terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Algo vai mal no Reino da Dinamarca

No meu deambular pelo Brasil das escolas onde reaprendo o ofício de educador, começo por pedir aos professores que façam uma leitura do Projecto Educativo (no Brasil é designado por Projeto Político-Pedagógico) da sua escola, dele extraindo os princípios que contém. Depois, proponho aos professores que procedam a uma análise crítica do Regulamento Interno (no Brasil tem o nome de Regimento), verificando a sua coerência com o enunciado de princípios. Conclusão: raramente o Projeto e o Regulamento coincidem nas intenções e nos gestos... Finalmente sugiro aos professores que façam esboços de perfis de aluno e de professor, que sejam coerentes com o "espírito" do Projeto, que comparem o conteúdo do Projeto com as suas práticas, e o conteúdo dos perfis com a cultura pessoal e profissional daqueles que vivem o drama escolar... Quando este primeiro ciclo de reflexão se completa, o incómodo é evidente. 

Esse incómodo pode dar lugar a uma de duas atitudes por parte do professor: manter-se incoerente, ou refletir e mudar a sua prática. Nas escolas que tenho o privilégio de acompanhar no Brasil, predomina a segunda das atitudes. Lenta e responsavelmente, os educadores encetam processos de mudança, recriam dispositivos pedagógicos, substituem obsoletas práticas por uma nova cultura. 

Rumei a Portugal, para brincar com os meus netos e mitigar saudades de familiares, amigos e... da Ponte. Esperava algo diferente, pra melhor. No início de mais um ano letivo, visitei escolas, conversei com professores. O contraste com o Brasil é evidente. As escolas portuguesas mantêm-se cativas de labirintos burocráticos e os professores sobrevivem enredados em obsoletas práticas. O sistema educativo português continua tão decrépito como há cem anos. Entre operações de cosmética e quejandos, a cegueira branca não permite ver que algo vai mal no Reino da Dinamarca...

As exceções (porque nem tudo vai mal no Reino...) não servem de referência para funcionários rotinados. Os escassos projetos, que poderiam constituir-se em referência, são desgastados por subtis manobras administrativas. Apesar dos dinheiros, que a Europa prodigamente injetou num ancilosado sistema educativo, a preparação para o exercício da profissão de professor continua tão pobre como era antes da adesão à Europa dos ricos. E os mega-agrupamentos surgem como corolário de uma autonomia de faz de conta.

Como alguém já disse, um país sucumbe quando o grau de incivilidade dos cidadãos ultrapassa limites toleráveis. A TV é reflexo da crise civilizacional que o meu país atravessa. Alinhados com uma programação imbecil, os debates, supostamente, sobre educação descem ao nível da indigência mental. Lá estão os "especialistas" de sempre, sempre com o mesmo discurso. 

Para ouvintes descontentes com a situação, mas pedagogicamente desarmados, esses "especialistas" exibem um linguarejar tão fluente quanto pedagogicamente vazio e a roçar o absurdo. Esses "especialistas" ignorantes do que sejam as ciências da educação creem-se sábios, quando não passam de uns irresponsáveis, cujas intervenções somente contribuem para gerar confusão e sedimentar vícios. À semelhança do professor Marcelo, se essas criaturas tanto apreciam exames e classificações, numa escala de zero a vinte, dar-lhes-ia vinte em Retórica e zero em Pedagogia. E, porque - desgraçadamente para a Educação deste país - continuarão a ter lugar cativo na TV, não auguro significativas mudanças. Temo que a Educação continue doente no Reino da Dinamarca.

Por: José Pacheco

In: Educare

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Formação nas áreas das Tecnologias da Informação e Comunicação, Braile, Orientação e Mobilidade

A ACAPO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, através do Departamento de Apoio ao Emprego e Formação Profissional (DAEFP), vai promover no 1º semestre de 2012, diversos cursos de formação, nas áreas das Tecnologias da Informação e Comunicação, Braile, Orientação e Mobilidade dirigidos à comunidade em geral, nas cidades de Braga, Coimbra, Lisboa e Porto.

Os programas dos cursos e outras informações adicionais podem ser consultados através do link http://www.acapo.pt/

In: INR


II Congresso Ibero-Americano de Educação Bilingue para Surdos

Entre 24 e 28 de abril de 2012, realizar-se-á em Assunção, Paraguai, o II Congresso Ibero-Americano de Educação Bilingue para Surdos, que irá analisar a situação das pessoas surdas na sociedade em geral e, particularmente, ao nível das políticas educativas. 

Alguns países da América Latina já confirmaram a presença neste evento, assim como EUA, Suécia, Espanha, França e Alemanha.

Mais informações relacionadas com este evento poderão ser obtidas no seguinte endereço eletrónico:


In: INR

sábado, 28 de janeiro de 2012

Lançamento do livro "Educação Inclusiva: dos conceitos às práticas de formação"


Convite para o lançamento do livro "Educação Inclusiva: dos conceitos às práticas de formação" - David Rodrigues (org.). 2 de Fevereiro, às 18h15, sala 7 do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. 

Apareçam!




sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Hospital

Corredores sem fim, enfermarias, ginásios de fisioterapia. O dia-a-dia no hospital, onde os doentes são utentes. Ninguém vem aqui para morrer, mas para reaprender a viver. Um acidente, um AVC, diabetes... A esperança numa segunda vida. Francisca tem 21 anos. Fotografias dos tempos de modelo e uma perna de alumínio. Nada lhe amputa o sorriso. Cristiano esteve oito meses em coma. Agora, redescobre como se pisca o olho às miúdas. Manuela é bailarina, o sonho pôde mais do que a cadeira de rodas. O Centro de Reabilitação de Alcoitão é uma realidade à parte. O mundo, esse, fica à porta.


"Quase todos nós, num momento da vida, vamos ter temporária ou permanentemente algum tipo de deficiência."


Margaret Chan

Diretora - Geral da Organização Mundial de Saúde


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ciclo de sábados – “Falando com quem Faz”


Com o objetivo de continuar a contribuir para a disseminação das práticas pedagógicas, das reflexões e dos trabalhos em prol da Educação inclusiva, a Pró-Inclusão: ANDEE irá iniciar já no próximo dia 11 de Fevereiro o ciclo de sábados – “Falando com quem Faz” que irá decorrer no Instituto Piaget de Almada. Este ciclo de sábados será gratuito para os associados com quotas regularizadas e para os não associados o valor é de 10€. O pagamento poderá ser efetuado no local ou por transferência bancária para o NIB: 0036 0106 99100042329 74-

As inscrições deverão ser feitas para o e-mail: proandee@gmail.com

Calendarização 

11 FEVEREIRO
Dina Adónis
A prática do coaching na educação.

10 MARÇO
Ana Bénard da Costa
REDEinclusão - Funcionalidades e utilização

21 ABRIL
Joaquim Colôa
A comunicação não verbal e a intervenção com crianças com N.E.E.

12 MAIO
Joaquim Colôa
A comunicação não verbal e a intervenção com crianças com N.E.E. (Continuação)

JUNHO
Mafalda Leitão
Perturbações do sono nas problemáticas das N.E.E.

