quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Para reflexão: “O Garotinho”

Uma vez um garotinho foi para a escola. Ele era bem um garotinho. E a escola era bem grande. Mas quando o garotinho viu que podia ir para a sua sala caminhando diretamente da porta lá de fora, ele ficou feliz e a escola não parecia tão grande assim.

Numa manhã, quando o garotinho estava há pouco na escola, a professora disse: "Hoje nós vamos fazer um desenho!"

"Bom!", pensou o garotinho.

Ele gostava de desenhar. Ele podia fazer todas as coisas! Leões e tigres, galinhas e vacas, trens e barcos… E pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse: "Esperem. Não é hora de começar!"
E ela esperou até que todos estivessem prontos. "Agora", disse a professora, "Nós vamos desenhar flores".

"Bom!", pensou o garotinho.

Ele gostava de desenhar flores. E começou a fazer bonitas flores com lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse: "Esperem, eu lhes mostrarei como se faz!" E era vermelha, com a haste verde.

"Aí!" disse a professora, "Agora vocês podem começar".

O garotinho olhou a flor da professora. Então olhou para a sua. Ele gostava mais da sua flor do que a da professora. Mas ele não revelou isso. Ele apenas guardou seu papel e fez uma flor como a da professora. Era vermelha, com a haste verde.

Outro dia, quando o garotinho abria a porta lá fora, a professora disse: "Hoje nós vamos trabalhar com argila!"

Cobras e bonecos, elefantes e ratos, carros e caminhões… E começou a puxar e amassar a bola de argila. Mas a professora disse: "Esperem, não é hora de começar."

E ela esperou até que todos estivessem prontos. "Agora" disse a professora, "nós vamos fazer uma travessa."

"Bom", pensou o garotinho.

Ele gostava de fazer travessas. E começou a fazer algumas, de diferentes tamanhos e formas. Mas a professora disse: "Esperem e eu lhes mostrarei como fazer uma travessa funda." - "Aí", disse a professora, "agora vocês podem começar".
O garotinho olhou para a travessa da professora. Então, olhou para as suas. Ele gostava mais das suas do que as da professora. Mas não revelou isso. Ele apenas amassou sua argila numa grande bola. E fez uma travessa como a da professora, que era uma travessa funda.

E logo o garotinho aprendeu a esperar e a observar. E a fazer coisas como a professora. E logo, ele não fazia as coisas por si mesmo.

Então aconteceu que o garotinho e sua família mudaram para outra casa numa outra cidade. E o garotinho teve que ir para outra escola. Essa escola era ainda maior do que a primeira. E não havia porta lá fora direto para a sua sala. Ele tinha que subir alguns degraus e seguir por um corredor comprido para chegar a sua sala.

E, justamente no primeiro dia que ele estava lá, a professora disse: "Hoje nós vamos fazer um desenho".

"Bom", pensou o garotinho.

E esperou pela professora para dizer-lhe o que fazer. Mas ela não disse nada, apenas andou pela sala. Quando aproximou-se do garotinho, ela disse: "Você não quer desenhar?"

"Sim", disse o garotinho. "Mas o que é que eu vou fazer?"

"Eu não sei até que você faça", disse a professora.

"Como eu farei?", perguntou o garotinho.

"Por quê" disse a professora, "faça do jeito que você quiser".

"E de qualquer cor?" perguntou ele.

"De qualquer cor", disse a professora. "Se todos fizessem o mesmo desenho e usassem as mesmas cores, como eu poderia saber quem fez o que e qual era qual?"

"Eu não sei", disse o garotinho.

E começou a fazer uma flor vermelha, com a haste verde.

Texto de E. Bucklev “O Garotinho”

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