela arrogância, incompetência e manha, para além de informado por uma agenda que tem pouco a ver com a sempre presente nas suas afirmações, qualidade, rigor e excelência no que respeita à escola pública.
Não é preciso, como o Público fez num exercício que nos deixa incomodados, pedir a adolescentes ou a estudantes de Ciências da Educação para resolverem a prova na componente "escolha múltipla" (80% do valor da prova) o que fizeram com sucesso, para perceber a dimensão anedótica mas trágica na sua essência da Prova com que se pretende torturar os professores.
Também não é necessário mobilizar conhecimento muito sofisticado na área da Avaliação ou dos conteúdos e competências exigidas para a função professor. Poderemos discorrer de forma empenhada sobre outras alternativas de avaliação para candidatos à entrada na profissão ou de avaliação de professores já em função. Nada do que se pode, deve, considerar tem a mínima relação com a Prova apresentada pelo Ministro Nuno Crato. O modelo de Prova apresentado é algo de surreal, não merece, deste ponto de vista, muitos comentários, é demasiado mau o que temos para reflectir.
Não sei como todo este processo irá acabar mas tenho uma certeza. A sua realização da Prova nestes termos e circunstância corresponde a um dos mais negros episódios da política educativa(?) das últimas décadas.
Só mesmo uma fortíssima mobilização dos professores, de todos os professores, sobretudo dos que vão avaliar pois os candidatos estão numa situação mais vulnerável, poderá evitar tal desastre.
Será possível?
Texto de Zé Morgado
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