Observação: O ciclo de sábados foi proposto para acreditação (0,6 créditos) na modalidade seminário (15 horas). Aguardamos a aprovação.

In: Newsletter da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial de janeiro de 2012 (2ª Quinzena)

Sem preconceitos!


Maria João adoptou Bruno sem sequer o ver


In: SIC

Escola cobrar dinheiro para criança ter terapia é "uma ilegalidade e uma vergonha"

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF) considerou hoje uma ilegalidade e uma vergonha que uma escola cobre aos pais pelo aluguer de uma sala para a filha com Trissomia 21 ter terapia da fala.

“É ilegal e sendo uma criança com deficiência é uma vergonha. A escola, teoricamente, é inclusiva”, disse Mário Nogueira à agência Lusa.

Uma escola de Lisboa passou a cobrar dinheiro aos pais de uma criança deficiente para que esta possa continuar a ter sessões de terapia da fala no estabelecimento de ensino, alegando que os cuidados de saúde não são sua responsabilidade.

A escola “tem de aceitar os alunos e uma coisa era não ter condições, mas tendo uma sala, não podia fazer isso”, sustentou o sindicalista.

Carla Alves, mãe de Joana, uma criança com trissomia 21 de nove anos, disse à Lusa que a filha "praticamente não consegue dizer o seu nome" e que precisa de terapia da fala "pelo menos duas vezes por semana", uma necessidade que está expressa no seu plano educativo especial.

“Em primeiro lugar, a escola deveria ter essa resposta, não tendo, também não vale tudo. Sei que as escolas estão sem dinheiro, mas tem de haver limites. Não pode valer tudo ou a escola não cumpre a sua função”, declarou Nogueira.

Até agora, os pais têm pago a terapeuta da fala e têm podido usufruir de uma sala na Escola Básica Integrada Vasco da Gama, no Parque das Nações, onde a filha tinha sessões de terapia.

Na semana passada, uma mensagem de correio eletrónico "sem assunto" informou os pais de que "a cedência desse espaço passará a ter o custo de 10 euros por hora, caso se mantenha o interesse, caso contrário deixará de ser permitida a entrada da terapeuta".

A diretora do Agrupamento de Escolas Eça de Queiroz, a que pertence a Vasco da Gama, Maria José Soares, disse à Lusa que "a terapia da fala é um cuidado de saúde, não é competência da escola".

"Quando uma criança tem problemas de visão e precisa de óculos, não é competência da escola fornecer-lhe os óculos. Ou se a criança falasse mal porque precisava de aparelho, não era a escola que tinha que lho arranjar", argumentou.

Maria José Soares afirmou que se Joana tem "necessidade de cuidados de saúde que lhe melhorem o desempenho", os pais podem recorrer ao "aluguer de uma sala a um preço tabelado, mas com uma atenção especial".

Carla Alves afirma que os pais recusam pagar, invocando o decreto-lei de 2008 que regula o ensino especial e que estipula que as escolas devem adaptar "estratégias, recursos, conteúdos, processos, procedimentos e instrumentos" para incluir as crianças com necessidades educativas especiais.

A mãe de Joana garante que a filha precisa de terapia da fala para conseguir aprender e desenvolver as suas capacidades de comunicação, afirmando que os relatórios médicos que acompanham o seu processo assim o comprovam.

A diretora do agrupamento contrapõe que é "um problema pessoal de logística dos pais, a quem dá jeito deixar a criança na escola e que a terapeuta lá se desloque".

"Isto é o mesmo que eu precisar de uma costureira para me arranjar a roupa e pô-la a trabalhar aqui na escola", prosseguiu.

Maria José Soares afirmou que se trata de "uma escola pública com sobrelotação de salas" e negou que a escola tenha tomado esta atitude para "lesar uma criança".

In: I online

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Educação Inclusiva e Especial: Propostas de Melhoria do Sistema Educativo Documento enviado à Secretaria de Estado do Ensino Básico e Secundário

1 - Introdução
A Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial tem tido a preocupação de estabelecer um diálogo construtivo e frequente com as estruturas do Ministério da Educação, sobretudo as que tutelam a Educação Inclusiva e Especial (EIE).
Daríamos como exemplo, e só considerando o último ano, o envio de um “Memorando sobre Educação Inclusiva e Especial” enviado ao Ministério de Educação em Setembro de 2011, o envio das conclusões do 2º Congresso Internacional “Derrubar Barreiras. Construir Percursos” enviado em Novembro e a participação na reunião organizada pela Secretaria de Estado do Ensino Básico e Secundário no mesmo mês.
Em todos estes momentos, compartilhámos o melhor do nosso pensamento sobre a análise das políticas da EIE. Temos consciência que as posições da nossa associação, sobre as políticas de EIE, são no geral bem conhecidas, devendo talvez ser necessária a passagem para uma fase de discussão operacional.
Ainda no âmbito introdutório, cabe-nos notar que todo o processo de melhoria do sistema de apoio a alunos com dificuldades, muito beneficiaria de um processo avaliativo global e sistemático, monitorizando os dados estruturais e de opinião de forma a avaliar a utilidade das medidas e das reformas.
Conforme foi solicitado na reunião de Novembro organizada pela SEEBS a Pró-Inclusão: ANDEE vem apresentar, em aditamento à documentação entretanto produzida e enviada, as medidas que considera serem necessárias para melhorar o sistema de EIE no nosso país.


