Estado português sem meios para acolher crianças e jovens com problemas de saúde mental que são retirados às famílias.
A Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, alertou esta quinta-feira para a necessidade de o Estado criar respostas específicas para crianças e jovens que são retirados às famílias e têm problemas de saúde mental. “Há uma falta de capacidade de resposta gritante para casos em que há problemas de saúde mental e esta é uma responsabilidade do Estado português”, afirmou a responsável no ‘Encontro Jovens em Acolhimento Institucional”, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Atualmente, estas crianças e jovens são colocados em lares de infância e juventude ou centros de acolhimento temporário, juntamente com os restantes. “É um problema muito grave. É muito traumático para os restantes jovens assistirem a situações de crise constantes”, disse ao CM Vânia Pereira, coordenadora do Lar de Infância e Juventude de Reguengos de Monsaraz.
Fernanda Barros, responsável pela saúde mental da região do Alentejo, denunciou a existência de casos em que as instituições recusam jovens com estes problemas. “Um rapaz de 16 anos internado com esquizofrenia grave e muito agressivo esteve dois meses no hospital de Évora porque não havia instituições para o receber. Em Portugal só há respostas para adultos”, disse.
Joana Marques Vidal falou ainda no aumento de situações de crianças e jovens refugiados que Portugal acolhe mas que acabam por cair nas mãos de redes criminosas. A procuradora prometeu para breve uma reunião com responsáveis da Segurança Social e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
No encontro foram apresentados os casos de quatro instituições que acolhem 143 crianças e jovens e são apoiados pela Gulbenkian no 'Programa Crianças e Jovens em Risco'. Segundo o coordenador do programa, Daniel Sampaio, há o objetivo de "analisar e extrair conclusões que sejam diretrizes para o futuro".
In: Correio da Manhã
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