Vasco Gomes, hoje actor, tinha 16 anos quando foi vítima de bullying na estação de comboios de Carcavelos. Lembra-se de ter sido abordado por um "homem mais velho", que o tratou com violência e o obrigou a abrir a mochila, onde trazia vários malabares. Depois, foi obrigado a fazer malabarismo. "Subitamente, uma coisa que fazia com prazer tornou-se num momento de grande humilhação e violência", recorda. O actor, de 31 anos, que cresceu na zona de Lisboa, admite que este nem é o único episódio de bullying que consta do seu currículo. Mas foi o mais marcante e o que acabou por dar origem a "Pira te", uma peça de teatro que a companhia Erva Daninha, do Porto, levou ao palco este mês, na Academia de Música de Espinho.
Uma história biográfica que aborda o fenómeno da violência juvenil e em que se cruzam o teatro, as artes circenses, o texto e a música ao vivo. Ao mesmo tempo, "Pira te" é uma viagem "que acaba em solidão", conduzida por entre o medo, a humilhação e a injustiça.
A peça "De repente começou a empurrar-me e a bater-me, tirou tudo aquilo que eu tinha nos bolsos e mandou para o chão. Depois de me obrigar a fazer malabarismos pegou na minha mochila. Entrámos no comboio, ele ameaçou-me, antes de as portas fecharem saí. Era de noite e fiquei novamente sozinho." Em palco, a história começa assim. Vasco Gomes interpreta a peça e sobe ao palco com Pedro Chamurra, músico.
Mas antes de subir à cena, a experiência real do actor foi completada com um verdadeiro trabalho de investigação que envolveu relatos de jovens vítimas de violência, psicólogos e professores. "Todo este trabalho foi importante para alargar o universo da história que é contada e para sairmos também do nosso umbigo", explica o actor. Durante semanas a fio, a companhia passou a pente fino o fenómeno da violência juvenil. "Lemos livros, vimos dezenas de filmes e documentários. Foi quase um trabalho jornalístico", acrescenta Vasco Gomes.
Em palco, a peça é narrada em três fases. As mesmas três fases que, acredita o actor, estão presentes no fenómeno do bullying. "Primeiro, há a dimensão do indivíduo que sofre a violência e o momento em que a violência acontece, depois a fase em que o indivíduo se torna violento com os outros ou consigo próprio, e depois uma fase de absoluta solidão", descreve.
A peça, a primeira da companhia Erva Daninha financiada pelo Ministério da Cultura, estreou no início de Setembro em Vila do Conde e já passou por Aveiro. Mas foi a primeira vez, esta semana, que foi apresentada a escolas. "Queremos abordar a intensidade do fenómeno junto dos mais jovens, mas sem transmitir moralidade ou conclusões", acrescenta Vasco Gomes. O objectivo é, antes, "fomentar o debate em torno da violência juvenil" no seio da comunidade escolar. E também junto do grande público. "Queremos despertar as pessoas para uma realidade que tantas vezes fica guardada e que muitos de nós conhecemos e partilhamos", acrescenta.
"A violência pela violência, a desvalorização da vida humana, a necessidade de afirmação, a inferiorização do outro e a passividade de quem observa fazem parte da nossa realidade e marcam o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades", acredita o actor. Depois de Espinho, "Pira te" vai estar em digressão durante o próximo ano.
Uma história biográfica que aborda o fenómeno da violência juvenil e em que se cruzam o teatro, as artes circenses, o texto e a música ao vivo. Ao mesmo tempo, "Pira te" é uma viagem "que acaba em solidão", conduzida por entre o medo, a humilhação e a injustiça.
A peça "De repente começou a empurrar-me e a bater-me, tirou tudo aquilo que eu tinha nos bolsos e mandou para o chão. Depois de me obrigar a fazer malabarismos pegou na minha mochila. Entrámos no comboio, ele ameaçou-me, antes de as portas fecharem saí. Era de noite e fiquei novamente sozinho." Em palco, a história começa assim. Vasco Gomes interpreta a peça e sobe ao palco com Pedro Chamurra, músico.
Mas antes de subir à cena, a experiência real do actor foi completada com um verdadeiro trabalho de investigação que envolveu relatos de jovens vítimas de violência, psicólogos e professores. "Todo este trabalho foi importante para alargar o universo da história que é contada e para sairmos também do nosso umbigo", explica o actor. Durante semanas a fio, a companhia passou a pente fino o fenómeno da violência juvenil. "Lemos livros, vimos dezenas de filmes e documentários. Foi quase um trabalho jornalístico", acrescenta Vasco Gomes.
Em palco, a peça é narrada em três fases. As mesmas três fases que, acredita o actor, estão presentes no fenómeno do bullying. "Primeiro, há a dimensão do indivíduo que sofre a violência e o momento em que a violência acontece, depois a fase em que o indivíduo se torna violento com os outros ou consigo próprio, e depois uma fase de absoluta solidão", descreve.
A peça, a primeira da companhia Erva Daninha financiada pelo Ministério da Cultura, estreou no início de Setembro em Vila do Conde e já passou por Aveiro. Mas foi a primeira vez, esta semana, que foi apresentada a escolas. "Queremos abordar a intensidade do fenómeno junto dos mais jovens, mas sem transmitir moralidade ou conclusões", acrescenta Vasco Gomes. O objectivo é, antes, "fomentar o debate em torno da violência juvenil" no seio da comunidade escolar. E também junto do grande público. "Queremos despertar as pessoas para uma realidade que tantas vezes fica guardada e que muitos de nós conhecemos e partilhamos", acrescenta.
"A violência pela violência, a desvalorização da vida humana, a necessidade de afirmação, a inferiorização do outro e a passividade de quem observa fazem parte da nossa realidade e marcam o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades", acredita o actor. Depois de Espinho, "Pira te" vai estar em digressão durante o próximo ano.
In: I online
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