2 – Propostas
2.1 – Aprofundar a Educação Inclusiva
É nossa opinião e à semelhança do que se passa em outros países europeus no âmbito dos serviços de apoio aos alunos com necessidades específicas, que este deve ser um serviço que abrange toda a escola/agrupamento e de que possam beneficiar todos os alunos que, independentemente da gravidade ou da duração destas dificuldades, necessitem de apoio.
Neste aspeto e como temos vindo a afirmar repetidamente nos últimos cinco anos, consideramos que a utilização da CIF é desadequada para os fins que se propõe e que deveria ser rapidamente substituída por instrumentos de avaliação psicopedagógicos com referência ao currículo. A elegibilidade dos alunos para apoio, após constatadas as suas dificuldades, não deve ser condicionada pelo preenchimento que quaisquer condições adicionais.
Pensamos também que a criação de “Unidades” e “Escolas de Referência” na Escola Regular necessita de ser cuidadosamente monitorizada de modo a que estas estruturas estejam efetivamente ao serviço da educação inclusiva. Cabe também dizer que as Unidades não são senão uma das respostas aos alunos com dificuldades e não devem absorver os recursos alocados a outros modelos de atendimento (nomeadamente para os alunos abrangidos pela alínea e) do DL 3/2008, mas que não se enquadram nas UAAM ou UEE).
Para facilitar o desenvolvimento da educação inclusiva, sugerimos que a EE integre o Conselho Pedagógico do Agrupamento (neste momento fica ao livre arbítrio do diretor) e propomos que sejam (re)criadas estruturas de coordenação de apoios educativos interagrupamentos, o que permitirá uma utilização mais racional, efetiva e rentável dos recursos existentes.


2.2 – Melhorar a profissionalidade do professor de Educação Especial 
A ação do professor de EE destina-se a toda a escola/agrupamento no seu conjunto. O professor de EE deve ser um coordenador de serviços de apoio (que ele pode também prover) para todos os alunos com dificuldades escolares. Pensamos que é necessário que sejam levadas em conta as especificidades do trabalho do professor de EE no processo de avaliação docente. Pensamos, ainda, que é fundamental que os serviços de inspeção de educação incluam profissionais com formação em EE.


2.3 – Melhorar a articulação entre as escolas regulares e os CRIs 
A articulação entre as escolas regulares e os CRIs, deverá ser melhorada através de quatro medidas concretas: 1 - Situar na escola regular o financiamento para o apoio aos alunos com dificuldades; 2 - Clarificar a colaboração dos técnicos dos CRIs enquanto elementos cooperantes com as estruturas educativas regulares; 3 - Estudar formas de conceber e prover os serviços dos CRIs numa lógica inclusiva; 4 – Colocação atempada dos técnicos dos CRIs para preparação do ano letivo em articulação com todos os intervenientes no processo educativo;


2.4 – Melhorar os processos de transição para a vida pós-escolar 
Os PITs necessitam de uma profunda remodelação, de forma a poderem ser efetivamente cumpridos, sobretudo em função dos prazos e das medidas a que se propõem. Torna-se necessário sensibilizar as estruturas de formação profissional, para que possam acolher alunos com dificuldades nos seus cursos profissionais, bem como criar alguns cursos de nível 1 em articulação com estabelecimentos de ensino das áreas de influência. Com a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, dever-se-ia criar uma equipa de acompanhamento da implementação de respostas educativas adequadas à transição 1) dos alunos com NEE do 3º ciclo para o ensino secundário e 2) deste nível para a vida pós escolar.


2.5- Clarificar o Modelo de Intervenção Precoce 
Todo o processo de apoio a crianças no período pré-escolar, necessita de uma profunda e urgente reflexão, nomeadamente sobre a melhoria de serviços de IP, relação da IP com as escolas regulares, entidades que tutelam a IP (Segurança Social?, Educação?, Saúde?).
De salientar ainda que os recursos humanos são escassos, não existindo um levantamento nacional das necessidades e do nº de crianças a apoiar. Os critérios para o preenchimento de vagas para a IP do ME não são claros, nem a forma como esses recursos deverão ser geridos pelo agrupamento. Não existe ainda um modelo conceptual generalizado que possa orientar a operacionalização do serviço.


2.6 – Formação de professores
O Ministério de Educação deve clarificar (p. ex. através de contratos-programa) em coordenação com as estruturas de formação, a política de formação de professores de educação especial. Ao nível da formação contínua há necessidade de formação financiada e gratuita para todos os docentes na área das adequações curriculares. Há manifesta dificuldade na operacionalização deste conceito.


2.7 – Outros aspectos gerais
a) Clarificar os critérios e condições de elegibilidade para os CEIs (de alunos para a educação especial, nomeadamente para atribuição da alínea e) do D:L: 3/2008).
b) Proporcionar uma maior atenção aos serviços para que possam cumprir a sua vocação inclusiva. Referimos a esse propósito o exemplo dos transportes adaptados em que os alunos com dificuldades são transportados em veículos sem assistentes operacionais ou análogo. Outro exemplo são as dificuldades frequentemente encontradas pelos refeitórios das escolas em fornecer refeições diferenciadas.
c) Os recursos de TIC continuam a ser insuficientes. Neste particular a formação dos técnicos e o acompanhamento/supervisão dos processos educativos que usam TIC são Insatisfatórios. As escolas deveriam dispor de uma verba específica para ser usada na inclusão de alunos com dificuldades nomeadamente para a promoção de acessibilidades.
d) Seria necessário clarificar os critérios de colocação dos professores de educação especial bem como os de assistentes operacionais. O atual sistema de EIE foi desenvolvido num ambiente muito carenciado de diálogo.


Esperamos que esta nossa contribuição oferecida de forma franca e aberta possa ter repercussões e seguimento para o bem da equidade educativa em Portugal.

A Direção da Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

In: Newsletter Pró-Inclusão Janeiro de 2012 (2ª Quinzena)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sensibilizar para Educar: "Como Estabelecer Regras"



Sensibilizar para Educar
"Como Estabelecer Regras"


No dia 31 de janeiro (terça feira), 

pelas 18 horas e 30 minutos, 

o ATL do Pendão vai realizar uma Sessão para Pais subordinado à temática: 

Como Estabelecer Regras.


A Docente de Educação Especial,Ana Rosa Trindade 
irá partilhar connosco a sua experiência na área.

A sessão será realizada no ginásio do ATL do Pendão,
e gostaríamos muito de poder contar com a sua presença.

Sensibilizar para Educar - Práticas Parentais: O poder da atenção positiva


No dia 9 de Dezembro o ATL do Pendão, em conjunto com o docente Nelson Santos, organizou a primeira sessão para Pais subordinada à temática: Práticas Parentais: O poder da atenção positiva.



A primeira sessão contou com a presença do Docente Nelson Santos, responsável pelo projeto "Sensibilizar para Educar" e docente de educação especial, que apresentou os objetivos do projeto com os presentes e debateu alguns temas que levaram a uma reflexão em conjunto.


