Hoje dou início a um novo espaço no blog. Este será um espaço de resumo dos livros que vou lendo.
Espero que seja do agrado de todos.
Numa das minhas visitas, em busca de livros para a minha investigação, encontrei um livro que me despertou a curiosidade pelo seu título, ”A criança que não queria falar”.
Acabei por comprá-lo e ansiosamente comecei a lê-lo. Fiquei definitivamente "preso".
Estamos perante uma história verídica, uma história de uma menina de seis anos de idade, abandonada pela mãe, separada do irmão mais novo e que “até então apenas conheceu um mundo onde foi severamente maltratada e abusada”.
Sheila ficou apenas à guarda do pai, que durante os primeiros anos da vida dela esteve preso, preso por assalto e agressão. Depois de ter sido liberto ficou durante muito tempo no hospital devido a álccol e consumo de droga.
Durante estes longos períodos de tempo, Sheila com apenas quatro anos de idade, foi entregue a um centro de protecção de menores, onde lhe "descobriram" graves cicatrizes e fracturas provocadas por maus-tratos. Acabaram por voltar a confiar a menina ao pai. Esta passou a viver numa barraca com apenas uma divisão, num acampamento de imigrantes.
A casa não tinha aquecimento, nem água, nem electricidade!
Uma criança com esta história de vida não poderia viver sem perturbações a nível mental ou física. Ela é pequena e frágil, devido a subnutrição e graves problemas mentais.
Sheila, com apenas seis anos, raptou um menino de três anos, levou-o para um bosque, amarrou-o a uma árvore e pegou-lhe fogo.
Nesse momento começa o desenrolar da história. Sheila é encaminhada para um hospital psiquiátrico, mas... não há vagas. A única solução que parece aceitável, viável é a entrada, embora provisória, numa escola especializada, solução esta que foi aceite.
A sua entrada na sala e na escola foi bastante atribulada. Torey, a professora da sala, já tinha o máximo de alunos na sua sala. Mas, como era urgente e como seria uma situação provisória, ela acabou por aceitar e passou ficar com nove crianças.
Sheila não se adaptou e acabou por aterrorizar as outras crianças e toda a comunidade escolar. Existiram alguns episódios trágicos que fizeram Torey entrar em desespero, levando as auxiliares da escola a recusarem serviço de vigilância durante os almoços. Torey, depois de alguns dias, acaba por aperceber-se de que tinha algo muito grave em mãos, de que teria de dedicar todas as suas forças para ajudar esta criança.
Depois de algumas "batalhas" começam a criar-se laços muito fortes entre as duas. Sheila, começou a ganhar vontade de ir para a escola e começou a sentir felicidade por estar lá.
Este livro descreve-nos, de forma exemplar, o quanto a vida pode ser cruel e o quanto nós podemos lutar contra as nossas maiores fraquezas… mas acima de tudo como os laços e afectos são importantes, como cativar alguém muda a nossa vida.
Entretanto deixo-vos com algumas citações que considerei muito interessantes:
"Interrogam-me muitas vezes sobre o meu trabalho. Talvez a pergunta mais comum seja: Não é frustrante?
"Não é frustrante?", perguntam os alunos universitários, "conviver diariamente com violência, pobreza, droga e alcoolismo, abuso sexual e físico, negligência e apatia?" "Não é frustrante?", pergunta o vulgar professor primário "trabalhar tanto e receber tão pouco em troca?" "Não é frustrante?", perguntam todos, "saber que o maior sucesso obtido será provavelmente uma aproximação da normalidade; saber que estas crianças tão pequenas foram condenadas a viver uma vida que, pelos nossos padrões, nunca será produtiva, responsável ou normal? Não é frustrante?"
Não. Na verdade, não é. Trata-se simplesmente de crianças, por vezes frustrantes, como todas as crianças o são. Mas elas também são de uma extrema ternura e de uma incrível percepção. Só a loucura parece permitir que seja dita toda a verdade. Contudo, estas crianças são ainda mais do que isso, são corajosas. (…)
Algumas destas crianças vivem com pesadelos tão medonhos nas suas cabeças, que cada movimento fica imbuído de um terror desconhecido. Algumas vivem debaixo de uma violência e perversidade impossível de expressar por palavras. Algumas vivem sem a dignidade concedida aos animais. Algumas vivem sem amor. Algumas vivem sem esperança. No entanto, aguentam. E, na sua maioria, aceitam, por desconhecerem outro tipo de atitude."
(Hayden, T., A criança que não queria falar)
Este livro (como outros da mesma autora), é verdadeiramente emocionante e ensina-nos sempre algo mais.
ResponderEliminarSó quem priva com seres tão especiais entende a resposta à frustação que nós sentimos. Sim temos dias mais dificeis, mas um simples sorriso, um pequeno gesto, ou uma expressão positiva deles, têm um peso brutal... e têm o dom de nos transformar estados de alma, como de nenhuma outra forma seria possivel. Muitas vezes nem é preciso mais que a sua presença... Há algo de angélico nestas crianças - (pelo menos eu sinto assim, e não é só com o meu filho).
Abraço e boa leitura.
Cristina
Só quem tem o privilégio de trabalhar com estas crianças sabe o quanto nos cativam e nos tornam a nós, seres tão especiais. Por podermos partilhar os momentos generosos dos seus dias jamais pode ser uma tarefa frustrante, pelo contrário, cada sucesso, por "pequeno" passo q seja é um alento permanente!!
ResponderEliminarA autora descreve os factos de uma maneira tão sentida, que nos faz observar e aprender cada vez mais.
ResponderEliminarA forma como as crianças nos cativam é de tal forma especial que "apenas" um sorriso me faz sentir bem...
cumprimentos
Nelson
grande livro
ResponderEliminargrande livro
ResponderEliminarze tiago
É sem dúvida um grande livro com uma grande historia de vida...grande em ambos os sentidos...
ResponderEliminarPara a criança pelas dificuldades que vivencia no seu dia-a-dia e para a professora, que encontra vários obstáculos e "arranja" sempre maneira de os ir superando...a importância do vínculo está bem vincada...
Abraço
Eu proprio comprei e li o livro e é uma grande história de vida sim senhor, adorei.
ResponderEliminarpelo que estou a ver o livro é fascinante. Fala sobre coisas que muitas pessoas estão a nora sobre este assunto
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