quinta-feira, 22 de abril de 2010

Imuno-ensaios para identificação de alérgenos

Os espirros, a congestão nasal, o ardor nos olhos e as rinites alérgicas sazonais começam a aumentar com a chegada da Primavera. O pólen e outros agentes ambientais podem ser bastante inconvenientes. A mais recente teoria sustenta que não se devem medir apenas grãos de pólen, mas também as proteínas que estes contêm e que fazem disparar as alergias. Um grande estudo financiado pela União Europeia está actualmente em curso – o projecto Health Impacts of Airborne Allergen Information Network (HIALINE) (http://www.hialine.com/index.php) – e a Universidade de Évora (UE) é membro do consórcio.

Os cientistas já suspeitavam que a contagem pode não reflectir com precisão os níveis de alérgeno no ar – o que pode explicar porque algumas pessoas podem ter sintomas mesmo quando os níveis polínicos não são elevados.

Rui Brandão, investigador do Departamento de Biologia da UE, membro da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC: http://www.spaic.pt/) explicou ao «Ciência Hoje» («CH») que as manifestações alérgicas dependem do processo imunológico. Segundo o também coordenador da equipa nacional do HIALINE “a detecção e identificação de alérgenos é realizada através de imuno-ensaios”. A técnica Elisa é a mais utilizada – testes específicos a alérgenos como uma potencial ferramenta para o diagnóstico etiológico de hipersensiblidade em pacientes com doença alérgica.

“Estudos realizados mostram claramente que há prevalência do aumento de doenças alérgicas na população em geral, embora especialmente em crianças”, mas ainda não existem bases concretas que permitam suportar a razão para o sucedido. Rui Brandão assinala ainda que embora, em 2003, na Bacia Mediterrânea houvesse “um claro aumento de alergias, acompanhando a alteração das temperaturas, não se pode suportar a informação por não existir uma extensão no tempo”.

O objectivo do projecto é avaliar os efeitos da diversidade climática e das mudanças em relação à exposição a alérgenos, e implementar uma rede de alerta precoce. Os factores climáticos que podem influenciar serão usados para calcular os efeitos do clima e das suas alterações nos locais de exposição.

Os principais sintomas são o corrimento de mucosidades do nariz, congestão nasal, prurido (coceira) e ardor nos olhos, nariz e boca. Ao saber qual o tipo de pólen que nos provoca a alergia pode-se minimizar a exposição, e iniciar o tratamento no momento certo.

Polinómetros

Em Portugal, existe o Boletim Polínico, informação disponibilizada pela SPAIC, obtida através da leitura de vários postos que fazem uma recolha contínua dos pólenes, em várias regiões, emitido pela RTP. Existem vários polinómetros no país: Por exemplo, no Hospital de S. João (Porto), Instituto de Geofísica (Coimbra), Universidade dos Açores (Ponta Delgada), Hospital de Dona Estefânia (Lisboa) e o Centro de Imunoalergologia do Algarve (Portimão), entre outros.

A análise do conteúdo do ar em partículas biológicas têm como objectivo estudar as potenciais repercussões negativas sobre a saúde humana. O pólen de gramíneas (plantas floríferas) é também um factor chave para desenvolver “febre do feno”. Mas, uma grande percentagem dos portadores desta doença é alérgica ao pólen das árvores especialmente às aveleiras, amieiros, choupos e carvalhos. Quem tiver sintomas que comecem em Abril, é provavelmente alérgico ao pólen das árvores. Já se forem em Maio, Junho e Julho, os principais inimigos são as gramíneas.

Mais ou menos pólen?

Segundo José Feijó, investigador do departamento de Biologia Vegetal, do Instituto Gulbenkian da Ciência, “o pólen é uma coisa normal. É a libertação da parte masculina das flores e ocorre essencialmente durante a Primavera”. Contudo, “traz inconvenientes, especialmente a quem for alérgico”.

Durante a época primaveril, “são libertadas toneladas de pólen e basta andar na rua para ser-se atingido”, referiu ao «CH». José Feijó explicou que "se a evolução ambiental for no sentido de haver menor precipitação, haverá maiores níveis de alérgeno no ar” e, consequentemente, mais alergias. Esta semana, por exemplo, “os níveis diminuíram devido à chuva”, sublinhou ainda.

O investigador da Universidade de Évora explica que no dia em que chove, dá-se o “efeito lavagem de atmosfera” e no dia seguinte o pólen arrebenta mais facilmente, devido à acumulação de água no solo” e aí podem mesmo ocorrer as chamadas “asmas de trovoada”, concluiu.

Um recente estudo levado a cabo em Espanha, referiu que a Península Ibérica é uma das zonas do planeta com maiores níveis polínicos. Por outro lado, o mesmo país referiu que a região é também uma das mais afectadas pela subida de temperaturas e que em alguns anos poderá ter um clima semelhante ao que se vive no deserto.

Sem comentários:

Enviar um comentário