A atual educação estraga as crianças - Eduardo Sá

Foi assim que iniciou a sua palestra no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro, uma iniciativa promovida em colaboração por aquela instituição e pelo Centro de Formação Ria Formosa sobre o “Envolvimento Parental na Escola”. 

Perante um auditório com cerca de 280 pessoas, o conferencista afirmou que “a estrutura tecnocrática, em que se transformou a educação, faz mal” e criticou o “furor da formação técnica e científica” que levou ao esquecimento de que “o melhor do mundo não é a escola mas as pessoas e, em particular, as relações familiares”. Lamentando a ausência de uma lei de bases para a família e para a criança, Eduardo Sá lembrou que “há aspetos muito mais importantes do que a escola na vida das crianças”, como a família. “Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso”, lastimou, lembrando que “estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto”, esquecendo-nos de brincar com eles. 

O conferencista considerou que “criámos uma ideia absurda de desenvolvimento” e lembrou que “a vida não acaba aos 17 anos com a entrada no ensino superior”. “Só os alunos que tiveram pelo menos uma negativa no seu percurso educativo é que deviam entrar no ensino superior porque estamos a criar uma geração de pessoas imunodeprimidas”, defendeu, sustentando que “errar é aprender”. 

Eduardo Sá disse achar “uma estupidez” crermos que tecnocratas sejam “sempre mais inteligentes porque dominam a estatística”, “inacreditável” que “o mundo, hoje, privilegie o número à palavra” e um “escândalo” que, “nesta sociedade do conhecimento, não perguntemos até que ponto é que mais conhecimento representou mais humanidade”. “Este mundo está felizmente a morrer de morte natural. O futuro vão voltar a ser as pessoas”, congratulou-se, considerando a atual crise uma “oportunidade fantástica que temos a sorte de estar a viver”. “Esta crise representa o fim de um ciclo que aplaudo de pé. Este furor positivista está felizmente a morrer”, complementou, considerando que “o custo do positivismo foi a burocracia e a tecnocracia”.“Acho ótimo que possamos reabilitar algumas noções que parecem ferir os tecnocratas e que são preciosas para a natureza humana. Acho inacreditável que, depois do positivismo, a fé tenha passado de moda porque a fé é uma experiência de comunhão entre as pessoas”, acrescentou. 

Eduardo Sá defendeu que as “educações tecnológicas” possam dar lugar à “educação para o amor” como “a questão mais importante das nossas vidas”. “Acho fundamental que tenhamos a coragem, a ousadia e a verticalidade de dizer que a maior parte das pessoas se sente mal-amada e acho fundamental explicar aos nossos filhos que é mentira que acertemos no amor à primeira e que é notável aquilo que se passa dentro do nosso coração”, afirmou. 

Neste sentido afirmou que “devia ser proibido dizermos aos nossos filhos que se deve casar para sempre”. “Sempre que namoramos mais um bocadinho, casamo-nos mais um pouco e sempre que deixamos de namorar, divorciamo-nos em suaves prestações”, concretizou a provocação, considerando o casamento tão sagrado como frágil. “É uma experiência sagrada porque duas pessoas que decidem comungar-se é uma experiência tão preciosa que é sagrada, mas é frágil porque, às vezes, os pais estão tão preocupados com a educação dos filhos que se esquecem de namorar todos os dias”, lamentou, lembrando que “pais mal-amados tornam-se piores pais”. “É fundamental que a relação amorosa dos pais esteja em primeiro lugar, antes da relação dos pais com as crianças”, sustentou. 

Eduardo Sá defendeu que “as crianças devem sair o mais tarde possível de casa” e jardins de infância “tendencialmente gratuitos para todos”. “Não se compreende como é que a educação infantil e o ensino obrigatório não são a mesma coisa”, criticou, lamentando que os governantes, “nomeadamente a propósito da crise da natalidade”, não perguntem: “quanto é que uma família da classe média (se é que isso ainda existe em Portugal) precisa de ganhar para ter dois ou três filhos num jardim de infância”. 

O psicólogo defendeu ainda jardins de infância onde as crianças “brinquem e ouçam e contem histórias”, tenham educação física, educação musical e educação visual. “O ensino básico não é muito importante senão para que, para além de tudo isto, as crianças tenham português e matemática”, disse, considerando ser “mentira que as crianças não tenham competências para a aprendizagem da matemática”. “É ótimo brincar com a matemática mas a matemática sem o português torna-nos estúpidos. Não consigo entender que este país não acarinhe a língua materna”, criticou. 

Eduardo Sá disse ainda não achar que “mais escola seja melhor escola”, criticando os blocos de aulas de 90 minutos porque aulas expositivas daquela duração são “amigas dos défices de atenção”. “Acho um escândalo que as crianças comecem a trabalhar às 8h, terminem às 20h e que tenham, entre blocos de 90 minutos, 10 minutos de intervalo. Quanto mais as crianças puderem brincar, mais sucesso escolar têm”, defendeu, acrescentando que “os pais estão autorizados a ser vaidosos com os filhos mas proibidos de querer a criar jovens tecnocratas de fraldas”. “Devia ser proibido que as crianças saíssem do jardim de infância a saber ler e escrever”, advertiu. 

A terminar, defendeu ser possível “ter sucesso escolar” e “gostar da escola”. “Tenho esperança que um dia as crianças queiram fugir para a escola”, concluiu.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dislexia: Designer cria tipografia que facilita leitura

Clique no link abaixo para ver um vídeo que demonstra vários exemplos desta tipografiaEsta notícia tem conteúdo multimédia, clique aqui para visualizar
Um designer holandês criou um tipo de letra especial destinado a tornar mais fácil a vida das pessoas que sofrem de dislexia. Chama-se "Dyslexie" e, de acordo com um estudo independente, funciona mesmo.

Christian Boer, que é, também ele, disléxico, começou a desenvolver o projeto enquanto ainda estudava, em 2008. O primeiro passo foi tentar otimizar a tipografia de uma forma que fosse eficaz consigo próprio e, depois de o ter conseguido, recrutou outros oito disléxicos desconhecidos para o ajudar.

Durante a segunda fase do processo, convidou-os a ajudá-lo a redefinir o formato das letras até que a leitura se tornasse, efetivamente, mais fácil e, antes de o conseguir, precisou de muitas e muitas horas de trabalho.

"Posso dizer que trabalhei na vírgula durante quatro horas e, para aperfeiçoar a letra 'a' foram necessárias mais de 12 horas', contou o designer à Co.Design, evidenciando o esforço por trás de cada uma das letras e sinais de pontuação.

