quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Escolas Inclusivas – O novo olhar de Mary Warnock


Em 1978, o Warnock Report propôs uma nova concepção educativa. Os objectivos educacionais deviam ser os mesmos quer se tratassem de alunos com ou sem dificuldades de aprendizagem.

Segundo Mary Warnock, um dos primeiros objectivos devia ser o de aumentar o conhecimento das crianças acerca do mundo em que viviam e das suas responsabilidades nele. Um segundo objectivo seria o de possibilitar a maior independência e auto-suficiência possíveis, através de matérias que permitissem a estas crianças uma preparação para o mundo do trabalho e para controlar a sua própria vida. O relatório avançava que provavelmente, uma em cada cinco crianças poderia ter NEE, em alguma fase do seu percurso escolar. Assim, estimava-se em cerca de 20% as crianças com necessidades educativas especiais, em vez dos 2% categorizados anteriormente como deficientes. Este relatório acabou por perspectivar a Educação Especial de uma forma mais abrangente.

Nesse sentido, a resposta à necessidade educativa da criança não deveria estar relacionada com o rótulo de uma deficiência, mas sim com um relatório pormenorizado em que estivessem descritas as necessidades educativas especiais da criança. Esta forma mais ampla de encarar a Educação Especial levou à defesa da integração das crianças com NEE nas escolas regulares, pois as Escolas Especiais não poderiam dar resposta a um número tão elevado de casos. O  Warnock Report considerava que as Escolas Especiais poderiam continuar a funcionar para as crianças com deficiências severas ou profundas e também poderiam assumir novos papéis como transformar-se em centros de recursos, locais de formação especializada para formação em exercício, centros de aconselhamento para pais e para profissionais e centros de apoio às práticas educativas nas escolas regulares.

Para surpresa de muitos, Mary Warnock veio anunciar em 2005 que tinha alterado alguns dos seus pontos de vista relativamente ao facto de algumas crianças com necessidades educativas especiais serem educadas em escolas regulares. Estava a referir-se aos casos mais graves, pois deu-se conta que mesmo estes tinham deixado as escolas especiais e estavam integrados nas escolas regulares. Tudo estaria bem, se estivessem a usufruir de um atendimento especializado que fosse de encontro às suas necessidades. Mas não. Mary Warnock compreendeu que estes alunos eram simplesmente colocados nas escolas públicas, mas sem os recursos quer humanos quer materiais necessários. Ao serem todos misturados, esqueciam-se as suas especificidades e os alunos acabavam por não evoluir, nem em termos de conhecimentos, nem de socialização. Ainda por cima, acabavam por ser vítimas de violência (bullying) por parte dos colegas. A sua filosofia, na teoria, acabava por não funcionar na prática, porque tanto as escolas, como até as autoridades locais se demitiam das suas responsabilidades.

Permitam-me citar algumas frases de Mary Warnock:

   "Inclusion must embrace the feeling of belonging - necessary for well-being and successful learning";

   "Special equipment may make it possible that some children with sensory deprivation …can be taught in the ordinary classroom";

   "The fact is that, if educated in mainstream schools, many such children are not included at all";

   "The idea of inclusion should be rethought".

Bibliography:

Warnock, Mary (2005) Pamphlet "Special educational needs: a new look", n.º11 in a series of policy discussions. Published by the Philosophy of Education Society of Great Britain

In: http://escoladereferencia.blogs.sapo.pt/15005.html

1 comentário:

  1. Concordo plenamente com Mary Warnock,pois sou professora em uma escola que não tem a mínima base para alunos com NEE, simplesmente eles são colocados em nossas salas...e eu que tenho que correr atrás para que esse aluno saia, pelo menos com uma pequena base, que nem sempre é possível, por que tenho que ministrar aula para restantante dos alunos que se dizem "normal".

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