No mundo atual, repleto de desafios, em que a sociedade exige cada vez mais do cidadão, é importante que os professores, como elementos fundamentais na formação para a cidadania, desenvolvam profissionalmente capacidades e competências que os façam pensar e refletir sobre a realidade.
Uma orientação pedagógica construtiva, por parte do professor, não só em termos de aprendizagem dos alunos, mas também na construção do seu saber e prática pedagógica, torna-se fundamental.
Ser professor é uma profissão problemática/desgastante no sentido em que, no seu dia a dia de trabalho, o professor é confrontado com problemas que necessita resolver. Esses problemas vão variando em função de vários fatores, tais como as pessoas envolvidas, o contexto social, político e cultural em que se situa a sua prática, e são muitas vezes de natureza complexa, mas também como parceiro de outros profissionais com os quais pode e deve trabalhar colaborativamente.
Neste sentido, o professor, "junto com seus companheiros, pensa sobre o que faz e trata de encontrar melhores soluções, diagnosticar os problemas e formular hipóteses de trabalho que desenvolve posteriormente, escolhe seus materiais, planifica experiência, relaciona conhecimentos diversos, etc.
Diríamos que trabalha dentro de um esquema de pesquisa na ação. Aqui o professor avalia, diagnostica, interpreta, adapta, cria, busca novos caminhos." (Tanner e Tanner, 1980, citados em Gimeno, 1992, p. 179).
O professor é um praticante reflexivo, que identifica problemas, questiona valores, observa o contexto político e social da escola, participa no desenvolvimento curricular, assume a responsabilidade pela gestão curricular, sem nunca esquecer a relevância que o trabalho colaborativo tem em todo este processo de reflexão e evolução profissional. Neste discorrer de discurso, é um professor que encara o ensino como um processo permanente de construção coletiva.
Neste momento ser professor não é uma tarefa fácil, uma vez que todos somos "bons professores" porque temos atitude em estarmos na profissão, em nos questionarmos na tentativa de resolver problemas relacionados com a nossa prática.
Assim sendo, os professores deverão adquirir dinâmicas próprias no desenvolvimento da sua atividade profissional, não só pela satisfação da sua curiosidade, mas também como parceiros de outros profissionais com os quais podem e devem trabalhar colaborativamente.
Estas dinâmicas e o seu desenvolvimento profissional deverá ser o próprio professor a escolher e não a ser "pressionado" (como está a ser neste momento), pois quem nos garante que neste "tempo de crise" os docentes têm possibilidades financeiras de ter um desenvolvimento profissional mais avançado?
Esta é uma questão pertinente, pois nos tempos que correm hoje, os docentes encontram-se longe dos filhos, dos maridos, das esposas, das famílias e quase sem tempo para "respirarem" devido ao excesso de encargos por ele acarretados.
Como querem que tenhamos tempo para conseguirmos uma escola que ensine a compreender o mundo e fazer opções? Precisamos de condições de estabilidade, autonomia e meios para que as escolas estabeleçam metas e percursos com qualidade educativa, indo ao encontro dos docentes.
Relativamente às vicissitudes que os docentes enfrentam neste momento, as instituições educativas poderiam promover/desenvolver novos estudos no sentido de autoavaliar, refletir e autorregulamentar estas problemáticas. Pois só assim conseguiremos ter uma estabilidade emocional, afetiva que nos permita exercer as funções harmoniosamente na sua plenitude.
Por: Sandra Porto Ferreira
In: Educare
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