Uma das características mais marcantes deste tipo de letra é um "peso" extra, acrescentado às suas pontas de modo a torná-las mais carregadas, o que, segundo Boer, auxilia na experiência de leitura.

A nova tipografia foi testada através de um estudo independente da Universidade de Twente, na Holanda, e mostrou ser bastante funcional: 21 alunos foram sujeitos à leitura de textos escritos neste tipo de letra e, ao fazê-lo, observou-se que cometiam menos erros.

"Espero conseguir ajudar os disléxicos, de modo a que a luta diária nesta sociedade de informação seja um pouco menos dura", acrescentou Boer. De acordo com o criador desta nova tipografia, a "Dyslexie" não é "uma cura, mas pode funcionar como uma espécie de cadeira de rodas".

DGS dá orientações às escolas sobre procedimentos para medicar alunos

A Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que, caso o aluno tenha "necessidade imprescindível de tomar medicamentos" durante o período que está na escola, os pais ou encarregados de educação devem comunicar ao educador ou ao diretor de turma, através da caderneta do aluno ou de declaração assinada pelo encarregado de educação, a dosagem e o horário da toma dos fármacos, bem como qualquer outra informação que entendam pertinente.

Por outro lado, "o estabelecimento de educação e ensino deve solicitar o apoio da equipa de saúde escolar (do agrupamento de centros de saúde da sua área) sempre que existam dúvidas ou haja necessidade de apoio por parte de um profissional de saúde".

No caso de ocorrerem situações agudas em contexto escolar, as escolas devem solicitar autorização aos pais ou encarregados de educação para darem o medicamento às crianças.

A DGS lembra que os medicamentos são substâncias usadas com finalidade terapêutica e que a sua administração pressupõe que exista um conhecimento das suas características, da dosagem, do horário da toma e de eventuais efeitos adversos, "fatores importantes para a obtenção dos efeitos desejados".

Segundo a DGS, a autorização deverá ser registada em modelo próprio, de preferência, no início do ano letivo, devendo constar nela, além do objetivo, contexto e tipo de medicamento a utilizar, o nome do aluno, os contactos do encarregado de educação, as reações alérgicas e a assinatura do encarregado de educação.

No âmbito do Programa Nacional de Saúde Escolar, a DGS emitiu também orientações sobre a diabetes para os agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), unidades locais de saúde e hospitais.

Assim, os encarregados de educação deverão notificar a escola do diagnóstico de diabetes tipo 1 do seu educando, enquanto o estabelecimento de ensino deverá solicitar a intervenção do interlocutor da saúde da sua área. 

"O diretor executivo do agrupamento de centros de saúde ou presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde tem a responsabilidade de assegurar as condições à equipa de saúde escolar para que seja elaborado o plano de saúde individual da criança ou jovem com diabetes", refere a DGS. 

O plano deve ter a participação dos encarregados de educação, professores ou educadores e profissionais de saúde dos cuidados de saúde.

Os responsáveis pelas consultas hospitalares a crianças e jovens com diabetes tipo 1 devem enviar informação clínica aos médicos de família, uma vez que a interligação entre os cuidados hospitalares e os cuidados de saúde primários é fundamental para garantir a elaboração do plano de saúde individual.

A diabetes tipo 1 é a forma mais frequente (95% dos casos) nas crianças e nos adolescentes diagnosticados e é caracterizada pela absoluta dependência de insulina para sobreviver. 

Em Portugal, em 2009, foram detetados 17 novos casos por 100 000 crianças dos zero aos 14 anos (268 crianças), correspondendo ao dobro do registado no ano 2000, o que está de acordo com a tendência internacional de aumento desta forma de diabetes, nomeadamente em idades cada vez mais precoces.

In: EDUCARE

Definição de autismo está a ser revista e poderá reduzir número de diagnósticos

O autismo, uma perturbação do desenvolvimento que se manifesta normalmente durante a infância, passou de uma doença quase desconhecida a um “surto” de diagnósticos. Motivo que está a levar a Associação Americana de Psiquiatria a reformular a definição de autismo e de outras patologias do mesmo espectro. A mudança deverá traduzir-se numa redução do número de diagnósticos – o que segundo os especialistas pode ser um passo positivo. Porém, a ser assim os apoios escolares que dependem deste diagnóstico também ficariam em causa. 

Problemas na interacção social, atrasos no desenvolvimento da linguagem, comportamentos repetitivos e adesão inflexível a rotinas são apenas alguns dos pontos que actualmente fazem parte dos critérios de diagnóstico do autismo ou de outras patologias do mesmo espectro. Mas a variedade de sintomas e formas de manifestação são tão diversas que o autismo ou outras perturbações mais ligeiras, como a Síndrome de Asperger, esbarram em dois problemas: ou não são reconhecidos pelos médicos ou são diagnosticados sem haver um quadro clínico que o justifique.

As principais linhas orientadoras para a nova definição – que será concluída até final de 2012, no âmbito da quinta revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais, que serve de referência mundial – foram apresentadas na quinta-feira num encontro da Associação Médica da Islândia e passam por abolir a palavra “autismo” ou “Asperger”, falando-se só em “perturbações do espectro do autismo”, refere o New York Times. 

O problema é que os critérios passam a ser mais apertados para separar o “pouco usual” de uma verdadeira “perturbação”, e as crianças têm obrigatoriamente de apresentar, por exemplo, dois comportamentos repetitivos (um dos estereótipos mais associados a este distúrbio mas que nem sempre estão presentes).

Contactada pelo PÚBLICO, a pedopsiquiatra portuguesa Áurea de Ataíde, explica que, na prática clínica, existe desde “há muito o conceito de ‘perturbações do espectro do autismo’”. Há também, prossegue a mesma médica, dificuldades em distinguir as várias perturbações, “principalmente quando se trata de crianças muito pequenas”. Por isso, a redefinição do conceito – que irá demorar um ano – poderá vir a facilitar a vida dos médicos. 

Por outro lado, a especialista salienta que “a eterna dificuldade em Psiquiatria em estabelecer a linha entre o que é invulgar e o que é perturbação vem talvez ser acentuada pelo desaparecimento das diferentes categorias actualmente existentes, nomeadamente da Síndrome de Asperger, na qual se enquadram muitos dos casos em que as capacidades cognitivas, de linguagem e nível de funcionamento” são menos afectadas.

Áurea de Ataíde defende, assim, que o mais importante é uma aposta num diagnóstico precoce bem feito e com a colaboração de pais e educadores para, se necessário, se poder começar uma intervenção especializada, da qual “depende a evolução e o prognóstico das alterações”. Mas alerta, também, que o trabalho deve ser cauteloso: “Não podemos esquecer que pode ser muito grave para uma família a realização ‘leviana’ de um diagnóstico como este, que tem um peso emocional, familiar e social importantíssimo”.

Na sequência do encontro da Islândia, foi dado a conhecer um estudo da Universidade de Yale que estima que o número de pessoas que reúnem os critérios para um diagnóstico do espectro do autismo seja reduzido para metade, o que pode ter sérias implicações nos apoios sociais às famílias, em especial para as crianças em idade escolar. No caso concreto dos Estados Unidos, onde a maior parte da população depende de seguros privados de saúde, a mudança poderá ter impactos desastrosos nas famílias, que verão as suas apólices recusarem apoios a terapias de crianças com necessidades especiais mas sem o nome autismo. Actualmente, estima-se que naquele país uma em cada 100 crianças tem um diagnóstico do espectro do autismo. Catherine Lord, da Associação Americana de Psiquiatria, citada por diferentes jornais americanos, garantiu que o único objectivo é clarificar os casos e que ninguém deixará de ter ajudas.

Áurea de Ataíde assegura que a situação em Portugal é muito diferente, por que existe um sistema público de saúde e de educação. A especialista concretiza que em Portugal não é necessário o nome “autismo” para conseguir que uma criança tenha apoio na escola e que consegue encaminhar, por exemplo, casos de défices de atenção, apesar de se assistir a alguma “estagnação” nos recursos disponíveis e haver “um longo caminho a percorrer”, sobretudo no que diz respeito a assimetrias nacionais.Uma opinião corroborada pela presidente do conselho executivo da Federação Portuguesa de Autismo, Isabel Cottinelli Telmo, que considera “necessária” a mudança do conceito de autismo, para não se cair em “diagnósticos empolados” quando se incluem “todas as pessoas excepcionais ou com idiossincrasias por exemplo na Síndrome de Asperger”. Sobre a realidade portuguesa, a mesma responsável lamenta que não existam estudos epidemiológicos nacionais, mas acredita que os números são inferiores aos dos Estados Unidos. Para Isabel Cottinelli Telmo “o que interessa são as necessidades das pessoas, mais do que os rótulos”.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Decreto-Lei n.º 14/2012 de 20 de janeiro

Saiu hoje, dia 20 de janeiro, o Decreto-lei n.º 14/2012 que aprova a estrutura orgânica da Direcção-Geral da Educação (DGE), em conformidade com a missão e as atribuições que lhe são cometidas pela Lei Orgânica do Ministério da Educação e Ciência.

O respetivo decreto é " (...) o início de uma nova fase da reforma da Administração Pública, no sentido de a tornar eficiente e racional na utilização dos recursos públicos e, por outro, para o cumprimento dos objectivos de redução da despesa pública a que o país está vinculado.a que o país está vinculado.

Com efeito, mais do que nunca, a concretização simultânea dos objectivos de racionalização das estruturas do Estado e de melhor utilização dos seus recursos humanos é crucial no processo de modernização e de optimização do funcionamento da Administração Pública. Importava decididamente repensar e reorganizar a estrutura do Estado, no sentido de lhe dar uma maior coerência e capacidade de resposta no desempenho das funções que deverá assegurar, eliminando redundâncias e reduzindo substancialmente os seus custos de funcionamento.

É o que visa o presente decreto -lei ao aprovar a estrutura orgânica da Direcção -Geral da Educação, em conformidade com a missão e as atribuições que lhe são cometidas pela Lei Orgânica do Ministério da Educação e Ciência.

A Direcção -Geral da Educação é o serviço central de execução das políticas relativas às componentes pedagógica e didáctica da educação pré -escolar, dos ensinos básico e secundário e da educação extra -escolar e de apoio técnico à sua formulação, incindindo, sobretudo, nas áreas do desenvolvimento curricular, dos instrumentos de ensino e avaliação e dos apoios e complementos educativos.

A Direcção -Geral da Educação tem uma estrutura interna mista, a qual passa a integrar o Júri Nacional de Exames, sem prejuízo da sua autonomia técnica, bem como o Gabinete Coordenador de Segurança Escolar."

Entre as funções da DGE, destaco as seguintes (art. 2º): 

e) Promover os mecanismos de apoio à prestação de provas finais e de exame por parte dos alunos com necessidades educativas especiais; 

g) Coordenar, acompanhar e propor orientações, em termos científico-pedagógicos e didácticos, para as actividades da educação pré-escolar e escolar, abrangendo as suas modalidades de educação especial e de ensino à distância, incluindo as escolas portuguesas no estrangeiro e de ensino do português no estrangeiro, em articulação com o serviço do Ministério dos Negócios Estrangeiros responsável pela gestão da respectiva rede; 

j) Conceber orientações e instrumentos de suporte às escolas no âmbito da implementação e acompanhamento de respostas de educação especial e de apoio educativo; (...).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Aula Aberta sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

Realiza-se no dia 19 de janeiro, às 11h00, no Auditório do Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH) da Universidade do Minho, em Braga, uma Aula Aberta sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

A iniciativa incide sobre dois temas:

   - O transtorno que se centra na hiperatividade e impulsividade das crianças e como isto repercute no seu desempenho académico;

   - As medidas que, desde o ponto de vista escolar, se podem adotar neste tipo de casos.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade, causando prejuízos a si mesmo e aos outros em pelo menos dois contextos diferentes (geralmente em casa e na escola/trabalho). Entre 3% a 6% das crianças em fase escolar foram diagnosticadas com este transtorno. 30 a 50% dos casos persistem até à idade adulta.

Para mais informações, aceder ao sítio Universidade do Minho.

Os equívocos frequentes de pais preocupados…

A situação que passarei a relatar é verídica e, ao escolhê-la, tenho um objetivo muito preciso: refletir sobre um equívoco frequente, que ataca de uma forma grave muitos pais!

Os pais de que vos vou falar são genuinamente preocupados e procuraram apoio, porque realmente sentem uma grande necessidade de ajudar o filho, que frequenta o 3.º ciclo e está, segundo eles, verdadeiramente desinteressado da escola. O motivo do desinteresse também está identificado por estes pais: os professores, para penalizarem o comportamento incorreto do filho e as atitudes negativas por ele assumidas na aula, têm vindo a atribuir notas na pauta abaixo do que seria de esperar, atendendo aos resultados obtidos nos testes. No discurso destes pais havia uma crítica implícita dirigida aos professores, porque não eram mais condescendentes com os comportamentos do filho e, ao não lhe atribuírem notas compatíveis com as obtidas nos testes, só contribuíam para a sua desmotivação.

Pelo que entendi e pelo que pude averiguar, esta intolerância dos professores deve-se ao facto de se tratar de um aluno inteligente e com todas as potencialidades para alterar os ditos comportamentos. Há um relatório médico a que os pais se agarram para justificar os comportamentos do filho, desfocando toda a realidade. O que o relatório refere é uma patologia. O comportamento deste jovem ultrapassa a patologia referida e toca frequente e claramente a má educação. O certo é que, em termos práticos, os pais agarram-se ao relatório, como náufragos, em busca de uma explicação, e este jovem vai reforçando a ideia de que o erro é efetivamente dos professores, pois, no fundo, é esta a leitura que as figuras parentais fazem desta situação.

Lá muito no fundo, estes pais até admitem que, efetivamente, a alteração do comportamento deste filho é algo importante. Partindo deste ténue pressuposto, procurei perceber o que é que, em termos práticos, têm feito para promover a mudança do comportamento do filho: ralhar com ele..., ralhar, ralhar, ralhar e nada mais. Esta estratégia, apesar de não ter tido qualquer efeito prático, não foi sujeita a nenhuma alteração, porque estes pais, tal como muitos outros, vivem na esperança de que a mudança ocorrerá com o crescimento! Se soubessem que no ensino secundário e até no ensino superior há alunos a serem expulsos da sala de aula por não se saberem comportar, talvez a sua esperança diminuísse e começassem a pensar que provavelmente a solução implica a alteração do estilo educativo tão permissivo, que hoje, de forma tão inconsciente, é usado!

Recentemente dizia uma professora, que é uma excelente profissional, em tom de desabafo: "Hoje em dia já tolero tudo, só não consigo tolerar a falta de educação". A desmotivação da classe docente passa também muito por aqui, por terem de se confrontar diariamente com a falta de educação dos alunos que, de forma frequente, é legitimada pelos pais. Quando os pais responsabilizam a escola e os professores pelos problemas dos filhos, não procuram uma atuação concertada para encontrar conjuntamente soluções e os resultados estão à vista! Em muitas situações, se os pais se aliassem aos professores, verdadeiros milagres ocorreriam. O problema é que se anda à procura de culpados e não de verdadeiras soluções!

Mas, afinal, qual é o grande equívoco a que faço referência no início? A dádiva que não é acompanhada de exigência. Atualmente, em termos educativos, os pais dão muito, dão mesmo o que não podem dar... o problema é que não exigem o que deveriam exigir e sem exigência não há mudanças!

Por: Adriana Campos

In: Educare

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Saiba o que são deficiências

A deficiência é tão antiga quanto a humanidade. Ao longo dos tempos, desde a pré-história até hoje, as pessoas sempre tiveram que decidir qual atitude adotar em relação aos membros mais vulneráveis da comunidade que precisavam de ajuda para obter alimento, abrigo e segurança, como as crianças, os velhos e as pessoas com deficiência.

Quando pensamos em quem são as pessoas com deficiência, imediatamente pensamos naquilo que as torna diferentes das demais, isto é, obviamente, a própria deficiência. É, portanto, a partir do conceito que a deficiência tem para nós que vamos nos posicionar frente às pessoas com deficiência.

Se você considerar a deficiência como uma desgraça, provavelmente vai sentir pena de uma pessoa com deficiência.

Mas você pode pensar diferente se considerar a deficiência como uma característica como outra qualquer e considerar que as dificuldades que ela enfrenta são o resultado do ambiente despreparado para recebê-la. A tecnologia moderna é uma prova de que isto é verdade. Uma pessoa com deficiência pode não conseguir subir uma escada, mas se houver um elevador ou uma rampa, ela vai estar em pé de igualdade com as outras pessoas, não é mesmo?

No Brasil, há definições médicas sobre o que é a deficiência. É importante que você as conheça, para saber como lidar com elas.

Deficiência física: Alteração completa ou parcial dos membros superiores (braços) e/ou inferiores (pernas), acarretando o comprometimento da função física. Ter uma deficiência física não significa ter um rebaixamento intelectual. Muitas pessoas fazem esta confusão. É importante saber fazer esta diferença para não ignorar o potencial desta pessoa. Geralmente, com algumas adaptações ela conseguirá acompanhar os colegas.

Deficiência auditiva: Perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis, desde uma perda leve até a perda total da audição. Pode-se trabalhar com os resíduos auditivos nas atividades educacionais, através do uso de aparelhos auditivos, que amplificam o som da sala de aula, por exemplo.

Deficiência visual: abrange desde a cegueira até a visão subnormal (ou baixa visão), que é uma diminuição significativa da capacidade de enxergar, com redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades. Logo, que a deficiência é constatada, existem técnicas para trabalhar o resíduo visual nas atividades educacionais, na vida cotidiana e no lazer. Usando auxílios ópticos (como óculos, lupas etc.) as pessoas com baixa visão distinguem vultos, a claridade, ou objetos a pouca distância. A visão se apresenta embaçada, diminuída e restrita em seu campo visual ou prejudicada de algum modo.

Deficiência mental [1]: Segundo a definição adotada pela AAMR (American Association of Mental Retardation – Associação Americana de Deficiência Mental) [2], a deficiência mental é um “funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, coexistindo com limitações relativas a duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação, auto-cuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária, autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, de lazer e trabalho. Manifesta-se antes dos dezoito anos de idade.”

O aluno com deficiência mental tem um potencial, que pode ser estimulado na sala de aula e através do convívio com outros alunos. Muitas pessoas confundem a deficiência mental com a doença mental (esquizofrenia, paranoias e outras), o que não é correto. São fenômenos completamente diferentes. A pessoa com deficiência mental não tem surtos, não tem ataques e não tem convulsões. É perfeitamente possível conviver com ela.

Deficiência múltipla: é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias mental / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa

Surdocegueira: é uma deficiência única que apresenta as deficiências auditiva e visual juntas em diferentes graus. A pessoa surdocega pode desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir com as pessoas, com o meio ambiente e ter acesso a informações e a uma vida social com qualidade. Para sua autonomia, a pessoa surdocega precisa de um guia-intérprete para sua orientação e mobilidade, educação e trabalho.

A surdocegueira não significa, necessariamente, que a pessoa seja totalmente cega ou surda. Podem existir resíduos visuais (baixa visão) e resíduos auditivos funcionais, suficientes para escutar uma conversação, especialmente quando é usado um aparelho auditivo.

Existem duas formas de classificar a surdocegueira:

• Surdocego pré-linguístico: crianças que nascem surdocegas ou adquirem a surdocegueira nos primeiros anos de vida, antes da aquisição de uma língua;
• Surdocego pós-linguístico: crianças, jovens ou adultos que apresentam uma deficiência sensorial primária (auditiva ou visual) e adquirem a outra após a aquisição de uma língua (Português ou Língua de sinais), ou quando ocorre a aquisição da surdocegueira sem outros precedentes.

Como se comunicar com as pessoas surdacegas?

Geralmente, usa-se o alfabeto digital, formado pelos dedos. A pessoa que se comunica com o surdocego forma as palavras, letra por letra, na mão da pessoa com deficiência. Se não souber falar, o surdocego usa o mesmo método para se comunicar.

Para surdocegos que ficaram deficientes depois de terem sido alfabetizados, a variante desse sistema é “escrever” (como se fosse num papel) sobre o braço ou a mão do surdocego. Parece muito complicado; no entanto os surdocegos se comunicam rapidamente e com muita eficiência usando esses sistemas.

Projeto DACHOR vence Prémio Ser Capaz

O projeto DACHOR, iniciativa inserida no programa MIT Portugal – e apresentado durante o Ciência 2010 – e que envolve diferentes instituições, tais como a Universidade do Minho (UMinho), o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Instituto Superior Técnico (IST), recebeu hoje o primeiro lugar do «Prémio Ser Capaz - Investigação e Tecnologia», promovido pela Associação Salvador.

O galardão, no valor de 5000 euros, reconhece o trabalho da equipa de investigação e o impacto social que poderá ter o produto – uma inovadora ortótese ativa para o tornozelo de indivíduos com mobilidade reduzida e com patologias neuromusculares do aparelho locomotor.

O DACHOR é um projeto do programa MIT Portugal, liderado por Miguel Tavares da Silva (IST) e que envolve Paulo Flores (Departamento de Engenharia Mecânica da UMinho), Carlos Vasconcelos e Jorge Martins (IST), Paulo Melo, Dava Newman e Hugh Herr (MIT). A inovação irá providenciar não só um suporte para patologias da marcha, mas também promover a reabilitação do aparelho musculosquelético. Esta característica deve-se à natureza híbrida da ortótese, que tem uma componente de atuação mecânica externa e uma componente de estimulação elétrica funcional.

“Consideramos que este projeto vai melhorar a qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida e ajudar à sua integração na sociedade”, refere o professor Paulo Flores, que é também investigador do Centro de Tecnologias Mecânicas e de Materiais (CT2M) da UMinho.

A equipa do DACHOR espera que as inovações contribuam para uma melhoria da marcha, reabilitação muscular, aumento da autonomia, diminuição do consumo energético, tamanho e peso dos atuadores externos. Para o efeito, o projeto baseia-se em metodologias de dinâmica multicorpo, para modelar e otimizar a marcha humana patológica, e também em arquiteturas adaptativas de controlo inteligente de ambos os tipos de atuação. A Associação Salvador é uma entidade sem fins lucrativos que zela pela conquista dos interesses e direitos das pessoas com mobilidade reduzida, em especial dos portadores de deficiência motora.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Professores de educação especial perdem subsídio de gratificação

Os professores de educação especial vão deixar de receber 80 a 100 euros por mês, um subsídio previsto na lei desde 1987. A Associação Nacional de Docentes da Educação Especial calcula que corte afete 4500 professores e pondera avançar para tribunal.

Escolher o bem ou o mal compete a cada um…

É bastante comum as pessoas justificarem os seus erros, invocando as suas precárias condições de vida. 

Dizem que foi o desespero que as levou a tomar atitudes equivocadas ou que as circunstâncias negativas as fizeram agredir o seu semelhante ou as suas propriedades. 

Filhos agridem pais porque não lhes deram o que pediram no momento exato...Irmãos que mentem, enganam para ter um "quinhão" maior em heranças, não se importando em que condições ficarão os demais irmãos... 

Viktor Frankl, um judeu vienense, que foi prisioneiro dos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, escreveu: "Nós que vivemos em campos de concentração podemos lembrar dos homens que andavam pelos alojamentos confortando os outros, distribuindo os seus últimos pedaços de pão..." Talvez eles tenham sido poucos. Mas são prova suficiente de que tudo pode ser retirado e um homem. Menos uma coisa, a última das liberdades humanas - escolher que atitude tomar em quaisquer circunstâncias, escolher o seu próprio caminho. 

Portanto, escolher o bem ou o mal compete a cada um. O que nos falta sim, é uma melhor educação. Mas aquela que tem a ver com a formação do carácter de cada um. E para isso precisamos, urgentemente, de pais conscientes que ensinem verdadeiros valores aos seus filhos. Que lhes digam que é nobre dizer a verdade, mesmo que isso não os credencie a receber algum prémio de compensação. 

Pais que tenham coragem de falar aos seus filhos sobre os dias mais tristes das suas vidas. Que tenham a ousadia de contar sobre as suas dificuldades do passado e como as conseguiram ultrapassar. Pais que não desejem dar um mundo aos seus filhos, mas que queiram sim abrir-lhes o livro da vida. Pais presentes que desenvolvam nos seus filhos: a autoestima, a capacidade de trabalhar perdas e frustrações, filtrar estímulos stressantes, dialogar e ouvir. 

Pais que tenham tempo, mesmo que o tempo seja curto, que se sentem para conversar com os seus filhos sobre tudo o que os rodeia, descobrindo-lhes desta forma o mundo íntimo. Pais que não se preocupem somente com festas, com roupas, aniversários e com produtos eletrónicos. Mas que também se preocupem em dialogar e refletir. 

Pais que sabem que não devem atender a todos os desejos dos seus filhos, pois isso torná-los-á fracos e dependentes. Existem pais que dão algo que "todo o dinheiro do mundo não pode comprar": o seu amor, as suas experiências, as suas lágrimas e o seu tempo. 

Um autêntico processo de educação em que o filho aprende que amar é o maior dos tesouros. E não haverá de se tornar infeliz somente porque não tem a roupa griffe, ou não conseguiu viajar ao exterior nas férias. 

É bom sempre pensar num bom processo de educação.

In: Educare